O Herdeiro de Odair escrita por Bru Semitribrugente


Capítulo 9
Primeiros encontros!


Notas iniciais do capítulo

Ola! demorei abeça né?
pois é, a situação do computador ainda está bem critica.
mas aqui estou.
esse capitulo ficou GIGANTE.
mas tinha que ser assim.
eu não ia fazer um POV da Louise agora, eu já tenho um dela mas só mais para frente. ela só iria contar como foi o encontro.(spoiler do capitulo) mas a Mah pediu. então eu fiz um POV dela narrando o encontro. eu ia fazer um capitulo só para isso, mas ficaria muito pequeno, então eu juntei nesse o que acabou deixando muito grande, mas não faz mal porque eu não quero que essa fic tenha muitos capitulos como as minhas outras que chegam a ter trinta ou até sessenta.
então é isso, vou parar de falar para vocês poderem ler! espero que gostem! esse realmente deu trabalho!



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 Louise estava mais dispersa que nunca, eu tentei agir normalmente e não mostrar como estava chateado, queria que ela tivesse a chance de me contar por si só, mas ela não contou nada, várias vezes toquei no assunto do sábado, e ela parecia se quer estar me ouvindo, então acho que esse foi o motivo dela se quer perceber que eu estava chateado.  Eu realmente odeio me sentir assim, principalmente, odeio me sentir assim com relação a ela. Perdi as contas de quantas vezes mencionei o assunto sábado, ou ofereci cancelar o passeio à cachoeira para ajudá-La, ou simplesmente estranhei o fato de David não ter se quer olhado para mim nos últimos dias, nem se quer um esbarrão, ou um olhar torto. Acho que ele não quer irritar Louise e perder o precioso encontro. Isso é tão estranho de dizer! Ela é minha melhor amiga, queria confiar inteiramente nela, e não poder fazer isso me deixa irritado.

A única coisa que me impede de explodir é Ariane. Não sei porque, mas eu não contei nada a ela sobre o encontro, acho que ainda tenho esperanças de que Louise fale alguma coisa e eu não precise desabafar com Ariane sobre isso. Nós últimos dias ela prece ter recebido superpoderes que a ajudam a perceber qualquer sinal de tensão ou irritação, ou preocupação em mim, ela está sempre ali. Louise tem usado esse assunto para se livrar dos meus assuntos sobre sábado, mas não é como se eu me importasse de falar sobre isso ou me recusasse, afinal ela continua sendo minha melhor amiga, e também a única pessoas além da minha mãe que eu tenho para falar sobre esse assunto.

Minhas esperanças de Louise me contar alguma coisa duraram até sexta feira. Na hora do intervalo estávamos sentados em silencio na grama, então David passou por nós, sorriu e piscou para ela, sem se quer olhar na minha direção, ele parecia se quer perceber a minha presença, ele passou por ali, só para piscar para ela.

— Mas o que foi aquilo? — eu deixo sair sem pensar.

— O quê? — ela diz meio nervosa olhando ele ir.

— Ele piscou para você!

— Não piscou não. Você está vendo coisas.

— Ele passou na minha frente e não fez nada, isso atrai minha atenção, então eu vi, ele piscou para você Louise!

— Deve ter sido só para te provocar. — eu não aguentava mais, eu ia explodir!

— Eu ouvi umas historias que ele se ajoelhou aos seus pés e pediu desculpas na ultima aula de educação física. — ela fica em silêncio por alguns segundo, mas ela não olha para mim quando responde.

— Fofoqueiros! As pessoas dessa escola não têm mais o que fazer?

— Por que eu não fiquei sabendo disso por você?

— Porque eu sabia que você ia arrumar encrenca com ele.

— Eu nem sabia que você tinha aula de educação física junto com a turma dele! Não era para sermos melhores amigos? Não era para gente contar as coisas um paro outro? Eu não prometi que não faria nada?

— Liam, eu não contei nada disso porque eu sabia que você não iria gostar. E foi antes de você prometer. Ele nunca foi um incomodo nas aulas, nunca fez nada para mim, então não vi necessidade de arrumar confusão por causa disso, o que você faria afinal, me trocaria de turma para não ter aula com ele? Eu não sou a Ariane. E ele não seria idiota de se meter comigo.

— E aquela zoação com as cartas? — ela respira fundo e depois suspira. — Aquilo não é se meter com você? Ele ainda manda ou ele parou?

— É Liam. Ele parou!  — eu não acredito, ela mentiu para mim de novo, bem na minha frente, eu a encaro, o sinal do fim do intervalo toca e ela se levanta. — Eu tenho que ir para a minha sala! — ela começa a andar, mas se vira. — Ah eu vou ah biblioteca depois da aula, então não me espera!

— Você não ia passar o dia lá amanha? — ela gagueja um pouco.

— Também! — então sem dizer mais nenhuma palavra ela se vira e vai embora.

Depois que a aula acaba, eu fui correndo para a casa e quando chego me jogo no sofá e deito a cabeça no colo de minha mãe que falava animadamente com o vazio e leva um susto.

— Oi! Nossa, chegou rápido hoje!

— É! — ela afaga meus cabelos.

— O que houve?

— Estou perdendo minha melhor amiga mãe!

— O que você quer dizer? — conto a ela a historia, e ela me escuta em silêncio. — é o primeiro amor dela querido, e ela teve a falta de sorte de ser uma pessoa que você não gosta, imagine se ela não gostasse de Ariane, você estaria no lugar dela, pense por esse lado.

— Eu não mentiria para ela, mesmo que ela ficasse furiosa, eu não mentiria, ela escondeu e mentiu para mim coisas muito importantes. E ela não gosta dele.

— Será? Ela nunca gostou de ninguém, você não sabe como ela é quando está apaixonada.

— Ela não pode gostar dele mãe! Ele vai machucá-la e rir disso. Ele não serve para ela.

— Se isso for verdade, quando acontecer, ela terá que passar por isso sozinha, ela vai descobrir que você estava certo, e talvez te peça perdão. Você perdoará?

— Claro, ela ainda é minha melhor amiga apesar de tudo.

— Então você só pode deixar que as coisas aconteçam! —  eu me levanto.

— Mãe eu preciso de distração. Sabe o que iria me distrair? Não só eu a senhora também e o vô e vó. Ir à cachoeira. — Resolvo fazer da minha desculpa uma real distração, não vou aguentar passar o sábado todo pensando em Louise em algum lugar do distrito com David. — Faz tempo que não vamos, vai ser divertido!

