Nove Meses escrita por Teddie


Capítulo 15
Penny


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaa, não vou enrolar muito, porque o título do capítulo já promete bastante coisa:

SOBRE O MEU SUMIÇO: Eu gosto de pensar que escrevo por ciclos. Teve o ciclo da aceitação, dos sentimentos de amizade pelo Austin, da adoção etc. e eu precisava encerrar esse ciclo da vinda da Penny, sendo que eu não fazia ideia do que eu queria. Eu mudei e reescrevi até sair o que saiu - que vocês vão ler agora. Espero que gostem, foi bem complicado escrever e significou muito. Finalmente vou poder fazer minha passagem de tempo.

SOBRE O ANIVERSÁRIO DA FANFIC: Dia 22 de abril completamos UM FUCKING ANO de Nove Meses e, para comemorar, que tal um capítulo bônus com o ponto de vista de nosso menino Austin? Deixem a opinião de vocês sobre isso nos comentários.

SOBRE O FIM DA FANFIC: Ainda não me decidi se vou escrever uma continuação ou não, mas faltam CINCO capítulos para a fanfic terminar - seis se eu fizer o capítulo bônus. Então comentem, favoritem e recomendem enquanto há tempo. O feedback de vocês é ótimo.

APROVEITEM!!



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— Pai, — chamo a atenção de Lester enquanto ele dobra uma peça de roupa minha e coloca dentro de minha mochila. Eu estou terminando de calçar meus tênis — Onde está Penny?

Ele solta um riso nasal, mas não parece bem humorado. Papai passou os últimos dias preocupado e ansioso por causa da minha estadia no hospital e nada parece agradá-lo muito. Não o culpo. Sua filha desmaia no nada e no diagnóstico se descobre uma doença hereditária – que ele já assegurou que vinha da família dele e não de Penny.

Não foram dias bons para nenhum dos Dawson.

— Acho que eu já ouvi algo parecido antes — ele se referia ao dia que minha mãe fora embora e eu ficara perguntando por ela. Não é engraçado e ele sabe disso — Sinto muito, querida — ele suspira e eu vou até ele, abraçando-o de lado e encostando minha cabeça em seu ombro.

Não existe pessoa que eu ame mais no mundo que meu pai, se ele não estivesse me apoiando em minhas decisões, nem sei o que aconteceria comigo. Sei que sou a pessoa mais sortuda do mundo por ter ele como pai.

— Obrigada por estar aqui — falo, tentando fazer com que ele sinta minha gratidão e felicidade por ele ser meu pai, por ele estar na minha vida.

— Não fale sandices — dessa vez eu ri e o apertei mais — Penny não vem, Ally. Não pensei que a quisesse aqui, se tivesse dito eu poderia...

— Não, não — interrompo-o — Não a queria aqui, ela não é sinônimo de calma e repouso para Ally, eu só não entendo... Penny veio para cá com o objetivo de tomar as rédeas da situação toda e fazer do jeito dela, mas eu nunca a vejo, ela nunca está em casa. É como se ela nunca tivesse vindo.

Lester suspira e se vira, me segurando pelos ombros, sem fazer muita força. Seus olhos castanhos, assim como os meus, são melancólicos, porém satisfeitos. Ele não era uma pessoa triste, infeliz. Ele estava contente com o rumo que a vida dele tomou, só que ainda guardava aquela mágoa do coração partido.

Corações quebram muito fácil e muito rápido. O amor não é uma ciência exata. Ele é mutável e incerto e se extingue muito rápido. Uma vez que seu coração é partido, ele pode e vai se recuperar, mas você nunca mais vai ser o mesmo, a dor de um coração partido sempre está ali de lembrete para o próximo amor, para a próxima aventura.

Meu pai superara Penny, mas a dor do abandono do lar sempre estaria ali. Eu e Dallas nos superamos, entretanto, tudo que ele me disse e todos os nossos erros sempre estariam ali.

Austin e eu nos amávamos, mas isso poderia mudar a qualquer momento. Eu estava cometendo muitos erros nesse relacionamento e eu sabia que Austin não perdoaria facilmente. E ele poderia vacilar comigo também, nunca se sabe o dia de amanhã.

— Não vou dizer que te entendo ou que entendo Penny. Mas eu sei boa parte das razões pelas quais ela foi embora e voltou. Não concordo com a ida ou com a volta, nem com o que ela está fazendo, sendo que isso tudo é uma conversa que você tem que ter com ela, não eu.

