Dilemma escrita por Han Eun Seom


Capítulo 41
Chega de drama?


Notas iniciais do capítulo

Gente, faltam poucos. T^T
e...
MUITO OBRIGADA GÁABS PELA RECOMENDAÇÃO ♥ De verdade *^* ♥ ♥ ♥



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Quando chegamos a minha casa nada de importante aconteceu, mas minha mãe estava estranha. Mantendo-me quieta, tentei fingir que não havia nada de errado. Mesmo que minha mãe possa me ajudar, falar tudo para ela não seria tão fácil assim.

Na hora do jantar, saímos para uma pizzaria em outro bairro. O cheiro da pizza era tão bom e fazia jus ao gosto, mas eu não consegui evitar de lembrar-me de Sara e sua repulsa pela tradicional pizza de mozarela. Ela dizia que com tanta variedade era um pecado pegar algo tão sem graça.

– Roxy? – Minha mãe me chamou em algum momento.

– Ah, desculpa. Eu estava viajando. – Sorri e ela franziu a testa levemente.

– Apenas queremos saber se você queria sobremesa.

A sobremesa preferida de Sara quando saímos para comer fora é Petit Gateau e só percebi que tinha pedido isso quando o garçom colocou o prato com a bola de sorvete de creme e o bolinho de chocolate na minha frente. Não tive vontade de chorar nem nada do tipo, mas a cada garfada eu tinha vontade de sair correndo. Fugir, sabe? Fugir de todas aquelas lembranças.

– Roxanne? – Érica tocou meu braço com um olhar preocupado. – Está tudo bem?

Assenti e forcei um sorriso. Voltamos direto para casa e assim que subimos, eu tirei meus sapatos na porta e fui para meu quarto enquanto Érica ia jogar uma água no corpo.

Fiquei legitimamente surpresa quando minha mãe entrou no quarto e fechou a porta atrás dela. Eu estava sentada na minha cama tirando o material de dentro da mochila para fazer os exercícios de matemática para segunda-feira. Acompanhei seus passos até minha cama e meus ombros tencionaram quando ela colocou a mão em cima deles.

– Roxy... O que há de errado? - Ela sabia que tinha algo de errado. Eu franzi a testa e balancei a cabeça levemente tentando negar sua pergunta sem palavras, porque eu não conseguia pronunciar uma negação. Ela suspirou cansada. – Não se atreva a negar, porque é mais do que óbvio que há algo errado.

Eu suspirei, coloquei a mochila no chão e me sentei na cama deixando meus olhos focados no chão. Minha mãe sentou-se ao meu lado e, acho que após ter percebido que não fiquei confortável com o toque de segundos antes, deixou suas mãos em seu colo. Por algum motivo, eu sabia que minha mãe estava triste porque eu não estava falando com ela, mas não era fácil dizer tudo aquilo. Após um ou dois minutos de puro silêncio eu respirei fundo e tentei começar a falar.

– Deu merda e é minha culpa, mãe. – Senti a queimação embaixo dos meus olhos começar e eu respirei fundo de novo. – É tudo minha culpa.

– Isso tem a ver com Sara?

– Sempre tem a ver com Sara, mãe. – Soltei uma curta risada. – O problema é que não é só ela.

A expressão da minha mãe era confusa, mas ela sendo a mulher esperta e com mais de quinze livros de autoajuda escritos, juntou as peças e eu fiquei em silêncio até que entendesse de quem eu estava falando.

– Eu não acho que vocês brigaram de novo... – Achei graça da sua tentativa, mas não cheguei a rir. – A coisa dessa vez foi pior?

Eu assenti e meus lábios tremeram, eu estava cansada demais para segurar o choro ou qualquer outra coisa. Lembrei então das lágrimas de Sara e da expressão magoada de Nicolas. Aquilo tudo não podia ser a pior coisa que eu podia. Eu nem sabia como minha mãe reagiria à notícia de que eu amava Sara.

Uma garota.

– Filha, eu acho que sei o que está acontecendo, mas você precisa me falar com as suas palavras para que eu pare de ficar assumindo possibilidades... Você não tem noção do quanto doí te ver assim. Desde quando vocês brigaram daquele jeito e eu te vi chorar de uma forma como nunca antes, eu quero te proteger de tudo. – Eu escondi o rosto entre minhas mãos quando solucei forte. – Quando você tiver seus filhos, você vai ver que mãe é um bicho estranho, mas que só quer o bem da cria.

Eu soltei uma leve risada entre os primeiros soluços. Ela pegou minhas mãos e as afastou do meu rosto lentamente, me fez olhar em seus olhos e sorriu carinhosamente.

– Sabe, quando eu conheci seu pai, eu nunca imaginei que nós íamos ficar juntos. Eu era insuportável e ele era o queridinho dos professores e eu fiquei louca para saber mais sobre ele. Eu não sabia que era amor, até eu quase o perder por causa do meu temperamento. – Vendo minha expressão, ela riu. – Querida, eu era muito mais... Difícil do que você é hoje.

