O Herdeiro de Odair escrita por Bru Semitribrugente


Capítulo 6
Louise está com problemas


Notas iniciais do capítulo

ola pessoas.
como sempre eu estou atrasa.
prometi postar tem o quê? Um mês?
me desculpem, eu realmente ia postar na semana do ano novo, mas eu não contava com um imprevisto. eu estou sem computador.
e quem escreve sabe como é um inferno escrever pelo celular. então eu sequestrava o computador de um e de outro e escrevia quando podia.
demorou, mas o capitulo está ai. e grande por sinal.
espero que vocês gostem. esse capitulo vai para a Mah Prior Everdeen que fez uma linda recomendação para a fic, obrigada de novo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/608213/chapter/6

O toque do telefone me acorda, levanto ainda meio dormindo e derrubo minha prancheta com a cópia do desenho que dei para Ariane ainda inacabada que eu estava fazendo antes de pegar no sono. Olho para o relógio falta cinco minutos para o meu horário habitual de acordar, esfrego o rosto e atendo o telefone.

— Alô?

— Consegui te acordar? — a conhecida voz pergunta.

— Sim Louise!

— Aleluia!

— Serio que você acordou as cinco e vinte da manha para me acordar antes que eu acordasse sozinho?

— Não se ache tão importante assim Liam, eu acordei às cinco horas, mas não foi para te acordar. Estou ligando para te avisar que o meu trem sai às seis horas, como você disse que iria comigo até a estação achei que gostaria de saber.

— Sim, e também eu gostaria de saber um pouco antes. Por que não me ligou ontem à noite? E se não der tempo? — eu digo começando a me vestir rápido.

— Relaxa Liam, claro que dá tempo o fato de o trem ser às seis horas não quer dizer que ele sairá às seis. E eu ia te ligar ontem, mas eu passei metade da noite terminando aquele trabalho estava exausta e fui dormir sem pensar em mais nada. Ainda estou terminando de arrumar a mala.

— Tudo bem, eu estou indo para aí.

— Ok! — então ela desliga e eu termino de me arrumar. Prendo o desenho de Ariane na minha parede juntos com todos os outros desenhos que eu já fiz e vou até o quarto de minha mãe, que dorme tranquilamente com o braço jogado no lado direito da cama, como se abraçasse alguém que está ali. E tenho certeza que é exatamente isso que ela está fazendo, tiro o emaranhado de cabelos castanhos de seus olhos e beijo sua testa, ela se meche, mas como sempre, não acorda, eu saio e vou até o quarto dos meus avós, os dois ainda estão dormindo, meu avô como de costume tem um livro aberto na mão e o abajur do seu lado está aceso, eu o apago e beijo a testa de minha avó então saio.

O sol está começando a nascer e só consigo pensar que se Ariane gostou de ver o sol se por do meu quintal, ela iria adorar mais ainda vê-lo nascer. Quando chego à casa de Lou ela está saindo carregando a mochila.

— Sua mãe não vai?

— Eu disse o horário do trem ontem, ela não levantou, então suponho que não, eu não vou esperar.

— Sem mala dessa vez?— eu pergunto enquanto começamos a andar em direção à estação de trem.

— Sendo que é só um final de semana e que dependendo do clima dentro daquela casa eu posso voltar no máximo amanha de manha, então eu não vi necessidade de carregar uma mala. Aby terá que  divertir-se com outra coisa que não seja minhas roupas dessa vez.

— Ela ainda faz desfile com as suas roupas?

— Toda a vez que eu vou lá. Acho que esse fato e o de que ela meio que roubou meu pai são os únicos fatos que eu posso considerar para odiá-la, pena que eles não são exatamente... Consideráveis.

— Acha que essa coisa que está rolando tem a ver com ela?

— Ela tem oito anos, o que pode aprontar que cause a discórdia entre meus pais e a madrasta não tão má?

— Vai saber.

— Não acho que tenha a ver com ela, ela é muito doce para aprontar qualquer coisa desse tamanho. Mas realmente estou apostando que não é nada importante e que todos estão fazendo tempestade em copo d’água. Em fim não quero falar da família perfeita, me conta como foi ontem? —  conto à ela das conversas que tivemos enquanto terminávamos o trabalho no quintal, que ficou muito bom por sinal, conto dela falando que adorava minha casa, do desenho e da nossa conversa.

— Sério? Eu falei para vocês fazerem alguma coisa interessante para ter o que me contar que você só me conta isso.