Assinto e ele me dá um beijo na testa.

— Amo você, papai.

Ele não diz nada, apenas me abraça apertado, me fazendo sentir protegida como se eu tivesse nove anos de novo.

— AI MEU DEUS, quase que eu perdi o momento do abraço em família.

Sinto alguém se intrometer no meu momento com o meu pai e não preciso fazer muito esforço para saber quem foi.

— Você não é da família, Dez — meu pai fala, se soltando de meu amigo.

Dez está usando um onesie de ornitorrinco, o que não parece ser uma vestimenta apropriada para um hospital, mas eu já deixei de tentar entende-lo.

— Você é tão engraçado, Sr. D — ele é o único que ri — Enfim, o carro já está pronto para eu levar vocês de volta para casa. Tudo certo aqui?

Arregalo os olhos e me viro para o meu pai, que não parece contente, e sim como se tivesse engolido uma fralda suja.

— Dez vai levar a gente? Mesmo? — pergunto, ainda incrédula.

— Eu chamaria Austin, mas Dez passou os últimos dois dias dormindo lá em casa. Inclusive — meu pai acrescentou — Não acho que ele tenha trocado de roupa. Ou tomado banho.

Limito-me a encarar Dez, que sorria como criança arteira. Era tudo bem típico dele mesmo, eu que não questionaria.

— Vamos logo — eu digo — Antes que eu veja o Dr. Solace e desista de voltar para casa.

(...)

Não existe sensação melhor no mundo do que entrar na sua casa depois de um tempo longe. Tudo bem que eu só fiquei dois dias no hospital, mas a ideia é a mesma. Não tem coisa melhor que sentir o cheiro da sua casa, pisar no seu chão, sentar nos seus móveis e tomar um bom banho no seu chuveiro.

Você se sente completamente renovada.

E foi o que eu fiz. Depois de um banho quente e relaxante, coloquei uma blusa velha do meu pai e o short mais largo que eu tinha, porque minhas roupas não cabiam mais em mim porque eu estava ficando enorme de gorda. Eu sentia meus pés inchados e tudo que eu queria fazer era dormir na minha cama macia e confortável. Talvez sonhar com Austin ou Dr. Solace – uma menina não pode fazer piadas?

Joguei-me na cama de costas, mas me arrependendo imediatamente, porque meu bebê parece se remexer todo dentro de mim, provavelmente me xingando por atrapalhar seus cochilo e desenvolvimento. Acontece bebê, você supera.

Suspirei, fechando os olhos enquanto acaricio minha barriga de leve, não sentindo exatamente cócegas, já que não podemos fazer cócegas em nós mesmos, mas um comichão agradável. Poderia dormir facilmente.

Uma clave de sol, duas claves de sol, três claves de sol...

 

Abro os olhos subitamente e me sento em um supetão, sabendo que a bebê me chutaria se pudesse. Nunca iria conseguir dormir com Penny martelando minha cabeça. Angie disse que ela estava com problemas e meu pai estava a ajudando. Meu pai fazia muito mistério a respeito do abandono dela e da volta.

Essa louca não pode simplesmente entrar e sair da minha vida a hora que ela quer, achando que manda em alguma coisa.

Ela com certeza não mandava em nada.

Levanto-me – dessa vez sem irritar minha criança – e saio do meu quarto, atravessando o corredor e dando leves batidas na porta de Penny, recebendo o silêncio como resposta. Quem cala, consente, certo?

Abro a porta devagar e coloco minha cabeça para dentro. O quarto era usado como quarto de hóspedes, então não tinha uma decoração. As paredes eram amarelas e desbotadas e os móveis eram de mogno simples. Era bem impessoal e eu fiquei me perguntei como seriam as coisas no quarto de Penny de verdade.

Na cômoda tinha um livro A Vida dos Gorilas, por Penny Dawson. Fiquei surpresa por ela ainda usar o nome de casada. Sempre imaginei que se ela foi embora, então não queria mais nenhum tipo de ligação conosco.

Reviro os olhos e vou até a cabeceira, que tinha uma foto. Não.

Não.

Não era uma foto minha quando bebê, ou do casamento dela, ou qualquer coisa que pudesse mostrar que nesse tempo todo ela se importou. Claro que não. A foto era de dois gorilas em um cenário verde e marrom e o gorila maior segurava o gorila menor quase que protetoramente.

Patético, Ally. Por um milissegundo, eu realmente pensei que seria uma foto minha. Que no fundo ela se importava, sim.