— Claro! Nós podemos fazer uns sanduiches e arrumar uma cesta de piquenique e nós almoçamos nas pedras, podemos fazer competições para ver quem acha mais pedras azuis, e na água da cachoeira você entra, seu pai adorou a ideia. Será adorável!

— Será sim! Ain obrigado mãe! — eu digo e afundo o rosto em seus cabelos castanhos!

Meus avós não gostaram muito da ideia, disseram que a idade e a trilha de pedras não era uma boa. Mas minha avó e minha mãe estavam empenhadas e fazer comidas que pudéssemos levar para passar uma tarde divertida na cachoeira. Então de manha bem cedo eu me ofereci pra ir a feira comprar algumas frutas para levarmos. Com a claro intenção de ver Ariane. E como sempre lá estava ela na barraca de laranjas.

— Sem amoras dessa vez?

— Oi! — ela se vira sorrindo e me abraça. — Ainda não cheguei nela, mas eu vou. — pego uma sacola de coloco algumas laranjas também.

— Ainda sem nenhuma ajuda com as compras.

— É, certas coisas nem que a gente fale muito mudam. E dessa vez David ainda fez algumas exigências que ele não faz normalmente, ele acordou extremamente animado hoje, foi para a cozinha fez sanduiches e proibiu todos de chegarem perto de um deles. E me pediu laranjas frescas para fazer suco. Eu achei estranho, mas se trata do David, não tem muito que me espante quando se trata dele. — então ele já estava se preparando para o encontro. E parecia realmente animado com isso? Ai eu acho que eu vou vomitar. — Você está bem?

— Claro, só vim pegar algumas frutas, vamos fazer um passeio hoje. Minha mãe está animada, ou seja ela vai comer bastante. —  ela ri. — conversamos por mais um tempo enquanto pegamos as coisas.

— Eu acho que é só isso.

— Quer ajuda para levar?

— Ah não tudo bem, dessa vez eu só peguei as coisas que o David pediu e as minhas amoras. Não tem tanta coisa.

— Tem certeza?

— Se Louise estivesse aqui aposto que diria que você está me subestimando por ser garota! — eu rio, mas não consigo evitar não ficar um pouco abalado com uma citação e Louise. — Vocês estão bem? quer dizer aquelas coisas dela e do David, você não falou mais nada, mas ainda está...

— É ainda está! Tente arrancar alguma coisa do David sobre os planos dele para hoje e você vai entender?

— O quê? Os dois? Hoje?

— Pois é... não sei muito. Louise não me contou nada eu descobri!

— Nossa! Eu vou tentar arrancar alguma coisa dele. — nos despedimos e começo a ir embora, então um estalo em minha cabeça surge e eu me viro e a chama antes que a coragem vá embora.

— Ariane! — ela se vira. — você... Você não gostaria de vir com a gente no passeio? Vamos até a cachoeira!

— Ah não. é um passeio de família eu não quero atrapalhar!

— Não, não vai atrapalhar em nada. Meus avós não vão, então sou só eu e minha mãe e eu geralmente acabo ficando de velo porque minha mãe... você sabe. E tenho certeza de que ela adoraria mais companhia.

— Ah, na verdade eu adoraria ir. Não vou lá desde... Nossa muito tempo.

— Então combinado, nós vamos almoçar lá, então daqui algumas horas a gente passa na sua casa para te buscar. você vai ter problemas com seu pai ou David...

— Pelo vista David também tem os planos dele, e meu pai, tenho certeza de que eu posso ir e voltar e ele nem vai dar minha falta.

— Ótimo, então, até daqui a pouco!

— Até daqui a pouco! — ela diz e cora visivelmente. Então eu percebo por que. Eu acabei de chamá-la para um encontro. Passei tanto tempo querendo fazer isso, e quando faço surge naturalmente, tão fácil quanto respirar, ela acena e vai embora e eu fico ali parado por mais alguns segundos percebendo o que acabei de fazer. Eu chamei Ariane para sair. E ela aceitou! Tudo bem que teremos minha mãe junto, mas ainda assim é um encontro. Eu tenho um encontro com Ariane.

Minha mãe ficou animada quando eu disse que Ariane iria conosco, e minha avó cismou e não teria comida suficiente o que nos fez ficar mais um tempo na cozinha fazendo mais sanduiches. Quando era perto do meio dia nós saímos.

— Finalmente vamos conhecer nossa futura nora Finn, eu sei que nós já a conhecemos, mas quer dizer conhecer de verdade. Não se preocupe ele não tem vergonha da gente. Não vamos atrapalhar o encontro deles Finn, nós ficamos no nosso e eles no dele.

— Diga a ele para não se incomodar mãe. Vai ser tudo perfeito.

— Viu Finn, temos um menino de ouro, não há com que se preocupar.

Quando chegamos a vila de Ariane fico em duvida se devo ir até a casa dela ou esperar no portão da vila, mas como ela saberia que estamos aqui? Então eu vou até lá. Se David abrir a porta... Bom fico imaginando o que ele pensaria se ele tocasse a campainha de Louise e fosse eu a atender. Já o pai dela... Torço para que seja ela a atender. Minha mãe está mostrando ao meu pai as flores bonitas de Ari quando ela abre a porta sorrindo.

— Oi! —  ai esse sorriso, se ela soubesse o quanto me desconcentra ela não sorriria desse jeito, faço uma nota mental de antes de dormir desenhar somente esse sorriso.

— Ola! Mãe! —  eu a chamo e ela vem.

— Oi! Estava admirando seu jardim, Finnick adorou as Prímulas, nos fez lembrar uma pequena amiga.

— Obrigada! Eu também as adoro, são lindas e tem um cheiro maravilhoso! É muito bom revê-la Annie! —  ela diz e a abraça.

— Digo o mesmo.Fiquei muito feliz quando meu menino disse que você viria. Uma chance de finalmente conhecer a garota de que ele fala tanto!

— Mãe... — eu coro. E elas riem. — Podemos ir?         

— Claro! Vamos precisar de alguma coisa, toalhas ou algo do tipo, David fez realmente muita coisa, ele se preparou muito bem para o quer que ele pretenda fazer hoje.

— Bom, pelo peso dessa cesta eu arriscaria dizer que caso nos percamos estamos a solvo por alguns dias! Não precisamos de mais nada, só de você! — não pretendia dizer isso, mas fico feliz por ter dito, nunca a vi tão corada.

— Então podemos ir. — nós começamos a andar, minha mãe vai a frente conversando com meu pai e nós atrás.

— O que você disse ao seu pai?