— Foi o que aconteceu, desculpe desapontá-la, mas eu estou mais que satisfeito, acho que agora nós somos realmente amigos.

— Que grande avanço, saiu da frindzone e caiu diretamente na amizade.

— Não é assim, ates eu se quer era amigo dela então eu não podia estar na Frindzone, agora pelo menos eu posso subir de nível e ser mais que amigo

— E que conversa foi aquela? Sério? Assunto meio ruim para quem está tentando conquistar a garota.

— Eu não estava tentando conquistá-la naquele momento específico, e eu acho que foi bom, para nós dois falarmos daquilo, é algo que temos em comum e que acabaria virando assunto uma hora ou outra. E eu realmente me senti melhor depois de ter contado para ela tudo aquilo. E eu ainda pude ficar olhando para ela durante vários minutos sem ter que me preocupar com o que ela pensaria ou com o que qualquer um pensaria. E ainda consegui mais um desenho para a coleção.

— Uau, mais um, sua parede tem mais desenhos dela do que de qualquer outra coisa.

— Não tenho culpa se alguém não consegue ficar parada para que eu possa desenhar!

— Fala sério, você passa meia hora só para desenhar o meu cabelo, não dá para ficar todo esse tempo sem se mexer.

— Ninguém manda ter cabelo cacheado.

— Ah tudo bem, vou alisar só para ficar mais fácil para você me empatar com a Ariane na sua parede.  —  eu rio. Era incrível como a conversa com Louise fluía facilmente.

— Ok. E como está o trabalho conseguiu terminar?

— É... Mais ou menos. Toby foi lá em casa ontem e nós conseguimos um bom material.

— O Toby foi à sua casa?

— O quê? Surpreso por não ser mais o único garoto que foi lá? —  ela ri. —  Não se preocupe Liam, você continua sendo meu melhor amigo.

— Não estou preocupado com isso, é só que é entranho. Vocês se conhecem tão pouco...

— Ariane também foi à sua casa, e se você disser que é diferente porque você é um menino e ela que foi na sua casa e não um garoto entrando na minha torre protegida eu vou te socar agora mesmo.

— Claro que não, não é isso, é que é diferente porque Ariane e eu... sei lá, nos mesmo que não tão diretamente temos uma historia, meio que nos conhecemos. Mas você e o Toby...

— Ai não vou nem comentar o quanto isso é ridículo, não sei se você se lembra mas ele foi meu parceiro de laboratório na oitava serie. Nós meio que nos conhecemos também. Em fim, começou a ficar bem tarde ai ele disse que montaria o resto da apresentação e que eu não precisava me preocupar, que era para eu ir ver a família perfeita. Ele foi super legal. E depois eu apaguei.

— Huuum, estou pressentindo alguma coisa ai?

— Ah sei lá, ele até que é bonitinho! — ela diz, eu a encaro.

— Sério? 

— Claro que não né Liam, por favor, eu tenho coisas melhores para fazer.

— Aham sei!

— Onde viemos parar, uma garota não pode nem ter um parceiro de trabalho do sexo oposto que os dois vão se casar ter três filhos e um cachorro chamado Rex. Preocupe-se com a sua vida amorosa que eu estou muito bem sem nenhuma!

— Se você diz.

— Eu digo sim! Da próxima vez que vocês conversarem vê se fala de coisas mais alegres. Vai acabar deixando a menina triste.

— Parece que alguém não odeia mais a srt. Perfeita.

— Eu nunca disse que a odiava, só a achava superficial. Sabe aquela coisa que as pessoas tem chamada pré-conceito, eu admito que eu tive isso por ela durante muito tempo, mas depois que eu percebi que a vida dela era uma bagunça tanto quanto a nossa eu apaguei esse conceito que eu tinha dela.

— Own você está se enturmando com ela! —  eu digo a abraçando e bagunçando seu cabelo.

— Ai Liam! —  ela me empurra e coloca o cabelo no lugar. — O que não fazemos pelos amigos não é, quando vocês começarem a namorar se eu ainda pensar daquele jeito seria um inferno, para nós três. E ela não é tão... superficial como eu imaginava. Pronto está feliz agora?

— Estou mais que feliz, sabia que ela superadmira você? — ela me olha confusa — sua capacidade de fazer o que quer, falar o que quer, ser o que quer, sem se preocupar com o que os outros vão pensar. Ela gosta disso em você!