Em algum bairro, não muito longe, provavelmente Angie estaria enchendo a casa de porta retratos vazios, esperando para poder colocar as fotos de Elizabeth em todos os cômodos. Talvez até umas fotos minhas, também.

Como eu queria que ela fosse minha mãe. Talvez metade dos meus problemas se resolvesse assim.

— Ninguém nunca te ensinou que é feio entrar no quarto dos outros e mexer nas coisas deles? — levo um susto, sentindo meu coração bater rápido demais e respiro fundo para me acalmar. A voz era fria como gelo e monótona.

— Sabe, eu poderia dar um milhão de respostas para essa pergunta, todas elas citando seu abandono — viro-me para Penny, que está encostada no batente da porta, séria. — Mas, sinceramente, não estou com ânimo para isso.

— Soube da sua ida para o hospital — ela desencosta do batente e vai até mim, sentando-se na cama. Não sei o que me dá, mas me sento do seu lado. Ainda segurando a foto dos gorilas.

— Bom trabalho não aparecendo por lá.

— Você sabe o nome desses gorilas? — ela desvia de assunto e eu franzo o cenho.

— Obviamente não.

— O maior é o pai. Ele era o líder de um grupo de gorilas que foi caçado e quase dizimado. Essa gorila e a filhote dele, a única que sobrou. — ela pegou o porta retrato da minha mão e acariciou o vidro levemente — Lester e Ally.

Arregalo os olhos, não conseguindo disfarçar a surpresa de Penny ter batizado os macacos com meu nome e do meu pai. Não sei o que sentir. Choque, curiosidade, tristeza.

Raiva.

— Fascinante — comento, o sarcasmo escorrendo em minha voz — Você acha mesmo que nomear dois macacos assim faz alguma diferença?

— São gorilas, na verdade. — ela disse apenas.

— Observe eu não dar a mínima — dou um sorriso irônico para ela, que bufa desgostosa.

— Ally, não nomeei os gorilas em homenagem a você e seu pai porque queria compensar algo. Também não senti falta de vocês, ou algo do tipo.

Sinto meus olhos se encherem de lágrimas contra minha vontade. Tinha que confessar que doía ela não sentir absolutamente nada pela família que ela pertenceu por anos.

Ela não poderia ser um pouquinho mais simpática? Um pouquinho mentirosa?

— Então por que você está aqui? Para que toda essa pseudo-preocupação com o que anda acontecendo na minha vida? Você não se importa, mãe — mordo minha língua por causa do tom desesperado de minhas palavras e por tê-la chamado de mãe — E sinceramente, eu me importo. Me importo demais com tudo que anda acontecendo na minha vida para ainda ter que me importar com você.

— Eu tive depressão pós-parto, sabia? — ela pergunta, desviando o olhar, ignorando totalmente o que eu tinha dito anteriormente.

— Não — digo secamente — Não conheço você.

— Você tinha a saúde frágil demais, era muito pequena e tudo tinha mudado. Eu me vi presa em um casamento, uma rotina tediosa, um marido chato, uma filha que vivia em hospitais. Não podia mais estar entre os animais, que eu tanto amava porque tinha que cuidar de você. Eu tentei viver com você por anos, com Lester também; e por muito tempo eu consegui, criei você, ensinei a tocar o piano, amarrar os sapatos. Nunca te deixei faltar a escola. — ela suspira, seus olhos são pesados contra os meus — Eu já tinha histórico de depressão e tudo piorou. Eu vivi uns anos convivendo com vocês e tentando ficar bem com isso, mas sempre que eu olhava para você, eu via a pessoa que destruiu a minha vida.

Desvio o olhar, tentando ignorar a vontade de chorar. Eu não deveria me deixar abalar tanto, ela não significava tanto para mim assim, ela sumiu antes de eu realmente sentir a necessidade de ter uma mãe em minha vida, quando as coisas realmente ficam complicadas para uma menina.

— Eu me tornei alcoólatra. Na verdade, no dia que você foi internada eu tive minha primeira recaída em dez anos. E um pouco antes de ir embora de vez, eu fiz isso. — ela mostrou os pulsos. Cada um tinha a tatuagem de um macaquinho vazado, mas era possível ver cicatrizes pálidas embaixo. — Eu lembro como se fosse hoje mesmo. Eu tinha posto você para dormir, eu até li aquela história insuportável de princesa que você sempre me pedia. Lembro que eu li rápido porque minhas mãos tremiam e eu queria que você dormisse rápido para eu poder beber em paz – nunca gostei que você me visse bebendo.

