I'm your twin escrita por Aya Pines


Capítulo 1
I wonder if you want me too


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ^^



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O verão de Gravity Falls e também o nosso tinha acabado. No último dia, a despedida foi até chorosa, mas pegamos o contato de todo mundo lá. Mabel estava toda animada por mim, pois agora eu tinha o celular e email da Wendy. Só posso te dizer que eu tive que fingir estar tão animado quanto ela.

A Wendy havia se tornado uma ótima amiga, era bom ter amigos mais velhos para variar, mas depois de um tempo tentando acreditar cegamente que eu estava apaixonado por ela, eu desisti.

Desisti, na verdade, de tentar encobrir o que eu realmente sentia. Afinal, não era ela que eu observava dormir toda noite, não era ela que me defendia não importava qual fosse o perigo e não era ela em quem eu hesitava admitir a razão de me levantar as noites para lavar os lençóis.

Enfim, nossos pais foram nos buscar e nós sabíamos que iríamos sentir muita falta de todos. Mabel segurou a minha mão e a apertou levemente. Eu sabia que ela não gostava de despedidas.

Por mais incrível que pareça, apesar de Mabel ser sempre extrovertida e nunca esconder seus sentimentos além de falar o que pensa, ela geralmente se segurava pra não chorar em despedidas.

Eu também sabia que ela mais tarde choraria e que eu ficaria sem graça na hora de consolá-la.

O carro de nossos pais chegou e dentro do carro eu apertei a mão dela de volta. Vamos combinar que eu não imune a sentimentos, eu também não gosto de despedidas.

Assim que entramos no carro tanto meu pai quanto minha mãe começaram a derrubar uma avalanche de perguntas sobre como foi o verão.

Mabel me lançou um olhar reconfortante e entendi que ela lidaria com aquilo. Dei um sorriso pequeno e ela com o mesmo ou talvez maior nível de animação de meus pais começou a responder as perguntas.

Não me entenda mal, eu e ela amamos nossos pais e também estávamos felizes de vê-los, só que as vezes nenhum de nós sentia-se disposto a compartilhar da mesma alegria deles.

A viagem foi longa e na metade dela todo mundo se calou num silêncio confortável. Minha mãe me disse que meu iPod estava na bolsa dela. Eu o peguei sem hesitar e coloquei American Girl: Syd Matters num volume alto o suficiente para que tudo ao meu redor sumisse.

Senti, uns minutos e músicas depois, a mão dela tocar meu braço. Virei o rosto lentamente e vi que ela também tinha seu iPod ligado.

Seu olhar estava carregado de lágrimas e eu dei um sorriso torto para ela. Fiz com os lábios falando em silêncio que voltaríamos lá e ela assentiu sorrindo também.

Aquele verão tinha sido provavelmente o melhor em questão de animação e apesar de cansado eu sentia no meu coração aquela pontadinha de saudades da casa do tio-vô Stan e de todo mundo.

Mabel sabia extravasar seus sentimentos melhor do que eu sempre, mas quando tratava-se de despedidas nós dois lidávamos da mesma forma.

Depois de um tempo nós desviamos nossos olhares e sorrisos e eu me perguntei totalmente do nada quantas vezes a magoei neste verão. Deixei escapar um suspiro e outra música mais animada começou a tocar.

Quando finalmente chegamos em casa e tanto eu como ela corremos para o banheiro.

"Nem vem Dipper! Vou tomar banho primeiro!"

"Ah claro, como se eu fosse deixar!"

Começamos a discutir e nossos pais riram. "Por que não tomam banho juntos? Faziam isso bastante até um tempo atrás!".

Minhas bochechas coraram ferozmente e Mabel se aproveitou da deixa para entrar no banheiro antes de mim. Bufei e segui para meu quarto murmurando que desfaria as malas primeiro, meus pais somente concordaram.

Nós dormíamos no mesmo quarto até quando fizemos nove anos e a gente se mudou para uma casa maior. Quando ganhamos quartos diferentes, nós dois ficamos muito felizes, mas em três dias Mabel começou a aparecer no meu quarto para dormir comigo. Não estava conseguindo dormir sozinha.