— Ele estava dormindo em cima de alguns contratos quando eu sai, simplesmente disse, vou sair volto mais tarde. E ele murmurou alguma coisa. E o David, quando ele perguntou a onde eu ia, eu perguntei onde ele ia, ele disse sair e eu disse que iria sair também, eu perguntei com que ia, e ele disse com uma pessoa, e eu disse que ia com uma pessoa também, então ele percebeu que eu não diria nada se ele não falasse nada e foi embora.

— Bem diferente da Ariane que conheci algumas semanas atrás. —  ela ri.

— Verdade devo isso a você! E a Louise também.

— Disponha.

— Ariane será que você poderia me ajudar a plantar algumas flores pelo jardim? Finnick sempre tentou mas a água salgada não ajuda muito. Você acha que dá? —  minha mãe pergunta diminuindo o passo para nos acompanhar.

— Tem que ter mais cuidado com elas, mas acho que elas pegam sim. Claro que eu ajudo, posso levar algumas mudas minhas. Adoro seu quintal já sem flores. Quando elas nascerem vai ficar perfeito.

— ótimo. Ah imagina na primavera ver o sol nascer no meio das flores! Não será lindo Liam! Sabia que o Liam é sempre o primeiro a acordar, para ver o sol nascer na praia? Todos os dias! Sem nenhuma exceção.

— É mesmo? Que disposição. —  ela diz me encarando.

— você já viu? O sol nascer? Surgindo pelo meio do mar deixando a água laranja e o céu cor de rosa. É uma das coisas mais bonitas que eu já vi.

— Acho que deveríamos fazer uma festa do pijama, assim o Liam acordava todas para ver o sol nascer. Louise provavelmente não acordaria, mas ela adora festas, principalmente se tiver torta de amora!

— Está brincando? Eu amo amoras!

— Sério? Liam?

— Sim mãe?

— Devíamos ter feito nossa torta para trazer!

— Nem pensei nisso!

— Eu e Liam fazemos a melhor torta de amora do mundo! Palavras de Louise!

— Se ela disse então eu acredito!

— Falei sério sobre a festa do pijama! Você acha que poderia ir?

— Eu posso tentar um acordo! Seria divertido!

— Super divertido. O que você Finn! — então ela começa a andar mais rápido e volta para a nossa frente.

— Sua mãe é incrível.

— Ela está falando sério mesmo! Provavelmente já está programando tudo com meu pai ali na frente.

— Eu também falei sério, posso tentar um acordo.

— Ual seria um grande avanço, antes éramos basicamente proibidos de falar, e então um dia você dorme lá em casa —  ela ri e cora.

— É verdade. Mas pelo visto eu tenho uma coisa para chantagear David. É serio mesmo? Os dois estão saindo hoje?

— Sim, eu ouvi os dois conversando, ele implorou por uma chance de mostrar que está falando sério e ela deu.

— Ual! Sei que você vai odiar ouvir isso, mas ele está realmente e completamente ansioso para hoje. Quando sai ele estava polindo a moto. Não que ele não faça isso constantemente, mas eu conheço meu irmão, o jeito que ele estava polindo, parecia que tinha que ficar perfeito. — eu suspiro. — Desculpe. Mas e Louise como ela estava?

— Eu não sei, ela não me contou nada. Na verdade ela mentiu para mim, disse que passaria o dia na biblioteca para terminar o trabalho.

— Agora entendo sua irritação. Mas talvez eles tivessem um acordo, quer dizer David estava bastante empenhado em não me contar nada.

— Eles tem, mas eu sou o melhor amigo dela, achei que eu fosse exceção.

— você tem que deixar acontecer, talvez ela só não queria que você a culpe ou faça alguma coisa, talvez ela não queira que ninguém interfira. Talvez assim que acontecer ela te conte, mas antes...

— Eu entendi. Espero que você esteja certa.

Quando finalmente chegamos a cachoeira nos sentamos e arrumamos as coisas para o almoço, o dia estava perfeito, nenhuma nuvem, de chuva no céu o sol brilhava, a cachoeira estava linda como sempre com suas pedras beges, sua água cristalina, cheira de pedrinhas coloridas no fundo. Sentamos em uma grande pedra na beira para podermos colocar os pés na água enquanto comiamos. Minha mãe conversou bastante com Ariane, ela contou bastante coisa sobre mim também, e Ariane ouvia tudo atentamente enquanto me olhava e sorria. As duas pareciam velhas amigas de infância.

— Como você conheceu Finnick?                                                                           

— Ah. É uma bela história não Finn? Ele foi o meu herói. Ele estava pescando com uma rede, já tinha pego seus peixes e estava saindo, quando eu por algum motivo resolvi entrar na água, não me lembro porque eu senti que deveria, então eu fui, e veio uma onda e depois outra e eu comecei a me afogar, eu pedi ajuda,m e então os bracinhos de criança dele me seguraram e ele nadou comigo até a margem e disse: “está tudo bem, eu estou com você” então nós viramos amigos e um dia aconteceu. E ai ele foi sorteado e disse que venceria, que voltaria para mim, e ele venceu, ele voltou, e quando eu fui sorteada ele achou que fosse culpa dele, que ele tivesse feito alguma coisa que não devia, e prometeu fazer de tudo para me tirar de lá. Ele conseguiu, eu venci por causa dele. Ele foi o meu herói! Ele foi o meu herói! Foi! —  ela começa a falar daquele jeito de novo, o jeito de quando a lucidez a toma.

— Mãe! Que tal a competição de pedrinhas agora? Duvido que o papai ache mais que eu dessa vez! — ela sorri e se levanta. — Ouviu isso Finn, seu filho o desafiou!

— Hoje vai ser justo! Porque a senhora sempre o ajuda! Hoje eu tenho a Ari para me ajudar! Que a melhor dupla vença. — ela sorri animada então corre para a água e começa a chutar as pedras de cima para ver as de baixo. E eu puxo Ariane para vir comigo.

— Vem, eu desafiei os dois agora estamos fritos. —  ela ri.

— Como funciona isso?

— Está vendo que o fundo é cheio de pedrinhas coloridas? —  ela afirma —  tem dois tipos de pedras que são as mais difíceis de achar, as azuis e as verdes, que são quase igual vidro, quem achar mais delas ganha! Eu acho uma e mostro a ela a linda pedra azul quase translucida. Ela encara a pedra e percebo que são exatamente da cor dos olhos dela. Então nós dois cocemos a procurar.

— Desculpe, acho que não devia ter tocado naquele assunto!

— Tudo bem, ela adora contar aquela história, já ouvi milhares de vezes. Se você não tivesse perguntado ela teria trocado no assunto, é sempre assim, tem esses... momentos, eu já te contei sobre eles.

— Eu lembro.

