Jogos de Mutantes - Interativa escrita por Pudim de Menta


Capítulo 17
Histórias e demência


Notas iniciais do capítulo

Olá.desculpem o sumiço,mas cá estou eu.



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Alan – distrito dez

A visão da morte de Nalanda estavam atormentando Alan, a imagem do cabo da espada de Logan a tingindo ela estava em sua mente, ele tentou impedir ela de lutar só se esconder e ele ia mas nada adiantou, Maldito Logan Alan queria jogar pragas matar ele com as próprias mãos, mas nada disso faria sua irmã voltar.

Observando a floresta ele viu alguém, era Nalanda, ele sabia que não era ela mas mesmo assim a seguiu correndo, até que bateu em algo e desmaiou.

Acordou com um filhote de leão e cima dele o olhando curioso, era o mesmo que os atacou na primeira noite, Alan correu com medo de ele virar um dos bestantes idiotas. Mas de nada adiantou em pouco tempo ele estava de cara a cara com um lobo, não um lobo qualquer um lobo forte chegava a parecer um humano, seus olhos demonstravam a morte e o terror, sabia que não tinha chances contra aquela ferra e em uma tentativa desesperada, pegou uma pedra e tacou no olho dele, isso deixou a fera mais irritada mas atordoada o que ele usou para conseguir fugir.

Correu até chegar perto de um acampamento onde ele viu alguns tributos preferiu passar longe.

Arrumou uma caverna e foi dormir sonhando com as brincadeiras de quando era menor com a irmã e sentindo saudades de casa mais do que nunca.

Melody Gold. ― distrito um.

Melody procurava algo comestível para seus aliados,quem sabe não encontrava alguém desprevenido para pegar os poderes durante pouco tempo só para ajudar ela mesmo que isso fosse desgasta-la, a poucos metros ela viu um garoto loiro que estava deitado no chão desprevenido sem proteção e com um circulo de gelo em volta ela o reconheceu como Logan. Ele poderia estar morto mesmo que desconfiasse muito que alguém o matara. Ela se aproximou:

–Eu vou voltar. Eu prometo...

–Com quem estava falando?- Mesmo ariscado ela chegou perto e falou com o garoto.

Ele tentou ataca ela com seus poderes mais estava tão fraco que a única coisa que saiu foi um floco de neve.

–Com quem estava falando?- Ela pergunta de novo

–Te interessa?- Ele pergunta um pouco frio mas ela entende após perceber como ele estava acabado e triste.

–Se estou perguntando.

–Com os meus irmãos- Ele fala

Ela sabia que deveria mata-lo e pegar os seus poderes mas ela não conseguiu.

–Você é muito importante para eles né?-Falou Mel

–Sim.

Melody foi levada para o seu quarto subtamente, conseguia ouvir seus pais brigando no quarto ao lado.

Outra cena veio em sua memoria sua " melhor " amiga Suzannah falava que só era amiga dela por causa da popularidade.

Um vazio a invadiu.

–Cuidado- Gritou Logan gritou Logan que tinha se recuperado um pouco- Aranha!

Uma enorme aranha apareceu e os dois correram, depois de despistarem Logan , se sentou no chão e perguntou ainda recuperando o folego:

– Por que você não me matou?- Ele perguntou arqueando uma das sobrancelhas em tom de curiosidade.

–Por que não consegui- Ela fala

Ela lembra de que tinha que voltar para seus aliados mas antes não perdeu a chance e lhe deu um beijo, e saiu. Quem sabe assim ela conseguiria patrocinadores?

Thomas Ashford ―distrito sete.

Não conseguia pensar direito, minha cabeça ainda estava girando.

Tudo tinha passado numa velocidade tão grande que estava difícil de processar. A primeira coisa que fiz ao ser puxado foi mirar nas crianças, tentei matar a garota do onze, mas já era tarde demais. Frost já tinha levado ela, era o momento perfeito, finalmente poderia mata-lo, mas já estava saindo dali. Então acho que foi isso que aconteceu.

