The Golden Rose - A Rosa Dourada escrita por Dandy Brandão


Capítulo 4
Capítulo 03




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Sob a pele do majestoso dragão Midnight, Zeenon voou diretamente para seu Castelo, ainda pensando na tarde que passara com Freyr. Apesar de ser um humano, raça a qual nunca tivera nenhum tipo de apreço, não conseguia desejar mal àquele garoto. Conversar com ele era agradável, estar na presença dele não era incômodo, percebeu que precisava revisar seus conceitos. Porém, agora, tinha que focar em outros assuntos.

No enorme campo ao lado do castelo, Mark e Link lutavam, usando as magias das feras que habitavam em seus corpos. Os dois pareciam dançar sobre o campo; Link em forma de sombras, Mark em forma de feixes de luz. Foram treinados pelo guardião e herdaram toda a agilidade do mestre. Quase nunca lutavam sobre a forma de dragão, pois poderiam causar um enorme estrago no castelo - não sabiam se conter.

Zeenon parou sobre o jardim, observando os dois lutarem. Até que foi percebido por um deles. Chamou-os, precisava da opinião de seus discípulos.

– Olá pai. Onde estava? – Zeenon sempre saía sem avisar, mas agora Link tinha certeza do local onde ele fora.

– Encontrei-me com aquele garoto de ontem. – Respondeu, despreocupado.

O garoto de cabelos negros revirou os olhos.

– Ah, sim! O senhor se encontrado com garotinhos enquanto o Rei de Ezra planeja um ataque! – Link levantou a voz, contrariado.

O dragão das sombras desejava ver o pai planejando táticas de defesa, em vez de sair para encontrar um garoto qualquer. Mark, sempre calmo, segurou seu braço, pedindo que se acalmasse.

– Acalme-se Link.

Zeenon estava tranquilo, conseguia ver nos olhos do filho o ciúme exacerbado.

– Teremos muito tempo para planejarmos tudo, se isso for verdade, claro. Acabei de receber uma mensagem de Heimdall falando justamente sobre esse assunto. Assim como você, ele também parece estar preocupado com isso, mas eu não dou a mínima.

– O que dizia a carta? – Disse Mark, soltando o braço do parceiro.

– Ele quer parceria – Zeenon mostrou a carta aos dois jovens dragões.

– O senhor vai aceitar? – Link olhou seu pai um pouco mais calmo.

– Estou pensando ainda, mas quero saber a opinião de vocês também. Vamos entrar e conversar melhor.

Eles entraram e acomodaram-se na sala de estar. Era um grande cômodo com uma única janela de onde vinha toda a fonte de luz.Na parede, à frente da janela, estava um luxuoso sofá opala e, do lado, um divã roxo que recebia grande parte da iluminação. Nas grandes paredes negras, haviam enormes prateleiras, com velas de cores escuras, de diversos tamanhos; pequenas representações de dragões e presentes aleatórios que Zeenon ganhava de seus feiticeiros.

Zeenon chamou uma de suas criadas, pedindo que trouxesse vinho.

– Pai, nós sozinhos podemos derrotar esses homens medíocres. E nossas criaturas não gostam dessa ideia – Link estava animado com tudo aquilo, sempre quis participar de alguma batalha.

– Eu sei filho, eu sei. – concordou.

– É, mas Heimdall não vai querer machucar seus queridos humanos. – Mark seguia o mesmo raciocínio de Zeenon.

– Esse é o problema. Ainda mais que não será apenas o reino de Ezra.

– Como?! – Mark e Link falaram simultaneamente. Até aquele momento a única ameaça fora apenas do reino de Ezra.

– Sim, Freyr que me passou essa informação hoje, depois que recebi a carta.

A criada trouxe o vinho pedido por Zeenon, ele pegou a taça, e balançou-a para os lados, como se brincasse com o liquido vermelho.

Os garotos entreolharam-se, estranhando a informação. Como Freyr soubera daquilo, trabalhava para o reino?

– Freyr é o garoto com que você se encontrou? Como ele soube disso? – Disse Link, cismado.