— Está sendo estranho para você, essa experiência do meu pai invisível?

— Não, eu acho um pouco mágico, eu adoraria ter isso com a minha mãe.

— E eu com o meu pai.

— Não adianta sempre acabamos falando dos nossos pais!

— Verdade! Então, vamos falar sobre a gente, apesar de eu estar em desvantagem já que minha mãe acabou de contara metade da minha vida. Me conte sobre você.

— Sobre mim? Não tem muito o que saber sobre mim! Olha essa é exatamente a cor dos seus olhos! — ela diz me entregando uma pedra, fico surpreso por ela ter percebido, então tiro a primeira pedra que eu peguei e mostro a ela.

— E essa os seus! — eu mostro e ela afirma, eu devolvo a pedra verde a ela e voltamos a procurar, mas ainda estou pensando no fato dela ter percebido. — Conte-me curiosidades sobre você então...

— Hum... Curiosidades... Eu ainda vivo em um quarto de menininha, cheio de bichinhos de pelúcia. Eu digo que é culpa do meu pai, mas eu os adoro também. —  eu sorrio, disso eu já sabia mas não posso dizer.

— Mais.

— Mais? Não sei o que dizer. Eu gosto de romances antigos de séculos passados, os atuais me entediam! —  isso eu não sabia.

— Mais! —  eu rio.

— Ai... Não sei mais o que falar. Isso aqui é azul?

— Está mais para violeta! E acredite ela vai saber a diferença na hora de contar! —  ela ri e joga a pedra de volta na água.

— Não consigo achar mais nenhuma!

— Nem eu! Mãe! Acho que nós terminamos!

— Nós também, vem vamos contar. — colocamos todas as pedrinhas na toalha e começamos a contar. —  Empate cinco a cinco! —  ela diz desanimada.

— Espera... Está faltando... — Diz Ari enfiando a mão nos bolsos do short. — Aqui! Sabia que estava faltando a da cor dos olhos do Liam! Seis a cinco!

— ótimo trabalho! — eu digo e nós trocamos um toque e um abraço.—Finalmente um jogo justo!

— Tudo bem confesso! Foi justo! Admita Finn, seja um bom perdedor!

— E agora o que nós fazemos com elas? —  Ari pergunta.

— Eu sei que eu vou ficar com essa! —  eu digo pegando a pedra da cor dos olhos dela. Eu olho para ela e vejo um leve rubor em suas bochechas.

— E eu com essa! —  ela diz e pega a da cor dos meus olhos. Não consigo evitar uma palpitada mais forte no coração. Olho para minha mãe e ela está sorrindo para nós.

— Mãe, a senhora trouxe o seu fio? Aquele que a senhora usa para fazer os colares de concha?

— Sim! Está na cesta. Ótima ideia, ensine a ela a fazer o colar de pedra que seu pai me ensinou! E enquanto isso nós vamos nadar e devolver essas aqui para o lugar delas! —  ela diz pegando as pedras que sobraram e indo em direção a cascata da cachoeira.

— Vem eu vou te ensinar! —  pego o fia e entrego a ela, faço a primeira parte para ela ver, e depois ela tenta. —  Isso passe o fia pelo meio de a volta na ponta e puxe! Isso! Agora é só repetir no fio todo enrolando na pedra!

— Isso é complicado, sinto que ficará terrível!

— você pega o jeito! Que tal eu fazer a sua e você fazer a minha? —  ela afirma e nós trocamos as pedras. Olho para a minha mãe e percebo que ela está um pouco longe de mais. — Será que podemos fazer isso para lá. Não gosto de ficar tão longe assim dela quando ela está na água, ela diz que meu pai a salva se algo acontecer, mas...

— Eu entendi, claro, tem uma pedra grande ali na frente da cascata.—ficamos ali fazendo nós nos fios, enquanto observamos minha mão nadas com “meu pai” e com a cascata da cachoeira espirrando água em nós, o dia está perfeito, olho de relance para Ariane, ela morde o lábio inferior enquanto dá os nós, ela percebe meu olhar e o devolve corando e sorrindo.

— Está ficando horrível, não está?

— Não, você está indo bem.

— Não estou não, o seu está mil vezes melhor! — eu olho e não posso negar, mas eu tenho pratica de anos.

— Leva tempo para pegar prática, acho que dava eu já dava nós na corda da minha chupeta! Para uma iniciante você está indo muito bem.

— você só está sendo gentil!

— Não estou! Falo a verdade!

— você sempre é gentil, então não percebe quando está sendo!

— Tudo bem. Tentarei ser mais como o David! — ela ri. — Desculpe voltei a falar sobre ele.  

— Fico pensando... O que será que os dois estão fazendo...

— Ah não Ariane! Eu já havia esquecido! — e era verdade, desde que paramos de falar nos dois eu simplesmente esqueci que nesse momento os dois estão juntos em algum lugar do distrito.

— Desculpe. Mas não consigo tirar a imagem do David animado para um encontro, é tão... Nova.

— Podemos voltar a esquecer disso? Vamos nos concentrar nos colares. —  ela ri e volta a morder o lábio e fazer nós. Termino e fico olhando para ela mordendo o lábio e terminando de dar dos últimos nós, ela está tão bonita hoje. Não sou o tipo de pessoa que fica reparando no física das outros, por isso não liguei muito para o fato de estarmos com roupas de banho, o que me chamou a atenção foi que ela estava com o cabelo preso, quase nunca a vi de cabelo preso, e percebo que ela tem uma marca de nascença igual a de David no pescoço, lembro que David a tem porque já o zoei por causa disso, dizendo que parecia uma ameba. Eu sei, criancice, mas éramos crianças. Mas nela... me parece adorável.

— Acho que terminei! — então ela olha para o meu e para o dela. — Oh não. Você não vai usar essa porcaria!

— Claro que vou eu digo e pego da mão dela colocando em meu pescoço. — Eu achei bonito, só pelo fato de ser a cor dos seus olhos e por você ter feito! —  ela cora.

— Não é justo eu usar esse bonito que você fez e você usar esse treco!—eu rio  me inclino passando o colar pelo pescoço dela, ela parece surpresa com o gesto, quando deixo a pedra cair em seu pescoço percebo que estamos realmente perto. Ela olha para a pedra e sorri, então ela olha para mim e percebe a proximidade também, mas ela não se afasta, continua olhando fixamente para os meus olhos e sorri. — É realmente exatamente da cor dos seus olhos. Toda vez que eu olhar agora vou lembrar-me de você. — eu sorrio para ela também, então ela cora, e sinto meu próprio rosto queimar. Então minha mãe da um gritinho e ri.