Cambaleei pela floresta apoiando-me em qualquer objeto que encontrasse. Minha respiração estava ofegante, podia ver o sol lá de cima iluminando a floresta densa. Por um momento consegui me lembrar de Alaerys, onde ela estava numa hora dessas?

Talvez morta. A última vez que a vi foi minutos antes de entrar na caverna, não cheguei a ver quais criaturas a mesma possuía. Lutei para resistir pelo menos um pouco a grande vontade de desmaiar, mas já era tarde. Meus olhos tinham se fechado e a escuridão havia reinado.

Acordei com os raios de sol batendo em meus olhos, rapidamente os tapei com meu antebraço tentando recapitular todos os acontecimentos recentes. Por fim, após isto vagarosamente me levantei.

Ainda estava um pouco tonto, então continuei a utilizar qualquer coisa como apoio. Olhei para o chão e fitei minha bolsa, me abaixei para pegá-la e a coloquei em minhas costas. Ela parecia mais pesada do que o normal, pensei em verificar as coisas que ela tinha, mas precisava sair dali. Se estivesse próximo a cornucópia era possível que algum dos carreiristas me achasse.

Caminhei por um tempo a procura de outros tributos para alguma aliança, talvez nesta fase do jogo fosse tarde demais, no entanto, tentar não era uma má ideia. Depois de algumas horas caminhando avistei um pouco a minha frente um aerodeslizador, provavelmente algum tributo havia morrido.

Corri para ver quem era. Quando ele subiu pude ver uma garota subindo, isto por seus cabelos castanhos escuros, talvez vinho longos que balançavam com o vento. Sua pele era sem dúvidas branca, a única pessoa que tinha visto assim fora Sandara. A garota do distrito doze, se ela estava ali Frost também deve ter morrido.

Fiquei mais surpreso quando o segundo aerodeslizador transportou uma garota, então continuei a caminhar e fiquei a espera de outro, mas nada surgiu. Quando me aproximei pude perceber que havia acontecido uma nevasca ali.

Procurei por mais algum tributo, mas ninguém estava ali. Finalmente senti o frio daquele lugar, logo me distanciei mais um pouco e procurei me aquecer deixando minhas mãos próximas a sua boca e soltando um ar quente, em seguida passava minhas mãos pelos meus braços.

Me sentei próximo a uma árvore e me encostei em seu tronco até perceber ter sentado em alguma coisa. Me levantei e a princípio não enxerguei nada. Forcei um pouco minha visão e pude ver alguns traços que podiam ser vistos apenas pela luz do sol. Encostei minha mão naquilo e pude sentir uma espécie de tecido grosso, o retirei dali e logo o objeto revelou ser uma jaqueta.

Seria muito útil então nem pensei em larga-la, tirei minha bolsa e as vesti. Por fim verifiquei os objetos que ela tinha, apenas um pacote com umas duas carnes secas, outro com biscoitos e uma garrafa com água. O resto era uma corda, uma tesoura e uma machadinha.

A machadinha foi algo que roubei na cornucópia, eu havia roubado duas, mas utilizei uma para atirar na menina do onze, infelizmente eu havia errado e não acertei nem Frost nem ela, então um para ele e zero para mim. Ultimamente eu tenho dado muita atenção a ele, pois aparenta ser um inimigo poderoso, gostaria muito de um dia lutar contra ele, se possível.

Por fim peguei a garrafa d’água e uma carne seca, fechei o pacote e depois a bolsa. Comi a carne e em pouco tempo já não tinha mais água na garrafa. Murmurei um palavrão e guardei a garrafa.

Encostei minha cabeça no tronco e fechei os olhos, por fim dormi.

Alaerys Emery ― distrito quatro.

Foi com surpresa que percebi que ainda estava viva.

