Nove Meses escrita por Teddie


Capítulo 13
Curva acentuada na mentira e omissão


Notas iniciais do capítulo

VAMOS ÀS JUSTIFICATIVAS:

APENAS UMA - Minha fonte do notebook pifou e, como eu não tinha salvo esse capítulo no Drive (o que parece piada, porque eu sempre salvo tudo lá), não tinha como eu acessar outro computador para escrever. Eu até tentei começar de novo em outro computador, mas boa parte desse capítulo já estava escrito e não estava ficando tão bom quanto eu gostaria. E como era carnaval, a entrega da fonte que eu comprei atrasou muito, acho que praticamente um mês. Basicamente um combo de coisa errada. Sinto muito que tenha demorado tanto e ter dado a impressão que eu tinha abandonado ou algo assim. Nunca desistiria de 9M.

O próximo capítulo já está sendo planejado e provavelmente vou postar nos próximos dois, três dias para tentar compensar.

VAMOS ÀS NOTAS:

Desculpa não ter respondido todos os comentários, mas muito obrigada, li todos eles e eu amo vocês!

Já viram os últimos episódios de Austin e Ally? Bem fofos não?

Estou bem ativa no tuiter, então me mandem coisas, vamos interagir. Desculpa as besteiras que eu falo, quem me segue....

Como foi o carnaval, amigs?

APROVEITEM!



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— Acho... acho que vou deixá-los conversando sozinhos — balbucio e solto a mão de Austin a contragosto dele, que me olha aterrorizado.

Não deixo de sentir um pouco de pena, apesar de tudo isso ser, basicamente, culpa de Austin. Não era culpa minha ele não parar quieto com uma garota. Ele que passou de Kira para Piper e no mesmo dia para mim.

Sim, eu tomei a iniciativa de beijá-lo, mas ele não fez nada para me impedir, ou para resolver a situação.

Afasto-me dos dois e finjo encarar a vitrine da loja especializada em crianças, que não era muito distante de onde os dois estavam e dava para ouvir alguma coisa se eles falassem um pouquinho mais alto.

— Ally não precisava ter saído — Piper comentou, não parecia extremamente irritada e eu me arrependi de ter saído e não conseguir ver seu rosto.

Mas foi melhor, eu acho. Finjo admirar um macacão que tinha alguma bobagem de “sou da vovó” escrito.

— Ela sabe dar privacidade — Austin respondeu, a voz tremia tanto que parecia que ia morrer. Achei isso engraçado.

Austin sempre foi muito popular com as garotas, tanto que ele já namorou, pelo menos, metade das meninas do Marino. E sempre pareceu ser fácil demais terminar com todas elas, e de fato era. Talvez elas também terminassem com ele quando viam que ele não estaria disponível sentimentalmente para elas – e isso mesmo até antes de mim.

A experiência mais próxima que tive de ver isso fora com Kira. Eles saíram umas duas semanas até que ele se posicionou como pai da minha filha contra o verdadeiro pai da minha filha. Ela disse que não queria entrar nessa furada, basicamente.

Kira agora estava saindo com Elliot, um menino novato, mas muito divertido que era da minha aula de artesanato. Parecia que ele corria atrás dela por um tempo até que ela superou Austin e deu uma chance a ele. Eles aparentavam estar felizes e ela não me olhava com nenhum ressentimento, pelo contrário. Sempre perguntava pelo bebê, que também chamava de Noah.

A culpa, como eu disse, é de Austin.

— Sabe — ela ponderou — Teria sido legal me avisar que você já estava saindo com alguém antes de sair comigo.

— Não estava saindo com Ally quando comecei a sair com você — ai, essa doeu.

Mas era verdade. Eu sequer sabia de meus sentimentos por Austin quando ele e Piper saíram. Só nos beijamos.

Acontece nas melhores famílias.

— Mas já estava comprometido com ela e com o filho dela. — por favor, sem me ofender. — Não que Ally tenha alguma coisa a ver com isso, pelo que eu entendi, ela até desencorajava. Você pode ser bastante obstinado quando quer, Moon.

Senti um comichão estranho no fundo do meu estômago. Ela falava com tanto carinho na voz que eu queria ir até lá e atrapalhar a conversa. Outra parte minha queria desistir de tudo e deixar Austin com ela, porque eles fariam um casal lindo e tudo que eu menos queria era atrapalhar.

