Capítulo Único.

O loiro Jason, mais conhecido como Jaz por seus amigos Claire e Jonas, estava totalmente ansioso para completar quinze anos, que seria em menos de vinte e quatro horas a partir daquela manhã de quinta-feira.

No televisor instalado em seu quarto pequeno e invadido pela brisa e misturando-se ao perfume masculino, assistia um documentário que mostrava imagens dos preparativos para a Semana da Arte Moderna em São Paulo no Teatro Municipal da capital.

O controle preto Samsung era praticamente esmurrado pelos dedos nervosos, pois o loiro não se satisfazia com o que passava nos demais canais, desligando a televisão com o número de polegadas apagado com o tempo.

Fitava o teto branco pensando no que faria naquele feriado pré-aniversário.

- Eu não posso ligar para Claire... Ela está saindo com seu namorado. – Resmungava mentalmente. – Nem para Jonas, pois deve estar no treino de basquete. – O moreno e melhor amigo de Jaz praticava o esporte no centro comunitário junto com garotos de outras escolas.

Jason sorriu ao imaginar o alto e musculoso menino de cabelos castanho-escuro com aquele uniforme vermelho, logo corando levemente.

- Droga... Eu sou estranho. – Murmurava irritado, virando-se de bruços na cama de solteiro, totalmente bagunçada, com os cabelos cobrindo seus olhos cor de mel.

Levantou-se com as pernas moles, caminhando tortamente até a cozinha, onde sua mãe Jade, uma mulher de trinta e nove anos e cabelos castanhos preparava o almoço com dez minutos de antecedência.

O pai de Jason, Louís, trabalhava em uma fábrica como supervisor, ficando maior parte do dia fora, causando o desencontro com seu filho mais velho.

- Mamãe! Eu estou com fome! – Jacques, o caçula moreno da família que havia completado cinco anos á um mês atrás gritava com os braços agitados, assustando o irmão.

Jaz afagou a cabeça do menor, bagunçando seu cabelo liso estilo ‘’tigelinha’’, que o mesmo fez uma cara emburrada para o louro, que apenas ria com a inocência.

Jade serviu uma bacia de macarronada e sardinhas fritas, causando a felicidade de Jacques, pois era sua comida favorita.

Todos comeram o almoço, fazendo uma expressão de satisfação para a cozinheira que devolveu com um leve sorriso entre os lábios rosados.
O garoto de olhos cor de mel decidiu que sairia, talvez distraísse a cabeça pelas ruas ou compraria algo de útil. Caminhou lentamente em direção ao quarto, abrindo o armário com dificuldade já que sua organização não era lá essas coisas...

Jason conseguiu agarrar uma camisa cinza que parecia limpa e passada em meio aquela bagunça, e logo depois vestindo alguma bermuda preta qualquer. Não dando importância para os pés, saiu de chinelo.

Os comércios perto de sua casa estavam abertos, mas os avisos diziam que fechariam daqui duas horas em placas coloridas na entrada ou simplesmente em cima de suas calçadas de cimento.

- Esse povo preguiçoso... – Franzia o cenho indignado enquanto olhava as lojas e mercearias ao seu redor, que havia cores aleatórias e que algumas ofuscavam sua visão.

Viu pessoas caminhando com seus filhos, e uma criança, mais precisamente uma menina que aparentava a mesma idade de seu irmão mais novo, chamou-lhe a atenção, e uma frase instantaneamente tomou sua linha de pensamento: ‘’Meu Deus! Como ela é fofa!’’ , em um gesto involuntário, sorriu para a mesma ao vê-la caminhar por perto

Ao dar algumas voltas pelo quarteirão, ouviu gritos e uma voz familiar que dizia seu nome para qualquer ali na rua saber.

- Jason! JAAAAAAAAAAASON ESPERA! – Ao virar-se, viu Jonas correndo com o braço esquerdo levantado, e como havia imaginado antes, usava aquele uniforme vermelho que o deixava ainda mais musculoso.

- A-ah! Oi! – Sorriu sem graça, espantando os pensamentos ao perceber que o amigo estava perto demais. Sendo mais baixo que o colega, seu rosto redondo e livre de imperfeições ficava na altura do peito malhado, e pode perceber uma gota de suor vindo do pescoço do moreno e descendo por dentro de sua regata com o número 23.