Precisei exercer um esforço quase sobre-humano para abrir os olhos. Não sabia explicar o motivo da exaustão que me envolvia, mas algo estranho parecia acontecer dentro do meu corpo. Uma sensação não-familiar de formigamento e queimação corria pelas meus meus braços e pernas, e junto do desconforto físico, uma confusão de pensamentos me deixava desestabilizada.

Era como acordar depois de muito tempo dormindo. Não sabia quanto tempo havia se passado, se ainda era o mesmo dia ou se já era um novo amanhecer. Meu corpo doía como se tivesse sido pisoteado por uma grande manada de elefantes e meus músculos estavam tensos e contraídos. Um arfar de dor tentou escapar pelos meus lábios, mas percebi que minha garganta seca e arranhada estava incapaz de emitir qualquer som. Com essa constatação também notei a sede que até então me passará despercebida.

Forçando minha mente a se manter focada, extraí a água da terra abaixo de mim e movia-a até minha boca. Com o olhar ainda embaçado, confiei nos meus dons para me hidratar e me recuperar. Eu ainda estava viva, isso era algo a se comemorar e a única coisa que me convencia em continuar lutando.

Menos desorientada fui capaz de observar o ambiente a minha volta e pensar com clareza. Estava recostada a um extenso paredão de pedras tão lisas que parecia impossível de se escalar, o céu parecia um extenso cobertor tão denso que eu jurava se um teto e não uma camada de nuvens. Na outra direção seguia-se uma faixa de terra batida e logo estendia-se uma floresta verde e abrangente. Quantos dias haviam se passado desde que deixei o Distrito Quatro e entrei nessa Arena? Três? Quatro? Uma semana? Perdida no espaço e tempo pensei no que fazer.

Certamente ainda me sentia estranha e não sabia o motivo do mal-estar. Minhas memórias estavam confusas e nebulosas, tentava me agarrar à última lembrança coerente, mas era como tentar segurar as ondas do mar na areia. Para alguém como eu, com uma memória fotográfica, memórias escorregadias não eram comuns. Ainda assim não podia ficar parada aqui à céu aberto, como uma presa perfeita. Com esforço e mordendo o lábio para não gritar, me ergui tentando ignorar a dor nos músculos.

Dor é psicológico.

A voz grave do meu irmão invade minha mente e não consigo ignorar o impulso e levantar o rosto e procurar pela sua presença. Tão real e tão vívido, podia ouvir o eco da voz de Bash ao meu redor.

– Bash? - hesito chamar em voz baixa, rodeando o amplo espaço com os olhos.

Depois que confirmo que estava apenas alucinando, volto a caminhar o mais rápido que minhas pernas tremulas e doídas conseguem em direção à floresta.

– Ally? - o apelido de criança me pegou desprevenida - Onde você está indo?

Dessa vez tenho certeza, ele estava aqui. Me volto com o choque exposto no meu rosto.

Casualmente recostado ao paredão, Bash tinha os braços cruzados sob uma blusa azul escura com desenhos brancos familiar. Eu havia lhe dado aquela blusa de presente de aniversário.

– Você não é real, é?

– Que tipo de pergunta é essa Alaerys! Você está me vendo não está?

– Só porquê eu vejo algo não quer dizer que seja real. Você costumava me dizer isso quando eu tinha pesadelos e via monstros nas sombras do meu armário.

O loiro riu audivelmente e não respondeu seu comentário. Bash caminhou na minha direção com seu ritmo despreocupado. O ritmo de alguém que ainda acredita na beleza do mundo, o ritmo inocente de quem não viu a morte com seus próprios olhos.

– Alaerys, você não tem sorrido muito.

– Como você…

– Esse lugar tem olhos em todos os cantos.

Levantei os olhos para céu e ao redor. Um pássaro grande demais para ser uma espécie natural sobrevoou algumas nuvens antes de sumir atrás do paredão. Um arrepio involuntário se passou pelo meu corpo.