– Sim, é. Ele disse que ouviu dois soldados do reino comentando.

– E se for mentira? – Mark, como parceiro de Link, sempre estava ao seu lado, mesmo às vezes não concordando com alguns pontos.

– Eu confio em Freyr.

A face despreocupada de Zeenon transmutou-se em uma expressão séria. Não sabia o porquê, mas confiava totalmente no jovem rapaz.

– Como pode confiar em alguém que conheceu ontem? –Não gostava daquela ideia, e se Freyr fosse algum tipo de espião do reino de Ezra?

– Eu não sei. Apenas confio. Desde que eu o conheci não consigo pensar nele como um espião ou algo do tipo. Ele me encontrou por acaso na gruta do bosque que fica próximo à Ezra, até insistiu para conversar comigo. Que humano agiria assim, sabendo que eu posso matá-lo com um olhar?

O poderoso rei se levantou, furioso, e atravessou a sala, indo em direção à janela.

Link e Mark trocaram olhares, entendendo os sentimentos de Zeenon. Ele tinha encontrado alguém que não o temia, aceitava-o do jeito que era.

– Tudo bem, pai. Agora eu te entendo. – A voz de Link parecia arrependida.

O filho do rei abaixou a cabeça, como um pedido de desculpas, sentia-se envergonhado por não ter compreendido seu pai antes. Mark concordou, repetindo o mesmo gesto do companheiro.

– Obrigada, é muito importante que vocês entendam isso. Amanhã vou trazê-lo aqui, para conhecer a biblioteca do castelo. Quero que ele tenha uma boa recepção. – Ele virou e encarou os garotos que levantaram a cabeça e acenaram de modo afirmativo. – E então, acham uma boa coisa a parceria com Heimdall?

– Sim, pai. Sei que o senhor não quer afetar o equilíbrio entre vocês, atacando os humanos, sozinho com suas forças. Então é melhor sabermos o que ele tem em mente. – Disse Link, mais focado na batalha iminente.

– Eu concordo, pois, depois dessa guerra com os humanos, teríamos inúmeros ressentimentos com o Heimdall. Porque ele se importa tanto com os humanos?

Mark como sempre, concordou com o dragão negro. Nem ele, nem Link entendiam todo o amor de Heimdall para com os humanos.

– Para ele, os humanos são uma dádiva. Algo que deve ser protegido com todo o amor e fé. Ele acredita fielmente na inteligência, no amor e em tudo que o homem faz de bom. Sempre tem esperanças, sempre tenta ajudar o homem a ser melhor. Sua maior alegria é ver os homens felizes e realizados. – Disse Zeenon, e a imagem da face lívida de Heimdall apareceu em sua mente.

– Ah, sim... Irônico, pois agora os humanos estão usando sua “inteligência” para tentar invadi-lo. – Disse Mark, com seu tom sarcástico, rindo junto a Link.

– É verdade... Sinto dó dele às vezes... Mas todo esse amor, também me aborrece. Os humanos não merecem isso. – Zeenon agora estava com um olhar longe.

O guardião da trevas por alguns instantes pensou nas ações de Heimdall, um poderoso rei, íntegro e que amava verdadeiramente os humanos. Não conseguia entender de onde vinha tanto amor por seres tão mesquinhos e cheios de maldades.

– Hoje à noite, pretendo ir até Endymion, o castelo do guardião da Luz.

– Precisará de nós, pai?

– Sim, quero que fiquem comigo lá. Preparem-se para olhares feios. Não somos muito bem-vindos.

Zeenon sorriu olhando os garotos, o nobre rei sabia que seu filho era cabeça quente e se aborrecia fácil, queria que ele mantivesse o controle logo, para não atacar ninguém por lá.

Enquanto Zeenon e os dragões preparavam-se para a visita ao Reino da Luz, Freyr estava em casa, deitado em sua cama. O jovem permanecia imerso em seus pensamentos, todos voltados para a simpatia daquele rei injustiçado. Por toda a vida, havia escutado diversas lendas sobre ele; macabras, cheias de monstros e mortes, porém, quando Freyr o viu e começou a conhecer o rei, percebeu que tudo aquilo não passava de histórias inventadas pelo povo. Era o começo de uma bela amizade. Freyr também estava ansioso para saber quais livros ele encontraria na biblioteca do castelo do poderoso rei, ou se teria uma boa recepção dos moradores do castelo.

