O Herdeiro de Odair escrita por Bru Semitribrugente


Capítulo 3
Trabalho abençoado.


Notas iniciais do capítulo

Ola!
Essa fic não está indo como tinha planejado, tenho toda a historia na cabeça e tudo, estou tentando dividir tudo de jeito que caiba nos dez ou doze capitulos, e tenho demorado mais do que eu desejava para fazer isso, e também, não está sendo muito bem vista. talvez seja só coisa minha, sei que no começo pouco gente lê, já postei cinco historias, mas quando só uma leitora comenta é meio desmotivador.
faça um apelo, por favor comentem!
mas enquanto ainda tiver alguem lendo terão capitulos sendo escritos, isso eu posso garantir!
bom espero que gostem!



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Nós já estudamos juntos uma vez! Sétima serie, foram maravilhosas 6 horas, e no dia seguinte ela já não estava mais lá. Louise descobriu que David disse ao pai, que havia um menino que zoava com ela na sala e que ela chorava a noite inteira, mas ele não ouvia porque era um mau pai! E então ele usou os seus contatos e no dia seguinte Ariane estava a corredores de distancia de mim. E agora enquanto ela entra na sala e escolhe um lugar perto de suas amigas, eu me sinto na sétima série de novo, a encarando boquiaberto, e agradecendo aos céus por ser sortudo. Pelo menos até David descobrir e jogar sua mágica maligna.

— Cuidado! Vai acabar babando no seu caderno! — Louise diz batendo em meu queixo.

— Quais são as probabilidades disso acontecer Lou? — eu pergunto apontando para Ariane.

— Hum... Uma em um milhão?

— Posso me considerar um cara de sorte então? — ela está falando animadamente com suas amigas, elas riem de algo.

— Vai falar com ela!

— O quê? Não!

— Vai falar com ela! O que está te impedindo, não estou vendo o David por aqui, e as três turmas já estão presentes, então não há possibilidade dele aparecer!

— Sabe que isso não é verdade ele pode descobrir a qualquer momento.

— Por enquanto ele não está aqui! — eu a encaro, ela aponta para Ari, e eu nego com a cabeça, ela franze as sobrancelhas para mim, e faz a expressão de Louise assassina.

— O que eu diria?

— Oi! Nossa que surpresa juntarem as salas não é? O que será que teremos que fazer que precisa ser junto? Mais loucura ainda é nós dois estarmos na mesma sala. Só espero que seu irmão não surte de novo como na sétima série! Sim eu me lembro disso!

— Ah claro!

— Liam não seja frouxo! Você não a ama tanto? Então deixa de basbaquice e vai lá falar com ela! — eu nego com a cabeça, então Ariane se vira para trás por um nono segundo então percebe a minha presença e se vira de volta, nos encaramos por alguns segundos, e ela sorri e olho para baixo, depois dá um leve e quase imperceptível aceno com a cabeça, então os três professores entram na sala.

— Muito bem alunos, todos sentados em seus devidos lugares e em silencio. — Ariane dá um leve sorriso para mim e se vira de volta, e eu me pego sorrindo para mim mesmo.

— Ai eu acho que vou vomitar! — Louise diz fingindo vomitar, eu rio e a empurro com o ombro.

— Vocês devem está se perguntando o que diabos vocês estão fazendo aqui! — diz uma das professoras.

— Na verdade não! — Louise sussurra, eu rio.

— Então matando a curiosidade de vocês! Nós temos um projeto esse ano. Como vocês já sabem esse é o ultimo ano de vocês nesse colégio!—diz meu professor e os alunos fazem barulho, gritam, aplaudem assobiam. — É, é! Eu também estou muito feliz com isso, não aguento mais ver a cara cheia de espinhas de vocês! Mas confesso que sentirei saudade no próximo ano!

— Awwn!! — os alunos fazem coro.

— Voltando ao assunto! — fala a terceira professora. — O projeto que estamos realizando é de interação entre os alunos, como puderam notar, reunimos três turmas diferentes, sem qualquer tipo de relação, foi um completo sorteio! — Louise olha para mim e percebo que ela está se segurando para não cair na gargalhada e até eu mesmo estou.—Essas três turmas ficarão juntas fazendo os trabalhos finais de graduação, que a professora Irene irá explicar.