— Finnick tem uma alga no meu pé! Tira! — ela levanta o pé e sacode então começa a rir. Eu sorrio.

— Então vamos entrar na água ou só ficar aqui? —  ela me pergunta, eu sorrio para ela e finjo que vou empurrá-la então ela mesma se joga e ri. A água da cachoeira é rasa, bate no máximo pouco acima do meu umbigo. O que já é muito mais do que eu entro no mar. O que me faz não ter medo de entrar aqui é a falta de ondas, de sal na água, de areia saindo de baixo dos meus pés e me deixando em um buraco. Aqui Sá há a água calma e cristalina, movimentada pelo impacto da queda da cachoeira, com pedras e algas imóveis no fundo. Mas o que realmente parece me fazer não ter medo, é a falta de ligação desse lugar com o meu pai! Não é o tipo de lugar que Finnick passaria horas e horas de todos os seus dias, talvez uma tarde ou outra como agora. Mas nunca um ritual! Ficamos ali boiando de um lado para o outro jogando água para cima, passando debaixo da queda d’água. O quando começa o sol da tarde a ir embora, ficamos ali boiando de costas, tentando adivinhar que formas as nuvens tinham.

— Adoro o jeito que o sol se põem atrás das nuvens as deixando com esse contorno alaranjado. Parece que alguém passou um giz de cera em volta da nuvem branquinha!

— você consegue desenhar isso?

— Não. Não sou bom com cores. Minha especialidade é o carvão. Meu padrinho que tem essa habilidade, ele consegue captar cada detalhe do por do sol com clareza. Eu tenho um quadro que ele me deu de aniversário uma vez, eu nem sabia que ele tinha me vista fazendo aquilo, é um ritual que eu tenho, acordar cedo e sentar na beira do mar para ver o sol nascer por entre as ondas. Ele desenhou, com uma perfeição que chega a tirar o fôlego. Você precisa ver!

— Eu adoraria! —  eu olho par ela, ela percebe e sorri para mim, ela tão bonita, não acredito que esse dia está acontecendo.

— Liam? Meus dedos estão enrugados! Finn está dizendo que estou parecendo minha mãe! Acho que ele só está arrumando motivo para ir embora. Você sabe que ele prefere o mar aberto!

— Claro! Está ficando tarde mesmo! Vamos deixar a Ari e então nós vamos! — estendo a mão para ajudar Ariane a sair da água, então arrumamos nossas coisas e partimos para a vila dela.

— Muito obrigado por ter me convidado, foi incrível. Não me divertia assim há muito tempo! Adorei passar o dia com vocês. Annie! — ela abraça minha mãe com força.

— Eu que adorei passar o dia com você, você é mais maravilhosa do que o Liam havia contado! Vamos fazer uma torta para você, e você pode aparecer lá em casa a hora que quiser!

— Vou sim, temos que dar um jeito naquele jardim até a primavera!

— Oh você vai mesmo?

— Claro que vou!

— Ouviu isso Finn? —  então ela se afasta e começa uma conversa com o vazio.

— Muito obrigada Liam!

— Eu que tenho que agradecer. Foi o melhor passeio que tivemos, ela adorou você, e eu amei a companhia, devíamos fazer isso mais vezes.

— Com certeza. — uma coragem repentina me atinge.

— Quem sabe... Talvez só nós! — ela sorri.

— Seria incrível! —  então ela se inclina e me abraça forte eu a abraço de volta quando nos soltamos ela olha para o colar. — Vai mesmo usar isso?

— Enquanto você usar o meu eu usarei o seu!

— Então você terá que usar essa coisa horrível por muito tempo!

— É o que eu pretendo! —  ela sorri e olha para o chão.

— Eu vou treinar! E quando eu ficar melhor eu refaço!

— Combinado então!

— Até depois Liam!

— Até! —  ela se despede de minha mãe e entra, e entes dela fechar porta eu consigo vê-la sorrindo para si mesma. Abraço minha mãe a partimos para nossa vila.

— você parece feliz!

— Eu estou! Eu estou muito mais que feliz! — eu repasso o dia em minha cabeça, e tudo o que eu quero fazer é contar para Louise! Então me lembro do encontro dela! Mas nada, nem isso, vai conseguir tirar a minha felicidade por hoje!

P.O.V.  Louise

Estou me arrumando para o encontro, palavras que eu nunca pensei que diria, eu realmente estou me arrumando para encontrar com o David.  Isso é Loucura, comecei a me arrepender assim que ele pulou  da minha janela.

Não sei o que vestir. O que se veste para dizer a um garoto: Isso não é um encontro, eu não gosto de você, e não estou nem um pouco feliz ou confortável em estar aqui? Quero ligar para o Liam e perguntar, mas não posso porque ele não sabe disso. Passei os últimos dias tentando não abrir a boca, não quero que ele faça com que eu me arrependa mais do que eu já estou arrependida.  Se ele souber é capaz de me seguir e ficar vigiando o encontro o que deixaria tudo ainda mais estranho, e acima de tudo eu não contei porque eu estou morrendo de vergonha, como eu contaria uma coisa dessas? “Hey Liam, vou ignorar o que combinamos e sair com o seu inimigo mortal, beijos na volta te conto como foi” sei lá, não me parece adequado.

Procuro em meu armário a coisa mais: dia de ficar em casa que eu poderia encontrar, um short jeans rasgado uma blusa de moletom e ainda prendo o cabelo em um rapo de cavalo, não passo nenhuma gota de maquiagem, nem perfume, nada que possa dizer que eu estivesse ansiosa para isso.

Será que o fato de eu estar me preparando tanto para não parecer que eu estou ansiosa me deixa ansiosa para isso? Por isso eu odeio esses assuntos, são confusos! Passei horas tentando descobrir um lugar que fosse longe o suficiente para que ninguém nos visse, longe o suficiente para que caso ele tivesse combinado para alguém nos seguir, esse alguém se cansaria, mas não tão longe a ponto de que se eu precisasse fugir não fosse tão complicado, e também e o mais importante, longe o suficiente da cachoeira. Não acredito que vou perder um dia na cachoeira.

Coloco meus tênis e então escuto uma buzina. Droga, ele tinha que ser tão barulhento. Vou até a janela e consigo vê-lo, ele da um aceno e eu faço sinal para que ele fique em silencio. Desço as escadas, minha mãe está na sala.

— Mãe eu vou sair!

