Naquela noite - como todas as outras - Zeenon estava aéreo. Passara o tempo em claro observando o céu negro como seus cabelos, iluminando-se e enchendo sua aura do brilho da lua cheia. Os olhos verdes, refletiam a luz do astro celeste, brilhavam intensamente. Estivera pensando, o porquê daquele brilho não alcançava o âmago de sua alma e curava todas as expostas feridas. As lágrimas espiavam pelos olhos. Todas as noites ele sentava na sacada do quarto deixava os fios de lágrimas correrem pelo rosto, era seu arrependimento, tudo aquilo que carrega, os sentimentos de suas décadas de horror. Arrependimento? Amor? Imortalidade? Parecia que nada mais importava. Estava ali, condenado a remoer horrores.

Horrores de uma flor destruída, em seus próprios espinhos.

Naqueles longínquos anos de lembranças tenebrosas, ele não tinha mais esperanças, achava-se um condenado, fadado a viver eternamente, sem ao menos conseguir uma chance de ter de volta aquele amor. Guardou e apertou tudo - bem lá no fundo.

Agora sangrava.

Poder, magia, terras, ouro. Era poderoso, era um rei, um grande homem por fora; Tudo que tinha. Do que adiantava?

Piscou os olhos, voltando-se para a floresta a rodear o castelo. Fios de ouro? Estavas louco? Passeando, como brisa... Por entre as árvores. Sorria para ele, tentava animá-lo? Não poderia ser mais estranho. Zeenon observou a luz cintilante desvanecer-se entre os galhos das árvores e intrigou-se em saber o que era aquilo. Pensou ser uma miragem, já que estava com a mente um pouco transtornada. Poderia confundir seus sentidos.

Levantou-se do chão da sacada do quarto. Fechou as duas abas da porta, tirou toda a roupa do corpo e foi se deitar. Esqueceria aquela noite, afinal era comum como as outras - uma noite manchada de lágrimas. Mas, algum dia poderia mudar? Sabia muito bem o que seus infinitos dias reservavam...

Não, nada mais poderia mudar.