— O projeto final de vocês consistirá em basicamente pesquisas e apresentações! — a turma reclama. — Sabia que vocês iriam adorar! O projeto será dividido em diversas etapas durante esse ultimo período. Para a primeira etapa, vocês farão pesquisas sobre o distrito, não será tão difícil não é? Por esse motivo que vocês terão apenas uma semana para escolherem um assunto sobre o distrito 4 e falar tudo sobre esse assunto, cada mínimo detalhe valerá nota. Queremos informações coerentes, e verdadeiras! Da atualidade e do passado, antes da revolução, durante a revolução, antes dos dias escuros, durante os dias escuros. Tudo o que vocês puderem encontrar sobre o assunto que vocês escolheram!

— E pelo amor de Deus! Não façam todos sobre a pesca! — diz meu professor. — eu votei para que os temas fosse escolhidos em sorteio, mas as duas queridas professoras apoiaram que vocês deveriam escolher seus próprios temas, assim fariam o trabalho com mais afinco, e como eu sou um, e elas duas, obviamente eu perdi! Mas se eu tiver que assistir a trinta apresentações falando sobre pesca, eu juro que me jogo daquela janela!

— Bom, para que não sejamos culpadas da morte de um dos professores, então eu sugiro que sejam criativos na hora de escolherem seus temas.

— A questão da nota ficará assim! Todos vocês possuem 100 nesse projeto a partir desse momento! — nós celebramos. — É eu sei, isso é incrível, mas para manter essa nota até o dia da formatura, vocês precisam realizar todas as etapas com dedicação e capricho porque cada mínima coisinha será usada para tirar de vocês um décimo dessa nota! Pode parecer pouco, mas vocês estão no ultimo ano, portanto iremos cobrar muito de vocês.

— Mas ai vocês nos perguntam, se teremos que fazer pesquisas porque reuniram as turmas? E eu lhes respondo, queremos ver a interação entre vocês! Entre pessoas que vocês não conhecem, ou que conhecem de vista, ou que até já estudaram juntos, mas não se falam muito. Portanto para essa primeira etapa, vocês farão duplas! — eu automaticamente olho para Louise, mas ela está olhando fixamente para o seu caderno enquanto desenha varias vezes um mesmo circulo com a caneta, será que ela está ouvindo? — Mas as duplas não podem ser da mesma sala, interação entre alunos, é isso que queremos com esse projeto. A aula de hoje nós cederemos para que vocês se organizem em duplas, escolham seus temas, informem a um dos professores e comecem a trabalhar em ideias, afinal de contas vocês precisam fazer uma apresentação muito bem elaborada , seus 100 pontos estão em riscos!

— Vocês podem começar, lhes dou total liberdade para andar pela sala e procurarem suas duplas, só tentem manter o volume das conversas dentro do razoável! — assim que ela termina pessoas se levantam, chamam umas as outras e o caos de conversas começa a se iniciar, os professores apenas reviram os olhos e se sentam em suas mesas. Eu me viro para perguntar a Lou sobre o que iremos fazer, e antes que eu pergunte qualquer coisa ela se vira para trás e grita.

— Hay Toby! — eu me viro para ver um garoto pálido com cabelos negros em uma franja que cobre metade de seu rosto que está sentado junto com outras três pessoas há três fileiras acima. Pelo visto todos são da mesma turma, pois não estão se juntando. — Lembra de mim? Oitava serie? Fomos parceiros de laboratório de química!

— Claro que eu lembro! Você me fez passar em química aquele ano! Ainda estou devendo! — ele diz sorrindo.

— Bom, podemos resolver isso agora! Quer ser meu parceiro nessa etapa?

— Claro, sobe ai! — ela sorri para ele e se levanta pegando seu caderno.

— Louise? — eu pergunto indignado. — ela me olha meio irritada, meio...Louise.

