A Prometida escrita por Giovannabrigidofic


Capítulo 1
Aposta comercial


Notas iniciais do capítulo

O capítulo foi feito com muito carinho pra vocês, espero que gostem!
Boa Leitura



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A gotas d´água da chuva recente ainda escorriam lentamente pelo vidro da janela, o clima dentro da casa estava frio; apesar de estar de frente á lareira e as janelas fechadas, conseguia sentir o vento gélido encostar em minha pele.

Me movi um pouco mais perto da lareira e me ajeitei no fino cobertor cinza.

O silêncio era profundo. Até ser interrompido pelo chamar irritante do meu nome.

– Adly! Adly! O jantar está servido! - A voz nervosa de Judith ecoou por toda casa.

Nunca fui á favor de apresentações. Mas aprendi, que apesar de tudo, educação é extremamente essencial, em qualquer lugar.

Me chamo Aldy, em homenagem a minha querida avó, ao qual nunca vi.

Motivos pessoais não bastam para eu não gostar de estar aqui, muitos deles, é fácil de descobrir.

Me levanto vagarosamente do tapete felpudo e branco e, largo o cobertor sobre a poltrona velha - porém, muito limpa -, do meu avô.

Se dissesse que odiava coisas velhas, estaria mentindo. Pode ser uma tanto ridículo, mas Coisas Velhas de Valor (nomeio-as CVV), podem ser interessantes. Uma delas é o colar da minha mãe, que no centro possui uma rosa vermelha. Esse é o meu preferido, uma lembrança á mais dela. Outra delas é o canivete - que nunca tive chance de usar - do meu pai, nunca soube para que e porquê ele o usava, entretanto, ele levava o objeto para todos os lugares possíveis. Eles - me refiro á minha mãe e meu pai - morreram. Eu não tenho culpa alguma, entretanto, ainda existiam seres humanos no funeral, que insistiam em dizer para que eu parasse de me culpar. Mas eu estava apenas chorando, sentindo a falta deles. Os perdi num acidente de carro, desde então vivo com Kennedy, meu avô paterno. E também disfruto da "agradável" companhia de Judith - a governanta rancorosa -, além de um gato polonês, um "presente" de meu avô á mim.

Sou tirada de meus desvaneios ao sentir uma bola branca e meio alaranjada se enroscar em minha perna.

Todos os dias, á mais de quatro anos, me senti apreensiva ao entrar todas as manhãs, tardes e noites naquela sala de jantar. A mesa grande no centro, as cadeiras com estofado vermelho e algumas lamparinas na parede. A casa deveria ser mais velha que o descobrimento da América.

A mesa de mogno, coberta com sua costumeira toalha vermelha, estava recheada por simples frutas, sopas ralas e sucos.

– Se não for comer, é melhor que se retire - me recomponho, ao ouvir a voz rouca do canto da mesa.

Dei mais alguns passos e me sentei na cadeira do canto oposto. Me servi das pequenas framboesas - meu vício.

Odiava comer qualquer coisa que a governanta fizesse; tinha sérias dúvidas se suas sopas realmente eram comestíveis. Com certeza, meu avô não se importava. Comi as pequenas frutas, evitando fazer barulho ou ruídos. Era sempre assim. Eu me sentava, comia em silêncio, Judith se mostrava ser o capacho da casa e finalmente eu voltava para meu quarto. Eu nunca conversava, odiava puxar assunto, e isso incluía meu avô - que detesto profundamente.

Judith recolheu seu prato, se levantou e saiu da sala.

Assim que a porta se fechou minha paz foi interrompida:

– Precisamos conversar. - Meu avô falou.

Já reparam que sempre que você está numa tremenda confusão, alguém lhe diz esta frase?

– Claro. - Disse sem retirar os olhos do prato, comendo devagar as framboesas.

– Encontre-me em meu escritório, daqui alguns minutos.

Senti meu estômago revirar com suas últimas palavras. Sua voz sempre soava rude ao se dirigir á mim, porém, desta vez, por mais incrível que pareça, ela estava calma.

Lhe pedi licença - contra minha vontade, já que minha fome implorava para que eu continuasse com o traseiro na cadeira -, e me levantei da mesa.

Sai e pegue Voor do chão. Levei-o calmamente e com firmeza para que ele não fugisse, até meu quarto. Meu único refúgio era decorado com apenas móveis velhos - mais velhos que toda a casa -, cama coberta pelos lençóis bastante limpos e colcha marrom, pelo guarda-roupas e o abajur sobre a cômoda gasta.

Me sentei na poltrona bege no canto do quarto, ao lado da janela, ainda segurando Voor. Acariciei o pelo fofo e bem cuidado do meu gato, enquanto observava os prédios de Nova City, a cidade em que nasci. Não havia muitos habitantes, na maioria das comunidades, a boa parte se conhecia e era muito raro não conseguir amigos. No entanto, comigo era diferente; isso não funcionava comigo, já que vivia praticamente em casa, só saindo para eventos importantes ou quando estava bastante entediada. À bastante tempo acostumada áquela rotina, era fácil não tentar s matar diante tanto "sem graças" e tédio por horas. Embora eu me achasse bastante inteligente, eu havia sido educada em casa, através de professoras que eram pagas para me ensinar; grande parte das professoras eram velhas e chatas.

