Dilemma escrita por Han Eun Seom


Capítulo 37
Como posso ser tão idiota?




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– Você não entenderia de qualquer jeito! – ela continuava a gritar.

– Quem não entende é você! – Eu respondi na mesma altura. – Eu estava conversando com ele!

– Ah! – Ela fez um gesto exasperado com os braços e eu não conseguia entender aquilo. – Conversando? Daquele jeito? Eu te conheço há tempo demais para identificar o jeito que você olha para quem é apenas seu amigo! Você piscou para ele! E, acredite em mim, amiga, que aquilo não era um olhar amigo.

– Mas que merda você está dizendo? – Eu esmurrei a mesa e, aquela altura do campeonato, eu estava pouco me fudendo para minhas pernas bambeando. – Na verdade... Quem é você para dizer qualquer coisa quando ainda fica conversando sem parar com aquela puta da Ravena?!

– Puta?! Olha como você fala! Ela é minha amiga!

– Nossa. – Nunca usei de tanta ironia na minha vida. – Que bela amiga você tem, Sara. A garota que fica importunando e fazendo ameaçazinhas a qualquer pessoa.

– Você não faz ideia do que está falando...

– Ah não sei? Bom, que seja, mas ela veio me falando que você disse para ela que eu sou... Quais foram as palavras dela? Geniosa? Ah pelo amor de Deus, Sara.

– Eu apenas comentei que você... – Ela se calou e seu rosto vermelho não mentia. Ela tinha mesmo falado sobre mim para ela. – Mas você não tem moral nenhuma para falar para mim sobre as minhas amizades. Na verdade, eu não estou mais te reconhecendo! A Rexy que eu conheço nunca sairia com pessoas assim!

– Assim como Sara?! O que parece que você não me conhece tanto assim! Eu mudei? Agora só por que eu faço uma nova amizade eu estou irreconhecível?! Nuno é apenas a porra de um amigo!

– Ah é?! Você nunca fez amigo fácil desse jeito. – Ela estava me acusando de um jeito que eu simplesmente não entendia. – Agora passa três, quatro meses e vocês já são melhores amigos?!

– Eu estava discutindo sobre a porra do clube de artes. Por que você só está olhando para mim e nem vendo o modo como a tal da Ravena te olha?! – Finquei as minhas unhas na minha própria mão. Talvez a dor me acalmasse. – Caralho, Sara. Por que diabos você está me atacando desse jeito?! Mesmo que ele não fosse um amigo... Na verdade, mesmo que eu estivesse apaixonada, não seria o papel de uma amiga ficar feliz por eu ter encontrado alguém que goste?! – Minha mente rodopiava e nada melhorou quando Sara me dirigiu um olhar furioso.

– Quer saber? Eu cansei de esperar você notar. – Ela deu dois passos largos na minha direção. – . O motivo pelo qual Ravena nunca me olharia assim é bem simples e eu nunca vou ficar feliz por você numa coisa dessa por algo que eu imaginei ser óbvio, mas... Pelo visto não é.

De repente ela se aproximou sua boca da minha e ficamos cara a cara. Eu conseguia sentir aquele aroma típico dela, aquele cheiro doce que era ao mesmo tempo amadeirado. O calor do rosto dela e o meu pareciam se mesclar quando finalmente eles se tocaram. Era uma sensação que fez meu coração parar de bater.

Sua boca não estava molhada demais e nem seca demais, mas estava quente. Eu conseguia sentir seu coração bater e acho que isso me fez notar o que estávamos realmente fazendo. Mas eu não queria parar. Eu não queria parar aquele selinho quente e que aos poucos se tornou em um beijo de verdade quando ela pediu passagem com a ponta da língua e eu além de conceder levei minha mão gelada até sua nuca sentindo seu corpo se arrepiar todo.

Um calor corria o meu corpo inteiro e tudo o que eu mais queria era beijá-la e beijá-la sem parar. Uma de suas mãos foi direto para a minha cintura e me puxou para mais perto, a mão dela se encaixava perfeitamente na curva do meu quadril e senti, então, sua outra mão levantando levemente a barra da minha camiseta.

Um choque passou pelo meu corpo ao sentir as pontas dos dedos gelados dela na base das minhas costas que pareciam estar queimando contra o tecido. Eu acho que soltei um gemido baixo contra os seus lábios quando nos separamos em busca de ar.

Nós encostamos nossas testas e ficamos ali arfando, sem saber o que fazer. Ela apertou o tecido da minha camiseta e eu achei que ela fosse chorar, mas quem estava chorando era eu.

– Rexy... – Ela sussurrou e me abraçou.

Eu solucei alto e desci meus braços envolvendo sua cintura e escondendo meu rosto no seu pescoço. Eu não sabia por que estava chorando daquele jeito. Meus ouvidos pareciam estar tampados por que meus soluços e a voz dela estavam muito abafados.

O pingente pesava em meu pescoço como nunca antes. Ele provocava uma sensação pesada e ao mesmo tempo gélida contra meu colo. Não eram apenas meus olhos que derramavam lágrimas, parecia que meu corpo inteiro entrou em um transe de emoção, seja lá o que isso signifique.

Ela tentou me afastar para provavelmente me olhar nos olhos, mas tudo o que eu conseguia fazer era me agarrar a aquela regata de algodão e soluçar contra o seu pescoço. Ela parou de tentar me separar e simplesmente me abraçou forte.