— Tchau! — eu reviro os olhos, odeio isso, depois que ela soube do Breno parece que retrocedeu voltando à época em que ela soube da Aby, ela não se importa mais, fica lá sentada se lamentando, já perdi minhas esperanças de fazê-la entender que não importa o quanto ela se lamente ele não vai voltar. Então simplesmente saio. Quando chego ao portão ele está apoiado na moto, com o capacete pendurado no braço, o cabelo loiro molhado, uma mochila nas costas e as ridículas botas de couro que eu tanto odeio.

— Parece que alguém não avisou a mamãe que iria sair.

— Eu avisei que ia sair.

— Avisou que iria sair comigo?

— Ninguém precisa saber!

— Nós estamos sabendo então por mim tudo bem. Então vamos para onde? — eu o encaro, ainda não estou certa sobre isso. Ele revira os olhos — sua falta de confiança é inacabável, tudo bem então só diga o caminho. — ele joga o capacete para mim e eu o seguro.

— Espera, nós vamos de moto?

— É. Não sei onde é, não vou arriscar ficar andando eternamente quando eu posso usar minha moto. E eu também não posso deixá-la aqui já que sua mãe não sabe que estamos saindo e se alguém passar com certeza vão reconhecer, e vão se perguntar o que a moto do David está fazendo na calçada da Louise...

— Tá, já entendi! — eu digo e coloco o capacete.

— Só estou tentando seguir as suas orientações. Mas infelizmente não será possível ficar um metro de distancia na moto! — ele sorri, infelizmente, sei. Não me sinto nada confortável estando tão perto assim dele, e ele sorrindo desse jeito para mim não está ajudando, ele sobe na moto e tira a mochila. — você vai precisar levar isso aqui, se não você não terá espaço para sentar! — ele me estende a mochila e eu a encaro.

— O que tem ai?

— Algumas coisas básicas, como eu não sabia para onde íamos tive que variar! — eu o encaro desconfiada. — O quê? Não tem câmeras ou gravadores! — eu continuo o encarando. — Sério? Você continua achando que é uma brincadeira? Você quer revistar?

— Na verdade eu quero sim! — pego a mochila e a abro.

— Inacreditável! — ele murmura para si mesmo, e percebo um pouco de ofensa em sua voz. Ele só pode estar fingindo. Sanduiches, suco, balas e uma toalha de chão, nada de câmeras nem gravadores. — Pronto?

— Ainda não, eu quero o seu telefone! — ele me encara. — É serio eu quero o seu telefone.

— Sério, suas ofensas estão começando a machucar de verdade!

— Se você não me der seu telefone eu volto para dentro de casa e deixo você ai! — ele revira os olhos e tira o telefone do bolso e me entrega, eu o desligo e jogo dentro da bolsa.

— Pronto policial? Se você quiser me revistar também fique a vontade!—eu reviro os olhos, coloco a mochila nas costas e subo desajeitada na moto atrás dele, nunca andei de moto, não gosto dessa proximidade que somos obrigados a ficar. Ele dá a partida, mas continuamos parados. — Se você não se segurar assim que eu começar a andar você vai cair de costas no chão e esmagar todos os sanduiches.

— Eu estou segurando! — ele olha para trás e me vê segurando no micro espaço que fica entre o banco e o metal da moto e ri.

— você pode segurar em mim, não é um crime, não tem ninguém aqui, não vou fazer nada com você e você vai cair se continuar segurando ai!

— Só anda David! — ele da de ombros e começa a andar o tranco me joga para trás e só não caio porque agarro as costas da camisa dele, ele ri e para.

— Eu avisei! — ele coloca as mãos para trás pegando as minhas e as colocando em sua cintura. — Viu? Eu não sou envenenado, você não vai morrer se me tocar! Para onde?

— Reto até passar o bosque depois vira em uma trilha de terra.

— O que tem para lá?

— você vai ver quando chegar. Você pode ir agora? Eu não estou confortável nessa situação! — ele ri e da partida, seguro em sua cintura o menos que consigo, mas quando chega à trilha de terra, ela e íngreme e sou obrigada a quase dar a volta com os braços em sua barriga para não cair. Não falamos nada durante a viagem, apenas indicações de direções, demoramos cerca de vinte minutos até chegar ao inicio do rochedo. Descemos da moto e ele vai empurrando.

— você pode deixá-la em algum lugar por aqui no meio das plantas, não vem ninguém aqui ela está segura não se preocupe! — eu digo quando ele começa a praguejar sobre estragar o pneu da moto. Ele a deixa escondida atrás de uma moita e então continuamos subindo a pé.

— Por que nós viríamos aqui?

— Porque é longe, e aberto, então caso você tente alguma gracinha eu posso ver se tem pessoas escondidas, ou coisas, e se você tentar ser inadequado eu posso simplesmente te jogar daqui de cima que meus problemas estão acabados! — ele bufa e revira os olhos.

— Quase meia hora em um encontro e você continua achando que eu sou um canalha que está brincando com você.

— Eu vou continuar pensando isso o tempo todo! E isso não é um encontro eu fui chantageada para estar aqui lembra? Ou eu vinha ou você faria um inferno na minha vida. O que eu acho que vai acontecer mesmo eu tendo vindo.

— Eu sou um cara de palavra. Se você continuar achando que eu sou um babaca que está brincando com você no final do encontro, e sim isso é um encontro, eu vou te deixar em paz.

— Então por que tanto esforço? Eu poderia só te ignorar o dia inteiro e no final dizer que você ainda é um babaca!

— Eu vou acreditar que sua palavra é levada a sério! Como você mesma me disse! — eu reviro os olhos.

— É aqui! — eu digo e vou para a direita, o exato lugar, não mudou nada, se você só olha são apenas amontoados de rochas com algumas plantas, mas olhando ao todo, é um maravilhoso cenário, não sei porque o trouxe aqui, quando me perguntei onde seria, pensei em um lugar seguro, aberto, e longe de tudo, o rochedo foi o que me veio. — Dá para subir mais, mas não quero ficar tão longe do chão, e você provavelmente não quer ficar tão longe da sua moto! — ele revira os olhos de novo e pega a mochila de mim tirando a toalha e a forrando no chão ele se senta na ponta virado de costas para o mar e eu me sento da outra ponta o mais longe possível colocando a mochila entre nós.

— Então... Vai me contar como foi que você descobriu esse lugar?

— Meu pai costumava me trazer aqui quando eu era pequena. Antes de se separar da minha mãe, ele dizia que era o único lugar em que ele tinha uma noção de como o mundo é grande e de como somos tão pequenos em relação a ele, porque para lá tudo o que vemos é a extensão do mar, infinito aos olhos, e para o outro lado dá para ver o distrito inteiro, não daqui porque ainda tem um pedaço grande do rochedo, mas lá do topo.

— você vem muito aqui?

