Ironia do Destino escrita por Blue Wolf


Capítulo 2
II - Amanda Beatriz Leal, a vida como ela é


Notas iniciais do capítulo

GENTE, ME DESCULPA
SÉRIO
Aconteceu q eu to totalmente sem tempo.
Então, eu resolvi q qro ser médica, ou seja, to pedindo pra me ferrar C':
Aí eu tenho q estudar dms, mt mais do que seria saudável ;-;
Desculpe gente, sério



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Eu odiava chorar, odiava mesmo. Me sentia como uma criança de cinco anos, perdida, desolada, frágil, impotente e isso não combinava comigo. Eu consigo rir de um passado que teria feito muitos desistirem de viver, fugido ou algo do gênero e chorar me traz lembranças que não quero ter. Parando de divagar, levantei o rosto, agora mais calma, e senti os raios solares tocarem minha face. Os policiais falaram comigo e fizeram alguns procedimentos padrões, como bafômetro e afins. Terminado os teste, o moreno e mais velho disse:

– A senhora tem até 24 horas pra depor na delegacia mais próxima. - Disse grosso, encostando-se num poste e me olhando com certa raiva. Observei o outro policial falar com um dos enfermeiros e apontar pra mim vez ou outra. Suspirei, tentando acompanhar a velocidade do mundo.

– Bem, é... obrigada, eu acho... – Disse ainda tristonha com os recentes acontecidos. Meu carro estava apreendido e, mesmo se eu estivesse com ele, não conseguiria dirigir pra casa. Rapidamente peguei minha carteira, notando ter dinheiro suficiente pra não precisar de ônibus, o que era incrível.

[...]

Depois de uns 10 minutos, estava a uma quadra de casa. Pedi para que o táxi parasse ali mesmo, já que a curta viagem me fizera refletir um pouco sobre a vida e sobre mim mesma. O que eu pude perceber foi : eu quase não tenho tempo pra mim, sempre estou ocupada e isso quase me fez matar alguém. Tinha tanta coisa pra resolver comigo mesma, tanta coisa pra pensar que eu resolvi parar, aproveitar o clima quente – e raro, diga-se de passagem – curitibano e tomar um milk shake, afinal conhecia uma ótima lanchonete ali perto.

Depois de uns cinco minutos caminhando, cheguei num lugar bem ajeitado e super fofo. Uma das atendentes bateu o olho em mim e ficou escandalizada, correndo em minha direção.

– Senhora, está tudo bem?! – Perguntou com um alarmante tom de preocupação. Acenei positivamente, levemente assustada pela reação dela. Aí eu me toquei que tinha chorado horrores e não havia checado meu estado no espelho. Cobri minha boca com a mão, imaginando o bagaço que eu estava. Me dirigi ao banheiro rapidamente, comprovando minha teoria. Lavei o rosto, tirando toda aquela maquiagem borrada, escorrida e mal-acabada, ficando de cara limpa.

Sai do banheiro, pegando uma mesa isolada e pedindo para que a atendente me trouxesse um Milk Shake especial da casa junto de uma torta de creme que parecia maravilhosa. Eu sei, desse jeito ia acabar morrendo de diabetes e gorda, mas hoje eu preciso esquecer um pouco de tudo. Talvez vodca e amigos ajudassem depois que eu fosse depor. “Talvez” não, com certeza ia. Peguei meu celular, indo num grupo de cinco pessoas no WhatsApp. Enviei algumas mensagens e convidei o pessoal pra ir a Pulse essa noite, encher a cara e não se lembrar de nada no dia seguinte, o que era exatamente o que eu precisava. Suspirei, guardando o celular quando a atendente trouxe meu pedido. Fiquei ali por uns 10 minutos, pagando o lanche no cartão e seguindo pra casa.

Quando cheguei, meu primeiro ato foi tirar o salto. Teria dia livre depois de prestar depoimento, já que não tinha marcado nenhuma apresentação pra sexta-feira que, por acaso, era hoje. Deitei-me no sofá, pensando como eu pude ser tão idiota e descuidada! Eu não deveria ter marcado apresentação tão tarde! Mantive-me em silêncio, ouvindo apenas minha respiração e refletindo sobre a vida, o universo e tudo mais. Suspirei, sentando e pegando minha bolsa, afinal tinha que me apresentar a delegacia mas, sabe, algo me dizia que a vida não seria tão ruim assim.

[...]

Okay, eu tava errada. Duas testemunhas falaram que eu estava no telefone e agora a coisa pesou pro meu lado. Bem, eu ia responder processo por tentar matar o cara sem intenção, mas agora a complicou e o processo vai ser muito pior. Resumindo : todo o dinheiro que eu ganhei com Stand Up e o filme vão pra pagar um advogado bom.

Meu ex-marido amaria me ver desse jeito.

Falando nele, como será que ele está? Será que já me superou? Pisquei algumas vezes, notando o que estava fazendo. Balancei minha cabeça, muita coisa já tinha dado errado e era péssimo pra mim lembrar dele. Ouvi meu celular tocar no quarto, indicando uma mensagem. Corri até lá, peguei iPhone 6, desbloqueei, li e a única coisa em que pensei foi na vodca que beberia com meus amigos essa noite. Rapidamente tomei banho, coloquei um vestido preto colado, levemente curto e decotado junto de um salto preto. Resolvi dar uma inovada no cabelo, alisando-o, o que deu muito certo. Peguei a franja e fiz um leve topete, ficando ainda mais bonita, passei uma maquiagem um pouco pesada, destacando meus lábios com o meu amado batom vermelho e pus um brinco pequeno em formato de tridente. Me permiti um leve sorriso em frente ao espelho, tentando não pensar em tudo de ruim que estava acontecendo. Tirei meu celular do carregador no momento em que ouvi o interfone tocar, avisando da chegada de meus amigos.

Puxei ar e tentei não enlouquecer, pensando na vodca que me aguardava naquela mesa de bar onde eu ficaria em estado deplorável, chorosa e carente, mas com meus amigos na mesma situação. Peguei minha bolsa e desci pelo elevador, chegando ao Hall e vendo Thiago. Sorri e apertei o passo para alcançá-lo, sendo recebida com um abraço apertado. Ele era negro, cabelo ralo, minha altura e um pouco mais musculoso do que eu me lembrava, talvez ele tenha começado academia. Parei de abraçá-lo quando notei mais três pessoas : Consuelo, Rafael e Leonardo. No fim acabamos dando um abraço coletivo pra matar a saudade de mais de cinco meses sem se ver.

Nos conhecíamos há mais de dez anos, éramos melhores amigos da época de faculdade e sabíamos tudo um do outro! Não existe nada melhor/pior que nossa famosa “Noite dos Filósofos” onde bebíamos e ficávamos falando merda, xingando, chorando e rindo durante horas. Eu realmente senti que a noite seria ótima e me traria um pouco de luz, e eu espero estar certa.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram? Comentem ! ^.^
Mais uma vez peço desculpas pelo atraso



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