— Vai chamá-la antes que outra pessoa chame! — ela diz com desdém apontando com a cabeça para Ariane, então ela sobe e se senta ao lado do Toby, que deve ser da turma de Ariane. Eu olho para ela lá em baixo, suas amigas estão conversando com outras duas pessoas atrás delas e ela ainda está sozinha, olho de volta para Louise e Toby, eles estão rindo de alguma coisa, então ela percebe meu olhar e aponta com o dedo para Ariane. Ela tem razão, estou sendo frouxo, me levanto junto minhas coisas e começo a descer, e enquanto desço minhas mãos começam a suar, e se ela disser que não me quer como parceiro? fico pensando no que eu vou falar, mas quando chego ao lado de sua mesa, o que sai é:

— Seu irmão me mataria muito se eu te chamasse para ser minha parceira?—ela olha para cima surpresa, então ela sorri, sorri de verdade, não como geralmente ela faz quando nossos olhares se encontram de longe, e sinto meu estomago dando piruetas.

— Provavelmente! Mas... — ela faz uma pausa, olha para suas mãos, depois volta a olhar para mim com seu sorriso ainda lá, e agora um pouco de vermelho em suas bochechas. — Ele não precisa saber! — eu sorrio e me sento na cadeira vaga ao seu lado. — Ah menos que você esteja fazendo isso para provocá-lo, ai eu terei que pedir para que você se retire!

— Ah não, eu com certeza não estou querendo provocar o David, primeiro que se eu arrumar briga com ele minha querida amiga ali atrás arrancará meus órgãos bela boca, e eu realmente gostaria de ter você como parceira, trocamos tão poucas palavras na vida, e como os professores disseram: interação entre os alunos! Pode ser uma oportunidade. — ela sorri. Não sei o que deu em mim ou de onde tirei essas palavras, elas simplesmente fluíram, parece que todos os nove anos que passei evitando falar com ela e ao mesmo tempo desejando falar com ela, simplesmente estão surgindo agora.

— Por que você não foi com a sua amiga?

— Ela achou uma outra... Opção! — eu digo apontando com o polegar para trás. Ela olha.

— Então eu sou a segunda opção? — ela diz mas não parece ofendida, ela está sorrindo quando volta a olhar para frente.

— Se eu disser que não, você acredita?

— Acredito! — ela diz sorrindo para as mãos, e eu sorrio para mim mesmo, uau esse dia está saindo maravilhoso. — Então sobre o que faremos o trabalho? — ela diz depois de um leve pigarreio.

— Que tal sobre a pesca? — eu digo ironizando e ela sorri.

— Realmente não quero ser a causadora da morte do professor.

— É verdade, melhor não. Bom uma vez meu avô me disse que o 4 é o único distrito com ligação marítima, e que por isso é o único que importa e exporta pelo mar para e de outros países, a gente podia falar sobre isso, ou se você tiver alguma outra ideia...

— Não, não, essa está ótima, é boa, não acho que outras pessoas vão se lembrar de importação marítima, é original.

— Ótimo. Vou avisar o professor então! — eu me levanto e aviso o meu professor, minha dupla e meu tema. e sinto meu tom alegre quando ele pergunta quem é o seu parceiro e eu digo Ariane da turma b.

— É um bom tema, tem muita coisa a respeito, pode ser que demore um pouco, mas tenho certeza de que se vocês se empenharem conseguem terminar em uma semana. — ele diz. Eu afirmo e volto para o meu lugar me agradecendo mentalmente por ter pensado nesse tema.

— O que ele disse?

— Que é um tema bom, e que tem muito a respeito e que talvez demore a terminar, mas que a gente consegue se nos esforçarmos.

— Então teremos que trabalhar nisso fora do colégio também?

— Eu não sei! Eu acho que sim! — eu rezo para que sim! Ela inclina a cabeça para baixo, preocupada. — Mas se for um problema a gente pode dar um jeito, ou escolher outro tema...

— Não, tudo bem! Eu resolvo.

— Por causa do David?

— Ele vai entender. — Eu arqueio uma sobrancelha. — Sério ele vai. Não tem problema, é só dizer quando você quer começar.

