Tão frio quanto a Coréia escrita por Garota Errada


Capítulo 4
Temperatura -9


Notas iniciais do capítulo

Nenhuma história sobrevivi se o leitor não colocar nela o seu amor.
Comentário faz bem a vida, ao leitor e principalmente a inspiração do escritor. Comente!

Assistam ao trailer: https://www.youtube.com/watch?v=NwcbfYlir7M



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Meu coração estar apertado, estou ofegando e minhas lágrimas caem livremente. Tudo por causa do sonho que tive. Embora não estivesse no local do acidente dos meus pais, a imagem veio a minha mente durante o sonho, como se tivesse presenciado a tragédia que afundou a minha vida ao que é hoje.

Fico sentada na cama, no meio da noite, enrolada no edredom. A saudade esmaga toda a minha existência enquanto vislumbre a escuridão que encobre o quarto que estou.

Não queria estar do outro lado do mundo, mas estou. Não queria estar numa família desconhecida, mas estou. Não queria ter deixado meus amigos para trás, mas deixei. Não queria ter passado por essa tristeza, mas estou passando.

Abraço-me a soluçar. Realmente queria minha mãe agora ao meu lado para acalentar minha tristeza que me envolve; como ela fazia quando estava triste por causa de algum garoto ou porque nada daquilo que queria deu certo. Como agora. Tudo que queria era estar em São Paulo, levantando para mais um dia de aula e depois ir ao shopping com minhas colegas. Porém meus planos com combina com minha realidade... Nunca mais irão. E nunca mais terei os braços da minha mãe para reconfortar-me.

Definitivamente agora não conseguirei mais cessar minhas lágrimas, que caem em abundancia pelo meu rosto.

Abraço-me forte e tento conter o choro alto, enquanto busco por imagens alegres da minha vida passada; pois nesse instante é exatamente assim que sinto, que tudo que vivi antes de vim a esse lugar é de uma vida anterior nada conectada a esta.

Nada me alegra nessa noite mais que fria.

Então o som do lado de fora muda meu foco; primeiramente continuo na cama, a chorar, todavia com a repetição do barulho levanto-me rapidamente e sigo para a porta e colo meu ouvido nela.

O som se repete seguro o choro completamente, esqueço por um momento a tristeza que me embalava alguns minutos e busco ouvir o que tem do lado de fora. Por não ouvir mais nada e, ainda a curiosidade me corroendo, levo a mão ao puxador e num movimento rápido com o braço abro a porta.

A madrugada fria me brinda assim que o faço, levo instantaneamente o edredom a minha cabeça, para então siar para varanda diante ao quarto que estou.

Olho para os dois lados, para o jardim e em direção ao outro lado da casa. Não há ninguém e tampouco algum gato. Penso em avançar para o jardim e verificar melhor sobre isso, mas o clima tristonho que havia ao meu redor anteriormente volta num piscar de olhos.

Perco a vontade de bancar a detetive e volto para o quarto, fechando a porta. Arrasto-me para cama e me deito nela, assim que o faço o barulho é produzido mais uma vez do lado de fora; ignoro.

A tristeza abateu-me mais uma vez, por confirmar a minha nova condição; a visão do jardim diante o quarto mostra onde realmente estou e porque estou aqui. Novamente as lágrimas aparecem e nem os novos barulhos que são repetidos do lado de fora tira-me desse novo ataque de choro.

Queria minha vida de volta. E é chorando que volto a cair no sono...

•••

Sou acordada pela manhã com batidas á porta, sento a cama e digo um já vou em português mal falado. Embora tenha certeza que a pessoa do outro lado nem que pronunciasse corretamente conseguiria entender. Entretanto a minha resposta dá resultado.

Levanto-me e calço a pantufa e sigo para a porta, assim que abro visualizo o garoto da casa passando pelo jardim, vestido num tipo de terno. Estranho isso e entendendo que tenho que segui-lo suspiro e o faço.

Na mesa de jantar o café da manhã (ou acho que seja) está posto, mas não estão todos presentes. Apenas eu e o garoto; quem já está sentado. Dirijo-me a uma cadeira que está defronte a uma tigela vazia e me sento. O café da manhã consiste em arroz, algum ensopado e omelete.

Pego somente a omelete, o garoto lança um olhar reprovador em minha direção, porém não emite som algum. Ignoro-o e começo a comer. O gosto é magnifico, totalmente diferente do jantar na noite passada, involuntariamente dou um sorriso.

–Tá bom?

Paro por alguns segundos imaginando-me louca, que estava começando a ouvir coisas. Então levanto a cabeça em direção ao garoto, ele está me olhando na visível espera de alguma resposta.

–Sim, muito por sinal. – respondo, ainda incerta se ele irá me entender.

–Bom. – ele diz simplesmente para então voltar a comer.

–Você sabe falar português?

–Pouco. – responde.

Uma sensação quente cobre meu coração, é maravilhoso saber que há mais uma pessoa que sabe falar português nessa casa, mesmo que pouco.

–Seu nome é Quim San min, certo?

–Errado.

–Oh! Não é esse seu nome?

–Falado errado.

–Falado errado. – repito, para então entender. –Ah! A pronuncia está errada?

Ele balança a cabeça num sim.

–Kim Sang Min.

Franjo o cenho enquanto o vejo falar e particularmente não vejo diferencia. Sorrio para ele como se tivesse entendido e ele faz um gesto com a mão, indicando para que tente mais uma vez. Eu simplesmente repito o que disse anteriormente; ele faz um barulho com a boca visivelmente desaprovando e se levanta da mesa.

Irritada com sua atitude peço para que ele diga meu nome.

–Alicthé. – pronuncia do mesmo modo que seu pai.

Dou um sorriso de lado.

–Errado é AliCE. – digo colocando ênfase no ‘ce’.

–Alicé. – pronuncia ele.

Imito o som que ele produziu anteriormente (ou tento) e volto a comer. Foi algo mais quente que me aconteceu desde que cheguei...


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Notas finais do capítulo

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