Red Johns Case escrita por SorahKetsu


Capítulo 6
Hello, Jane.




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Jane estava ansioso. Sentia um pouco como se toda aquela história tivesse se arrastado sem final desde uma semana atrás, quando saiu do hospital. Mais nenhum sinal de Red John. Ele parecia ter se calado, como se esperasse que Jane finalmente recebesse a mensagem na cabeça de Lisbon. E isso até o intrigara. Como o serial killer iria saber quando Jane hipnotizara Lisbon? Havia tantas perguntas em sua mente… mas ele sentia como se todas elas fossem ser respondidas assim que entrasse naquela casa (que começava a tomar forma de sua dona devido ao tempo que ela passava lá) e hipnotizasse Lisbon.

Ele tocou a campainha e ela rapidamente o atendeu. Tão logo entrou, sua cabeça começou a girar, vasculhando cada detalhe que ela havia mudado. Tanto tempo sem fazer nada com certeza havia feito alguma diferença em sua moradia. A casa estava muito mais sistemática e prática, sem grandes exageros ou pinturas muito coloridas. Era mais como Lisbon era. Mas havia ainda seus milhares de CDs, prova de que, quando sozinha, ela gostava de se sentir livre dos olhares das pessoas e dançar sem medo.

Jane sorriu ao ver o mesmo CD das Spice Girls que da última vez. Era o primeiro do amontoado, e ao pegá-lo na mão, notou que a capa estava vazia. O CD em si devia estar dentro do aparelho de som.

Quando Lisbon se virou para ver o que ele fazia, corou.

- Hey, se importa em deixar isso aí?

Ele colocou de volta e ergueu as mãos.

- Estava pensando em ouvir alguma música pra que você relaxasse mais. – ele justificou. – Se importa se eu ligar o som? – ele se aproximou do aparelho, esticando o dedo para ligá-lo.

- Sim, me importo. – ela se apressou em dizer, temendo que ele ligasse e a música “Wannabe” começasse a tocar.

Ele sorriu e desistiu de ligar. Continuou olhando ao redor.

- Está meio bagunçado ainda… - ela temeu que ele fosse pensar algo, já que a casa dele era sempre perfeitamente organizada.

- Você mudou bastante coisa.

- Falta do que fazer.

- E quanto àquele jantar?

- Jane, eu não faço jantar nem pra mim. Tem comida congelada no freezer, mas creio que vai preferir comer na sua casa se for assim.

- Não, eu gostaria muito da sua comida congelada.

Lisbon o encarou alguns segundos. Ele realmente fazia questão de jantar na casa dela ou estava apenas tentando irritá-la? Não sabendo as reais intenções dele, não soube como reagir, então ficou sem graça e fez que sim com a cabeça.

- Vamos começar então?

- Claro. Sente-se.

Os dois se sentaram, um de frente pro outro.

- Jane, não quero que se desaponte se não descobrir nada, afinal Red John deve ter previsto que você ia fazer isso.

- Na verdade… - ele baixou a cabeça, sentindo por não ter revelado a verdade antes – Eu recebi outra carta dele, dizendo que deixou uma mensagem na sua cabeça. É por isso que estou tentando. É por isso que estou correndo esse risco.

- Risco?

- De cavar mais fundo, de manter esse caso aberto e não simplesmente esquecer. É o que tudo me manda fazer, fugir, esquecer, seguir em frente. Ele fez tudo isso e não cometeu um único erro no qual eu pudesse me basear. Tudo que eu faço é seguir suas pistas. Pistas que ele deixa por querer. Mas no momento não consigo deixar de segui-las.

- Bem, então… acho que pode começar.

Jane começou a sessão de hipnose em questão de segundos. Lisbon era facilmente hipnotizável, caía em transe rápido.

- Quero que se focalize na manhã de quarta-feira passada. Onde você está?

- Estou na minha cama. Acabei de acordar. – ela responde, automaticamente.

- E então?

- Eu levanto, tomo um banho. Não estou com vontade de preparar algo pra comer então apenas tomo uma xícara de café.

- Algo de anormal? Você vê alguém ou algo?

- Não. Apenas rotina. Escovo os dentes e saio.

- Onde está indo?

- Para o CBI.

- Você chega no CBI?

- Sim.

- E o que acontece lá?

Lisbon parou alguns segundos, não respondeu de imediato.

- Noto que o carro de nenhum agente está lá. Fui a primeira a chegar. Penso que talvez Jane tenha dormido no CBI, mas então me lembro que ele foi para Nevada.

Jane não soube o que dizer por algum tempo, mas tratou de se focalizar no fato de que não havia praticamente ninguém na agência.

- Um policial se aproxima de mim. – ela continuou – Ele quer que eu o siga. Acho estranho seu comportamento, e olhando bem em seus olhos lembro de quando Jane me falou sobre pessoas hipnotizadas.

- E o que você faz a respeito?