— Por mim, qualquer hora.

— Eu verei depois eu te aviso então.

— Tudo bem. perfeito.

— você disse que seu avô te contou. Ele sabe muito sobre esse assunto?

— Ele sabe muito sobre muitos assuntos, se a gente não tivesse escolhido esse tema ele com certeza saberia de muitos outros. Ele fez vários cursos e faculdades na capital antigamente.

— Talvez a gente possa perguntar a ele algumas coisas interessantes para a apresentação.

— Claro, ele vai adorar, eu posso trazê-lo aqui se for melhor para você, ou em algum lugar mais neutro. — ela ri.

— Acho que se parássemos de tratar essa rivalidade tosca como uma guerra mundial, talvez ela parasse de ser tão importante assim.

— Olha não quero ficar parecendo uma criança, mas foi ele quem começou. Se ele parar de se intrometer na minha vida, eu pararia de revidar, eu nunca se quer entendi porque tudo isso.

— É, nem eu sei direito. — Ela fica um tempo em silencio. — Acho que deveríamos voltar a falar do trabalho, pelo visto não teremos muito tempo.

— Claro! — nós perguntamos algumas coisas aos professores e eles nos contaram o que podiam, afinal o trabalho era nosso, e tínhamos que descobrir por nós mesmos. Ariane teve algumas ideias para a apresentação, e eram realmente boas, então combinamos de que eu ficaria com a parte da pesquisa e ela com a apresentação, e que quando desse nos encontraríamos para juntar tudo, e dar ideias a mais para que o trabalho ficasse perfeito, foi o melhor dia da minha vida, entre uma ideia e outra acabávamos conversando sobre tudo, e eu nunca havia me sentido tão próximo dela, ela ainda parecia envergonhada, olhava para os mãos o tempo todo e suas bochechas sempre estavam mais avermelhadas, coisa que eu sei que não é comum, as primeiras aulas passaram voando, quando bateu o sinal do fim da terceira aula, os alunos começaram a se levantar, mas os professores pediram para que se sentassem novamente.

— Estou orgulhosa de ver que todos os alunos formaram suas duplas e que todos já escolheram temas, e que não temos muitos temas repetidos, e mesmo esses, nós orientamos de jeitos diferentes para que os trabalhos não ficassem tão iguais, seria legal se os temas de vocês fossem revelados apenas na apresentação, então os que tem boca aberta, por favor fechem.

— Espero que ninguém tenha escolhido o nosso. — ela sussurra para mim, eu concordo e sorrio, como é ridículo estar apaixonado, eu fiquei mesmo feliz por ela ter dito “ o nosso” ?

— Muito bem, essas três primeiras aulas foram para a organização dos trabalhos, então as três próximas aulas serão, aula normal! — Nós reclamamos. — Exatamente, acharam que iriam ficar de bobeira seis aulas por dia, não. Como somos professores muito bondosos, nós iremos dar três aulas por dia de matéria, e assim no fim trimestre, quem tiver perdido todos os pontos necessários para passar e se formar, nós daremos uma prova valendo exatamente aquela quantidade de pontos para ser justo com aqueles que conseguiram manter a sua nota alta. Portanto as próximas aulas vocês terão em suas salas habituais com seus professores habituais! Tenham um bom intervalo, e não deixem para fazer o trabalho somente nessas três aulas por dia, porque tenho certeza de que você irão se dar mal.

Todos levantam reclamando, mas eu não quero me levantar, não quero sair dali, não quero passar as próxima três aulas olhando para meus colegas de turma habituais, então finjo estar guardando tudo e depois tiro de volta e guardo de novo.

— Bom... Então a gente se vê amanha! — Ariane diz se levantando, eu me levanto também.

— Claro, eu vou perguntar algumas coisas ao meu avô e ai eu trago anotado amanha para a gente começar.

— Tudo bem! Eu darei uma olhada nos livros que eu tenho lá em casa para ver se eu acho alguma coisa interessante.

— Certo então... Até amanha!