A partir deste dia, minha mãe pegou a cama e as coisas de Mabel e as mudou para o meu quarto que era maior e transformou o quarto de Mabel em um depósito de coisas velhas. Nunca me incomodei com aquilo até começar a perceber que eu sentia algo a mais por ela. Algo diferente.

Mesmo assim, nunca falei nada.

Acho que Mabel se sentia mais confortável assim também. Nós dois gostávamos da companhia um do outro, não queríamos nos separar. Tanto que mesmo no tio-vô Stan quando pudemos ter a real chance de dormirmos em quartos diferentes eu não aguentei e voltei atrás só para descobrir que ela também não queria que eu saísse.

Com defeitos, festas do pijama ou qualquer outra coisa, simplesmente era natural nosso isso.

Enfim, entrei no quarto e desfiz a minha mala primeiro, minha mãe e meu pai haviam saído para comprar comida no mercado.

"DIPPER!" quando escutei sua voz me gritando eu praticamente me teletransportei para ao banheiro.

"Mabel?!" minha voz estava ofegando com o pequeno esforço.

"Ah oi" ela colocou a cabeça pra fora da porta e eu percebi seus ombros nus e a ponta da toalha rosa. Ela estava sem roupa. "Esqueci de pegar o pijama, pega pra mim?" disse antes que meus pensamentos pudessem ir em direções proibidas. Apenas assenti e voltei para o quarto.

Admito que quando peguei uma calcinha e a camisola preferida dela meu coração acelerou e eu tive que lutar muito para não levar aquela calcinha ao meu nariz. Como eu sou doente. Voltei para o corredor e bati na porta.

Ela abriu um pouco e pôs a mão pra fora. Entreguei a roupa tomando cuidado para que nossas mãos não se tocassem, elas não podiam se tocar, não comigo naquele estado.

Ela disse um obrigado animado e somente resmunguei um 'não há de que'. Voltei novamente pro quarto e terminei de guardar minhas roupas no armário. Poucos segundos depois de fechar a minha mala ela apareceu na porta, seu cabelo amarrado, a pele ainda brilhando por causa da água e um sorriso no rosto.

"Acho que tenho que comprar uma nova" disse olhando para baixo onde a camisola ia. "Está ficando curta."

"Eu gosto dela" eu disse olhando de lado para as pernas de Mabel, "Você só usa saias neste tamanho pra quê se preocupar com a camisola?"

E era verdade, as saias que Mabel usava eram mais ou menos um palmo acima do joelho, a camisola estava um pouco mais curta.

Subi meu olhar para olhar para seu rosto e percebi a merda que eu disse quando vi o rubor nas suas bochechas. Eu queria dizer que não foi aquilo que não foi naquele sentido que eu quis dizer, mas as palavras simplesmente não saíam.

"Bom..." ela disse quase num sussurro. "Se você gosta eu..." meus olhos arregalaram com aquilo e bem na hora escutamos nossos pais entrarem. "Eu... Eu vou lá, vai tomar banho."

Assenti e escutei os risos da sala. Peguei meu pijama que era uma camiseta de linho branca e uma bermuda azul escura. Dirigi-me para o banheiro e tomei um banho demorado para me acalmar. Está sendo irracional Dipper, pare com isso, repeti isso como um mantra e após o banho me juntei a eles na sala.

Estavam todos exaustos a aquela altura e também já eram oito horas da noite. Então comemos lasanha congelada, assistimos um pouco de TV e fomos dormir.

Mabel e eu fomos por último, entretanto. Estávamos vendo o final de um show de mistérios rindo muito por causa das baboseiras que aquilo parecia perto do que vimos em Gravity Falls. Nossos pais deixaram tranquilamente, mas disseram que não deveríamos ficar acordados até tarde, afinal, as aulas começavam em alguns dias.

Não ficamos acordados muito mais do quê quarenta minutos, a viagem tinha sido cansativa também e faltando dez minutos para o programa acabar eu não aguentava mais.

"Estou indo dormir, tá?"

"Vou só assistir a este restinho e vou dormir também", ela sorriu e não tirou os olhos da TV quando eu disse para não demorar.