— Bem eu gosto... Quando eu descobrir alguma coisa melhor que o jardim dela eu digo o que eu gosto nela! —  eu rio. Chegamos à estação cinco minutos antes do previsto para a saída e ainda conseguimos nos despedir.

— Quando chegar lá avisa. —  eu a abraço.

— Tudo bem! Quando vir a Ariane fale de coisas felizes!

— Tudo bem! Vai me ligar para contar a noticia tão perturbadora não vai?

— Ah não sei não, acho que vou fazer suspense até segunda! —  ela diz e começa a entrar no trem. 

— Serio Louise?

— Supersério! —  ela diz então entra. Louise não é do tipo que dá vários tchaus, ou que fica olhando da janela até ficarmos impossíveis de ver, ela se despede e vai, mas eu sou desse tipo, então fico na estação até o trem ser um pontinho cinza bem distante.

(...)

Ao invés de voltar para a casa pelo caminho normal faço um contorno e entro na praia, não tem como se perder, com o sol ainda nascendo eu só preciso ir em direção a ele, caminho na água até onde as ondas conseguem cobrir meus tornozelos, e caminho colhendo algumas conchas que sei que minha mãe irá se interessar, nossa casa possui uma grande coleção de conchas espalhadas pelos assoalhos, batentes cômodas, basicamente qualquer lugar que se posso apoiar algo sem que caia no chão, em minha casa possui algumas conchas, gosto de manter isso por ser um costume de minha mãe, não algo que a faça lembrar-se do meu pai, mas algo que ela mesma antes de conhecê-lo já fazia.

Depois que chego faço o café da manha e conforme todos vão acordando nós comemos, começo a ajudar minha avó com o almoço, e ela dá falta de algumas coisas, então eu me ofereço para ir à feira dos sábados de manha. Confesso que mais pensando se poderia ver Ariane que realmente querendo ser um bom neto.

Enquanto caminho, faço uma lista mental de tudo o que preciso da feira, cebolas, alho, alguns legumes, encontrar Ariane, quer dizer encontrá-la seria um bônus, mas eu daria prioridade para as coisas que precisava comprar, tenho mania de me distrair quando a vejo. Mas não consigo evitar uma rápida busca pelas barracas quando chego à feira, mas não encontro os cabelos loiros. Começo a pegar as coisas que preciso, de repente sinto uma aproximação.

— Bom dia Liam! — eu me viro e lá está.

— Bom dia Ariane! Sempre pontual! — eu deixo escapar, mas ela apenas ri, acho que não sou o único que venho a feira sempre nos mesmo dias nos mesmo horários com o intuito de encontrar pessoas.

— Culpa do David, ele resolve fazer as dietas esquisitas dele e não se digna nem a acordar cedo e vir à feira antes que todas as coisas boas acabem, então eu venho.

— Mais uma coisa que acaba sobrando para você! —  caminho para uma outra barraca e ela me acompanha.

— É, mas eu acabo entrando nessas dietas dele também, e eu gosto de vir, caminhar, pensar, conversar com os comerciantes, encontrar pessoas! —  ela me da um empurrãozinho de leve, eu sorrio, e continuo pegando as coisas que preciso, tenho que manter o foco, apesar de nem estar prestando atenção no que estou fazendo direito. — Por isso eu venho, não só por ele. Mas sim também é por ele.

— Ele ainda está te ignorando?

— Não, não tem como, somos só nós naquela casa, nunca conseguimos ficar sem nos falar, mesmo sem perceber a gente acaba conversando, ontem quando eu cheguei ele perguntou onde eu estava, eu disse que estava com você e ele só bufou e disse “legal” daquele jeito iônico dele, mas minutos depois estávamos conversando e rindo sobre algo que eu já nem lembro mais o que era, coisas de irmão, é sempre assim. Briga e faz as pazes sem nem perceber.

— Pelo menos com você!

— Eu realmente gostaria que fosse assim com você também.

— Não acho muito provável! —  pego as ultimas batatas e pago. — Bom você me acompanhou a feira todo, então o mínimo que posso fazer a levá-la para casa!

— Ah não precisa, não vou atrapalhar sua manha de sábado.