- Eu saí mais cedo do treino, que tal tomarmos um sorvete? – O louro assentiu com a cabeça, seguindo-o até uma sorveteria mais próxima onde o dono era conhecido.

Ao entrarem, viram que apenas um grupo de pessoas sentava-se em uma mesa formando uma roda, conversavam em uníssono, misturando as vozes e deixando difícil de compreender o que diziam em meio á colheradas.

Os amigos sentaram perto da saída para que pudessem sentir o frescor de um feriado local em seus rostos. Jonathan pediu um sorvete de morango e o louro uma casquinha de creme.

Sendo servidos por um garçom que aparentava dezenove anos, comeram rapidamente como crianças bobas ao verem um simples pacotinho de açúcar em sua frente.

- E-eu não trouxe dinheiro, perdoe-me. – Disse Jason com as bochechas vermelhas, fitando o chão de madeira para não olhar nos olhos do amigo.

- Não se preocupe, eu pago. – O moreno levantou a mão, fazendo um sinal que dizia ‘’a conta, por favor?’’, o mesmo garçom que havia anotado o pedido cobrou-o apenas quinze reais, uma quantia simples, mas que causava vergonha no louro.

Ao saírem para caminhar pela praça principal, os pensamentos de Jason tomaram forças, lembrando-o que Jonas fora o único que ainda não havia lhe dado um presente, sentiu-se um perfeito idiota por ficar triste com isto, mas o orgulho falava mais alto.
- E-eh... Sobre o seu presente... – O jogador de basquete cortou o silêncio, parecia ler a mente do garoto que caminhava ao seu lado, sorrindo totalmente sem graça. – E-eu não posso dar-lhe algo de muito valor, mas...

- Não precisa! – Seu nervosismo tomou-o em sua resposta, quase como um grito.

Encostaram-se á uma árvore de copa enorme para conversarem com facilidade.

- Mas... Eu posso dar algo melhor. – O moreno disse quase como um sussurro.

- O que? – Os olhos cor de mel levaram a atenção para o rosto de Jonas.

Jonathan levou o dedo indicador até o queixo da pele do louro – que agora estava pálida – levantando-o e aproximando os lábios. Logo as duas línguas brincavam uma com a outra, em uma guerra sem fim.

O braço musculoso do moreno agarrou a cintura de Jason grosseiramente, colando seus corpos. O garoto de chinelos devolveu o gesto com as mãos tremulas, enquanto o beijo ficava cada vez mais feroz.

Algumas pessoas ao redor olhavam com desprezo, pois o preconceito predominava em 1922, principalmente contra gays, ou o que significava aquilo, poderia ser qualquer coisa, como atentado ao pudor... Felizmente não.

Logo se separaram por falta de fôlego, ambos estavam corados, e o sorriso malicioso no rosto de Jonas piorou a situação do amigo, agarrando-o novamente de surpresa, desta vez com a mão direita subindo por baixo de sua camisa cinza.

Os lábios rosados do jogador de basquete deram atenção ao ouvido esquerdo de Jason, sussurrando palavras que ele nunca havia ouvido.

- Eu te amo. – Lambeu a orelha em que sussurrava, percebendo os pelos louros se eriçarem nervosamente.

A mão que alisava a barriga levemente musculosa agora descia vagarosamente, ficando por dentro de sua cueca, agarrando seu falo, que ficara excitado rapidamente.

Os dedos deslizavam de cima para baixo, aumentando a velocidade do movimento sucessivamente, causando os gemidos abafados do louro, que chegou ao seu limite, dispersando seu ‘’líquido branco’’ na mão do moreno, que sorria satisfeito com o ‘’trabalho’’ exercido debaixo da sombra de uma árvore.

Jason mal conseguia abrir os olhos cor de mel, sua posição foi a mesma, parecia estar em choque com a situação vergonhosa. Não se sabia dos sentimentos do amigo em relação á si mesmo, em sua mente, eram apenas companheiros desde os sete anos de idade, nem mais nem menos que isto... Até agora.

- Feliz aniversário. – Então... O presente era o seu amor?

Aquilo seria muito mais que um simples feliz aniversário, talvez... Maravilhoso aniversário? Não se sabe.