(N.A.: Leiam as notas finais...)

“Nós. É uma palavra estranha. ‘Amanhã eu vou fazer isso ou aquilo’, a gente diz normalmente. Ou pergunta a outra pessoa, a ‘você’ por exemplo, o que vai fazer. Isso não é difícil de entender. Mas de repente ‘nós’ passa a ser a coisa mais óbvia do mundo [...] ‘Vamos tomar banho’, disse Veronika. ‘Vamos comer’ – ‘Vamos dormir’. Quando a gente fala assim, precisa só de um chuveiro. Precisa só de uma cozinha, só de uma cama”.

Ver Leon dormir deveria ser considerado uma das sete maravilhas do mundo, de verdade. Tínhamos dormido abraçados, portanto quando acordei estava deitada sobre ele, usando seu peito como travesseiro. Ele tinha a respiração calma e sorria. Não era nada mais do que um levantar dos cantos de seus lábios, mas era doce.

Levantei antes dele, me troquei, peguei Elena em seu quarto, troquei-a e comecei a preparar o café da manhã. Eu normalmente tomaria café antes de correr para o Studio, mas graças a Deus aquele era o meu dia de folga. As quinas eram os dias em que eu poderia descansar e ficar ao lado da minha pequena. Lena quase sempre fazia bagunça antes de ir para a casa dos avós, e lá ia Violetta limpar tudo antes de sair. Mas agora, tudo mudaria. Eu tinha Leon.

Assim que ele acordou, Alex resolveu aparecer, nos chamando para uma reunião de emergência. Fotos nossas tinham sido vazadas, e nós precisávamos conversar.

^*^

—Leon, Violetta! – Alex nos saudou da porta de seu escritório. – Que bom que vieram rápido, mas onde está Elena?

—Ficou com a madrinha. – respondi, aceitando seu cumprimento de mãos. –O que aconteceu de tão sério assim? – perguntei, sentando em uma das cadeiras.

—Elena aconteceu, pra dizer a verdade. – Alex disse se arrumando na cadeira atrás da mesa e logo abrindo os sites de notícias/fofocas que falavam de nós.

—Me deixe adivinhar: teorias? – Leon perguntou, inclinado-se para ver melhor a tela que Alex nos mostrava.

—“Leon Vargas é visto com bebê no colo”, “Vargas engana nações: O argentino é pai e ninguém sabia.”, “Leonetta: Quem é o bebê que sempre aparece junto ao casal?”, “Seriam Violetta Castillo e Leon Vargas pais adolescentes?” – Alex suspirou depois de ler todas as matérias. – E disso pra pior. A nossa sorte é que o feedback é quase cem por cento positivo, por agora. Suas fãs estão te apoiado por toda a internet, a hashtag LeonettaBaby estava no quinto lugar do Twitter da última vez que chequei, além das milhares de montagens feitas por elas.

—O que é bom – Leon disse baixinho, se virando para me encarar. – Sabe o que isso significa?

—Não sou boa com números, mas sei que elas te apoiam em relação à Elena, e também em relação a nós. – ele sorriu, pegando a minha mão e entrelaçando nossos dedos.  – Alex, o que você acha que devemos fazer?

—Bom, nós normalmente desmentiríamos em uma coletiva de imprensa ou algo assim...

—Não, de jeito ou maneira!  - Leon se pronunciou. – Eu quero assumir Elena e Violetta. Elas são partes importantes da minha vida, Alex.

—Eu imaginei – Alex sorriu. – Então eu diria para escolher um modo de contar ao mundo sobre elas.

—Não ao mesmo tempo, obviamente. – eu disse, com minha mente já voando longe com ideias.

—Por que não?

—Le, pense comigo: Se você contar que tem uma filha e está em um relacionamento com a mãe dela ao mesmo tempo, até as “Leonettas” mais fiéis vão desconfiar. – expliquei acariciando sua mão.

—Acharão que você só está com Violetta pra limpar a ficha ou coisa assim. – Alex completou. – Leon, eu não te digo isso como agente, mas como amigo: É melhor assim. – ele finalizou, abrindo o Twitter novamente para checar os números mais uma vez.

—Nós vamos colocar Elena em um mundo maluco, Vilu. – Le disse preocupado.

—Então vamos nos assegurar de que ela tenha uma boa educação para que não se perca nesse mundo maluco. – respondi. – Eu sei o que estou fazendo, Le, sei dos riscos, mas não quero que fiquem especulando a minha vida, a vida da nossa filha. Vamos estar juntos nessa.

Ele suspirou e se virou para Alex, que checava os números mais uma vez.

—O quanto elas confiam em você, Alex? – ele perguntou, indicando a tela do computador.

—Bastante, por quê?

—Espero que esteja preparado pra ser chamado de primeiro Leonetta e coisas do tipo.

—Desde que eles coloquem Queen no apelido, eu to aceitando! – ele disse bem humorado, e lá estava o Alex divertido que eu ainda não conhecia muito bem. Nós três rimos, e Leon rapidamente explicou o seu pequeno plano:

—Postamos uma foto nossa no seu Instagram e vemos como elas reagem. Depois, damos um jeito  de confirmar. – Leon disse para Alex.

