The Sense Of Me escrita por Ethereal Serenade


Capítulo 1
Try to try again


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura o/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/611862/chapter/1

Lembrar-me das irmãs de Kate Marsh foi um tremendo golpe de sorte. No fim, ela estendeu sua mão para mim.

Quando eu estendi a mão e ela fez o mesmo, acho que jamais senti tanto alívio em um único momento na minha vida inteira.

Kate literalmente desabou, e eu a amparei antes que ela caísse no chão. Ela tremia, talvez por medo ou pela chuva fria que caía sobre nós. Acho que era por ambos, porque até mesmo eu tremia por estas duas razões. Tentava acalmá-la segurando gentilmente os seus ombros.

— Sinto muito... Sinto muito.

Droga, Kate. Você é a última pessoa que deve sentir alguma coisa.

— Do que você está falando? — Perguntei. — Você me salvou de falar na aula!

Nem eu e nem Kate dissemos mais nada. Ela ainda chorava copiosamente, então tudo o que fiz foi abraça-la, enquanto ela estava debruçada sobre meu colo.

Acho que o silêncio entre nós duas foi muito melhor do que dizer alguma coisa.

Eu não sei quanto tempo se passou ali, provavelmente vários minutos transcorreram até que os soluços abafados de Kate cessarem quase completamente.

— Max?

— Sim?

— Podemos sair da chuva?

Assenti. Nem me importava mais de estar debaixo da chuva, aliás, sequer lembrava dela. Ajudei Kate a se levantar e saímos do terraço.

Minha cabeça ainda doía bastante. Meu coração ainda estava acelerado, e minhas mãos ainda tremiam. No entanto, estar com Kate ao meu lado me tranquilizava, porque eu conseguira salvá-la. Se eu precisasse dos meus poderes em algum momento... Deus, eu não quero pensar no que poderia ter acontecido.

— Max, eu... — De cabeça baixa, Kate murmurou, enquanto descíamos um lance de escadas. — Me desculpe por isso, por envolver você em meus problemas.

— Não precisa se desculpar. — Lhe disse, da maneira mais condescendente que consegui soar. — Somos amigas, lembra?

A vi sorrir de relance, e apesar dela ainda estar com o rosto inchado e com a voz meio instável por conta do choro, foi algo sincero. Passei o braço sobre seus ombros e abracei ternamente. Timidamente, ela retribuiu o gesto.

À medida que nos dirigíamos para fora do prédio, escutei o som de passos, e então vozes cada vez mais altas. Reconheci, mesmo que um pouco distante, a voz do Mr. Jefferson e do diretor Wells.

Kate deve ter ouvido aquela agitação crescente também, porque parou de andar abruptamente. Eu sabia o porquê. Ela não precisava encarar toda aquela gente, pelo menos não naquele momento tão delicado para ela.

— Eu não quero ir. — falou baixinho. — Eu não quero ver mais ninguém.

— Eu sei que não. — Coloquei a mão sobre seu ombro. — Mas precisamos.

Percebi que Kate engoliu mais um soluço com a minha resposta.

— Vem — Chamei-a, e ela ergueu o rosto. Seus olhos ainda estavam bastantes vermelhos. — Eu vou estar ao seu lado. — Forcei o meu melhor sorriso.

Acho que isso serviu, porque ela voltou a andar e eu a acompanhei. Íamos em passos lentos, numa tentativa de adiar aquele encontro entre nós duas com o diretor e o nosso professor do clube.

— Você vai mesmo me ajudar a denunciar o Nathan? — Kate perguntou repentinamente.

— É claro que eu vou. — Respondi no mesmo instante. — Tudo o que precisamos são de provas. E nós vamos consegui-las. Acredite em mim, Kate.

Ela sorriu, desta vez um pouquinho mais feliz.

— Obrigada, Max. — Agradeceu, limpando uma lágrima que verteu do seu olho direito. — De verdade. Acho que, à essa altura, é um milagre alguém acreditar em mim, levando em conta tudo o que aconteceu.

— Não seja boba. — Sorri. — Eu sou sua amiga, e amigas de verdade se ajudam no que for preciso.

E fomos, juntas, para fora do prédio. Mr. Jefferson estava lá nos esperando, e pareceu ligeiramente impressionado ao me ver com Kate viva ao meu lado. O diretor me observava de soslaio de uma maneira desconfiada, e eu tinha certeza de que ele iria querer saber como consegui chegar a tempo para impedir que Kate se jogasse do terraço. Ele acreditaria se eu contasse que foi um milagre?

“Milagre”. Pensei naquela palavra por um tempo.

Milagre, Kate, era eu ter impedido sua morte quando eu já a tinha visto acontecer.

Isso sim era um verdadeiro milagre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!