Voor parou de se mexer; senti sua respiração ficar cada vez mais fraca em meu colo; Levantei-me da poltrona e o coloquei sobre minha cama.

– Gato folgado.... - Murmurei.

Rumei para o corredor estilo rústico, iluminado pelas lâmpadas laranjas. A porta velha e meio-branca meio-preta do escritório se abriu assim que me coloquei a mão na maçaneta.

Velho macumbeiro.

Como é que ele sabia que eu chegaria naquele instante?

O velho deu passagem e entrei em seu "majestoso" espaço particular.

Quase nunca entrava lá, mas não por falta de coragem, mas por falta de interesse. O escritório era ocupado por uma mesa, estante de livros, sofás confortáveis e poltronas acolchoadas. Ele fechou a porta e deu a volta na mesa, se sentou em sua poltrona e sinalizou com a cabeça para que eu me sentasse na cadeira á frente da mesa.

– Você sabe porque eu lhe chamei Adly? - Ele me perguntou, olhando com seus grande olhos claros.

Precisava admitir que aqueles olhos eram muito bonitos, só pertenciam á pessoa errada.

– Não senhor - disse dando de ombros, embora estivesse curiosa.

– Sabe, estamos numa situação difícil no momento.- Meu avô se levantou da mesa e começou a passear pelo escritório- Seu pai, foi um idiota explícito. -Abri minha boca para revidar mas ele me calou com se olhar furioso. - Enfim, por causa disso, minha situação financeira não andava muito bem. Fiz uma aposta com alguns empresários melhores de vida para ganhar dinheiro, não foi uma aposta comum, era muito dinheiro em jogo. Isso foi á 5 anos atrás-pelos meus cálculos, eu estava fazendo 12 anos á 5 anos atrás-, e como toda aposta ou negociação, deve haver uma...garantia!

– Você sabe que estamos numa situação um tanto difícil - meu avô começou, se levantou e começou a passear pela sala -, seu pai foi um idiota explícito. - Abri minha boca para revidar, porém ele me calou com se olhar furioso. - Enfim, nossa situação financeira não andava muito bem. Fiz uma pequena aposta com alguns empresários melhores de vida para ganhar dinheiro. Não era uma aposta comum, era muito dinheiro. Pelos meus cálculos, foi há uns cinco anos atrás - eu estava com doze anos -, e como toda negociação, deve ter uma garantia!

– Não entendo sobre negócios, pode ir direto ao assunto - ele me olhou com uma cara feia -, se não for incômodo?

– Eu ganhei a aposta!- Ele disse sem se importar com meu comentário e eu bufei. Já não estava entendendo nada. - Todo negócio tem sua garantia, e eu tenho o meu.

– Pode ser mais claro quanto ao que quer me dizer?- Disse, já não o acompanhando com os olhos.

– Você! Você era a minha garantia Adly!

Senti meu corpo inteiro tremer com suas últimas palavras. Meu avô havia me vendido? Me dado como uma garantia de um negócio!? Como ele podia ter tido coragem?

– Após minha vitória comercial, ao qual você seria minha garantia, comecei a investir em outros tipos de trabalhos, que não lhe interessam. Voltando ao assunto, como sabe, minha única neta era a garantia, é. Seu eu ganhasse o que queria, você, seria dada em casamento ao filho de um grande empresário ao completar sua quase maioridade. Ele deve ser um pouco mais velho que você.

– Como pôde? - Minha voz sai falha e quase inaudível. Não queria me sentir assim, fraca diante dos olhos dele, mas era isso que eu estava sendo agora, fraca e vulnerável.

– Como podê? - Minha voz saiu falha, quase inaudível.

Não queria me sentir assim, fraca diante dos olhos dele, mas era isso que eu estava me sentindo naquele momento: fraca e vulnerável.

– Você tem 2 dias Adly. Irá conhecê-lo e algumas semanas ou meses depois, se casar. Comece a arrumar sua coisas. - O velho logo estendeu a mão na direção da porta e eu me levantei, com a boca aberta, chocada, dirigindo-me á porta - que fecho violentamente, nem ligando para o velho mortal lá dentro - e depois para o meu quarto.

Eu não conseguia distinguir a dor que sentia. Queria que tudo fosse diferente, ao menos uma vez. A desgraça da história tinha mudado de endereço, no caso, para o meu.

Deitei-me na cama e puxei Voor para meu lado. Senti as lágrimas descerem, uma por uma, lentamente, por minhas bochechas e, molharem o travesseiro.

O velho havia achado um jeito maravilhoso para acabar com a minha vida; um casamento arranjado aos meus dezessete anos com alguém que nunca vi na vida não assusta ninguém, não é? O velho pensava em tudo!

Tentei me concentrar em odiar o rapaz; eu não me casaria com ele! Não seria forçada aquilo. A partir daquele dia, começaria a odiá-lo.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Espero que tenham gostado Cookies!
Beijos e até a próxima