Era engraçado ouvir da minha mãe que ela era pior do que eu em questão de temperamento, mas eu não estava entendendo onde ela queria chegar com aquilo.

– Eu achava na verdade que eu nunca poderia ficar com um cara como ele. Seu pai era o maior diplomata do curso de Letras e só isso já me irritava. Depois de toda a confusão que aconteceu eu vi que era apenas um preconceito idiota e que ele era o homem da minha vida. – Ela suspirou e envolveu suas mãos na minha. – O problema é que no processo eu fiquei muito mal e eu... – Com um sorrisinho de lado, ela levou uma mão até o meu rosto e secou uma das minhas bochechas. – Eu não consigo evitar notar a semelhança entre nós duas.

Meus olhos se arregalaram e ela deu de ombros com um sorriso culpado. Ela percebeu que eu estava mal daquele jeito por um motivo em específico e ela já tinha juntado A com B.

– Sempre odiei triângulos amorosos, mas não fala isso para seu pai, ele adora colocar isso nos livros dele. – Ela piscou para mim e eu solucei forte e pesadamente.

Puxou-me para um abraço e eu envolvi sua cintura com meus braços enquanto afundava meu rosto em seu pescoço. Meu peito doía com a força dos soluços e minha mãe ficou ali, passando a mão nas minhas costas, dizendo que estava tudo bem e que era melhor colocar tudo aquilo para fora.

A porta se abriu e eu levantei a cabeça a tempo de ver Érica sorrindo e a fechando novamente.

– Como? – Balbuciei após um tempo. Tentando me recompor, eu respirei fundo. – Como você percebeu que tinha algo errado?

Ela deu de ombros e passou a mão em meus cabelos.

– Roxy, as coisas vão ficar piores se você adiar isso. Você tem que fazer uma escolha – disse e eu assenti. Eu sabia que eu tinha que escolher e eu sabia que isso tinha que ser rápido. – Eu não posso dar minha opinião, porque esta deve ser sua escolha... – Eu senti o “mas” antes mesmo dele vir. – Mas você sabe que a pessoa com quem você passou por um milhão de coisas é uma só, não sabe?

Olhei para seu rosto e ela suspirou.

– Eu não estou duvidando de seus sentimentos por ele, filha, mas vendo de fora você tem que saber que Sara é a pessoa que cuidou de você quando nós não pudemos, que esteve ao seu lado durante tudo e que apesar de você não perceber isso... Depende de você. – Franzi a testa e ela suspirou. – Desde quando vocês eram pequenas já dava para ver isso, Roxy. Ela precisa de você assim como você precisa dela. Quando vocês brigaram, pareciam que estavam praticamente mortas.

Minha cabeça estava como uma grande sala vazia. As palavras da minha mãe passavam, mas não tinham forma e eu não conseguia entende-las direito. Ela estava dizendo que Sara era a certa, não estava? Ela tinha acabado de dizer que dava para ver isso desde quando éramos pequenas?

– Não sei se vai ajuda-la e a última coisa que eu quero fazer é te confundir mais, mas querida... Na hora do jantar, quando você olhou com tristeza para a comida... De quem você estava lembrando? Aqueles remédios no banheiro, quem os colocou lá? Quem você confortou quando descobriram tudo sobre Nicolas? Com quem você morou durante todo o mês passado?

Sara. Sara. Sara. Sara.

Meu rosto estava quente e o nó na minha garganta estava começando a se desfazer, mas um aperto no meu peito estava apenas surgindo.

– Você... Você não está...? – Perguntei com a voz fraca e a testa franzida.

– Estou o que? – Ela me olhou confusa e após alguns segundos suas sobrancelhas se arquearam. – O que, Roxy? Achou que eu fosse ficar brava? – Sorriu para mim e apertou minha mão. – Não sei, com certeza, se isso vale para o seu pai, mas eu já sabia que havia algo a mais entre vocês... Por favor, Roxy, vocês são amigas desde os sete anos e desde sempre dava para ver que o olhar das duas abrigava algo a mais.

Se eu não estivesse chorando tanto, minha expressão seria de puro choque. Se bem que se tratando da minha mãe, não havia muito a se fazer. Assenti e ela depositou um longo beijo em minha testa.

– Roxy, eu sou sua mãe e estou aqui para o que precisar... Você sabe disso, não sabe? – Eu não sabia o que havia feito para merecer uma mãe assim. – Eu e seu pai faríamos qualquer coisa por você.

– Eu sei mãe. – Respirei fundo e limpei meu rosto.

– Eu te amo muito, filha. – Abraçou-me mais uma vez e o calor do seu abraço fez finalmente minha cabeça clarear.

– Eu também te amo, mãe.

Minha mãe se levantou e parou na porta. Achei que ela ia dizer algo, mas sua hesitação foi embora tão rápida quanto chegou. Fechou a porta atrás de si e eu olhei para o meu celular e desbloqueei a tela só para ver nós duas como papel de parede.

