Dilemma escrita por Han Eun Seom


Capítulo 4
Céu Nublado


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que eu disse que postaria sexta, mas não vou poder, então estou postando hoje mesmo ^^



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Cheguei ao meu prédio agradecendo por meus pais estarem nos vizinhos do andar de baixo. Nosso apartamento era no sexto andar e com vista para a rua. Era um prédio com quatro apartamentos por andar, tínhamos três quartos sendo o do meu pai e da minha mãe uma suíte, um meu simples e um escritório com um sofá cama. A sala não era muito grande, tinha um sofá de três lugares, uma estante e uma TV na parede.

Quando entrei fui direto para a cozinha. Joguei minha bolsa e minhas roupas no balcão e me apoiei na pia. Eu estava com uma enorme vontade de vomitar, abri a torneira e joguei água no rosto. A fechei e me apoiei na parede de azulejos gelada escorregando lentamente até o chão.

A expressão dela quando percebeu que eu estava chorando não saía da minha mente. Coloquei minha cabeça entre meus joelhos e esperei a ânsia passar. Minutos depois meus pais entraram desesperados gritando pelo meu nome. Meu pai entra na cozinha e eu levanto meu olhar minimamente.

– Rita! Ela está aqui – ele parecia aliviado e percebi o celular na mão dele. Meu pai se abaixou e minha mãe parou em frente a mim, tinha uma expressão chorosa e também aliviada. – Roxy? – ele me chamou baixinho apesar de eu estar ali na sua frente.

– Filha, a mãe da Sara... – eu me encolhi ao ouvir o nome dela e me senti muito estúpida por fazer isso, mas minha mãe não conseguiu continuar a me ver encolhendo e isso a fez parar de falar.

– Apenas saiba que já sabemos de tudo, certo? – meu pai falou com aquele tom calmo e tranquilizante que só ele tem. Meu coração pareceu explodir ao escutar aquilo. Eu tinha o apoio deles? Eu tinha, não tinha?

– Desculpe – minha voz saiu cortada e rouca.

Minha mãe não conseguiu manter-se em pé me vendo naquele estado, ela se ajoelhou e me abraçou com força pegando minha cabeça e a enterrando em seu ombro.

– Não se atreva a pedir desculpas mocinha! - ela disse séria e um pouco chorosa. – Não foi sua culpa.

Eu sabia que era minha culpa. Se eu tivesse controlado a minha raiva nada disso teria acontecido. Eu voltei a chorar baixinho e minha mãe me abraçou forte sentindo sua roupa molhar um pouco com minhas lágrimas. Senti a mão de meu pai nas minhas costas e escutei-o suspirando.

– Nós somos seus pais Roxy e sei que está pensando que por causa disso nunca a culparíamos, mas não é bem assim – ele falou e eu me afastei um pouco da minha mãe para olhá-lo. – Você tem esse gênio desde sempre e acha que se não gostássemos disso já não teríamos feito algo? – ele sorriu.

– Quê? – eu estava confusa e minha mãe riu.

– Querida Roxy – ela me deu um beijo na testa. – Nos sentimos extremamente orgulhosos de você quando acabou com aqueles indivíduos que mexeram com Sara naquela época, sabia?

– É garota, ficamos extremamente felizes por ter usado toda essa força desses seu braços para o bem de alguém – o sorriso dele era aberto e aos pouco foi diminuindo até se tornar em um sorriso carinhoso. – Se agora fez isso de novo e foi Sara quem não aceitou a culpa definitivamente não é sua.

– Isso não faz muito sentido – eu falei franzindo a testa.

– Às vezes o que o coração sente não faz sentido, não precisa fazer sentido – minha mãe beijou minha testa mais uma vez.

– Odeio quando fica parafraseando seus livros – cruzei os braços na altura do peito e os dois riram.

Era apenas o começo da noite, mas eu resolvi ir para meu quarto descansar. Meus pais sabiam exatamente como me fazer ficar melhor. Comi com eles um lanche de queijo quente e fui me deitar.