“Eu desci e abri uma garrafa de conhaque que seu pai e eu deixávamos guardada para quando nos visitassem e comecei. Primeiro uma dose, depois uma dose dupla. Um copo cheio e, por fim, direto do gargalo. Eu me sentia tão miserável e infeliz e você era a culpada.

Ignoro minha vontade de dizer que eu não tinha culpa de nada, secando minhas lágrimas em vez disso. De qualquer maneira, não pensei que ela fosse me ouvir, parecia dentro de sua própria bolha.

— Eu não queria mais continuar com aquilo — ela continuou — Lester me enchia de presentes e de mimos para que eu me sentisse melhor, mas nada adiantava. Então eu aproveitei que ele ainda estava na loja fazendo inventário e você dormia. Eu subi até meu quarto, o quarto do seu pai, e no banheiro eu peguei a gilete dele. Ele me achou meia hora depois e como os cortes eram pequenos, mesmo que profundos, eu não tinha perdido tanto tempo assim.

Meu pai nunca usava o banheiro do quarto dele e eu nunca entendi direito a razão disso. Ele sempre dizia que o chuveiro do banheiro comum era mais forte. Fico chocada ao perceber que ele nunca usava aquele banheiro porque ele provavelmente via a mulher que ele amava jogada no chão em uma poça de sangue. Ele revivia todo o inferno de novo.

— Ele me levou para o hospital e enquanto eu era tratada, ele me fez prometer que iria para a reabilitação, me tratar dos meus problemas e ai ver se eu queria mesmo me divorciar ou qualquer tipo de aproximação com você. Ele pegou minhas malas e disse que tinha te deixado na escola pela manhã. Eu ainda tinha que ficar no hospital mais uns dois dias para repouso e ele confiou em mim quando foi para a Sonic Boom.

“Eu tinha recebido essa proposta de emprego em um santuário na África dedicado a gorilas, mas eu ainda não tinha respondido se iria ou não. Quando Lester foi embora, eu peguei minhas malas, fui embora, peguei minhas economias e comprei uma passagem só de ida para a África. Eu deixei um bilhete para Lester explicando a situação e pedindo para ele não me procurar.”

Eu também me lembrava desse dia. Eu tinha acordado e meu pai tinha dito que minha mãe ainda estava dormindo e que não era para eu ir acordá-la, porque ela estava muito cansada. Ele me levou para a escola e, quando eu voltei, pela tarde, meu pai sentou comigo e explicou que minha mãe tinha ido embora por um tempo, mas que talvez voltasse.

Obviamente ela nunca voltou. Até agora.

— Eu passei três meses me cuidando por lá, e cuidando desses animais e eu me senti viva de novo. Descobri porque eu ainda estava por aqui e porque minha tentativa de suicídio não deu certo. Era o que eu amava. Eu criei coragem para enfrentar tudo de novo e te liguei. Para ser sincera, eu fiquei aliviada que você não queria mais falar comigo, porque eu não queria ter que fingir uma coisa que eu não sentia. Depois liguei para, Lester, que foi mais fácil. Eu e ele conversamos por um bom tempo até que decidimos que seria melhor se nos divorciássemos e cada seguisse seu caminho. Ainda assim, sempre perguntava por você, acompanhava seu crescimento, porque mesmo olhando para você e não sentindo absolutamente nada, eu ainda sou sua responsável.

Soluço compulsivamente à medida que as lágrimas vão deixando meu rosto molhado e pegajoso. Estou arrependida. Não queria ter vindo até aqui. Não queria ouvir nada daquilo. Queria ir embora. Eu não conseguia respirar e todo o meu esforço fazia apenas com que meu soluço se agravasse.

— Por que? — pergunto com o fio de voz que me restava.

— Por que estou te contando isso? — ela indaga — Porque você...

— Não — eu a interrompo — Por que se casou? Por que resolveu entrar em uma vida que ao menos gostava?

Ela me lança um olhar profundo e cheio de significados que meu desespero mal capta e eu entendo.

— Porque eu fiquei grávida. Os tempos eram outros. Eu e Lester tínhamos um namoro leve e divertido e eu engravidei. Meu pai, que Deus o tenha, nos forçou a casar. Não que eu fosse nova como você, mas ainda morava com ele e ele era muito rígido.

