Diria que tenho uma boa vida e uma familia maravilhosa, porem não e bem assim. Aqui o que vós pode ver e mas uma família buscapé, uma irmã totalmente diferente de mim e um pai ogro e turrão que me impede de seguir meus sonhos.

Moro proxímo a praça José Wilker, e treino Muay Thay na academia do mestre Gael.

Sou uma garota comum, apesar de parecer bizarra e uma louca esvarecida, e que não sou tão delicada e muito menos gosto de frescurinhas de mulher. Uso roupas de homem mesmo e dou supapos em qualquer um que se intrometa no meu caminho.

Bianca sempre tenta me enfiar roupas bonitinhas e no estilo, mas nunca caio na pilha dela. Esses pequenos detalhes traduzem a minha vida, só que pra ser sincera me sinto sozinha e as vezes sinto medo disso se estender e nunca mais acabar.

Tive um relacionamento com o senhor Pedro Ramos, eu o amava e até podíamos nos encaixar naquela frase clichê de "Os apostos se atraem" pois eramos totalmente diferentes.

Pelo sonho de cada um ser diferente, temíamos que pudesse desgastar a nossa relação, e então ele optou por aceitar uma bolsa, para estudar música fora do país. E eu decidi por não me apaixonar novamente, e perda de tempo.

Mas anseio que pelo menos surja um alguém que se pareça um pouco mais comigo, as mesma ideias, os mesmos gostos. E quem sabe até um adversário na luta.

– Karina em que mundo essa sua cabecinha tá. - Bi chegou me dando um cutucão no ombro.

– No mundo no qual uma irmã chata não interrompa minhas reflexões. - Ecoei totalmente grossa, virando o rosto e fazendo uma careta feia.

– Foi mal interromper sua reflexão mental. - joguei um travesseiro na mais velha. - Ai K, faz um tempo que não gama em alguém, os caras da academia não a agradam? - Observei Bianca me perguntar aquele absurdo enquanto retorcia a ponta de seu travesseiro.

– Irmanzinha querida, não vamos ter a conversa? - Bufei. - Você sabe que tá fora de qualquer chance, da Karina aqui se apaixonar de novo. - Bi soltou um riso abafado.

Essa patricinha não se manca, falar de garoto nessa altura do campeonato, dai me paciência. Esperei até que a tagarela dormisse pra que tivesse um sussego e pudesse dar uma espiada pela rua. Gostava de gastar uns minutos na sacada do quarto antes de dormir, o vento me relaxava, e fazia com que esquecesse aquela monotonia chata.

Percebo que a loja na esquina toma uma movimentação intensa de dois caras, um moreno de cabelos negros, e o outro e Thawick, o cara que sempre ta lá atendendo e que me atende quando vou comprar coisas. Olhei involuntariamente pro estranho que estava lá, ele atravessou a rua e veio perto da minha casa, parecia levar coisas de um carro para o estabelecimento, preciso parar com essas curiosidades. Seus olhos vêem de encontro ao meu, acompanhado por um pequeno sorriso galanteador, como não dou o braço a torcer, viro a cara e entro pra dentro.

Nenhum cara me compra com um sorriso sínico.....