— Sinto muito que isso tenha acontecido, Piper. Você é super legal e eu gosto de você, mas....

— Não — ela interrompeu. — Sem discurso, Austin. A gente nem saía há tanto tempo assim. Não temos nem o que terminar.

Viro-me para olhar para os dois bem na hora que ela fica na ponta dos pés para dar um abraço nele e sorrio para cena. Austin tem sorte de encontrar meninas tão legais quanto essas, mas, sinceramente, espero que ele não encontre mais nenhuma.

Ela se solta dele e olha para mim com um sorriso chateado. Ela não sabia que eu podia escutar, então acrescentou:

— Não troque Ally como todas as garotas, garanhão. Ela tem muito com o

que se preocupar para ainda ter que lidar com um coração partido.

Gosto de Piper mais um pouquinho, por ser tão prestativa e carinhosa, mesmo eu tendo beijado – e feito mais – com o quase namorado dela.

Acho Austin um pouco mais babaca também por magoar garotas legais.

Ainda assim fico preocupada. E se Austin se enjoasse de mim como se enjoava de todas as meninas com que ficava?

Piper andou até mim e eu forcei um sorriso para ela, que retribuiu e me abraçou.

— Me avise se ele vacilar, certo? — solto uma gargalhada e a abraço mais uma vez, antes de ela ir embora.

Talvez eu tivesse enganada e meu dia fosse ser calmo sim. Eu costumo exagerar tanto com tudo e é por isso que tenho tantos problemas. Às vezes as coisas são simples assim; geralmente são simples assim.

Eu precisava urgentemente trabalhar na minha visão das coisas. Não era bom para mim e para a bebê tanta coisa exagerada na minha cabeça.

Vou até Austin, que me abraça de lado e beija minha testa.

— Você ouviu tudo, não é? — eu rio e ele me acompanha.

— Posso ou não ter ouvido — fiz um falso mistério. — Mas ouvi que Piper pediu para você não partir meu coração — olho para ele, tentando mostrar todos meu sentimentos — Tenho medo que eu parta o seu primeiro.

E eu falava sério. Tinha medo que Austin não se recuperasse do baque que ele levaria quando soubesse da adoção. Tinha medo que eu pisasse na bola, como geralmente faço, e ele não conseguisse lidar com o coração partido. Austin nunca tivera nenhuma decepção amorosa e eu não aguentaria ser a pessoa a fazê-lo passar por isso.

— Você não vai — ele falou com tanta certeza que eu me permiti acreditar, me permiti sorrir e beijá-lo novamente. — Agora, vamos comprar uns vestidos.

Reviro os olhos, mas vou junto com ele a loja.

No fim, eu também merecia um pouco de paz de espírito.

(...)

Quando Austin pediu para eu vestir minha melhor roupa, eu imaginei que ele ia fazer alguma gracinha e me levar em um fast food e comer na praia. Seria muito legal, se minha dieta não proibisse estritamente sal, açúcar e gordura. Coincidentemente, tudo que tem em um fast food.

Então eu sabia que ele não me levaria para nenhum lugar assim, porque Austin se preocupava muito comigo para isso.

Acabou que eu, com meu melhor vestido vermelho e longo e os cabelos presos em um coque elaborado, estava sentada em uma mesa de um dos melhores restaurantes italianos de frente para a orla de uma das minhas praias favoritas e de quebra com Austin em um terno azul marinho maravilhoso – e com os cabelos devidamente arrumados.

            — Não precisava ter me trazido a um lugar tão caro — digo, olhando o ambiente em minha volta. — Tem que guardar dinheiro para Juilliard.

            — Não se preocupe com isso — ele sorriu, meu sorriso favorito. — A noite está linda, você está linda — sorrio constrangida — E o principal: eu estou lindo. — meu sorriso se transforma em uma gargalhada e eu o estapeio levemente sobre a mesa — E vamos comer uma deliciosa comida italiana, que é a sua favorita, certo?

            Assinto e mordo o lábio, receosa, mas feliz com essa situação. Meu relacionamento com Austin nunca foi o melhor do mundo. Ele, literalmente, estragou a maior parte do meu ensino médio (eu e Dallas estragamos o resto), todas as provocações e humilhações estavam frescas em minha mente como se tivessem sido cometidas ontem. Doía lembrar sempre que a pessoa pelo qual estava apaixonada me infringiu tanto sofrimento, justamente quando a vida parece ser tão mais complicada.