— Até! — não sei como me despedir, e ela também não, suas bochechas coram mais, cogito talvez um aperto de mão, ou um aceno, mas parece tão frio e ridículo. Então águem a chama, ela olha e começa a andar. — A gente se vê Liam! — ela diz passando por mim e apertando de leve meu ombro, ela vai até as meninas que a chamaram e elas saem da sala, mas antes que sumir completamente vejo que ela está olhando para trás, para mim!

Minha mente repassa todo o dia em quadros, e não consigo não sorrir, então sinto uma pancada na cabeça, me viro e Louise está lá sorrindo com um livro pronto para me bater de novo. Eu desvio e me levanto.

— Eu te odeio! — eu digo rindo. Ela ri também.

— Eu sei que você me ama! — ela agarra meu braço e nós saímos da sala em direção ao seu armário. — Como foi?

— Não sei do que você está falando.

— Por favor! Eu estava de olho okay? Eu vi vocês rindo e sorrindo e você olhando para ela, e ela olhando para você, era uma dança bem engraçada.

— Não sei do que você está falando! — ela ri e guarda as coisas dela, depois nos encaminhamos ao meu armário que fica no corredor do lado. — O que foi aquilo, achei que tivesse pedido ao Thiago para te colocar junto comigo para a gente ficar junto. Não para você me deixar sozinho.

— Foi uma jogada rápida, se eu não tivesse chamado outro você nunca iria chamar a Ariane, dei uma rápida olhada em volta e o Toby me pareceu a melhor opção, já trabalhei com ele, não é muito bom em química, mas descobri hoje que ele é muito bom em geografia o que vai ajudar no nosso tema, opa esqueci, não posso dizer qual é o tema.

— A qual é Louise!

— Não posso ordens da professora, e você também não deve me contar o seu, apesar de eu estar super curiosa.

— É...

— Não fala! — eu rio e guardo meu material.

— E aquela historia de ficar de olho para que eu me forme?

— você está fazendo um trabalho com a garota que você gosta! Tem incentivo melhor para que você faça o melhor trabalho de todos e passe com facilidade? — eu reviro os olhos.

— Não acredito que você foi com outra pessoa. Esperava fazer o projeto final com a minha melhor amiga.

— Está reclamando por fazer com ela?

— Claro que não, mas nós sempre quisemos ficar na mesma turma, e ai você escolhe outro.

— Está com ciúmes do Toby? Não vamos virar melhores amigos para sempre, e é só uma das etapas, sabe-se lá o que vai acontecer na próxima. — fecho meu armário e me viro, então sinto uma batida forte no ombro.

— Opa! Olha por onde anda Mané! — David. O corredor está praticamente vazio, não tem como essa batida ter sido sem querer com um corredor de quase três metros. E ele é o David, com certeza não foi sem querer, ele continua a andar se vira sorri e pisca. Louise automaticamente segura meu braço.

— Nem me mexi Louise! Nem me mexi! — ficamos olhando ele desaparecer e só ai ela solta meu braço.

— Só precaução. Ela falou alguma coisa sobre ele? Quer dizer, quando você pediu para fazer dupla com ela? — Começamos a andar em direção o gramado do colégio onde geralmente ficamos.

— Eu perguntei se poderia fazer dupla com ela falando dele!

— Como?

— Eu perguntei se o irmão dela me matéria muito se eu fizesse dupla com ela.

— Que jeito Liam!

— Foi o que saiu! Não é como se eu estivesse pronto, você me fez improvisar muito.

— Valeu apena não valeu? — Eu levanto a sobrancelha e sorrio para ela, claro que valeu. — O que ela respondeu?

— Que provavelmente sim, mas que ele não precisava saber.

— Não sei se sorrio ou se vomito. — ela diz rindo, chegamos ao nosso espaço no gramado e nos sentamos, consigo ver Ariane do outro lado do gramado, com as amigas. — O que você disseram depois?

— você quer que eu fale a conversa inteira?

— Claro!

— Claro que não né Louise!

— Aposto que você lembra.

— Obvio que eu lembro, mas eu não vou contar.

— você não vai contar para mim? Eu? A pessoa que fez você ter essa conversa?