— Nem tente recusar, anda me dá umas sacolas você comprou a feira toda? —  ela dá de ombros, e ficamos ali mais alguns minutos decidindo quem levaria o que e se era mesmo necessário que eu fosse com ela. Mas em fim eu a convenço e nós começamos a andar em direção a sua casa. Dou uma rápida lembrada em tudo o que falamos para achar algum assunto, então percebo que falamos só sobre o David, e a voz de Louise enche minha mente de novo. — Já percebeu que nós sempre acabamos falando sobre o David, ou nossos pais, ou coisas tristes? —  ela ri e encara o chão.

— Verdade, parece que nós atraímos assuntos ruins.

— Ainda temos tempo de mudar isso!

— Ok então... Não podemos falar sobre o David.

— Não!

— E isso inclui a Louise também?

— Também! Ela não gosta de ser o centro das atenções mesmo. —  eu digo com voz irônica e ela ri.

— Nem dos nossos pais!

— PPodemos falar deles, mas só coisas felizes.

— Certo, então sobre o que nós devemos falar? —  eu penso por alguns segundos, para que pareça que estou confuso, mas eu tenha certeza do que eu quero conversar com ela.

— Que tal sobre nós? —  ela me encara confusa.

—O que você quer dizer?

— Sobre nós dois, quero dizer... – então percebo como aquilo deve ter saído para ela, bom eu também adoraria conversar sobre isso, mas não acho que seja a hora, ainda não! —  Sobre nós mesmos. Tudo o que eu sei sobre você é o que eu ouvi por ai, não sei se com você também acontece isso, mas eu me sinto perdido, principalmente agora que começamos a ser amigo! — “amigos” faço as aspas na palavra discretamente com meus dedos que seguram as sacolas.

— Ah! Entendi, é verdade, apesar de sentir que te conheço desde sempre não sei mesmo nada sobre você, não sobre sua família, Louise, ou essas coisas, sobre você mesmo, eu só sei que você desenha muito bem.

— Já estou em desvantagem então! — minto, sei alguns fatos sobre ela, como ela gostar de jardinagem, ter vergonha de que as pessoas falem dela ou a encarem por muito tempo... poderia ficar listando mais alguns fatos, mas eu quero saber diretamente dela.

— Sobre nós mesmos? Nossa não sei nem por onde devemos começar. O que devemos contar?

— Hum... Que tal tudo? — ela ri, então percebo que chegamos à sua rua, da praça até aqui não tem como dar a volta pelo campo e fazer o caminho maior, então chegamos mais rápido.  — Parece que não tivemos tanto tempo afinal. — eu aponto para sua casa e só então ela parece perceber também.

— Bom, nós sempre podemos prolongar uma conversa dando mais uma volta no quarteirão! —  ela diz e percebo seu rosto corando. Eu sorrio, mas quando estou prestes a dizer que é uma ótima ideia alguém a chama.

— Ari! — olhamos para trás e vemos o pai dela, vindo até nós correndo com roupa esportiva —  Achou outro animalzinho perdido na rua? Desculpe querida, mas não podemos ficar com ele. —  ele diz sorrindo então chega perto de nós e quando penso que irá parar ele desvia e continua correndo de costas em direção à casa. Se ele não estivesse sorrindo, eu acharia que era uma ofensa mas olho para Ariane e os dois estão sorrindo. Essa é a primeira vez que o vejo tão perto.

— Ah! Tudo bem pai! Vou devolver onde eu achei, mas se ele morrer a culpa é sua! —  ela grita de volta, ele sorri.

— Não demore! —  então ele se vira e continua correndo sem olhar para trás e entra em casa. Eu a encaro sorrindo.

— Desculpe! É uma piada nossa, quando eu era menor costumava trazer para casa qualquer coisa que se mexesse e estivesse sozinha na rua, qualquer coisa mesmo.

— Pelo menos ele está de bom humor.

— Deve ter boa noticias do trabalho. Desculpe eu tenho que ir. Mas aquela conversa sobre nós mesmos...

— Dá próxima vez que nos falarmos já temos um assunto.

— Com certeza!  — nós separamos as sacolas e nos despedimos. — Obrigada Liam! — ela se aproxima e me abraça depois da um beijo de despedida no meu rosto, eu me sinto corar, e acho que ela percebe porque se afasta de costas sorrindo um pouco corada também dá mais um tchau com um aceno e vai para casa. E eu vou para a minha ainda sentindo a sensação dos lábios dela em meu rosto.

(...)

Passei o final de semana sem noticias de Louise, então o assunto não deveria ser importante mesmo.