            No entanto, como eu havia dito, eu estava apaixonada por Austin. Ele mostrou para mim um lado que eu nunca pensei que ele pudesse ter. Um lado sensível, amoroso e preocupado, divertido e carismático. E, por mais que uma vozinha no fundo da minha cabeça dissesse que Austin nunca gostaria de mim de verdade, eu tinha me permitido sentir o que eu sentia por ele, sem medo e sem me preocupar com corações partidos. Não o meu, pelo menos.

            — Certo — ele pisca para mim e eu mordo os lábios. Eu queria muito beijar Austin. Sério. Mas quando eu ia me inclinar para beijá-lo, o garçom chegou para fazer nossos pedidos.

            Alguém.

            Me.

            Mata.

            Pedi uma massa feita na manteiga e queijo acompanhada de frango, que era minha comida italiana favorita – talvez a favorita do mundo inteiro. E Austin, como qualquer estadunidense tapado, pediu...

            — Uma pizza, por favor — o garçom fez cara feia, mas anotou o pedido — E uma coca.

            — Uma água com gás, por favor. — ele anotou e se retirou.

            Austin me encarou com uma expressão engraçada, parecia estar constipado e, como resposta, arqueio uma sobrancelha.

            — Você pode tomar água com gás? — reviro os olhos.

            — Não é como se eu só pudesse comer pão e água. O problema mesmo é a comida, mas ando seguindo a dieta direito, um jantar não vai me matar.

            Mas não conto que depois que ele me deixou em casa, após as compras do shopping, fritei batatinhas e tomei bastante refrigerante. Estava com tanta vontade que não resisti. O bebê poderia nascer com cara de batata frita, não é o que dizem?

            Um dia não faria mal. Venho comendo mato há tanto tempo e com tanto afinco que poderia virar uma vaca.

            Ou qualquer um desses animais onívoros. Vocês escolhem.

            — Fico feliz que tenha me trazido a um encontro de verdade — comento despreocupadamente — Sei que já estamos em março, mas passei o dia dos namorados chorando e comendo chocolate, triste por culpa de Dallas. Nunca comemorei com ele. Não deu tempo.

            Austin me encara com intensidade, sem um pingo de chateação por eu trazer Dallas a conversa. Era simples a situação: Dallas não era verdadeiramente importante no meu coração ou na minha cabeça, não mais, pelo menos. Então eu podia citar sem trazer fúria a Austin ou decepção a mim.

            Ele foi a primeira pessoa que eu amei e disso eu sempre lembraria, mas passou, porque primeiros amores raramente dão certo. No caso, deu bastante errado.

            — Já estava na hora — ele respondeu — Levei Kira e Piper a encontros demais quando, na verdade, deveria estar levando você.

            Também não sinto ressentimento nenhum por ele trazer as meninas a tona. Ele não estava comigo quando estava com elas, e eu realmente gosto das duas.

            Austin tem bom gosto. Piadinha intencional.

            — Meus pés estão me matando — mudo de assunto e ele gargalha com a aleatoriedade.

            Tiro um pouco os pés dos saltos altos que eu usava, sentindo o alivio. Não andava tendo muito inchaço nos pés, mas por culpa desses malditos – e lindos – sapatos, agora eu queria amputar meus pés.

            — É porque você carrega todo esse peso.

            — Está me chamando de gorda? — finjo estar irritada. Já aceito o fato de que estou gorda.

            — Com certeza.

            — Bem, você está ficando careca mesmo — dou de ombros enquanto ele se apavora e tenta ver o reflexo na colher que pairava na mesa. — Que desespero.

            — Meu cabelo é meu bem mais precioso, Dawson — ele estreitou os olhos na minha direção.

            Eu gargalho ao mesmo tempo que fico incrédula com o egocentrismo quase inocente de Austin. Pelo menos ele não é aqueles caras porcos que não liga para aparência.

            Posso aguentar um pouco de metrossexualidade.

            — Parecemos um casal de velhos. A gorda cheia de problema de saúde e o careca. Estou reclamando de pés inchados.

            — E temos uma família. — ele complementou.

            Meu sorriso murcha. Não quero retroceder com Austin até discussões antigas.

            — Austin... — começo, a voz cansada, mas ele me interrompe.