De repente, ouviu alguém abrir a porta da casa, ele levantou da cama e foi conferir quem era.

Jimmy chegou bradando novidades: Finalmente foi convocado para servir ao Exército Real, o seu sonho de infância. Falou que os chefes militares e o rei estavam convocando a maioria dos garotos para receberem treinamentos básicos, pois planejavam algumas conquistas territoriais, e com o tempo, todos teriam treinamentos mais avançados para os ataques. Freyr pensou logo na carta que Zeenon recebera do Guardião da Luz Heimdall, os dois não tinham certeza dos ataques, mas agora tudo se confirmara. No outro dia, contaria a Zeenon. Achava errado o Rei de Ezra querer roubar os territórios dos Guardiões Elementares e, principalmente de Heimdall, o qual prezava tanto os humanos.

Em um tom interessado, perguntou:

– Quais áreas o rei Simun quer conquistar?

– Não sei, eles não dizem de jeito nenhum, mas há boatos de que são os territórios dos Guardiões da Luz e Trevas. Imagine que incrível, poderemos conquistar aquelas criaturas! O exército está muito forte! Novas armas, técnicas e dizem que até bruxos poderosos estão do nosso lado.

Freyr suspirou, sentido imensa compaixão por seu irmão.

– Isso é loucura. Se for verdade, acredito que o rei deveria repensar seriamente.

– Não é loucura não! O rei Simun sempre disse que eles já estão enfraquecidos, vamos derrotá-los, você vai ver. A maioria acredita nisso, só alguns covardes que ficam com medinho.

Jimmy esbravejava, convicto de suas palavras. No seu pouco contato com o exército, via os soldados animados a comentarem sobre as palavras de Simun acerca dos guardiões elementares. A maioria dos soldados acreditavam nas conquistas e queriam com todas as forças que os boatos se confirmassem.

Freyr teve dó do seu irmão. Tudo aquilo era muito arriscado, realmente ele e os soldados eram manipulados pelo rei. Deu de ombros e voltou para o quarto, trancado com seus livros.

Zeenon e os garotos voaram para o norte onde ficava o Reino da Luz. Pararam ainda dentro da floresta e seguiram pelas vilas das criaturas provindas da "Luz", assim que passassem por elas, chegariam ao Endymion, o castelo de Heimdall. Por sorte deles, nem todos estavam por lá, muitos viajavam por outros reinos, ajudando humanos mais desafortunados e auxiliando feridos em conflitos entre reinos. Saindo das vilas, na entrada do castelo, havia um magnífico arco, ornamentado com flores brancas, encaminhava para o enorme pátio branco do castelo. Todos jogavam olhares feios, ressentidos. Como eram criaturas harmônicas, não partiam para a violência.

Link a todo custo tentava se controlar. Zeenon ficava tranquilo, pois já esperava aquilo e Mark tentava conter seu parceiro, segurando-o pelo braço.

Zeenon e os dragões seguiram em frente pelo jardim, para a fachada do castelo. Entraram e seguiram o corredor de teto abobado, em direção a um enorme salão onde Heimdall costumava marcar suas reuniões. A porta estava aberta, como se já esperasse a visita.

Solitário, sentado à grande mesa redonda do salão, um homem belo, esguio, de olhos e cabelos longos prateados estava de cabeça baixa, a expressão abatida. Zeenon parou em frente à porta, disse:

– Acho que sei o porquê dessa expressão.

Heimdall ergueu a cabeça lentamente. Os olhos prateados brilharam intensamente ao deparar-se com o guardião das trevas. Sorriu fracamente, ao olhar o semblante sério do rei.

– Realmente, Zeenon, sinto muito por tudo isso.. Por favor, aproximem-se e sentem-se à mesa.

Os três foram até a mesa e sentaram-se em frente à Heimdall.