— Na verdade não. Essa é a primeira vez desde que ele se mudou!

— Viu tivemos uns minutos de conversa de encontro!

— Isso não é um encontro! — ele sorri.

— você se lembra das coisas que estavam nas cartas? Da pessoa que você conheceu lá?

— Então admite que era outra pessoa!

— Não, eu estou tentando te fazer ver que era a mesma pessoa. Eu a trouxe até aqui, concordei com todos os seus termos, fiz sanduiches e sucos. Não é algo que aquela pessoa faria?

— Na verdade seu esforço está me dizendo que você está se empenhando para parecer àquela pessoa.

— Eu sou assim, não estou atuando! Não tem como você saber quem eu sou só pelos momentos em que você separa as brigas no colégio. Aquilo não é nem um terço de mim, e você conheceu bastante de mim nas cartas. Então enquanto estamos aqui, tente me tratar como o cara das cartas. Apesar de seu esforço para dizer que isso não é um encontro isso é um encontro, então... sei lá. Faça perguntas que você gostaria de saber sobre o cara das cartas, já que é o que você sabe sobre mim. — eu nego com a cabeça. — Não quer saber nada? Sério, tudo bem então nós podemos ficar aqui nos encarando, o dia todo, eu não vejo problema nenhum, tenho uma vista boa daqui, daqui e daqui! — ele diz apontando para o mar os rochedos e para mim eu reviro os olhos.

— Isso! Como você consegue, se foi mesmo você que escreveu as cartas, ser sincero e gentil e agir daquele jeito no colégio?

— Eu sempre sou sincero. E eu sou gentil com quem merece ser, eu nunca fui particularmente grosso com você fui? —  eu tento pensar em algum momento, mas realmente não tem, ele realmente sempre agiu civilizado comigo. — Viu.

— Por que cartas? Por que você simplesmente não veio falar comigo, já que você parece não ter vergonha de nada levando em conta o seu showzinho no ginásio.

— Eu não tenho vergonha. Mas eu sabia que isso iria acontecer, você não iria querer me conhecer se eu simplesmente chegasse em você, você reagiria pior do que está agindo agora, essa sua reação não é tão ruim quanto seria sem as cartas, porque agora você me conhece um pouco e sabe como eu sou, mesmo que você se recuse a acreditar, no fundo você sabe que é verdade.  Se não você não estaria aqui, você jamais sairia com o cara que você pensava que eu era, com as cartas você conheceu uma outra parte daquele cara, a parte que fez você aceitar vir.

— você pode claramente ter mandado alguém escrever, como eu sei que foi você? E não me venha citando cada uma delas, porque decorar é fácil.

— Não tenho como provar para você que fui eu que escrevi. Mas com o tempo, conforme você for deixando de lado todo o pré-conceito e prestando atenção em mim, e não no que você pensou que soubesse sobre mim esses anos todos, você vai perceber que sou eu naquelas cartas.

— E como você espera que eu perceba isso?

— É exatamente o que eu estou tentando dizer. Você consegue? Esquecer a rixa que tenho com seu melhor amigo? Esquecer tudo aquilo que você acha que sabe sobre mim? Só hoje. Tentar me conhecer, conhecer o cara que você viu nas cartas? — ele me encara, seus olhos azuis tem uma luz de suplica, se ele está atuando então ele é muito bom ator, consigo ver que ele realmente está sendo sincero. E isso é... Estranho, porque começo a ver... O cara das cartas. — Seu silêncio, sua expressão pensativa e o jeito que está me olhando estão me dando esperanças! —  ele diz e sorri, um sorriso sincero e alegre, e eu não consigo saber se ele está falando a verdade ou atuando, e eu odeio isso, talvez se eu me concentrar em tentar arrancar dele quem ele realmente é, talvez eu o faça confessar que isso é uma farsa, ou me convencer que não é e que ele está sendo sincero.

— Tudo bem, mas eu não prometo nada! — ele sorri e me entrega uma garrafa de suco.

— Ótimo! Então vamos nos conhecer!

— Pensei que isso tudo fosse para que eu o conhecesse não o contrario! — eu digo e abro a garrafa, então um instinto interno me faz olhar o conteúdo por baixo e cheirar, será que tem alguma coisa aqui dentro? Ele bufa e pega a garrafa da minha mão e bebe um longo gole! Depois me devolve e me encara. — Tudo bem, desculpe, mas eu não prometi, não consigo ficar 100 % segura disso! —  eu digo então bebo.

— Sim esse encontro é para que você perceba que não é uma brincadeira, que eu realmente falei sério que eu realmente sou aquele cara e que eu realmente gosto de você! Mas eu também quero conhecer você, afinal é isso que as pessoas fazem em um encontro. — não consigo deixar de corar quando ele diz que gosta de mim, essa foi a primeira vez que eu ouvi isso, ler é bem diferente que ouvir, e o jeito como ele disse, olhando em meus olhos o tempo todo e ganhando um leve rubor nas bochechas, me passou uma certa... Ai meu Deus. Ele não pode estar falando a verdade! Se recomponha Louise, ele é o David! Mas... Quem é o David?

— Então tudo bem! Quem é você de verdade David? — ele sorri satisfeito.

— Pergunta difícil. Quem você acha que eu sou?

— Responder perguntas com perguntas é um claro sinal de quem está fugindo da resposta.

— Me diga quem você acha que eu sou e eu corrijo o que estiver errado. — eu o encaro. — Só fale Louise, é a sua chance de dizer tudo o que pensa sobre mim. Vai perder?

— Eu posso falar tudo o que eu penso sobre você a hora que eu quiser!

— Eu sei! Vai dizer que você não está querendo agora?

— você é um valentão que há nove anos colocou um garoto na sua mira para extravasar a sua raiva e continua com isso até hoje. Um irmão superprotetor que coloca Ariane em um pedestal muito alto e qualquer um que tente se aproximar você esmaga. É um menino inteligente apesar de desperdiçar toda essa esperteza bolando brincadeiras ridículas e se envolvendo em brigas que podem causar o impedimento da sua graduação. Mas no fundo é um garoto quebrado que usa para se esconder uma armadura de um menino durão com uma moto legal, um capacete e botas ridículas! — ele me encara nos olhos enquanto eu falo, levantando as sobrancelhas uma hora ou outra e rindo de algumas afirmações, mas quando eu digo sobre a bota ele as encara.

— O que tem de errado com minhas botas?

— Não sei, eu simplesmente as odeio. Sempre odiei!