            — Não. Eu sei que ou Noah vai ter o sobrenome de Dallas ou seu, e que eu sou o tio Austin, mas isso não impede que sejamos uma família. Eu, você, Trish, Dez, seu pai. Todos nós vamos criar Noah juntos e dar o máximo de amor possível para ela. Todos nós.

            Meus olhos se enchem de lágrimas e minha garganta fecha. Sinto-me tão culpada, tão suja, tão mentirosa. Austin e meus amigos andam tão preocupados e amorosos comigo e com o bebê que eu me sentia o pior ser humano do mundo escondendo a adoção deles.

            Por isso decido contar logo, agora mesmo. Não consigo mais esconder esse segredo, não quando as pessoas que eu mais amava estavam criando uma ilusão em cima da minha omissão.

            — Austin — minha voz sai embargada — Eu preciso te contar uma coisa.

            Só que não consigo falar. Quando finalmente crio coragem, o garçom chega com meu prato e a pizza de Austin, dando tempo para eu me recompor e perder a coragem. Não consigo estragar a felicidade de Austin contando tudo.

            Sou uma covarde.

            Seco discretamente as lágrimas e agradeço ao garçom pelo serviço. A massa está deliciosa e eu realmente estou faminta, mas não consigo apreciar meu prato favorito, perdi o apetite.

            Após um tempo em silêncio, apenas comendo e apreciando a vista, Austin franze o cenho e pergunta:

            — Você não ia me contar alguma coisa?

            Abro a boca algumas vezes, tentando achar alguma voz em meio a minha covardia. O sorriso leve dele me desarma, assim como os olhos castanhos.

            — É que eu estou muito feliz. Obrigada.

            E não era mentira de jeito nenhum.

            (...)

            Andamos silenciosamente de mãos dadas pela orla da praia, eu e Austin. Ele segura meus sapatos enquanto eu apoio minha cabeça em seu ombro. O único barulho ouvido é o das ondas do mar. Sinto-me tão em paz que quase esqueço a dor nos meus pés e do inchaço esquisito das minhas mãos – esqueço até da dor de cabeça que parece que vai me matar.

            Começou logo após do jantar e associei imediatamente ao momento “conte a verdade ou morra como uma mentirosa”. Imaginei que se aceitasse o convite para caminhar na praia, mais a convicção de que Austin não descobriria sobre a adoção tão cedo, fariam eu me acalmar.

            Funcionou parcialmente. Eu, de fato, me sentia mais calma, entretanto, minhas dores não passavam; pareciam piorar.

            — Amei a noite de hoje, Ally — ele começou. Sei que ele está do meu lado, literalmente, mas ainda assim parece um pouco distante — Na verdade, amo todo momento que estou com você.

            — Eu que deveria dizer isso, Moon — retruco e ele ri, sabendo que, por mais que parecesse que eu estava fazendo piada ou desviando assunto, eu estava feliz e sentindo a mesma coisa.

            — Você está bem? Parece um pouco pálida — ele para e se posta de frente a mim, olhando-me preocupado. Ele lança um sorriso zombeteiro — Mais que o normal.

            Tento rir, mas até isso dói, então finjo que a careta é proposital. Sei que tenho que avisar que estou sentindo dor, mas não quero estragar mais nada. Ele me deixaria em casa e eu deitaria e finalmente a dor sumiria.

            — Não vamos voltar a caminhar? — pergunto, vendo que Austin ainda me olha.

            Ele parece pálido. Ofegava levemente e parecia nervoso.

            — Ally, eu....

            Foi então que eu vi o primeiro ponto preto na minha vista. Pisquei forte para voltar a enxergar bem.

            — Queria saber se, por acaso, você... — ele bufa e eu vejo outro ponto preto — Jesus, por que isso é tão difícil?

            Uma onda de tontura me invade e eu não consigo respirar direito. Por que tudo dói tanto?

            — Ally Dawson, gostaria de ser....

            Eu não agüento mais e solto um gemido de dor e tenho que me segurar em Austin para não cair com a tontura.

            — Austin — suspiro — Eu não estou bem.

            A última coisa que vejo antes de minha visão se escurecer é o rosto pálido e alarmado de Austin. A última coisa que ouço é seu grito grave.

            Eu desmaio.


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Notas finais do capítulo

Algum erro? Eu não revisei, então qualquer coisa me avisem nos comentários para eu consertar.

O que acharam? Comentem, opinem. Mereço recomendações?

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