– Ainda com medo de pássaros?

– As cores e penas fofinhas são um mecanismo para enganar e te pegar desprevenido.

Ele riu e estendeu a mão. A tomei sem hesitar e aceitei abraçar meu irmão, aproveitando o conforto e segurança do seu carinho fraternal.

– Bash, eu não sei se vou sobreviver. Eu sei que disse que voltaria, eu sei que prometi, mas eu apenas…

– Está tudo bem… - ele me interrompeu com um sorriso suave em seus olhos verdes, reflexos dos meus. - Eu confio em você. Quando chegar a hora você vai saber o que fazer.

– Eu tenho medo disso. Tenho medo de me transformar em algo que repudio. Para que vale sobreviver à Arena e sair daqui como um monstro, uma pessoa sem alma. Não sei se posso aguentar ter minhas mãos sujas de sangue.

– Alaerys, você precisa escolher sobreviver. Seja egoísta e escolha a sua vida antes da dos outros. Escolha você. Tenha fé em você.

– Bash… Eu tenho fé. Gosto de pensar que minhas ações dentro dos Jogos podem ser ignoradas a partir do momento que deixar esse infeliz teatro de marionetes controladas pela Capital. A verdade é que os Jogos não acabam quando você sai daqui. Os pesadelos, os medos, eles vão continuar. Eu tento pensar nas minhas ações aqui como atos nobre, escolhas honráveis de sobrevivência. A verdade é que eu apenas preferi a minha vida à deles. Quantas pessoas terei de matar para permanecer viva? Até que ponto adianta ficar vivo e perder minha alma ao tirar outras vidas? Eu tenho fé, mas acho que a minha fé é minha condenação.

– Siga seus instintos Alaerys.

– E se meus instintos e minha consciência me apontarem coisas diferentes?

– Escolha. Lute. Sobreviva e volte para casa.

Fecho os olhos escondendo as lágrimas desobedientes. Espero ouvir mais de suas palavras, espero sentir seu cheiro de maresia e conforto do seu abraço, mas nada vem. Abro os olhos perdida e contrariada.

Bash não estava ali. Eu estava sozinha, recostada ao paredão e ainda estava viva.

Nicole Storm ― distrito dois.

Naquele ponto do mundo ela se sentia alta. Como nunca havia sido antes. Naturalmente, já se sentia enorme perto das moças delicadas de pés pequenos que circulavam por aí. As que ela invejava. Almejava ser pequena e delicada. Mas naquele momento se sentia realizada, no topo do mundo. Talvez nenhuma preocupação a atingisse ali. Os cabelos castanhos começavam a se soltar da trança elaborada feita na Capital, e seus olhos esmeraldas brilhavam. O rosto branco e bonito estava avermelhado devido ao esforço de chegar no topo do paredão. Não queria descer nunca. Não queria voltar para os Jogos de jeito nenhum. Mas tinha que voltar. Seus "colegas" carreiristas já deveriam estar dando pela falta dela. Colocou seus suprimentos escondidos pelo refúgio e resolveu descer.

Num salto, Nicole chegou com força no chão. O impacto teria quebrado as pernas de qualquer outro tributo, mas seus poderes do segundo Distrito lhe conferiam ossos resistentes como aço. Caminhou em silêncio para Curnocopia, esperando encontrar os outros três Carreiristas já com uma fogueira pronta para noite e talvez alguma carne de caça. O sol começava a dar indícios que se cansara do longo dia, o brilho começava a diminuir. Deveriam ser por volta de quatro da tarde. Avistou Tauros ao longe. Ele limpava as mãos sujas de sangue. Ela ouvira um tiro de canhão, imaginou que algum desafortunado tributo havia chegado perto e sido abatido pelo impiedoso Tauros. A moça se aproximou e sorriu para Tauros, ingenuidade estampada em seu lindo rosto. O garoto olhou para ela e acenou com a cabeça de maneira simpática. Com um estampido de terror, percebeu que nem Melody nem Erion estavam por perto. O que haveria acontecido com eles?