Bom, meu plano era realmente dormir, mas parece que não tive sorte. No momento em que deitei minha cabeça no travesseiro a imagem de Mabel corada e falando que estava ok contanto que eu gostasse da camisola não me deixou pregar o olho. Fingi que estava dormindo quando exatamente dez minutos depois ela apareceu no quarto deitando-se sem fazer nenhum barulho.

Minha cabeça transbordava de pensamentos aleatórios e imagens dela. Não sei, de verdade, quanto tempo se passou até que eu me levantei com cuidado da cama e atravessei o quarto nas pontas dos pés parando de frente a cama dela.

Ela estava dormindo com a barriga para cima e seus cabelos, agora soltos, se espalhavam pelo travesseiro. Havia uma luz trépida entrando pela janela também, luz suficiente para eu ver a ponta de ser nariz levemente empinado e os lábios rosados entreabertos respirando calmamente.

Era só um pouquinho que eu iria a olhar, então me ajoelhei e observei seu perfil, como seus lábios ficavam levemente separados quando respirava. Eu não acreditava no que estava fazendo. Era algo totalmente assustador e bizarro o que eu estava fazendo, mas eu simplesmente não conseguia me segurar.

E, sinceramente, eu não sei que merda eu estava pensando quando me inclinei sobre ela.

Eu depositei um beijo nos lábios dela. Nos lábios da minha irmã. Foi um toque cálido,tímido demais para acordá-la. No momento em que me separei dela lágrimas vieram aos meus olhos e com medo delas caírem eu os mantive fechados.

Eu tinha acabado de beijar minha irmã gêmea, nossos pais sentiriam-se ultrajados e Mabel... Só de imaginar como ela reagiria um soluço me escapou e eu murmurei desculpas entre soluços.

Eu havia me debruçado sobre a cama dela escondendo minha cabeça nos lençóis. Meu peito doía. Meu coração estava em pedaços.

Mas nada no mundo me fez ficar tão aterrorizado quanto quando eu senti a pequena e delicada mão dela no meu cabelo. Levantei-me de supetão só para encontrar seus olhos também chorosos.

"Mabel... eu..." minha voz estava entrecortada e eu ainda soluçava.

"Se for para pedir perdão Dipper eu já te digo que não" seu olhar era firme, mas ao mesmo tempo gentil. "Isso..." ela tocou os lábios com a ponta dos dedos, "isso é muito errado Dipper."

O inexplicável é que mesmo eu sabendo daquilo, ouvir sair da boca dela as palavras me destroçou mais ainda.

"Me perdoa Mabel! Eu não posso viver com você me odiando...!"

"Dipper!" ela tocou o meu rosto com a palma da não. "Seu bobinho, me deixe terminar."

Eu senti como se fosse morrer, se ela falasse mais alguma coisa sobre como era errado com aquela voz gentil e doce eu desabaria.

"É errado, mas eu não consigo mais ignorar isso também, Dipper."

Eu não estava entendendo mais nada aquela altura e Mabel deu uma risadinha. "Somos gêmeos, Dipper, eu sinto tudo o que você sente" ela piscou e eu finalmente entendi o que ela quis dizer.

"Você... você também?" minha voz saiu fraca e num tom tão surpreso que a divertiu.

"Sim, então por favor, pare de chorar Dipper" ela deu um sorrisinho e me deu um selinho rápido.

Eu estava atônito, com a boca um pouco aberta e os olhos arregalados. Mabel suspirou e antes de me beijar de novo...

"Eu só queria que você tivesse parado de pensar tanto e ter feito isso logo".

Naquela noite, eu não dormi na minha cama. Eu me deitei ao lado dela e nunca achei que o peso de sua cabeça apoiada em meu peito pudesse ser uma sensação tão reconfortante. Trocamos beijos durante boa parte da noite e adormecemos desse jeito.

Seria, é claro, um grande problema se nossos pais vissem, mas, sinceramente, eu estava disposto a correr o risco se ela estava dentro. Eu estava disposto a fazer qualquer coisa por ela.

E eu ainda estou e sempre estarei.


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Notas finais do capítulo

Me perdoem se alguma frase estiver cortada ao meio, não sei por que deu bug na hora de passar o capítulo aqui e tive que arrumar manualmente, espero que não tenha deixado escapar nada.


Deixem comentários gente ♥

Ah, eu realmente recomendo a música American Girl, é linda ♥