- Eu o sigo para saber por quem foi hipnotizado.

- Onde ele te leva?

- Em direção à sala de máquinas. Assim que entro no corredor antes dela, a porta atrás de mim se fecha. – sua respiração começou a aumentar drasticamente. – Eu… eu olho para trás…

- Quem você vê?

- Um homem… alto… um metro e oitenta, talvez. Ele usa um capuz preto… com um desenho.

- Um desenho?

- Um rosto. – sua voz tremeu – A assinatura de Red John.

- E então?

- Ele se aproxima de mim. Ele me diz pra ficar calma, pra relaxar, diz que tudo vai ficar bem e que ele iria me proteger.

Os punhos de Jane estavam fechados de forma que chegava a machucar a palma das mãos.

- E?

- E… - sua respiração ficou mais lenta de repente, como se relaxasse – Me sinto bem. Calma. Mas não tenho controle de meu corpo.

- Foi quando ele te hipnotizou… - murmurou Jane.

- Ele está falando comigo.

- O que ele diz?

- Ele diz… “Olá, Jane. Você deve estar agora ouvindo essas palavras através de Lisbon. Mas que grande bastardo você é. Mas a mensagem ainda não é essa. A mensagem será dada pelo oficial Justin enquanto ele estupra sua adorável garota. Para saber quem eu sou… terá de ouvi-la narrar o estupro.”.

Jane não se mexia. Seus músculos estavam retesados.

- Então o oficial me leva até a sala de máquinas… - Lisbon continuou.

- Lisbon…

- Ele diz que sou sua esposa e que quer experimentar coisas novas. Acho engraçado, pois não me lembro de ter me casado, mas ele deve saber melhor.

- Não… Lisbon…

- Então ele me pede que tire minha roupa.

- Onde está Red John, Lisbon?

- Ele não entrou. Meu marido me amarra com algemas no chão. Está frio. Ele liga a rádio da policia e se senta para escutar. Me pede para ter calma.

Jane baixara a cabeça, sem coragem de ouvir o resto.

- Demora muito. Nada acontece. Ouço a rádio da policia anunciar que estou desaparecida. Peço pro meu marido dizer que estou com ele, mas ele não se move.

- Quanto tempo se passa?

- O dia todo… às vezes ele me dá água… e bolachas. Não sei que horas são. Meus pulsos doem. Está muito frio… Eu durmo por um tempo. Alguém me acorda. É o homem de capuz preto.

- O que ele te diz?

- “Ainda aí, Jane? Você é mesmo um grande bastardo. Lisbon não se lembraria disso tudo se não fosse por você. Não se preocupe, em breve a mensagem será dada. Eu direi quem sou e onde pode me encontrar.” Então ele tira um grampo que estava em meu cabelo e sai do lugar.

Jane baixou a cabeça e ficou em silêncio. Até onde tinha coragem de prosseguir com aquilo? O grampo. O grampo que usara para abrir a porta.

- Eu ouço na rádio da policia Risgby dizer “Ela está a salvo”. Então meu marido se levanta de sua cadeira.

- Lisbon…

- Ele se aproxima de mim soltando a fivela do cinto.

- Pare…

- Eu sinto medo… - sua respiração voltou a aumentar – Muito medo… peço que pare…

- Lisbon!

- Ele… ele não para, ele… ele se aproxima de mim…

- Lisbon, saia do transe!

Lisbon abriu os olhos assustada. Imediatamente começou a respirar extremamente rápido, como se todo ar do mundo não fosse suficiente. O foco voltou a seus olhos, e ela pôs se a chorar, apesar de tentar ao máximo conter as lágrimas por estar na presença de Jane.

Ele então a abraçou forte.

O que quer que fosse a mensagem de Red John… ficaria para sempre na cabeça de Lisbon. Se ele revelava quem era, se ele revelava meios de ser encontrado, isso Jane jamais saberia. Pois era incapaz de liberar tamanho trauma na cabeça daquela mulher.

A vingança de Jane fora deixada para trás, pela primeira vez desde que ele a botara na cabeça. Havia uma mensagem na mente de Lisbon. A resposta para todas as suas perguntas. A questão era: ele já não tinha certeza se queria fazer tais perguntas, ainda que quisesse a resposta para elas. Talvez nunca mais tivesse a chance de se vingar, ou talvez tivesse, já que Red John sempre acaba se divertindo em ser caçado. Era impossível dizer. Só podia afirmar, naquele momento, uma coisa: o peso de sua aliança havia diminuído consideravelmente.


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Notas finais do capítulo

Prévia do cap. 7:
Patrick poderia tê-la beijado nos lábios, claro. Ele poderia ter deslizado suas mãos pela face de Lisbon, carinhosamente, até passar por debaixo de seus cabelos, em sua nuca, e trazê-la mais para perto, para que suas bocas se encontrassem. Ele poderia ter feito, mas não fez, pois Lisbon o fez antes.



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