— Vai chantageando! — ela ri. — Resumindo, nós só escolhemos o tema, e conversamos sobre ele, eu disse que meu avó sabia muito a respeito, então nós avisamos ao professor, e ele disse que nosso tema era difícil e que exigiria muito trabalho e que teríamos que trabalhar mais que só no colégio, e ai ela ficou meio estranha, eu perguntei se teria problema por causa do David, e que nós poderíamos mudar de tema, e ai ela disse que ele entenderia, então conversamos mais um pouco sobre o tema e ela deu ideia bem legais para a apresentação, e depois na saída eu não sabia bem o que fazer, nem ela, ai ela começou a corar e eu também, então a chamaram e ela disse que a gente se via e apertou meu ombro e ai você apareceu!

— Belo resumo. Mas me dá um pouco de raiva, está na cara que vocês se gostam, o David não deveria ser um empecilho.

— Ele é o irmão dela, superprotetor, que me odeia. Aposto que quando ele descobrir que a gente está na mesma turma vai surtar, e quando descobrir que estamos fazendo dupla será pior ainda, imagine só quando ele descobrir que fui eu quem a chamou?

— Detalhes, aposto que tudo isso se resolveria com um pouco de conversa pacífica.

— você e as suas conversas pacíficas, David não sabe ser pacífico,não acabou de ver no corredor?

— Pode ter sido um acidente.

— O corredor tem três metros e não tinha absolutamente ninguém nele. Não foi um acidente.

— Tudo bem! Ele é um idiota, todos sabem disso. Mas isso não quer dizer que você não possa ficar com ela. O que seria a pior coisa que aconteceria? Ele te bater? Bom ele já faz isso.

— Ela gosta muito do irmão tenho certeza que não faria nada que ele não quisesse.

— Mas ela gosta muito de você também.

— Podemos mudar de assunto? — ela suspira e revira os olhos, ela sempre teve tanta certeza de que Ariane gostava de mim, eu nem sempre tive, talvez fosse apenas uma atração ou algo do tipo, mas ela tem certeza de que é mais. E se não for? E se eu cair na dela, e na verdade não for o que ela acha que é? O que eu sinto pela Ariane é diferente, é intenso e complicado, não quero arriscar tudo sem ter certeza de nada.

— Quer falar sobre o quê?

— Toby?

— O que tem ele?

— Por que ele?

— Sei lá, eu dei um geral em volta e das pessoas que eu conhecia foi a melhor opção.

— Como estão as coisas? Não é estranho?

— O que conversar com outro garoto que não seja você? Eu tenho amigos sem ser você, mas você não tem amigo sem ser eu, então sou obrigada a ficar com você!

— AH é mesmo? — eu me levanto rindo. — Então tá, vai lá com seus amiguinhos eu te livro do nosso compromisso, — ela deita no chão e começa a rir.

— Sabe que não é verdade, senta ai! — eu rio e me sento de volta, já conversamos tantas vezes sobre esse assunto, que chegamos a conclusão que nós dois somos as melhores opções de companhia um para o outro. — Falando sério agora, não é estranho, eu tenho facilidade em falar com as pessoas, mesmo sem nos falarmos a quatro anos foi fácil. E ele é legal, não é o tipo de cara que vai dar em cima de mim enquanto escrevemos e nem pensar que eu estou afim dele por ter chamado.

— Ele não perguntou por que você quis fazer dupla com ele?

— Perguntou!

— E o que você respondeu?

— O mesmo que eu disse agora, que ele era a melhor opção e que eu melhor amigo já tinha a dele.

— O que ele disse?

— Não tenho um amor eterno secreto por ele, não é como se você necessitasse saber toda a conversa, então resumindo, nada, ele não disse nada, escolhemos nosso tema, falamos sobre ele e só.

— Eu vi vocês rindo.

— Eu vi você e Ariane rindo também, e você disse que só falaram sobre o tema!

— você é má!

— Eu sei. Não se incomode com o Toby.

— Não estou eu só quero saber, você me fez fazer um relatório, e o que eu ganho é um punhado de palavras.

