Zumb'ers escrita por Eyelins Skye


Capítulo 1
Capítulo 1: Panic.


Notas iniciais do capítulo

A história é narrada pelos dois.



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-Eu já disse, por aqui -ele sussurrou me levando pelos corredores escuros.
Apesar de não poder ver nada além de seus cabelos, sei que ele ainda está com a mesma roupa preta de sempre, o caminho fica mais fechado, apesar de correr-mos com ele me guiando pela mão (que consiste nele segurando a ponta de meus dedos da mão direita, enquanto seguro os seus da mão esquerda). Ele continua correndo na frente, enquanto eu corro mais atrás sem soltar seus dedos uma vez que é a única coisa que temos para não nos perde-mos mas então vem o estrondo e me encontro sozinha. Seus dedos se foram, deixando o escuro e o silêncio, escuto um rastejar e corro para fora rompendo na noite, sou tomada por milhares deles. Milhares de zumbis rasgando minha pele, minha carne, quebrando meus ossos e então comendo meu coração e tudo some do meu campo de vista.

Acordo de novo, assustada, suada, tentando entender porque sempre os mesmos sonhos e quem é o garoto. Dou de ombros quando meu despertador toca e corro para o banheiro desejando tomar um banho longo e quente, após as batidas insistentes de minha mãe sei que não vai ser possível e vou tomar um banho gelado e rápido. Saio do chuveiro às pressas, coloco meu uniforme, meus sapatos e faço uma make rápida que consiste em um pó de rosto, rímel, lápis, batom e gloss. Pego minha bolsa em cima da cama, desço as escadas correndo e me sento a mesa. A namorada de minha mãe revira os olhos pra mim, claramente irritada, dane-se. Enfio um pedaço de brownie na boca, enquanto viro um copo de leite em cima, mando beijos pra minha mãe e saio andando a passos firmes pela rua até chegar à casa de Jhonny. Jhonny é meu namorado na escola, digamos que ele é o tipo, se é que me entende... Jhonny é capitão do time de basquete, o que o torna o mais popular da escola, tem um cabelo loiro bem aparado que ele bagunça sempre, um corpo malhado, bronzeado de horas jogando e lábios rosados. Entro no jipe dele, enquanto ele dirige feito um maluco para a escola, ao chegar desço arrumando minha saia do uniforme que levantou um pouco. Todos nos olham como sempre, reviro os olhos e ponho meus óculos escuros, Jhonny fica falando com seus amigos idiotas da escola e eu me dirijo até a sala. Você deve pensar "nossa, então você é líder de torcida arrogante e etc", ao contrário, um dos motivos de me odiarem nessa escola é eu namorar Jhonny, o outro é eu não ser uma vadia sem coração como as líderes de torcida daqui, apesar de eu ser do time de torcida, não ando com Tracy e seu grupinho pisando em cima de todos. Entro na sala de aula, arrumo meu material e Tracy como sempre passa e o derruba, dessa vez me recuso a me abaixar pegar. Espero ela desviar e coloco o pé na frente, quando ela cai todos riem, tiram fotos e gravam.

-Isso não vai ficar assim -ela me ameaça.
-Eu cansei, então acho que vai sim -sorrio mostrando que não tenho medo dela.

Ela me encara por longos segundos, o professor entra na sala interrompendo nosso contato visual, olho para baixo, pronta para juntar o material quando vejo que Sarah e Katy minhas melhores amigas já juntaram e estão me estendendo todo o material que havia ido pro chão. Agradeço e presto o máximo de atenção possível na aula, já é a segunda aula que é artes, estamos escutando música quando acontece.

Escuto um estrondo, todo mundo para, o colégio começa a soar o alarme de incêndio e todos começam a correr para fora ou para as salas, na confusão me perco de Sarah e Katy mas permaneço parada sem saber o que fazer. Dou de ombros achando ser só uma simulação e nem um pouco com vontade de ir embora, escuto gritos e reviro os olhos sabendo que os meninos do terceiro ano devem estar jogando ovos nas meninas de novo, vou até o meu armário e pego minha bolsa, quando bato o meu armário pronta para ir embora Tracy agarra meu pulso parecendo assustada e gesticula algo.

-Eu não vou cair em mais um de seus joguinhos ridículos garota -puxo meu pulso irritada com ela.

Ela me olha como se não acreditasse no que estou falando e logo depois escutamos outro estrondo, olho para fora e percebo o caos que se instalou, a alguma coisa depois dos alunos que correm descontrolados para dentro da escola de novo e mesmo antes que alcancem o portão de entrada, são pegos. Só após uns segundos é que percebo o que são, meu pesadelo está ali, diante de meus olhos.
Assim que vejo, corro com Tracy, quando dois garotos do terceiro ano passam por nós, um deles bate em mim me desequilibrando e eu caio em cima de uma grade.

