The place that never sleeps escrita por Elizabeth


Capítulo 4
Surpresa




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Caí da cama quando vi o relógio me avisando que eu estava atrasada, não tinha muito tempo, onde está a beca? Ai céus, eu não a tirei da mochila, e onde está a mochila? No canto do quarto, corri e a peguei, meu nervosismo quase quebrou o zíper, mas pelo menos consegui tirar a roupa, estava inteiramente amassada. Não liguei, dei de ombros. Não posso dizer que eu tomei um banho decente por que apenas pincelei meu corpo com algumas gotas de água, olhei para o relógio, mais atrasada ainda. Espremi uma boa quantidade de creme dental na escova e passei as cerdas pelos meus dentes na velocidade da luz. Meu cabelo parecia ter sido atacado pelo furacão Katrina e mais uma vez não me importei. Corri para as escadas e quase caí descendo os degraus, não falei com ninguém, apenas desejava ter uma velocidade sobre-humana para chegar a tempo.

O céu estava de mau humor e deixava isso bem claro pela sua textura cinzenta e espessa, reclamar não adiantou, segundos depois de eu ter passado pelo quarteirão as primeiras gotas começaram a despencar das nuvens seguidas de um jato mais forte e cheio. Era uma tempestade, meu dia virou uma tempestade, minha vida é uma tempestade, essa droga de formatura é uma tempestade.

O ginásio estava abarrotado de gente e os formandos iam para o palco um a um para receber o diploma, me apertei entre as pessoas tentando chegar perto de alguém conhecido e vi Jasmine a uns cinco metros de mim. O trajeto ficou ainda mais apertado e quando finalmente a alcancei ela me olhou como se fosse Carrie, A estranha na frente dela.

— Quem te atropelou? — ela perguntou espantada.

— É uma longa história. — respirei fundo — Já me chamaram?

— N-Não, ainda não.

— Jasmine Garrett! — o diretor gritou.

— E lá vou eu — ela bateu palminhas na frente do rosto. Sempre achei isso ridículo.

Sentei no lugar dela e inspirei fundo, meu coração ainda martelava brutalmente no peito. Infelizmente o sossego durou pouco.

— Aurora Hopper!

Meu corpo se lançou para frente e ficou de pé num instante, andei até o palco sem me preocupar com os olhares e cochichos. Peguei o rolo de papel das mãos do diretor e não consegui esboçar nem um sorriso falso. Fui para os fundos e lá me esperavam Brian e Oliver.

— Uou! — o alto arregalou os olhos — Preciso perguntar o motivo desse estrago?

Lancei um olhar feroz para os dois.

— Melhor não, cara — avisou Brian.

— É, não é uma boa ideia — Oliver concordou.

— Não vai mesmo para a festa, Aurora?

— Não, Brian, eu não vou. E pare de perguntar isso.

— Cheguei! — Jasmine se pôs ao meu lado dando pulinhos — Daqui a pouco vamos ter que jogar os capelos para cima.

— Que emocionante — revirei os olhos tanto por que não tinha um motivo feliz para fazer isso como também tinha uma coisa mais importante para fazer — Não vou ficar para a foto, pessoal.

— Por que não? — Brian perguntou.

— Bom, primeiro por que eu realmente não estou afim de estragar esse momento tão emocionante e... Eu vou para Nova York — falei de uma vez e eles ficaram estáticos — Decidi de última hora, vou ficar na casa dos meus tios. Tenho que ir para a casa e arrumar as malas.

— E quanto tempo você vai ficar lá? — Jasmine cravou os olhos curiosos em mim.

— Tempo indeterminado, não faço a mínima ideia. Então eu me despeço de vocês agora por que quando começarem a posicionar a câmera vou fugir.

Eu não gosto de clima de despedidas e muito menos com demonstração de afeto em público então a única que fizeram foi pousar a mão no meu ombro e desejar tudo de bom, fiz o mesmo com eles.

Na hora que chamaram nos endireitamos em fileira em meio aos outros alunos, um ao lado do outro. Ao final da contagem regressiva, quando joguei meu chapéu foi como se me livrasse desta vida também, lançando-a para bem longe. Como eu disse, fugi discretamente quando o fotógrafo fez sinal para sorrirmos e olharmos para a câmera. Cheguei aos portões mais rápido do que pensei e andei apressadamente para casa, sorte de que não era tão longe e a chuva já havia parado. Passei pela porta da frente e nenhum sinal de ninguém, ufa! Meu quarto ainda estava uma bagunça, não importa, eu não teria mais de arrumá-lo, peguei uma mala grande com sinais de abandono mas ainda servia e coloquei tudo o que deu e um pouco mais, tive que pular em cima dela para conseguir fechar o zíper.

Esvaziei a mochila da escola, ou melhor, ex-escola e pus mais coisas dentro dela. Por fim, quando vi que não faltava nada de muito importante dei-me como pronta para partir. Ontem à noite a tia Joyce surtou no telefone quando falei da minha decisão, ela me mandou a passagem por e-mail e eu a imprimi. Tinha que embarcar no aeroporto de Columbus, o problema é que ele fica a uma hora de carro daqui. Brad bem que podia me dar uma carona mas faz semanas que não nos falamos, mamãe vendeu o carro do papai para pagar algumas dívidas da casa há uns dois anos atrás e agora eu me vejo completamente perdida.

O toque do meu celular me sobressaltou, era Jasmine.

— Oi — minha voz saiu triste.

— Está acontecendo alguma coisa. — ela sempre foi desconfiada — Mas eu queria te pedir um favor, será que você podia passar aqui?

–----

A casa dos Garrett’s não era tão longe da minha, mal havia dobrado a rua de Jasmine e já vi ela me esperando na calçada.

— O que você quer? — perguntei sem interesse.

— Nossa, quanta empolgação, eu só queria caminhar um pouco, espairecer.

— O que você está tramando? — Jasmine era a rainha das surpresas, a questão é que nem sempre as surpresas são boas.

— É crime querer passar um tempo com a minha amiga? — ela passou o braço pelo meu e começamos a andar.

Jasmine me arrastou para tantos lugares que não consegui contar, ela andava tão lentamente que eu me perguntava se isso era uma nova maneira que havia encontrado de me tirar do sério. Eu queria ir para casa, pegar minhas malas e implorar para alguém habilitado me levar até o aeroporto, mas Jasmine não me largaria tão facilmente. Ficamos fora até o cair da noite, uma hora ela olhou e celular e a partir daí tomou um rumo certo me levando com ela, é claro. O caminho ficava mais familiar a cada minuto, Jasmine passou o tempo inteiro conversando coisas que não me interessei em ouvir até chegarmos a um dos poucos pontos movimentados do bairro. Era lá que se concentravam todos os tipos de comércio, desde feiras de frutas até restaurantes sofisticados. Paramos diante de uma pizzaria quando ela se pôs na minha frente.

— Que tal a gente pedir uma pizza para viagem? — ela perguntou.

— Se ainda não percebeu, eu estou verde de fome — meu estômago começava a suplicar por algo comestível.

Entramos no estabelecimento já com todas as mesas ocupadas e antes que eu pudesse fazer qualquer movimento duas mãos taparam meus olhos.

— O que é isso? — perguntei.

Quando minha visão foi descoberta eu estava diante de uma mesa com cinco lugares, três já estavam ocupados por Brian, Brad e Oliver, todos com sorrisos enormes na cara.

— Surpresa! — Jasmine vibrou atrás de mim.


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