"Tauros? Aonde estão os Uns?"- Nicole perguntou com a voz firme, colocando de maneira discreta a mão no punho da espada.

"O Erion morreu, e a Melody sumiu."- ele respondeu, com a expressão de alguém que estava prestes a contar uma péssima notícia.

"O que aconteceu?"- Nicole respondeu de maneira inquiridora, começando a temer pela própria vida. Havia muito sangue pela grama, e notou um hematoma na bochecha de Tauros. Ele se levantou e começou a caminhar na direção de Nicole.

"Nic..."- a voz dele estava perigosamente calma-"Eu o matei em combate singular, mas não quero machucar você."-ele disse, encarando-a de cima a baixo. Um calafrio percorreu a espinha de Nicole. Aquele garoto era frio. A expressão dele não transmitia nada, ele podia beija-la ou soca-la em seguida sem mudar o rosto. Nicole andava para trás a cada passo que ele dava para frente. Quando viu que saiu dos limites da Curnocopia, deslizou a mão para dentro da jaqueta, agarrando uma de suas preciosas facas de arremesso. Fez uma faísca de energia na mão, deixando-a ser canalizada pela faca.

"Nem mais um passo."- ela disse com a voz trêmula, apontando a faca para ele-"Eu posso te matar antes mesmo que tenha a oportunidade de pegar em sua arma."- ela sabia que ele era muito rápido, mas era também ela. Sabia que ele era muito forte, mas ela também era. Eles eram o páreo um do outro naquela arena.

"Nicole... Por favor. Precisamos um do outro para sobreviver."- ele disse.

"Assim como precisávamos do Erion. E você o matou. Assim como precisávamos da Melody. E você a afugentou. Não vou deixar que você me mate também. Posso ter apenas quatorze anos, mas não sou fraca. Tenho total capacidade física e psicológica de matar você."- ela disse, tentando parecer dura e fria.

"Nicole... Você é uma garota tão bonita e esperta. Não faça essa bobagem. Estará se matando fora dessa aliança. Juntos somos invencíveis. Separados vamos enlouquecer e morrer."- ele disse, usando seu ultimo argumento. Mas a expressão de Nicole era irredutível. Tauros olhou para aquele lindo rosto em uma expressão de frieza pela ultima vez. Sabia que da próxima vez que a visse os dois fariam qualquer coisa para matar um ao outro. E ele não aguentaria olhar para aquele lindo e ingênuo rosto e dar um golpe logo em seguida. A admirou uma ultima vez e aguardou a declinação de Nicole.

"Podemos ser poderosos. Mas isso não me faz confiar em você. Vire-se e conte até 10. Depois eu vou ter desaparecido."- ela disse. Tauros vacilou, olhando para ela impotente-"Vire-se! Agora! Ou eu atiro a faca!"- o garoto se virou e começou a contar em voz alta. Nicole tomou impulso e pulou. Estava muito alto, quase tocando as nuvens. Aterrissou em seu refúgio no paredão, morrendo de cansaço. As lágrimas começaram a vir, mas ela apertou os olhos as reprimindo. Não choraria. Podia estar no seu limite, mas não mostraria fraqueza.

