Quem eu menos esperava abriu a porta. Eu queria enfiar minha cara num buraco e ficar lá até o Adam vir. Nunca havia visto ela, mas pela semelhança enorme, deduzi que seria a mãe dele.

— Olá, posso ajudá-la? — perguntou a mulher, com um sorriso no rosto

— Sim, hum.. Eu queria falar com o Adam! Ele tá em casa? — falou tentando não gaguejar

— Está sim querida. Pode entrar! — disse ela, enquanto abria a porta para Sophie — Presumo que você seja nossa vizinha. O Adam fala bastante sobre você. Bom, meu nome é Beatrice Clark!

Sophie ficou sem palavras depois daquela revelação. Então quer dizer que o Adam falava sobre ela para a mãe e ela havia o magoado. Como ela era idiota.

— Sim, meu nome é Sophie. Prazer senhora Clark!

— Bom, o Adam está no quarto dele. Pode subir a escada, o quarto dele é o segundo a direita. — disse Beatrice com um sorriso

Enquanto subia cada degrau Sophie pensava no que ia falar para ele, em cada palavra. Como explicar o que ocorreu com ela sem deixar uma lágrima escorrer. Pensando nisso, ela chegou no quarto indicado pela senhora Clark. Ela hesitou, mas bateu na porta.

— Mãe, eu já disse que não quero sair. Tô cansado. Só quero ficar descansando um pouco, por favor. — respondeu o garoto, com uma voz mais rouca que o normal

— Hum.. Adam, sou eu, Sophie. — falou, com receio que ele não quisesse conversar

— Sophie? O que você está fazendo aqui? — perguntou ele, com uma voz surpresa enquanto abria a porta

— Oi. — disse ela, com as bochechas coradas ao olhar para ele, apenas de short e com um lindo abdômen à mostra — Bom, eu queria conversar sobre umas coisas..

— Hum, claro, tudo bem. Entra! — disse dando espaço, mas não o suficiente, fazendo Sophie ter que passar colada ao seu corpo quente

Ela olhou o cômodo ao seu redor. Notou que o quarto possuia um tom claro de azul, com várias prateleiras repletas de livros e CD's. Também havia alguns pôsteres de algumas bandas de rock e uma guitarra e um violão escorados na parede.

Após alguns minutos, ele disse, apontando para a cama:

— Pode sentar, Sophie.

— Então Adam, eu queria falar com você sobre hoje. Eu fui muito rude com você mais cedo e queria explicar o porquê...

— Não Sô, tudo bem. Você não precisa explicar nada. Eu já entendi o recado. Acho que eu estava apenas confundindo as coisas. — interrompeu ele

— Eu preciso explicar sim, Adam. Você não entendeu. Deixe-me falar, por favor! — implorou a menina, antes que ele a interrompesse novamente

— Tudo bem, diga. — falou ele, puxando um pufe e sentando a frente da menina

— Eu não sei nem por onde começar, então pode ficar um pouco confuso, mas eu preciso que você entenda.. — começou ela — Antes de eu vir para cá, eu tinha uma vida no Brasil. Família, amigos.. e até um namorado! Eu tive que abandonar tudo, de uma hora para outra, por causa de uma proposta de emprego que minha mãe recebeu. Tive que deixar muita coisa para trás para vir para cá. Uma das coisas, foi o meu namorado. Aliás, ex.. — disse, engolindo um bolo que se formava na sua garganta — Nós namorávamos há um bom tempo, ele foi o primeiro menino que eu gostei de verdade, sabe? — falou, olhando diretamente para os olhos de Adam, que segurava as duas mãos com tanta força, que elas estavam vermelhas — Quando eu fui contar a ele que eu iria viajar, morar longe, ele ficou muito irritado, disse que não queria manter um relacionamento via skype, que a distância atrapalharia tudo. Eu tentei argumentar, que iria vir sempre nas férias, mas ele não escutou, Parecia já decidido. Terminou o namoro e eu vim embora. Em menos de uma semana que eu estava instalada aqui, vi na internet fotos dele com uma garota, aos beijos em uma festa. — a partir daí Sophie não conseguiu reter o choro, e desfez-se em lágrimas

— Não chora, Sophie, ele não merece. É um canalha! — disse Adam, levantando do pufe para sentar ao lado dela, abraçando-a

— Tudo bem, tudo bem. Deixe-me terminar! — disse, enxugando as lágrimas, enquanto Adam encarava-a com um par de olhos azuis preocupados — Eu nunca esperava isso dele, imaginava que ele gostasse de mim de verdade, mas me enganei. Então, é por isso que eu fiquei tão na defensiva hoje de manhã. Acho que ainda estou muito magoada, entende? Estou com problemas de confiar novamente. — confessou, abaixando a cabeça

— Desculpa Sô, se eu soubesse antes não teria forçado nada..

— Mas você não forçou, eu só... — ela interrompeu-se ao notar o que estava falando

— Tudo bem, Sophie. Eu sei que nós nos conhecemos há menos de um mês, mas eu só queria que você entendesse que o que eu sinto por você é uma coisa que nem eu sei explicar. Não queria que as coisas estivessem indo por esse caminho, porque não quero perder sua amizade, entende? — falou, levantando o queixo dela, fazendo-a encará-lo

— Entendo. Foi por isso que eu queria que você me entendesse. Também não quero perder sua amizade. — disse, com uma respiração rápida, enquanto seu olhar descia para a boca do menino

— Eu irei te esperar, Sophie Allen, até que esteja pronta para confiar de novo. Pode apostar que eu irei! — murmurou, olhando-a

"Toc toc"

Ao escutarem a leve batida, os dois deram um pulo de susto, enquanto a senhora Clark entrava no quarto trazendo cookies.

— Achei que vocês estivessem com fome e resolvi fazer alguns cookies. — disse, sorrindo

— Obrigada, senhora Clark. Estão com um cheiro ótimo! — e estavam mesmo

Ela agradeceu e saiu do quarto, deixando os dois em meio a um silêncio constrangedor.

— Sua mãe é muito legal e bonita, Adam. E parece muito com você! — falou, tentando quebrar o silêncio

— Eu sei que eu sou lindo, obrigada! — disse, exibindo um sorriso travesso

— Mas é muito convencido esse menino. — falou ela rindo, enquanto atirava um travesseiro no rosto dele

Começaram uma guerra de travesseiros, até que Sophie escorregou e caiu encima do abdômen do menino, ficando a centímetros da boca dele.

— Hum... Desculpa Adam. — murmurou, tentando não corar

— Tudo bem. — disse, olhando para a boca dela — Não há problemas. — completou devagar, com um sorriso nos lábios — Você fica linda tímida, sabia?

Sophie não conseguia se concentrar e levantar de cima dele ouvindo aquilo, corando mais ainda. Ele estava tentando-a, só podia. Ela tinha que resistir. Não iria beijá-lo agora. Porém, ao olhar para o abdômen e para aboca dele, ela não sabia mais como respirar. Estava totalmente envolta pelos encantos dele. Ela estava quase o beijando, faltava poucos centímetros para sentir o sabor da boca dele, quando tudo veio a mente. Felipe. O primeiro beijo dela. O rompimento. A traição. Ela não conseguiria. Levantou-se rapidamente de cima dele, deixando-o confuso.

— Desculpa Adam, mas eu não posso. Não consigo. — falou enquanto ele olhava-a confuso

— Tudo bem. Eu te entendo. — respondeu, encarando-a

— Amigos? — perguntou ela

— Sempre! — respondeu, segurando-a em um abraço.