Segunda estava indo para o colégio quando vi as ondas vermelhas andando alguns metros a frente, eu a chamo, mas ela não ouve, dou uma corrida e a alcanço.

— Louise! — toco em seu ombro então vejo que ela estava de fone.

— Oi! —  ela diz meio seca, sem sorrir nem nada.

— Eu passei na sua casa e sua mãe disse que você já tinha indo. —  ela continua a andar e eu a sigo. — você não ligou no final de semana, sabia que você iria me deixar curioso quanto à novidade, mas nem para me avisar que ainda estava viva?

— Desculpe eu esqueci.

— Então...

— Então o que?

—A novidade Louise, eu achei que não era nada importante por isso não ligou e ficou lá até ontem à noite, mas do jeito que você está parece que foi algo. — ela suspira. — Louise, você sabe que pode me contar qualquer coisa não é, eu vou ajudar além do que for possível. — ela me encara, não vejo raiva, nem angustia nem tristeza em seus olhos, só nada, um grande vazio.

— Ela está grávida! Ele vai ter mais um filho!

— O quê?

—É. Marina está grávida! — ela a chamou de Marina, ela nunca a chama assim, sempre foi a Madrasta não tão má, desde que elas foram apresentadas. — Cinco meses. Disseram que foi uma “grande surpresa!” —  ela diz colocando aspas com os dedos — que eles não esperavam, e que eles não teriam percebido nada se não fosse por um exame de rotina, fala sério, tudo bem que ela não está com barriga nem nada, quer dizer, nada que dê para se notar, mas quem fica atrasada por cinco meses e acha que não é nada? Da ultima vez que eu fui lá eu ate notei que ela estava meio inchada, mas eu não tenho nada a ver com a dieta dela, então eu não liguei, mas ela não ta gorda, ela ta grávida. Eles fizeram um super procedimento e já sabem até o sexo. —  eu a encaro, ela está jogando as informações, ela parece bem irritada, não vejo isso com tanta frequência, pelo menos não com relação a família, ela sempre foi meio indiferente nesse quesito, mas agora parece que algo a atingiu e ela não gostou nada.— é, eles já sabem, é um menino, e eles já escolheram o nome! Breno. Um pouco de agilidade demais para uma “grande surpresa” não acha?

— Meu Deus! E você ficou lá o fim de semana todo, mesmo estando com raiva?

— Eu não estou com raiva, só estou chocada, quer dizer, se ele quer ter outro filho tudo bem, a vida é dele, mas ele já tem quase 50 anos, e ela já não é tão nova assim também, eu nem sabia que ainda era fisicamente possível eles terem um filho, e ainda tem a Aby, não é um pouco tarde para ter um irmão? Eu fiquei lá mais por ela, ela não está tão feliz com essa história, e eles ainda estão mentindo com essa coisa de “grande surpresa” ela disse que os ouviu conversando uns meses atrás sobre aumentar a família, mas ela achou que eles estivessem falando de comprar um cachorro ou algo do tipo, parece que a Marina está se sentindo sozinha agora que a Aby está indo para o fundamental, que ela quer companhia e se sentir necessária de novo, faria muito mais sentido para arrumar um cachorro. 

— Uau, parece que sua mãe tinha razão afinal. O que ela disse quando você voltou?

— Um grande número de nadas! Ela só riu e disse “eu te avisei” —  ela diz com cara de nojo. — Fala sério, ela está agindo coma uma adolescente, e isso faz com que eu não possa agir como uma adolescente, e eu tive que passar a noite toda com a Aby, porque o meu quarto está em reforma, porque já que eu não fico lá sempre eles vão usar o quarto para o Breno, e eu não me importo de dormir com ela, mas eu passei a noite falando que ela não estava sendo trocada quando eu não sei se isso é mesmo verdade, mas ela é nova demais, pelo menos o filho ainda é da mãe dela, ela é tão frágil, imagina se ele tivesse feito o que ele fez comigo, ela não iria aguentar.

— Hey não fica assim, vai ficar tudo bem. Lembra de quando a Aby nasceu, você tinha certeza que iria odiá-la, mas vocês se dão super bem agora.

— Eu não odeio o Breno, eu só estou... nem sei mais o que eu estou. Eu só achei que agora pudesse dar certo, eu e eles como uma família, estava acostumada a essa situação, e agora eu não tenho mais isso também.

— Vai dar tudo certo! Você vai ver.

