O orvalho brilhava sobre os claros e dourados raios de sol que iluminavam os campos de flores ao norte.

E pelo chão esverdeado da pradaria, Sir Peter, o coelho branco da princesa, se alimentava de capim, enquanto Jennifer e Wendy repousavam lado a lado em um campo verde cheio de flores coloridas e rosas vermelhas.

Wendy descansava a cabeça sobre o colo de Jennifer enquanto olhava quieta e preocupada para as brancas nuvens sobre o céu azul.

Jennifer sentiu a preocupação no olhar de sua amiga, e ao tocar e acariciar os seus lisos, sedosos, e belos cabelos dourados, perguntou — O que houve minha princesa? Algo lhe preocupa?

Sincera e honestamente, Wendy mexeu a bochecha e o canto esquerdo da boca, antes de falar — Sim... Um pouco!

O que foi? Aconteceu algo com a sua mamãe? — Perguntou Jennifer preocupada.

Wendy:— Sim! Ela adoeceu forte durante esta semana... Mas não é com a mamãe que eu estou preocupada! E sim com o papai! Faz semanas que ele não manda cartas!

Bom... Talvez ele tenha escrito muitas cartas para os outros Lordes, e agora esteja sem papel! — Falou Jennifer tentando alegrar novamente a sua amiga.

Hihihihi... — Sorriu Wendy. — Você sempre sabe como arrancar um sorriso meu! Não é? Minha doce princesinha... — Falou a princesa solitária ao fitar os raros e belos olhos verdes de Jennifer  e acariciar o rosto macio e suave da garota azarada.

Eu faço o que posso! — Sussurrou Jennifer antes de abaixar a cabeça e dar um doce e leve beijo nos finos e doces lábios da princesa solitária.

Depois do beijo, Jennifer desafiou Wendy para um duelo de gravetos e ajudou a princesa a se levantar e escolher os gravetos para o duelo.

Wendy havia ensinado Jennifer a duelar por diversão, mas a cada dia que se passava, Jennifer se tornava mais ágil, forte, esguia, e habilidosa.

Não demoraria muito até Jennifer conseguir derrotar Wendy; mas naquele momento a luta foi interrompida por grunhidos, gemidos e chiados, vindos do meio do capim alto.

O que é isso? — Perguntou Jennifer curiosa.

Não sei! Talvez seja um gato... — Respondeu Wendy incerta.

Não! Eu não acho que seja um gato! Eu conheço os sons e os barulhos que os gatos fazem! Isto está parecendo um som de algum filhote. — Retrucou Jennifer enquanto ia em direção aos gemidos.

Bom... Talvez seja um filhote de gato. Mas quem se importa? Vamos continuar a nossa luta! — Falou Wendy enquanto seguia Jennifer.

Espere um pouco! Eu sou quero ver o que é! — Falou Jennifer enquanto remexia o capim á procura do animal que fazia aquele som.

Então, depois de alguns segundos de procura, Jennifer encontrou um belo e pequeno filhote de cão dourado.

Era um filhote pequeno e gordinho. Com os olhos fechados, cauda pequena, e o pelo curtinho de cor de cobre ou ouro.

Veja Wendy! É um cachorrinho! — Exclamou Jennifer com um grito de alegria.

É apenas um filhote de cão de rua. Onde está a mamãe dele? — Perguntou Wendy a si mesma enquanto olhava para os lados.

Eu não sei! Eu apenas encontrei este aqui no mato. Será que a mamãe dele está por perto? — Perguntou Jennifer com euforia.

Talvez! Eu vou chamar o Sir Peter e procurar por algum cachorro na região. Você me espera aqui? — Perguntou Wendy com um sorriso.

Espero sim! — Respondeu Jennifer antes de se virar e pegar o filhote de cachorrinho em seus finos e esguios braços.

Então, Wendy foi até o Miraj, enquanto Jennifer olhava atentamente e apaixonadamente para o filhote de cão.

Jennifer: — Você está sozinho bebê? Não se preocupe! Eu vou cuidar muito bem de você até nós duas encontrarmos a sua mamãe.

Então, enquanto Jennifer conversava e acariciava o cãozinho. Um corvo negro, com uma pinta vermelha na testa, posou na frente da garota azarada.

O pássaro negro á olhou com olhos escuros e assustadores e piou para Jennifer. O seu pio era estranho e familiar, como se a ave ou alguém desejasse que a garota azarada o seguisse até á algum lugar.

Jennifer ficou um pouco assustada de iniciou, mas depois que a ave voou, ela seguiu o animal com os olhos até uma área próxima, onde vários corvos se juntavam para se alimentar de alguma coisa.

