Dilemma escrita por Han Eun Seom


Capítulo 2
Rexy


Notas iniciais do capítulo

Hehehe obrigada por comentar meninas e espero que gostem desse!



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Qual é a sua garotinha? – ele se levantou do sofá e percebi que tínhamos um palmo de diferença de altura. – Mal chegou e já está assim?

– Acho que está enganado – arqueei uma sobrancelha. – Quem mal chegou aqui foi você, por que pelo o que sei não esteve aqui pelos últimos quatro anos enquanto eu estive, na verdade, estive aqui por todos esses anos – mantive meu tom de voz baixo enquanto falava. Isso não poderia sair do controle, iria magoar Sara. – E já chega aqui causando mal estar em todos? Qual é a sua?

Ele franziu a sobrancelha e por mais que eu estivesse esperando uma resposta ansiosamente ele apenas se sentou novamente. Estava claro que as duas ali estavam desconfortáveis com sua presença e ele continuava agindo daquele jeito. Quem ele pensava que era?

– Vem – Sara segurou o meu braço e me puxou em direção as escadas. – Mãe, vou ficar com a Roxy no quarto, você... Hum...

– Eu levo a janta de vocês lá – ela sorriu e nos dispensou com um gesto.

Eu não tenho muitos amigos e Sara não é minha melhor amiga apenas por que pensamos parecido. Já disse que nos conhecemos no primeiro ano do Fundamental e além do tempo que já passamos juntas nós nos tornamos amigas por que entendemos uma a outra sem nem precisarmos de palavras.

Temos ideais parecidos, mas nosso jeito de ser é diferente, ela é muito mais extrovertida do que eu e isso nunca me incomodou, apenas aproveitei a oportunidade que ela me dava enquanto conversava com as pessoas de observá-las. Sara não olhava para os olhos dele e ele nos acompanhava com o olhar.

Sara segurou minha mão e subimos para o quarto dela. Tinha colado na porta um aviso gigantesco que dizia: “Não entre sem bater (a menos que seja Rexy)”. Nós havíamos o feito no quinto ano para ela e para mim e o tínhamos colados na porta até hoje.

Entramos no seu quarto depressa. Sara não soltou minha mão enquanto fechava a porta e ficava de frente para mim. Ela olhava para o chão e eu esperei alguns segundos antes de abraçá-la.

Ela encaixou a cabeça no meu pescoço e enrolou os braços na minha cintura e eu escutei seu primeiro soluço. Eu já estava irritada com aquela situação e Sara chorando somente piorava a minha raiva. Ela nunca chorava por nada, ao contrário de mim, sempre fui uma manteiga derretida com filmes, livros e desenhos e Sara sempre acabava tirando uma da minha cara por isso. Agora ela estava chorando por causa daquele cara e isso era inaceitável.

– Eu vou descer agora e colocar aquele cara no lugar dele – eu disse e apertei meus braços ao redor dela.

– Não Rexy – ela levantou a cabeça e se afastou um pouco para me olhar, riu um pouco e limpou o rosto com a mão. – Você nem sabe o que aconteceu, garota.

– Não preciso saber o que aconteceu, só por você estar chorando eu posso dar um jeito naquele idiota.

Ela sorriu com minhas palavras e negou com a cabeça se afastando de mim mais um pouco. Foi até sua escrivaninha e pegou um lencinho umedecido sentando-se de frente ao pequeno espelho que tinha ali em cima dos livros. Começou a retirar a maquiagem que borrara um pouquinho e eu me sentei na sua cama passando a mão na colcha branca e macia.

– Você faz mesmo valer seu apelido Rexy – virou um pouco seu rosto e piscou para mim.

– Foi você quem me deu ele – revirei os olhos e deitei na cama tirando minhas sapatilhas antes. – Vai contando o que aconteceu – eu escutei ela suspirar e fechei os olhos. – Nada de suspiros Sara, começa a falar.

– Eu estava bem animada para a chegada dele – ela falou depois de uma pequena pausa. – Fomos para o aeroporto tão felizes e animados por que meu irmão estava finalmente chegando e eu queria dar um abraço nele – virei meu corpo apoiando minha cabeça em minha mão para vê-la melhor. Sara balançou a cabeça e continuou. – Quando o vimos eu pensei “uau, ele não mudou em nada” e corri para abraça-lo, mas... A cara que ele fez quando me viu...

Ela tocou seu cabelo curto e pegou uma mecha azul a enrolando no dedo. Sara se olhava fixamente no espelho procurando por algo.

– Ele me afastou Rexy – ela abriu os abraços num gesto frustrado. – Eu corri até ele e ele me parou com uma mão me olhando de um jeito horrível! E sabe o que ele disse? Ele virou para mim com aquele risinho sarcástico e disse “que merda aconteceu com você?”.