— você não tem como saber isso! — chegamos ao colégio e ela entra — eu tenho que achar o Toby e ver se está tudo certo com o trabalho, com essa história toda eu esqueci de ligar para ele para oferecer ajuda a distância, a gente se vê na sala ok?

— Ok! Louise! — ela não se vira, acho que é porque ela sabe que eu iria falar que vai ficar tudo bem. Sinto-me com 10 anos de novo, Aby ainda é um feto e Louise está sendo mais forte do que todos esperam e não se importando com isso. Mas dessa vez parece que ela está se importando um pouco mais, acho que pelo fato de ser a segunda vez, estava tudo tão bem, as visitas estavam regulares os quatro estavam se dando bem, Aby a idolatrava como irmã mais velha, e agora, bum, uma bola de demolição arrebenta tudo, não sei o que falar, e isso é horrível, dei conselhos ótimos para Ariane, mas não consigo falar algo diferente de “vai ficar tudo bem” para a minha melhor amiga! Qual é o meu problema? O sinal toca, hora de apresentar o trabalho.

(...)

A apresentação foi incrível, conseguimos manter a nossa nota máxima, mas não consegui tirar os olhos de Louise, ela não parecia mais que ia explodir, ela parecia a Lou de sempre prestes a explodir por qualquer motivo, não apenas um específico. Ainda não conseguia pensar em nada inteligente que realmente fosse ajudá-la, estava me sentindo o pior melhor amigo de todos, talvez Toby tenha dito algo a ela que foi realmente útil e por isso ela melhorou, ou dois estão cochichando baixinho enquanto uma dupla apresenta.

— Está tudo bem Liam? — Ariane cochicha.

— É. Comigo sim, mas Louise está com problemas e eu não sei o que fazer para ajudar, quer dizer, para ajudar não tem nada que se possa fazer, mas eu queria dizer alguma coisa, que realmente a ajudasse. E eu não sei o que dizer. — nem hesitei em contar simplesmente fluiu.

— Ela está com problemas? Que tipo de problemas?

— Família.

— você dá conselhos maravilhosos, principalmente sobre a família, você vai encontrar alguma coisa para dizer a ela. você me ajudou muito. — É eu sei, e isso que é terrível, eu consigo ajudar a garota que eu gosto, mas não minha melhor amiga!

Os professores passaram um novo trabalho, dessa vez, já que já havíamos nos conheci um pouco pessoalmente agora deveríamos conhecer um pouco da escrita, então cada um pesquisaria sobre algo relacionado ao distrito, e no dia seguinte trocaríamos com alguém, e continuaríamos a pesquisa da pessoa ate o dia seguinte quando trocaríamos de novo com outra pessoa, assim, cada pesquisa deveria passar por pelo menos cinco pessoas, e a pesquisa que ficasse com você na sexta feira deveria ser terminada no final de semana e apresentada na segunda. Então eu comecei minha pesquisa e combinei com Ariane de que no dia seguinte trocaríamos. Então as amigas dela a chamaram para passar o intervalo e nos despedimos com um beijo no rosto, um simples encostar de bochechas, que me fez ficar vermelho pelos próximos 10 segundos quando eu vi Louise se despedindo de Toby sorrindo e desci até lá.

— Hey.  Oi Toby.

— Ola! A gente se vê. —  eles se despedem com um beijo na bochecha também, mas nenhum deles parece constrangido com isso, parece que isso é uma coisa só minha. Ele se despede de mim com um aceno e vai embora.

— você está bem?

— Claro! Por que eu não estaria? Tenho uma ideia incrível para a minha pesquisa, queria que ela voltasse para mim na sexta para apresentá-la. — ela diz enquanto saímos da sala em direção aos armários.

— Eu quis dizer em relação ao seu pai e tudo mais.

— É, eu já tive o meu único momento de surto que eu me permito ter, não tem muito o que eu possa fazer, nem você, nem ninguém, ela vai viver a vida dele feliz lá, e eu vou viver a minha aqui, como de costume. Qual é, é o meu ultimo ano, você acha que eu vou me deixar ficar deprimida porque meu pai resolveu aumentar a família feliz? Não obrigada. Pode tirar essa cara de preocupação do rosto, eu estou bem, eu juro, e você sabe....

— você leva sua palavra a sério!