Abri o chat e abri a conversa com Nicolas. Sorri tristemente ao lembrar a nossa saída para BMS e tentei procurar em mim o que eu havia realmente sentido quando passamos o dia lá. Foi divertido claro e eu me senti muito feliz, mas o que eu estava tentando ignorar durante aquilo era o desconforto por não ter dito nada para Sara e por estar com ciúmes dela. Como eu me senti mal ao ver suas mensagens depois e ver que ela citou Ravena em cada uma delas.

O que eu tinha com Nicolas?

Minha mãe duvidava sim dos meus sentimentos por ele mesmo que tenha dito que não, era óbvio pelo discurso dela que não acreditava que era amor o que eu sentia por ele. Fechei o aplicativo de conversa e Érica entrou no quarto.

– Você está melhor? – Eu lhe dirigi um pequeno sorriso. – Tia Rita é a melhor... Mas você ainda está mal, não é?

Eu suspirei e me levantei da cama. Érica mordeu a parte interna de sua bochecha antes de me dirigir um olhar culpado. Arqueei uma sobrancelha a questionando e ela suspirou.

– Que seja! Eu não consigo mais esconder isso. Numa hora lá em que você saiu e eu e Nuno ficamos sozinhos, a gente conversou um pouco sobre isso... Sobre o que achávamos disso tudo.

– Érica... O que vocês falaram? – Perguntei e ela se sentou na cadeira da minha escrivaninha.

– Nós dois não sabemos a história inteira e nem fazemos ideia do que você está sentindo, Roxanne, mas achamos que você deveria seguir seu coração não importa o que aconteça, sabe? Pensamos que você deveria parar um pouco de pensar que magoou os dois e escolher um deles de uma forma clara. - Franzi a testa e ela revirou os olhos. – Olha, o que eu estou tentando dizer, é que do jeito que você está agindo, parece que está mais presa aos dois pela mágoa do que por sentimentos.

Eu havia entendido o que ela tinha dito, mas não fazia sentido. Em que momento eu dei a entender isso? Eu estava confusa porque amava os dois, não era?

– Eu não queria bisbilhotar, mas... Eu escutei sua conversa com sua mãe e eu realmente acho que você deveria pensar melhor em tudo isso... Parar um pouco de pensar que você magoou os dois e que os dois estão putos com você vai fazer com que você veja quem você realmente ama.

“De quem você estava lembrando? Aqueles remédios no banheiro, quem os colocou lá? Quem você confortou quando descobriram tudo sobre Nicolas? Com quem você morou durante todo o mês passado?” A resposta para todas essas perguntas era Sara, mas para o que eu responderia Nicolas?

Então me lembrei do começo desse ano. No momento em que tudo começou. Tinha sido eu que havia perdido a cabeça, certo? Era eu a estressada, pavio curto e que faria qualquer coisa por ela.

Olhei para as minhas mãos meio úmidas pelas lágrimas e algo se estalou na minha cabeça. Uma pergunta para ser mais exata.

Onde aquela garota tinha ido? Afinal, todo o choro, toda a confusão e toda aquela angústia não eram meus. Eu era tão prática e objetiva. O que mudou? Onde eu estava? Olhei para Érica, não esperando alguma resposta, apenas algum tipo de sinal.

Quase ri ao pensar que uma crise existencial era tudo o que não precisava naquele momento.

Ela me abraçou e eu senti que as coisas estavam uma bola de neve por minha causa. Eu era o elo de toda a confusão e que estava nas minhas costas desfazer toda essa merda. Separei-me de Érica e fui tomar um banho.

Até parece que minha vida é um livro de drama que algum lunático escreveu.

Suspirei e tive vontade de me enfiar no chão ao finalmente perceber a cena que fizemos na frente do colégio inteiro. A vergonha que estava tomando conta de mim naquele momento nem era somente por causa disso – como se eu ligasse para o que as pessoas pensam de mim –, mas principalmente pela forma que chorei na frente dela.

Eu queria naquele momento simplesmente sair de casa e ir atrás dela, mas é possível que ela nem queira mais olhar na minha cara.

Não. Eu não vou chorar de novo.

Franzi a testa e sai do banho. Com a toalha envolta ao meu corpo eu observei o reflexo da minha franja colada na minha testa no espelho.

Que seja. Chega de tanto drama.


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Notas finais do capítulo

Então pessoas lindas, as coisas vão ficar mais certeiras agora? O drama vai acabar?
... :D quem sabe, né? BEM! Eu não queria que a decisão de Roxy fosse feita do nada e eu acho que se fosse numa situação real, a mãe dela com certeza seria quem dá o empurrão para ela sair da fossa.
Queria que existissem mais Ritas por ai.
Pessoal, vou fazer o video de agradecimento após o capítulo 43 então deixem seus comentários ou favoritos para eu poder agradecê-los ^^



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