“Acho que algo aconteceu com a minha varinha de condão Calvera. Eu não consigo mais usar o pó mágico com ela.”

“Qual é a lógica de usar pó mágico com a varinha de condão? Não é um ou outro?”

“Potencialização. Quando preciso de um feitiço mais forte uso os dois, principalmente para feitiços de gelo.”

“Esses de temperatura são os mais fáceis, é ensinado a fazer gelo e fogo no primeiro ano, como você acha que é difícil, sendo essa aluna exemplar que é? Nem parece que é irmã daquele imprestável do Unity que só consegue os feitiços por causa do amiguinho dele.”

“Não é esfriar somente, é chegar ao zero absoluto e ser mestre do gelo e do calor, minha cara.”

“Quem quer ser mestre do gelo, meu Merlin? Pra que uma coisa tão inútil?”

“Você não entende. Vou falar com Dégel.”

“Ah, mas sabia que era isso!!!!!!!!!!! Você quer ir ver aquele feiticeiro. Sabe muito bem que é proibido fadas se encontrarem com magos. Pode perder sua varinha de condão e suas asas Seraphina. Pode perder tudo se alguém te pegar.”

“Unity é amigo dele.”

“Unity é homem, sabe como são essas leis para as fada-macho. Eles podem tudo e nós não podemos nada.”

“E acha certo que fiquemos aqui, perdendo todo o nosso potencial mágico por puro machismo das leis fadas?” e pensando em uma maneira de não ir sozinha até o covil dos magos lembrou “o mago Kárdia voltou para a fortaleza. As magias venenosas dele são muito interessantes, sem falar aquela mistura de magias coronárias com magias solares. Dizem que ele treinou com o deus sol, o deus da terra a qual nasceu, como será que estão os poderes dele agora?”

“Tão patéticos quanto eram quando ele saiu daqui. Aquele gregozinho não sabe nem os feitiços básicos. Qualquer botânico faz o que ele faz e sem fazer tanta bagunça. Não sei o motivo dos magos serem tão exaltados pelos fadas macho e o motivo pelo qual não podemos nos aproximar deles.”

“Esses não são quaisquer magos, são os 12 magos sagrados. Dégel e Kardia são dois deles. Não é de se surpreender que eles saibam tanto.”

“Acha que sabemos menos? Seraphina, somos deusas das fadas, podemos com eles a qualquer hora. Tenho certeza.”

“Não somos deusas, somos meras fadas. Porém temos poderes suficientes. Podemos treinar e desafiar os magos.”

“Para que desafiar os magos? O que isso traria de bom?”

“Seríamos vistas. Conhecidas. Você não quer desafiar o sistema? Meu pai disse que aquelas que desafiam os magos são conhecidas até hoje.”

“Você conhece alguém que desafiou?”

“Minha mãe, mas ela perdeu. Desafiou o mago de gelo, o mago Krest, que por sinal era o mestre do mago de gelo atual. Não acredito que a minha mãe perdeu. Isso é inaceitável.”

“Então isso é lavar a honra? Nada de sentimentos inapropriados por homens idiotas e extremamente poderosos?”

“Eu só tenho um sentimento inapropriado: Raiva.”

“Interessante mesmo, mas como faremos isso?”

“Faremos?”

“Claro, não pense que vou te deixar seguir sozinha, você é minha melhor amiga e eu nunca vi você lutando ou ao menos desafiando alguém.”

“Certeza que é só por isso? Que não tem nada a ver com um certo mago escorpiano que acabou de vir de terras astecas?”

“A curiosidade sempre supera o meu bom senso. Nos preparemos então.”

Ambas as fadas começaram a treinar até mais tarde, fazendo suas poções e treinando seus feitiços, quando anunciaram que o festival seria antecipado por causa dos convidados especiais. Perturbadas profundamente, Calvera e Seraphina souberam que os magos seriam convidados e elas teriam que se preparar, contudo, sabiam das inúmeras responsabilidades imputadas às fadas naquele momento em especial.

“É a oportunidade perfeita. Estamos prontas para o desafio, mas também tenhamos em mente tudo o que podemos perder.”

Elas estão caminhando para os bastidores quando ouvem algumas vozes familiares.

“Unity, como vai? Faz tempo que não nos vemos. E a Seraphina?”

“Nossa Degel, você nem consegue disfarçar. Por favor. Vai cortejá-la ou vai fazer esse joguinho pra sempre?”

Seraphina fica lívida com o que ouve e sai sorrindo zombeteiramente, imaginando o quão interessante pode ser esse festival.