— Exatamente, Falando em levar sua palavra a sério, vamos logo antes que o David apareça por ai. Faltam só nove meses! você não vai aprontar agora. —  ela diz e me puxa para ao gramado. — Então, vai trocar sua pesquisa com quem amanha? —  eu a encaro. — Ah claro. Não sei nem porque eu perguntei.

— Desculpe. Eu disse que o próximo trabalho nós faríamos juntos.

— Não, tudo bem, quer dizer, a gente nem faria junto, e ainda podemos trocar os trabalhos na quarta, mesmo não sendo mais os nossos.

— E você vai trocar com o Toby?

— Aham!

— Ele te ajudou com essa coisa da família perfeita?

— É ele disse algumas coisas, mas sério, não é nada, eu fiquei bem logo depois da crise de adolescente de hoje de manha. Se nós falássemos nisso o menos possível eu iria agradecer muito.

— Tudo bem.

(...)

No final da aula quando fomos liberados fui até o armário de Louise para encontrá-la e de longe a vi rindo para o armário um pouco corada. Eu me aproximo e ela continua rindo para o armário, e ela não me percebe.

— Oi?

— UI! — ela se assusta — Oi! — ela diz rindo. — Eu não vi você chegando—  ela guarda os livros no armário e o fecha, mas eu não vejo nada que possa ter causada a crise de riso.

— O que tinha de engraçado no seu armário?

— O quê? Ah não, eu só estava lembrando de uma piada que a professora de matemática fez. Vamos? — então nós saímos, mas ela continua corada por um tempo sorrindo.

(...)

Passei a semana toda tentando saber se Louise estava realmente bem, sua distração estava presente o tempo todo, muitas vezes ela ficava aérea, mas quando perguntávamos se estava tudo bem ela agia normalmente, alguém que não a conhecesse diria que está tudo normal com ela, mas eu a conheço bem, e sei que não está. Ariane acha que é o jeito dela de lidar com essa situação, sim nós continuamos conversando, agora com o trabalho diferente não ficamos mais tanto tempo juntos, mas ela ainda conversa comigo sempre que pode, ela passou o intervalo comigo e Lou, na quarta feira, estou adorando isso, estamos cada vez mais próximos.

Sexta feira depois da aula enquanto voltávamos para a casa, eu estava falando com Lou, e ela parecia ter somente metade de sua atenção em mim, então resolvi para de falar e fazê-la falar, talvez ela me contasse o que está acontecendo.

— você... Falou com a família perfeita esses dias? —  ela encara os sapatos por mais alguns minutos, então ela parece voltar ao mundo.

— Aby me ligou ontem a noite. Mas eu só falei com ela.

— E está tudo bem com ela?

— Eu não sei dizer, ela disse que terminaram o quarto do Breno, e que a partir de amanha os pedreiros vão começar a fazer o meu novo quarto. Ela estava triste porque agora ele seria nos fundos e não em frente ao dela, então eu pedi a ela que dissesse para o nosso pai não se incomodar em fazer um quarto para mim, e ela achou que eu não fosse mais voltar, então eu passei o resto da ligação tentando explicar como seria agora, ela entendeu, e pediu para passar uns dias aqui comigo já que eu não sei quando vou para lá de volta.

— E o que está te incomodando exatamente? 

— O que você quer dizer?                                           

— Tem alguma coisa te incomodando. Você está... Aérea.

— você que está dizendo.

— Eu estou vendo! Desde o começo da semana, e já que você insiste em dizer que não tem a ver com o seu pai, eu não sei o que pode ser, então eu não como te ajudar.

— Não é nada Liam! você está passando tempo de mais com a Ariane e está se desacostumando comigo, tudo bem, essas coisas acontecem quando os amigos ficam apaixonadas.

— Não sei dizer, não conheço muitas pessoas que estejam apaixonadas.—então passamos um tempo em silêncio. — Então... estava pensando de a gente se encontrar domingo e terminar essas pesquisas para segunda juntos, ai a gente se ajuda, vai ser como se a gente estivesse fazendo junto, só que cada um o seu. O que você acha?

— É uma boa, assim eu garanto que você não tire uma nota horrível, mas domingo eu não posso, vou cuidar do Thiago, tenho que terminar antes de ir para lá.

— Tudo bem, amanha para mim está ótimo. Depois do almoço? — ela ri.

— Claro, porque com toda a certeza você não vai perder seu encontro matinal de sábado com Ariane na feira.

— Depois que ela basicamente admitiu que ia a feira para me encontrar, nunca mais deixarei de ir!