Eu não conseguia saber o que eu estava sentindo, estava tudo tão confuso. Tínhamos acabado de brigar e agora estávamos nos beijando. Como eu pude beijar minha melhor amiga e o que aquilo significava? Por que ela me beijou na verdade? Por que eu retribuí o beijo? Por que eu deixei que sua língua explorasse minha boca? Por quê? Por quê? Por quê?

Isso não era nem metade das perguntas que latejavam em minha mente.

Com alguns segundos com meu rosto contra o tecido escuro de sua roupa eu consegui me controlar mais e me separei dela olhando para baixo e ainda soluçando.

– Rexy, eu...

– Por favor, Sara. – Minha voz era pouco mais que um sussurro. – Não fala nada, por favor...

– Eu te amo, Rexy. – Sua voz era como seda em meus ouvidos e aquelas palavras e meu apelido tiveram um efeito inexplicável em meu coração.

Eu passei a mão nos meus cabelos balançando a cabeça para os lados. Eu não podia estar escutando aquilo, eu não podia estar realmente passando por aquilo. Minha melhor amiga não poderia me amar daquele jeito, do jeito não comum. Ela deu um passo em minha direção e eu dei um para trás.

– Eu te amo, porra! – Ela gritou e eu levantei o rosto para encontrar sua expressão abalada. – Eu te amo desde sempre, Rexy! Eu te amo! – Eu só conseguia sentir as lágrimas se juntando na ponta do meu queixo. – Eu olho para você com a esperança de você me notar desde quando éramos pequenas, Rexy, eu estou esperando você perceber meu amor desde sempre, porra!

Sara parecia que iria chorar a qualquer momento, mas estava se segurando e eu estava apavorada. Meu coração batia tão forte em meu peito que doía e minha cabeça rodava para todas as direções possíveis me lembrando de todos os momentos que passamos juntas. Era tão óbvio. Tão óbvio.

– E eu acho que você me ama também. – Com uma voz baixa e perigosa ela se aproximou de mim. – Eu realmente acho isso.

Como ela podia ter tanta certeza do que eu sentia quando o meu coração não me mostrava nada além de pura confusão e medo? Afinal, do que eu estava com medo?

Então Nicolas brotou em minha cabeça.

A imagem do sorriso e da gargalhada dele agora rondava minha cabeça, a cena em que ele parecia tão desesperado querendo saber sobre Sara mesmo tendo acabado de acordar de um acidente, sua preocupação com ela não parava de piscar como um filme antigo na minha cabeça. Imagens do dia anterior, a forma como seus olhos brilharam e sua voz falava calmamente comigo latejavam dentro da minha memória.

Senti a mão com aqueles dedos longos e toque macio tocar meu braço. Imediatamente recuei e olhei para seus olhos. Eu pude ver o desespero neles, o medo de tudo estar indo por água abaixo e que nada pudesse ser concertado de novo.

Eu conhecia aquela sensação, mas eu não conseguia me aproximar dela... Daqueles lábios levemente avermelhados me lembrando do beijo de instantes atrás e daquela sensação maravilhosa que percorreu meu corpo como uma corrente elétrica.

Sim. Foi maravilhoso, mas eu não podia me permitir e eu nem sabia por que eu estava fazendo aquilo. Eu não sabia por que tinha gostado tanto daquele gosto e daquele calor e mesmo assim o rosto de Nicolas continuava a aparecer na minha cabeça. Eu não queria aquilo assim como eu não queria escolher.

Sendo assim eu corri.

Como uma criança mimada eu saí daquilo correndo em direção ao portão da escola escutando a voz de Sara me chamar. Tudo o que eu queria era sair daquela escola e ficar mais longe possível dela. Eu nunca conseguiria pôr os meus pensamentos em ordem ali e definitivamente precisava ir para algum lugar aonde ninguém me iria... Pelo menos esse era o objetivo até que bati de encontro com um cara alto.

– Roxy...? – Era a voz dele. – Por que está chorando?

Eu levantei o rosto e não acreditei no que estava acontecendo comigo. Nada daquilo era real e não podia estar acontecendo. Xinguei infinitas vezes na minha mente. Não me lembrei de que nós tínhamos combinado de sair depois da escola hoje. O pior é que eu mesma tinha sugerido isso imaginando que nós três pudéssemos ir tomar um sorvete.

Senti mais lágrimas escorrerem. Por que isto estava acontecendo? Como eu poderia amar minha melhor amiga e ao mesmo não me esquecer do rosto do irmão dela que a propósito estava na minha frente segurando meus braços com mãos firmes - que, sinceramente, foi o que mantiveram de pé - e um olhar preocupado.

– Rexy, eu... – Olhei para trás e Sara estava arfando com o rosto vermelho. – Mas o que...?

Ela olhou para o jeito que ele estava tocando meus braços e o jeito que estávamos perto um do outro e balançou a cabeça negando algo que ninguém tinha dito, mas que não tinha como não perceber. Era impossível não perceber que minha estabilidade estava dependendo dele e unicamente ele naquele momento.

Juro que eu queria gritar que não era aquilo, que não era nada daquilo que estava pensando, mas o problema era que... Talvez fosse o que ela estava pensando. Minha cabeça começou a latejar quando eu percebi o que realmente eu estava dizendo.

Eu tinha admitido para mim mesma que a amava, não tinha? Fora segundos atrás, não foi? Por que minha mente insistia em achar algo no rosto dele e por que eu me sentia confortável com o toque forte dele me segurando?

Desde quando eu comecei a amar os dois?


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Notas finais do capítulo

Não me odeiem.

UEHEUHEUHEUEH
AS COISAS NÃO VÃO FICAR ASSIM :3333333333333333

Revieeeeeeews?



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