— Bom, você realmente não tem medo de falar o que pensa, e isso é uma das coisas que eu admiro em você. É verdade que no começo eu simplesmente batia no Liam para extravasar a minha raiva, não nego isso, mas ás vezes as pessoas simplesmente não foram feitas para se darem bem, e mesmo quando eu tento, confesso que não é sempre que eu tento, eu simplesmente não consigo gostar dele. O fato dele viver atrás da minha irmã não ajuda. Ela é a única coisa que eu ainda tenho, a única coisa que é minha, eu tenho que protegê-la de pessoas como ele.

— Mas você não a protege somente dos garotos. Você a impede de ter uma vida, você manda e proíbe, diz o que quer que ela faça e o que não quer. Você é irmão dela não o dono. Ela não é de porcelana, não vai quebrar. Ela precisa viver a própria vida, ou você irá carregá-la eternamente nas costas? Você não vê que ela odeia ser tratada assim?

— você é uma garota forte, e destemida e sabe se virar. Ariane foi criada como a boneca da família, ela não é como você, se eu a deixar ir, ela vai se machucar!

— Ela é mais forte do que você imagina!

— Nós estamos perdendo o foco. Você me chamou de inteligente. Eu não esperava um elogio vindo de você!

— Eu digo a verdade, e você ouviu o resto ou só prestou atenção no elogio?

— Não acho que eu desperdice nada, afinal não é preciso muita inteligência para fazer brincadeiras. — eu reviro os olhos. — Mas você tem razão, talvez eu seja um garoto quebrado, mas eu não uso armadura, esse sou eu. E o fato de você ter visto uma qualidade no meio dos meus defeitos me da esperança de que você possa ver minhas outras qualidades!

— Que seriam? — ele pega um sanduiche da mochila e joga para mim.

— Eu faço ótimos sanduiches!

E então nós comemos em silencio por um tempo e tenho que admitir que eles estavam bons mesmo.

— Então... Quem você acha que eu sou? — eu pergunto e ele sorri.

— Acho que eu disse algumas coisas nas cartas!

— Eu quero ouvir. A verdade, sem os apelos românticos.

— Tudo bem: você é uma garota forte que não tem medo de dizer o que pensa, o tipo de pessoa que consegue resolver tudo conversando e quando não consegue sabe usar os punhos —  ele ri, e sou obrigada a sorrir com o comentário — o tipo de pessoa que defende aqueles com quem se importa, que cumpre sua palavra, uma menina extrovertida que não tem vergonha de agir como realmente é, que tem um amigo estranho e completamente o oposto de si. Mas, antes que você diga que eu estou apelando para o lado romântico... Pessoas quebradas tem o poder de reconhecer outras pessoas quebradas, e você é uma delas, o jeito que você falou do seu pai me faz acreditar que tenha algo a ver com ele, mas não vou fazer você falar assim como eu não vou falar da minha mãe, falar sobre os sentimentos tristes... Bom eu sou o gêmeo errado. — eu o observo e encontro uma certa melancolia em sua voz quando fala sobre a mãe.

— Eu falei com Ariane sobre as cartas, ela disse que seu pai usou esse truque com a sua mãe.

— Nós poderíamos deixar nossos pais longe desse encontro. É a sua vez de corrigir!

— Bom, você é incrivelmente perceptivo. Não tenho correções a fazer.—ele sorri. — mas teve uma coisa que meu pai fez antes de me quebrar que foi me ensinar a como sobreviver a isso, e a como me defender. Ele dizia que o mundo é um lugar perigoso, e que precisamos ser fortes e saber mostrar quem é que tem o controle. Foi por isso que ele me ensinou a usar os punhos!

— Eu que o diga. Toda a vez que coço meu nariz sou lembrado disso.

— Não exagera! Eu quebrei o seu nariz há nove anos, já deve estar cicatrizado.

— Aé? Então o que é isso? — ele se aproxima de mim e coça o nariz então eu ouço o barulho de cartilagem deslocando e voltando para o lugar e rio a primeira vez que rio assim com uma pessoa desconhecida, sou obrigada a colocar a mão para cobrir a boca da minha risada. Ele me encara e sorri. — consegui te fazer rir. Já é um bom sinal! — o jeito como ele me olha... Ninguém nunca me olhou assim. Não Louise! Você não vai cair nessa! Eu tiro a mão da boca e me levanto.

— Está ficando tarde, acho melhor voltarmos, não sei que tipo de pessoa vem para cá quando começa a escurecer! — ele não diz nada só guarda tudo e me segue até onde deixamos a moto. Dessa vez não êxito em colocar a mão em sua cintura, algo nesse encontro me deixou mais... a vontade perto dele.Ele para a moto em frente a minha casa e eu desço lhe entregando o capacete e a mochila e olho para suas botas horríveis. — Eu realmente odeio suas botas! —  ele ri.

— Desculpe querida, mas eu não vou parar de usá-las para te agradar!

— Se você fizesse isso ai sim eu perceberia que tudo isso é uma piada.

— Então é isso? Eu consegui fazer você ver que não é uma piada? —  ele pergunta esperançoso.

— Bom... Nada de ruim aconteceu hoje... Mas não posso dizer que confio em você, que acredito 100% nisso.

— E eu não esperava que fosse assim. Eu sei que é difícil de confiar em alguém que você não confiava antes. E eu vou esperar que você consiga confiar em mim. — eu o encaro, essa é a coisa exata que ela esperaria ouvir do garoto das cartas. — Então... Ainda acha que eu sou um babaca?

— É, eu ainda acho. Mas... Não como eu achava antes! — ele sorri vitorioso, consigo ver o brilho em seus olhos e isso me deu uma sensação esquisita!

— Isso é tudo o que eu precisava saber. — ele abre os braços me convidando para um abraço eu nego com a cabeça e levanto minha mão em punho, ele ri e trocamos um toque, então ele acelera e vai embora. E eu fico lá, reconhecendo o cara das cartas no cara em que eu acabei de conhecer!


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Notas finais do capítulo

E ai????
espero que tenham gostado, deu realmente muuuuuito trabalho, pensar em diálogos de primeiro encontro não é nada fácil!
já tenho mil ideias para o fim dessa fic, e tenho um pressentimento que decepcionarei muitas fãs dos finais felizes para sempre! Mas esse é o final que eu imaginei! (ok sem spoiler! ) em fim! até lá ainda tem muito o que acontecer. acho que essa fic terá 20 capitulos. talvez 15... não acho que talvez 15 seja pouco! não sei vai depender da minha disponibilidade esse ano. ultimo ano tem vestibular, tem cursinho... em fim. chega de falar!
Espero mesmo que tenham gostado, comentem!!!!
beijos e até.... algum dia! espero que próximo!