— Ela não disse exatamente te encontrar, ela disse encontrar pessoas.

— Colabore Louise! — digo enquanto chegamos à frente de sua casa.

— Isso que dá ficar contando os detalhes da conversa. Eu tenho provas de tudo.

— Então amanha? Onde? Na praia?

— Da ultima vez que estudamos na praia meu caderno ficou com areia a semana toda. Que tal aquele bosque, atrás do circulo de pedra?

— O que dá um atalho apara a casa da Ariane?

— Claro que você só o conhece por causa disso, é esse mesmo, a gente se encontra no circulo duas horas pode ser?

— Tudo bem! se falar com a Aby de novo fala que eu mandei um beijo!

— Tudo bem! — então ela entra, esses momentos essa semana que me deixaram em dúvida se ela estava bem ou não, um momento tão comum, tão normal mas eu a conheço bem o suficiente para saber que não está tão normal assim.

(...)

Não faço ideia de porque fizeram esse circulo de pedra no 4. Não faz o menor sentido, ele se quer é no meio do distrito, então quase não é usado, só é visto mesmo pelas pessoas que usam o campo como um atalho para os lugares. E ele se quer é rodeado pelo campo, tem uma rua de areia até o circulo, então a rua acaba e tem literalmente um circulo de pedra, mais elevado que a rua, não maior que a minha sala de jantar, com um banco de pedra, então atrás do circulo começa o campo. Nunca vi a menor necessidade de ele existir.

Encontro com Louise lá, e depois encontramos um lugar com sombra no meio do bosque e ficamos trabalhando por um tempo em silêncio.

— Ficou com o relatório final de quem? —  ela me pergunta.

— Eu não sei. Uma menina que eu não conheço. Melissa Hatmon?

— Não é da minha sala. Tem certeza que não é da sua? Você não tem exatamente um histórico de amizades com as pessoas da sua sala.

— Ei eu tenho amigos na minha sala ok, eu sei o nome de todo mundo, e não tem nenhuma Melissa, deve ser da sala da Ari, só pode ser. E você?

— Toby!

— Toby? De novo? Você não trocou com ele no primeiro dia?

— É, mas eu não tenho culpa se voltou para mim. Troquei com garota que sentava lá na outra ponta justamente para pegar um novo, ai quando eu vi era o dele de novo, mas é melhor, assim eu já sei metade do trabalha, fizeram uma bagunça aqui desde que eu troquei!

— Isso minha cara se chama destino!

— O quê?

— você pegando o trabalho dele de novo, se ele estiver com o seu será assustador.

— Por favor Liam é só um trabalho. Deixe-me ver o seu! Vamos trocar mais uma vez. —  nós trocamos e eu faço algumas coisas no dela e ela no meu.  — Liam... Eu posso te fazer uma pergunta?

— Claro que pode.

— Você acha possível gostar de uma pessoa sem a conhecer de fato? — eu a encaro, mas ela faz questão de não olhar para mim.

— Tipo... Amor a primeira vista?

— É... Algo do tipo.

— Olha, eu não acredito em amor a primeira vista, acho que antes de você conhecer uma pessoa pelo menos um pouco você não a ama, apenas se sente atraído por ela. Mas... Quer dizer, vou usar o meu exemplo, eu não me apaixonei por Ariane no momento em que eu a vi, quando eu a vi, eu sabia que ela seria uma pessoa interessante, eu me apaixonei por ela, depois de realmente saber que ela era uma posso interessante, e que não concordava com o irmão, e que me ajudava, mas ainda assim, eu não a conhecia direito, eu sabia o suficiente para me apaixonar por ela.

— Então sua resposta é sim?

— É eu acho possível. Mas por que a pergunta?

— Por nada, vamos destrocar, tenho que estudar para a apresentação, e eu já concertei o que eu pude, mas acho que você ainda tem muito trabalho essa menina é um desastre em pesquisas! —  ela diz mudando totalmente de assunto e destrocando os trabalhos. Ficamos lá por mais algumas horas, conversamos sobre outras coisas, mas ela não voltou nesse assunto, e eu fiquei curioso, será que é isso que a está deixando tão aérea? Se for, quem é o cara?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

está ai, espero que tenham gostado.
só Deus sabe quando sai o proximo capitulo, vou tentar ser o mais rápida possivel,
só um micro spoiler:
as coisas vão começar a acontecer!
pera acho que isso nem foi um spoiler!
beijos!