Olhou para baixo, e em meio da névoa viu Tauros olhando ao seu redor, a procurando. Nicole foi mais para dentro de seu refúgio, procurando sua mochila. Achou a bolsa e a abriu, pegando a garrafa de água cheia e tomando um pouco. O sol estava quase se pondo, e ela decidiu arrumar um canto para dormir. Ajeitou o saco de dormir em um canto confortável e entrou lá dentro. A cabeça dela doía e como não conseguia dormir, resolveu ler o manual da arena. Ficou pasma, haviam mais perigos ali do que ela pensava. Começava a se arrepender de ter deixado Tauros, não haveria ninguém para vigia-la enquanto dormia. E alguns seletos tributos da Arena poderiam ter a capacidade de escalar aquele paredão. Decidiu verificar o pequeno ambiente mais uma vez. A única coisa nova que encontrou foi uma moita de flores delicadas. Abaixou-se e colheu uma, parecia comestível, talvez boa para fazer chá. Em cima a flor estava pousada uma vespa estranha, mas ela não ligou e espantou o bicho com a mão.

Se arrependeu disso quando sentiu uma fisgada forte na mão, uma dor horrível. Ela reprimiu um berro, e matou a vespa com uma faca. As lágrimas vieram ao seus olhos e dessa vez ela não tentou conter. Aquele veneno percorria suas veias, deixando uma agonizante queimação. Ela se deitou no chão, sentindo as lágrimas escorrerem. Ela fora muito burra por não perceber que aquilo era uma teleguiada. Juntou suas forças e arrancou o ferrão da mão, novamente reprimindo um grito.

Algo brilhou no céu, a insigna da Capital. Olhou os tributos mortos com pesar, mas soltou um grito agudo ao ver o seu próprio rosto no céu. A consciência começou a escapar do seu corpo, mas ela lutou pela sua vida, tentando se levantar. Não adiantou, ela desabou no chão de novo e fechou os olhos, sendo invadida por cenas e vislumbres do passado.

Estava em sua casa. Um cheiro delicioso perfumava o ar e enchia a boca de Nicole de água. O cheiro do melhor café produzido com algumas ervas aromatizantes, o preferido de Nicole. Havia uma xícara cheia desse líquido mágico em suas mãos. Ela estava assentada em uma cadeira, na mesa, de frente para Julie, sua melhor amiga. Ela também segurava uma xícara, cheia de chá. Jude não gostava de café.

"Por que me chamou?"- Nicole perguntou, tomando um gole generoso da xícara.

"Eu tenho um segredo que preciso te contar. Promete que não vai me julgar?"- Julie disse com sua voz fina, mexendo nos cabelos negros nervosamente, os olhos cinzentos cheios de terror.

"Jude, você sabe que você pode fazer qualquer besteira que eu vou te apoiar. Você é tipo minha irmã, eu mentiria por você, mataria por você, arriscaria tudo por você. Prometo."- Nicole respondeu. Julie sorriu.

"Eu estou gravida."- nesse momento os sorrisos murcharam, e o Flashback acabou com o barulho da xícara de Nicole se quebrando no chão.

Desta vez ela estava sozinha, no meio do mar. A água batia em seu pescoço. Ela não gostava do mar. Tinha motivos para isso. Fora mordida por uma moreia, queimada por uma água viva, quase se afogado e sido atacada por uma tubarão. Resumindo, ela morria de medo do mar. Agora ela estava lá, sozinha. Olhou ao seu redor, procurando terra. Não havia em nenhum lugar. Olhou para baixo. A água estava turva, e ela não conseguia ver os próprios pés. De repente, sentiu uma dor forte no tornozelo e começou a ser arrastada para baixo. A ultima coisa que viu antes que seus pulmões se enchessem de água foi uma aranha gigante a puxando para baixo.

Outra vez se viu no passado. Ela se despedia de seus pais, de sua prima/irmã e de Jude antes de ir para os Jogos. Primeiro foi sua família. Sua mãe tinha lágrimas nos olhos, e não conseguiu falar nada além do quanto amava a filha. O pai parecia fazer muita força para parecer forte. Ele lhe disse uma coisa que nunca iria sair de sua cabeça:

"Você é linda. A Capital gosta disso. Mas mostre para eles que além de bonita, meiga e inteligente você é forte. Você pode parecer meiga, delicada e fraca. Mas é forte. Mostre para eles. Não se sinta inferior a ninguém, seja auto-confiante e lute. Tenho certeza que voltará vitoriosa para nós."- o pai a abraçou e beijou sua testa. Disse que lhe amava e ela respondeu que também o amava. Alice, sua irmã de criação a abraçou forte e começou a chorar. Ela já havia passado poucas e boas na vida. Os pais haviam morrido quando ela era muito jovem, e desde dai ela morava com os tios, pais de Nicole. Não queria perder a irmã de criação também.