Assinto, tentando me recompor. Os soluços estavam parando, mas as lágrimas ainda desciam copiosamente pelo meu rosto. Eu estava cansada de Penny, independente do quão triste a história dela tinha sido.

Ela não tinha sido a maior prejudicada dessa história. Eu tinha. Meu pai tinha. Por mais que ela tivesse sido forçada a se casar, ninguém a forçou a manter o casamento, a criar uma criança que ela não amava, mesmo que tivesse saído dela. Ninguém a forçou a ficar em casa se martirizando e se afundando até quase a morte. Ela passou por tudo isso porque ela quis.

Eu estou ferida. Estou magoada. Estou ressentida. E, por enquanto, nenhuma história que ela conte vai fazer alguma diferença.

— Dei aos gorilas esse nome porque o pai era protetor e bondoso, como eu sei que Lester sempre foi e porque essa gorilinha é doce e carinhosa, como eu lembrava que você era, mesmo que não admitisse. Foi por isso que eu voltei, a história não pode se repetir se eu posso fazer algo para mudar a situação. Pelo menos isso eu tenho que fazer para me redimir por esses anos. Não posso deixar que essa criança estrague você, não como...

Ela deixa a voz morrer, mas eu capto. Como você fez comigo.

Não sei o que acontece comigo. Os segundos até minhas ações foram apagados da minha mente. Mas em um momento ela terminava a frase e, no outro, eu estava em pé, cara a cara com ela, que me olhava assustada. Meu dedo estava apontado em sua direção e meus olhos não derramavam mais lágrimas, ainda que elas estivessem presas embaçado minha visão.

— Eu deixei você contar tudo isso, e agora quem vai me ouvir é você — aproximo mais meu dedo de seu rosto — Não se sinta obrigada a fazer absolutamente nada por mim em um surto de bondade, ou qualquer que seja o nome que tenha isso que você está fazendo, porque não é da sua conta o que eu faço ou deixo de fazer com essa criança. E independentemente das minhas escolhas, sei que vou ser uma mãe mil vezes melhor que você, que se afundou em um poço de merda e mais merda, como uma criança mimada que não conseguiu alguma coisa em vez de lutar para ser feliz. Não é minha culpa que você não queria nada disso, não é minha culpa que você estava presa. Adivinha só? Você estava presa porque você queria! Meu pai nunca manteria você aqui contra a sua vontade.

“Mas não, você era a única vítima. A pessoa que queria sua felicidade e uma criança eram os vilões dessa história toda. Você me dá nojo, e essa história toda só serviu para me mostrar que eu chorei à toa por você durante anos. É uma vergonha chamar uma pessoa como você de mãe. Eu não preciso de você, nunca precisei e não vai ser agora que eu vou precisar, ainda mais para me livrar de uma pessoa que não tem culpa de absolutamente nada, assim como eu não tive”.

            Ela me olha desolada, seus olhos estão vermelhos e eu sabia que ela estava se esforçando para não chorar. Eu, do fundo do meu coração, não me importava nem um pouco com todo esse drama dela. Que chorasse, que se arrependesse. Eu não ligava.

            Talvez eu estivesse de cabeça quente e me arrependesse de tudo isso que eu estava dizendo depois. Só que agora, agora eu estava me sentindo superior e precisava desabafar e falar tudo que eu sentia.

            — Então se esse era o único motivo pelo qual você estava aqui em Miami, sugiro que volte para África e fique com seus macacos, porque não vai conseguir nada por aqui. Eu não preciso de sua “ajuda” — faço aspas com os dedos e me afasto dela, dando de costas e indo em direção a saída do quarto — Você não é nada minha. Como eu já disse antes: eu não conheço você — digo secamente e saio do quarto, batendo a porta sem ver se ela tinha tido qualquer tipo de reação.


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Notas finais do capítulo

Acharam que a Ally fez certo? Comentem com a opinião de vocês!

CURIOSIDADE: Na ideia original, Penny não seria assim, ela seria má apenas por ser, há pessoas que são assim. Por exemplo, ela seria a pessoa que negaria ajuda a Ally na hora do parto, dificultando muito as coisas, pondo em risco a vida de Ally e Noah, somente porque não tava afim. Mas ai mudei, não parecia algo muito realista nessa ocasião,nem algo que eu gostaria de escrever. Então mudei tudo e saiu isso. Gostaram?

Eu não revisei, então se virem algum erro me falem. Se não leram as notas iniciais, vão ler.

ATÉ O PRÓXIMO!