—Você sabe que elas vão surtar, não sabe? – ele perguntou meio preocupado, mas já pegando o celular.

—Sei, mas não vou voltar atrás agora. - Leon disse e eu assenti, concordando com ele – mas e Elena?

—Eu tenho uma ideia – me pronunciei. – Mas precisamos de uma câmera.

—Isso é fácil! – Alex garantiu. – Consigo ainda hoje para vocês. Agora, a foto!

Fizemos várias, na verdade, para que Alex pudesse escolher uma, a que melhor mostrasse o que nós éramos. Quando ele finalmente escolheu uma e estava quase postando, Leon segurou a minha mão com força, me fazendo virar para ele.

—Nós realmente estamos fazendo isso? – ele pediu entre sorrisos. Sorri e lhe dei um selinho.

—Som Le, nós estamos.

Meu celular apitou, assim como o de Leon, com a mesma notificação:

Instagram: @managementAlexWS postou uma foto sua.

managementAlexWS: Quando você vem trabalhar mas acaba segurando vela pro casal @ViluCastillo @LeonJVargas

LeonJVargas curtiu a foto de managementAlexWS com você

Você curtiu a foto de  managementAlexWS com você

^*^

Quando chegamos em casa, depois de buscar Elena na casa de Fran, a foto já tinha sido compartilhada em todas as redes sociais. Leon se divertia lendo os comentários.

—É uma das melhores distrações – ele me disse, enquanto encarava o celular durante a soneca de Elena.

Estávamos assistindo algum filme bobo que passava na TV, agarrados um ao outro embaixo de uma manta que tinha por ali. Eu estava quase dormindo, porque estava praticamente deitada no colo de Leon, com ele mexendo em meus cabelos, era difícil ficar acordada com aquele silêncio todo e o carinho constante de Leon, até que ele depositou um beijo em meus cabelos, me fazendo olhar para ele, que apenas sorriu para mim. Sorri de volta e o beijei antes de me deitar novamente em seu colo e cobri até meu pescoço com a manta.

—Yo te amo a ti — cantei baixinho, mas foi o suficiente para que Leon ouvisse. – Solo a ti. Aunque me lastimes, en mis sueños vives. Las estrellas brillan cuándo me sonríes. Yo te amo a ti, siempre será así.

—Não conheço essa música, você que compôs? – ele perguntou em um sussurro. Assenti, sem encará-lo. – É linda, Vilu. Você deveria gravá-la.

—Só se você cantar comigo – falei, fechando os olhos. Ouvi-o dar uma risada nasalada e responder.

—Acho que posso aceitar sua proposta.

Depois disso, adormeci.

^*^

Acordei com meu celular tocando enlouquecido. Atendi assim que percebi que era o número de Fran.

—Violetta Castillo, por que raios você não me conta mais as coisas? – ela gritou comigo. – No manual das BFF’S a primeira regra é: Suas melhores amigas devem saber de tudo antes DE TODO O RESTO DO MUNDO!

—Fran, se acalma menina – eu disse rindo de seu “desespero”. – Você pode vir aqui hoje à noite?  Teremos uma noite das garotas como antigamente, ok? Eu coloco você e a Cami a par de tudo, juro!

—É bom mesmo! – ela suspirou mais calma. – Vou ligar pra Cami, faz pipoca!

—Pode deixar! Até.

Desliguei, largando o celular na cama. Aliás, o que eu estava fazendo na cama? Eu tinha adormecido no sofá, com Leon. Onde estava Leon?

Minha pergunta foi respondida quando, ao chegar a cozinha, ouvi duas risadas. Leon segurava Elena junto ao seu peito enquanto dançava pela cozinha. Ri também, chamando a atenção dos dois.

—Finalmente acordou Bela Adormecida. – Leon brincou. Elena ergueu os bracinhos para que eu a pegasse, o que eu fiz com rapidez.

—Que horas são? – perguntei, arrumando o cabelo de Elena.

—Quase três horas, você parecia bem cansada, então resolvi não te chamar para o almoço. – Leon respondeu, arrumando a bagunça que ele tinha feito ao cozinhar seu almoço.

—Isso explica o porquê de eu estar faminta. – falei, brincando com Elena. – Tem essa campina maravilhosa aqui atrás, o que você acha de fazermos um piquenique?

—Um piquenique? Adorei! – ele respondeu, mexendo nos armários como se fosse a casa dele.

Minutos depois, estávamos do lado de fora, sentados em uma toalha com uma cesta cheia de frutas e porcarias, observando Elena tentar se levantar sozinha.

—Nós temos uma filha muito corajosa – Leon comentou, sustentando Elena em pé.

—Você percebeu isso? – pedi.

—Isso o que? – ele pareceu confuso.

—Nós estamos usando cada vez mais a palavra “nós” – respondi. – Não “eu e você”, mas sim “nós”.

—Ah – ele sorriu para Elena e depois para mim – Eu gosto da palavra “nós”

—Eu também -  sorri para ele, selando nossos lábios em um selinho.