A ultima foi Jude. Ela já mostrava sinais de gravidez, a barriga levemente protuberante. Ela apenas correu na direção de Nicole e a abraçou. Ficaram assim por um tempo. Apenas se despedindo. Nic corria o risco de perder a vida e Jude de ficar sozinha no mundo. O dois eram ruins. Falaram palavras reconfortantes uma para a outra. Eram irmãs de alma. Não se separariam nunca. De vez em quando algumas amizades tem conexões tão fortes e puras que começam a parecer um casamento. "Até que a morte nos separe", não era uma opção ali. Nicole voltaria viva. Seria madrinha daquela criança, conforme Jude havia pedido. Abraçaria os pais e os veria envelhecer. Faria loucuras com Alice outra vez. Ganharia aqueles Jogos. Seria forte, como seu pai mandara, nunca perdendo sua essência e não sujando as mãos de maneira desnecessária.

A ultima alucinação veio dos fundo dos sentimento mais secretos de Nicole. Ela estava em um quarto apertado. As paredes era brancas e lisas, e não havia portas e nem janelas. De frente para ela estava a insigna da Capital, mostrando os mortos. Lá estavam seus pais, Alice, Jude, e vários tributos com quem ela começava a se importar. E no fim, apareceu o presidente rindo daquilo. Das mortes. Se divertindo com o sofrimento dela. Ela sentiu uma raiva que nunca havia sentido antes. Que ficava trancada dentro dela, sob a fachada de meiguice. Ela olhou para baixo e viu um visor grudado no seu peito. O visor de uma bomba relógio. A cada segundo seu ódio aumentava. Quando a bomba zerou ela soltou um grito estridente que fez a terra tremer e fechou os olhos. O presidente começou a literalmente ser atingido por sua fúria. Quando ela abriu os olhos havia manchas de sangue por suas roupas e pelas paredes. Uma porta havia surgido, e ela saiu por ela. Estava em outro lugar, em uma campo verde e belo, o sol brilhava tímido e na frente dela estavam todos as pessoas com quem ela se importava no mundo.

"Você nos salvou se salvando, Nicole."- seu pai disse-"Você é como uma bomba relógio, agüenta até o ultimo segundo, o instante de explodir. E sua fúria é incontrolável. Ninguém permanece intacto na frente dela. Use isto, querida. Ganhe os Jogos. Saiba que nós te amamos. E que ser uma bomba relógio não é de todo ruim."

Nicole acordou aos poucos, sentindo as saudades esmagando seu espírito. Quando viu que estava coberta por uma manta, que havia um pote de remédio e uma xícara de café do seu lado imaginou que os Jogos não passassem de um pesadelo. Mas perdeu a esperança quando viu que estava no seu refúgio. Mordeu o lábio inferior com desgosto. Passou o remédio no lugar da picada, soltando um gemido de dor. Logo depois a dor parou. Tomou um gole de café e sorriu. Pelo menos os patrocinadores gostavam dela.

Leiam as notas finais!


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Notas finais do capítulo

Ok,eu ia escolher o melhor e eu sou uma baita indecisa, então quero ver a opinião do publico (não vote em si mesmo)
Mas faça um rank.
1:Melhor de todos e manja dos paranaues
2:Muito bom.
3: Bom.
Ok,beijos da titia Pudim.
P.S: depois do fim dessa fic eu planejo escrever um mistério de HP,vcs leriam?