– Já era de se esperar isso deles. Não entendo de onde vem todo o seu amor. – Zeenon o encarou com um olhar de compaixão.

A Natureza os concebeu. Protejo-os porque são obras da natureza, ela me inspira a amá-los e eu ainda sinto que eles podem ser melhores. – Com sua voz doce, o Guardião da Luz falava com eloquência. Percebia-se que tinha um carinho especial por todos.

Vendo que o assunto estava saindo do foco, Link ergueu a cabeça e perguntou:

– Então Senhor Heimdall, tem alguma coisa em mente?

– Eu não posso machucá-los..

O corpo esguio, alto de Heimdall levantou-se da poltrona e ficou de costas para seus convidados, olhando o luar pela claraboia do salão.

– Mas eu tenho que defender meu reino, eu não vou me entregar a eles. Se me atacarem, irei me defender. Por ora, quero que fiquemos apenas nos rumores, não há nada confirmado. Então Zeenon, como eu sei que você é impaciente, por favor, não os ataque agora, espere sinais.

Mark e Link não gostaram muito da ideia, mas Zeenon concordou.

– Eu aceito, mas se eles investirem contra mim, não vou perdoá-los, ok? – Zeenon levantou e apoiou as mãos na mesa. – Eu e meus garotos não teremos piedade.

Heimdall virou e pousou a sua mão delicada e macia sobre a de Zeenon,

– Faça como quiser, meu... – Heimdall foi interrompido por uma criada que entrava no salão.

– Senhor, desculpe atrapalhar a reunião, mas precisamos de sua ajuda!

A moça de cabelos ciano estava esbaforida. A mão sobre o peito ofegante mostrava que viera correndo ao castelo. Com certeza, era uma emergência.

– Diga, Saphire.

– Alguns de nossos companheiros estavam purificando uns animais usados para magias de bruxos, e de repente, foram atacados por humanos armados. Temos muitos feridos, por favor, ajude-nos.

Uma lágrima rolou pelo delicado rosto do Guardião da Luz, triste com toda a situação que enfrentava. Apesar de imortais, as criaturas elementares, se feridas gravemente, poderiam levar dias e mais dias para se recuperarem por completo. O rei da luz enxugou a lágrima com o dedo, e em seguida, ele se recompôs. Fixou-se em Zeenon.

– Desculpe-me, mas tenho que ir. Faça o que te pedi, por favor.

– Tudo bem. Mas você não vai revidá-los?

Heimdall afirmou com a cabeça e ordenou a sua criada:

– Saphire, mande alguns dos nossos cavaleiros checarem a floresta, os humanos não deve estar muito longe.

–Sim, senhor. – Saphire curvou-se em sinal de respeito e saiu apressada.

– Estamos indo, qualquer notícia mande-nos uma carta. Boa sorte, Heimdall.

Zeenon, fez um sinal para os garotos levantarem. Os dois imediatamente obedeceram, dizendo:

– Adeus, Senhor Heimdall.

– Até mais. A Qualquer sinal, eu mandarei notícias. Cuidem-se. – Heimdall tinha um grande apreço por Zeenon, não guardava mágoas.

Virando-se, o rei bradou, confiante,

– Não se preocupe com isso, eles não são muita coisa perto de nós.

Link e Mark acompanharam o mestre e eles saíram do enorme salão branco. Viram criaturas correrem de um lado a outro, desesperadas. Alguns choravam, consolavam uns aos outros. Zeenon olhava-os, relembrando de algumas cenas de seu passado. Agora, sentia compaixão por eles.

Logo que se afastaram do território, Mark comentou:

– Ele pediu o que estávamos pensando... Achei que tinha algumas informações a passar.

– Sim, mas já avisamos a ele que não teremos piedade. Quando atacarem, não tentem manter o controle.

Os jovens dragões animaram-se e juntos, disseram:

– Sim, Senhor!!


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Notas finais do capítulo

Bom, hoje apareceu o Guardião Heimdall, personagem que gosto muito. Continuem prestando atenção nas palavrinhas em itálico.... São importantes para a história !

Obrigada a todos que estão acompanhando!



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