Curiosa, Jennifer decidiu bisbilhotar o motivo de tantos corvos se reunirem em um só lugar. E ao chegar perto, a garota azarada avistou o que ela não desejava ver!

Uma cadela marrom, muito semelhante ao filhote, jazia morta no chão com inúmeros corvos se alimentando de sua carne. E nas proximidades de seu corpo, vários filhotes de cães! Do mesmo tamanho e cor do filhote que Jennifer segurava em seus braços.

Mortos! — Falou Jennifer ao encher os olhos verdes de lagrimas. — Estão todos mortos!

Naquele momento, Wendy retornou montada em seu Miraj, que agora já era grande o suficiente para aguentar levar duas garotas sobre o seu corpo.

O corvo negro, com a pinta vermelha na testa, piou e voou, ao avista a princesa solitária descendo de sua montaria.

O que você está fazendo aqui? Eu pensei que você iria me esperar no mesmo lugar! — Reclamou Wendy enquanto se aproximava!

Eu ia! Mas ai apareceu um corvo estranho e eu achei isto! — Falou a garota azarada com lagrimas nos olhos enquanto apontava para a carnificina.

Wendy olhou perplexa para os animais destroçados, e tentando manter a calma e o raciocínio falou — Eles foram atacados!

Mas por quem? — Perguntou Jennifer quase chorando.

Wendy então se aproximou dos corpos e ao examinar os golpes, o chão, e algumas pegadas, respondeu — Um urso! Mas não um urso qualquer! Foi um urso negro das cavernas!

Jennifer fungou ao ouvir a resposta e com muito medo perguntou — E agora? Como o cachorrinho vai sobreviver?

Ele não vai! — Respondeu Wendy.

Por que não? — Perguntou Jennifer inconformada.

Por que sem a mamãe dele para alimentar, e sem os irmãos para brincar e proteger, ele não tem como sobreviver sozinho. — Respondeu Wendy enquanto encarava o pobre filhote.

Será que nós não podemos ajuda-lo? — Perguntou Jennifer com uma voz triste e chorona.

Não! Ao menos que você consiga dar de mamar á ele. — Respondeu Wendy.

E como eu faço isso? — Perguntou Jennifer confusa.

Wendy. — Bom, primeiro você teria que ter peito de adulta! Eu já vi varias mamães amamentando os bebês delas. Mas todas elas tinham peitos grandes! E eu acho que nós duas somos muito pequenas para termos leite em nossos peitos...

Jennifer: — Mas não tem como dar leite de vaca para ele?

Talvez funcione, mas... Onde nós vamos achar uma vaca? — Perguntou Wendy com um olhar confuso.

Talvez nós não precisemos de uma vaca! Você poderia trazer um pouco de leite da sua casa dentro de uma garrafa! Você faria isso por mim não faria? — Perguntou Jennifer com um olhar pidão.

Sim minha linda! Eu faria tudo por você! Mas você pretende mesmo ficar e cuidar deste filhote? — Perguntou Wendy preocupada.

Sim! Eu gostei muito dele; e vou leva-lo para a caverna! Você também vai me ajudar a cuidar dele, não vai?

Vou... — Sussurrou incerta a princesa.

Então acertadas, as garotas montaram no Miraj e levaram o filhote até a caverna, onde Jennifer o aqueceu e ofereceu biscoitos quebrados para ele comer.

Eu vou buscar o leite! — Falou Wendy antes de se levantar e sair da caverna.

Tudo bem! Desta vez eu esperarei aqui! Eu prometo! — Falou Jennifer ao se levantar e dar um beijo na bochecha de Wendy.

Wendy sorriu e ao acariciar a bochecha direita de Jennifer, falou — Cuide bem dele! Nós ainda nem escolhemos um nome para o pobre coitado.

Eu já escolhi um! — Falou Jennifer com um sorriso no rosto.

Ah é? E qual é? — Perguntou Wendy curiosa.

Jennifer: — Brown! O nome dele é Brown.

Wendy:— Brown?! Bem, não é um nome muito criativo... Mas... Eu acho que serve para um cão sujo e fedido!

Ele não é sujo e fedido! — Gritou Jennifer!

Tem razão! Ele só precisa de um bom banho! Eu também vou tentar trazer sabão e um perfume de cereja pra nós usarmos nele. — Falou Wendy antes de deixar a caverna.

Hunf! — Resmungou Jennifer — Não escute o que ela diz Brown! Você é muito fofinho e bonitinho. E eu vou cuidar de você para todo o sempre! Para sempre... E sempre...