Pude imaginar nesse meio tempo que algo parecido tivesse acontecido, mas ouvi-la dizendo as palavras dele ainda me deixou surpresa.

– Nem minha mãe teve essa reação! Quero dizer, foi ela que me incentivou a mudar a minha aparência, mas meu pai aceitou isso tranquilamente! Por que ele veio me dizer isso? Afinal, ele não me vê há quatro anos! Que moral ele tem?! – virou-se na cadeira e me olhou de frente. – Você se assustou e eu entendi isso, mas me aceitou do jeito que eu sou! Por que ele que é meu irmão, não pode fazer isso?

Bom, isso já era informação suficiente para mim.

– Ótimo – eu disse e me sentei na cama.

– Ótimo? – ela inclinou a cabeça um pouco para o lado e seu olhar passou de confuso para desespero quando eu me levantei. – Não Rexy! Você não pode discutir ou bater no meu irmão!

– O que? – eu franzi a testa e parei de frente a ela. – Ele é um idiota Sara!

Meu tom era alto e Sara se encolheu um pouco, eu suspirei e passei a mão no rosto. Logo senti seus braços envolverem meu quadril e sua cabeça encostada na minha barriga. Suspirei novamente e passei a mão nos cabelos dela.

– Lembra Rexy?

– Hum?

– Do por que te dei esse apelido?

Eu fiquei em silêncio e entendi o que ela quis dizer. Esse apelido surgiu quando estávamos no sexto ano. Sara era maior do que eu pouca coisa, mas muito magra, era quase raquítica na época. Logo no primeiro dia começaram a mexer com ela, a chamando de várias coisas e isso começou a deixa-la deprimida.

Não era por que eu não gostava de conversar com as pessoas que eu tinha um temperamento calmo. Foi numa manhã no mês seguinte que eu cheguei à escola um pouco mais tarde e vi cinco garotas com alguns garotos atrás delas rindo, eu não sabia o que estava acontecendo e ia passar reto quando ouvi um grito.

Eles riram ainda mais e eu me aproximei para saber o que estava acontecendo, a roda se fechou mais um pouco e eu escutei mais a voz de Sara chamando a mãe dela. Eles riram ainda mais disso e o sangue me subiu a cabeça. Eu peguei minha mochila e taquei na cabeça do mais próximo que se virou, dei um chute no saco dele e ele caiu.

Isso me deu uma brecha para entrar ali. Vi as garotas com marcadores e um menino segurando Sara. Elas tinham marcado o rosto dela inteiro com palavrões e desenhos obscenos. Quando vi aquilo, eu não sei o que aconteceu comigo. Tive um surto de adrenalina e comecei a bater nas pessoas próximas a ela, como eu era menor eu mordia muito mais do que batia.

Quando voltamos para casa, enquanto ela se limpava, ela ria e me zoava. Eu estava feliz por ela estar melhor e ri com ela.

– Seu nome não deveria ser Roxy! – ela disse entre gargalhadas. – Deveria ser Rex! Ou melhor, Rexy – nós rimos e desde então ela me chama assim.

Não aconteceu nada daquele tipo novamente, mas não por que não teve oportunidade e sim por que Sara sempre dava um jeito de melhor as coisas, mais tarde naquele mesmo dia, depois de gargalharmos, dormi na casa dela e minutos antes de pegarmos no sono ela me contou que eu estava assustadora daquele jeito e que ela preferia não me ver novamente assim.

Eu entendi o que ela quis dizer e eu fiquei feliz por ter salvado ela daquela situação, mas eu pude ver os efeitos colaterais daquilo. Toda vez que eu levantava a minha voz ou demonstrava estar irritada ela se contraía e mesmo que inconscientemente ela se afastava. Isso me machucava e eu queria não ficar brava perto dela nunca mais, mas eu não conseguia e não consigo controlar o meu temperamento.

Aos poucos Sara notou que para me acalmar somente um abraço ou um toque. Nem mesmo eu sabia disso, mas quando ela descobriu ficou mais agarrada a mim do que antes, andávamos de braços dados na maior parte do tempo e eu tenho a impressão de que às vezes ela não faz isso apenas para me acalmar.

– Lembro – eu disse em um tom baixo. Ficamos alguns segundos daquele jeito até eu soltar um curto suspiro. – Eu não vou falar com ele Sara. Aquilo não vai acontecer de novo – ela pareceu relaxar com as minhas palavras e nos desvencilhamos.

– Promete? Não quero dizer que não quero ou não gosto que me defenda é que... – ela levantou o rosto apoiando a ponta do seu queixo na minha barriga. Ela não precisava continuar eu sabia o que ela queria dizer.

Eu assenti e sorri para tranquiliza-la. Eu não queria que Sara se sentisse assustada ou com medo, não faria nada que provocasse isso.

Bom, era isso que eu tinha em mente.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Planejo um próximo capítulo bem tenso ^^ me deixem um feedback, ok!
Beijos :*



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