Entrei no meu quarto carregando as roupas e as joguei dentro do meu armário marrom. Meu quarto não é grande, mas gosto dele assim. Do armário que fica de frente a minha cama até a mesma dão dez passos certinhos, tenho uma escrivaninha média, atolada de livros escolares e meu laptop bem no meio, que fica ao lado da minha cama. Minha mochila estava ao pé da minha cama, de frente a porta.

Como já estava com o armário aberto eu me lembrei do que Sara me disse quando a encontrei quando mudou sua aparência. Eu não achava que ela estava certa naquela hora e observando minhas roupas simples eu percebi que elas me definem, talvez Sara não estivesse certa sobre mim e talvez eu fosse uma menina sem graça que usa apenas jeans e camisetas. Meu estomago revirou assim que fechei a porta do armário. Senti-me enjoada e suspeitei que fosse o lanche de queijo.

Sai do quarto olhando para os lados vendo se minha mãe estava por perto, como não havia ninguém por perto entrei no banheiro tranquilamente. Eu amo os meus pais e tudo mais, mas eu não quero receber mais olhares reconfortantes deles. Fechei a porta do banheiro mediano e abri a porta do espelho procurando algum remédio para enjoo e achei uma caixinha com comprimidos para isso.

Lembrei-me então de que fora Sara que as trouxera. Minha mãe era muito esquecida e meu pai nem se fala e, então, Sara percebeu o meu estomago de “princesa”, como ela o chamava, e comprou algumas cartelas para que eu deixasse em casa.

Mais e mais lembranças dela começaram a aparecer na minha mente. Lembranças felizes demais para me agradar naquele momento. Vezes em que alagamos o banheiro tomando banho juntas quando pequenas, as vezes que tentou me maquiar e quando simplesmente conversávamos. Apesar de ela não dormir em casa ela veio algumas vezes para brincar na minha casa.

Quando percebi, já estava soluçando. Aquele rompimento brusco com ela me fez ficar sensível, só pode. Eu tentei enxugar minhas lágrimas, mas tudo o que meu corpo fazia era soluçar alto e pesadamente. Eu sabia que minha mãe e meu pai poderiam estar escutando, mas não é como se eu estivesse no controle da situação.

Eu resolvi me entregar de uma vez aquilo. Deixei-me escorregar até o chão abraçando os meus joelhos e enterrando minha cabeça entre eles. Eu soluçava e tentava respirar ao mesmo tempo e nada disso estava ajudando no meu enjoo.

Pouco depois escutei batidas a porta e a voz da minha mãe. Eu não respondi ao seu chamado e ela nem me deu tempo de fazer isso. Entrou no banheiro e eu me lembrei de que não tinha o trancado. Desta vez ela apenas se sentou ao meu lado e pôs as mãos nas minhas costas. Eu não sei se ela percebeu que palavras naquela hora não iriam funcionar ou tinha simplesmente se cansado. Talvez nem um dos dois, pois começou a falar pouco tempo depois.

– Sabe por que te demos o nome de Roxy filha?

– Por que achavam Roxanne muito grande? – eu falei entre pequenos soluços.

Minha mãe riu e apertou meu ombro levemente.

– Também, mas por que achamos o significado dele lindo. Sabia que Roxy é um variante de Roxanne que significa aurora ou despertar do dia – eu levantei meu rosto e olhei para ela. Minha mãe tinha o olhar fixo na parede e um sorriso no rosto. – Eu e seu pai queríamos que você fosse como o amanhecer. Renovadora, cheia de alegria e esperanças...

– Acabei saindo bem ao contrário – meus soluços estavam parando, mas eu ainda chorava. Quando do nada minha mãe dá um tapa atrás de minha cabeça. – Ei!

– Você é totalmente assim Roxy – os olhos dela estavam sérios e duros. – Você apenas nos trouxe alegrias desde o momento em que nasceu.

Eu não soube mais o que dizer, minha mãe tinha um olhar duro como se estivesse irritada por eu ter falado aquilo. Peguei um pouco do papel higiênico e assuei o meu nariz. Minha mãe suspirou e sorriu levemente.

– Você apenas amanheceu como o céu de Londres querida, mas não se engane – ela passou a mão nos meus cabelos. – Não é por que está um pouco nublada que não há um sol escondido ai dentro.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelos comentários no último capítulo! Me deixem um feedback nesse também para eu ter uma noção do que estão achando



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