-Tracy, me ajuda a levantar -peço sabendo que o corte que sinto arder em meu pé vai doer se eu tentar levantar de uma vez só, mas Tracy só me olha e depois sai correndo.

Suspiro, sabia que não devia ter pedido nada a ela, me arrasto da forma que posso até a escada, me seguro e quando consigo levantar escuto o que eu mais temia. O alerta de bomba, por sorte a escola tem um porão ante bomba, tiro meu salto e ando até a porta do faxineiro, pego minha bolsa e encho com álcool, panos de limpeza e água sanitária. Quebro uma vassoura no meio e fico com o lado mais pontiagudo, por sorte assisti muitos filmes de zumbis, saio dali e quando estou indo em direção ao porão noto que todos correm para o outro lado e fogem, há alguns zumbis ali, torno de uns quatro e aumentando, conforme alguns alunos viram lanchinho. Não vou dar conta, não com um cabo de vassoura, então espero todos os alunos correrem dali, assim que o último vai embora, agora os zumbis que são seis, vão atrás deles. Por um simples motivo, eles estão gritando, é o barulho que os atrai, eles estão vivos e os zumbis mortos, é assim que funciona.
Corro até a porta, meus saltos na mão esquerda e a vassoura na direita, está trancada com um cadeado. Droga. Ando o mais rápido possível até a sala da diretoria, parando para me esconder entre uma pilastra e outra quando um aluno claramente em pânico passa por mim, não que eu seja egoísta mas pessoas assim morrem rápido e eu não tenho paciência. Ao chegar, a sala está pegando fogo em uma das extremidades, procuro rapidamente a chave, mas ela não está ali, alguma coisa explode e cacos de vidro vem em minha direção, tento evitar mas ainda sim, sinto uma dor aguda em meu quadril, no lado direito. Saio da sala, passo por um aluno que tem parcialmente a cabeça devorada por um zumbi, ando lentamente tentando não fazer barulho, depois vou o mais rápido que posso até a porta ante bomba. Escuto um barulho de TV no ginásio, mas não ligo pra isso e olho o cadeado que parece velho, um pouco enferrujado até.

-Preciso de algo para abrir isso... -sussurro para mim mesma, pensando.

Largo as coisas ali em um canto, menos minha bolsa e vou correndo até o ginásio, cada vez que meu pé toca o chão dói ele e meu quadril, sem contar que sinto algo molhado escorrer por meu pé. Ao chegar à TV que ainda funciona anuncia o jornal, começo a procurar pelo chão algo pesado para abrir o cadeado, enquanto a TV diz algo, de primeira não dou importância mas aí a TV fala sobre zumbis e eu pulo na grade da TV aumentando o volume.
Tudo que eu ouço nos filmes é falado pela TV, reviro os olhos já sabendo disso, consigo achar um tijolo e espero que sirva. Ao sair tomo cuidado para passar perto de um zumbi, isso parece o apocalipse, espero que minha mãe esteja bem e que as meninas também. Consigo abrir o cadeado e entro, me escondendo no escuro, tranco a porta e coloco mais alguns móveis na frente da porta, ligo a lamparina e tento o sinal de celular mas não tem sinal algum. Ligo o rádio velho no canto mas ele também não funciona, tudo que se escuta pelo rádio é um chiado, parece que a cidade foi abandonada ou sei lá. Tento uma TV velha no canto do corredor do porão mas ela tem o fuzil queimado, então ouço o estrondo que derruba algumas coisas ali dentro e que treme o chão. Bomba, me jogo na cama e então me permito chorar.

Ele narrando:
-A cidade está um caos a um mês, por sorte eu já fiz parte de um programa do exército e sei um pouco sobre táticas e tudo mais. Eu me escondi na minha antiga escola, aqui. Primeiro a tranquei inteira, depois saindo de carro, fui pegando pedaços de madeira, tábuas, portas, mesas, cadeiras e arames. Voltei a esta escola dia após dias, colocando nos portões, pregando ou amarrando com arames, até que estivessem devidamente blindados. Arrumei todas as trancas, consegui luz de um gerador e água quente. Então não me decepcionem, se vocês estão aqui é porque são fortes, agora vamos dividir vocês. Todos os garotos dos quinze anos para cima, vão pro teste de aptidão com o Ryan -apontei o dedo para o lado que o Ryan estava. -Todos os menores, dos catorze anos até os dez vão com a Lia para o construtor -apontei para Lia. -O restante das crianças abaixo de dez, junto com as mães salvas vão para o alojamento com o Chad -apontei para Chad com a cabeça. -Espero que tenham entendido.
-Entendido -todos disseram.
-Mais um discurso Nate? -perguntou Ryan trazendo minha prancheta.
-Toda vez que um grupo grande chega -digo cansado, coçando a têmpora.


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