— Repito: Não é como se eu tivesse um amor eterno pelo Toby! — ela diz e se levanta. — Anda vem, estou morrendo de fome, preciso comprar alguma coisa para comer! — ela me estende a mão e eu a seguro e me levanto.

As três ultimas aulas foram um tormento, cada vez que eu olhava no relógio parecia que ele tinha andado para trás. Não ouvi absolutamente nada que os professores disseram, fiquei desenhando o rosto de Ariane do jeito que eu havia visto o dia todo, corado, sorrindo e olhando para as mãos. Quando finalmente o sinal toca quase voo até o meu armário, guardo tudo e vou até o de Louise. Ela está lá com Toby.

— Hey, já estava indo atrás de você, nós vamos procurar alguns livros na biblioteca para nos adiantarmos um pouco, juro que não vou demorar você me espera? — eu arqueio a sobrancelha para ela. — É rapidinho, só pegar os livros dividir e ai a gente vai. — ela abre mais os olhos me pedindo. Eu reviro os meus.

— Tudo bem, vou te esperar lá no estacionamento. Se demorar demais eu vou embora.

— Valeu! — ela diz e se vira para Toby, ele me dá um aceno com a cabeça. — Ah, esqueci. Toby, Liam, Liam Toby! — nós nos cumprimentamos. — Já volto! — então os dois saem e eu começo a andar devagar até o estacionamento, ele parece um cara legal mesmo, não vou me preocupar, mas as vezes sinto que Louise é para mim, o que Ariane é para o David, e nesses vezes eu sempre tenho vontade de me suicidar só de pensar que sou igual a ele. Assim que chego ao começo do estacionamento, vejo Ariane e David parados em frente a vaga onde a moto dele estava de manha, ela está olhando para o chão, parece nervosa. Eu paro atrás de uma arvore a poucos passos deles, onde tenho certeza que não vão me ver, mas não é como se eu estivesse me escondendo para ouvir o que eles estão falando, é só... Tudo bem é exatamente isso.

— ...Estava tão chato... Não acredito que peguei as turmas mais sem graça. — ele estava falando sobre as turmas, acho que é por isso que ela parece nervosa. — você já vai ter que fazer um trabalho em dupla?—ela demora alguns segundo e diz ainda olhando para o chão.

— Ainda... Ainda não passaram nada, só conversaram com a gente.

— Que sorte, eu terei que começar imediatamente e vai dar um trabalhão...

— Por que a gente ainda está aqui mesmo?

— Porque eu emprestei a moto para um amigo meu conseguir um encontro, e ele disse que me devolveria assim que conseguisse e se tivesse sorte não demoraria. Então a menos que você queira andar...

— Não me importo em andar! Estou cansada só quero ir para a casa!—ele passa alguns segundos a encarando, mas ela continua olhando para o chão, então ele franze as sobrancelhas.

— você está me escondendo alguma coisa! Te conheço desde o útero Ariane, você está estranha desde que comecei a falar sobre as turmas! — se ele descobrir e fizer alguma coisa com ela, estou pronto para sair de onde estou e intervir com ou sem violência!

— você está vendo coisas, só estou cansada e com dor de cabeça, quero ir para casa.

— você ficou na sala dele não foi? — Droga, ele é o David, era para ser burro e só descobrir na formatura, o que aconteceu?

— O quê? — ela diz olhando para ele, mas não nos olhos.

— você ficou na turma do Odair!

— De onde você tirou... — sua voz vacila, dá para ver que ela não está acostumada a mentir para o irmão, ou para qualquer um.

— Não minta para mim! Você ficou na sala dele e não queria que eu soubesse — Ele se vira e começa a voltar para o colégio.

— A onde você vai David?

— Resolver isso! — ela corre um pouco e segura o braço dele, eu me escondo mais atrás da árvore.

— Não você não vai! Não tem nada para ser resolvido!

— O que é isso Ariane?

— É o ultimo ano! Será que não dá para você agir como um irmão normal?

— Não quero você perto dele!

— você já fez isso antes e eu não vou deixar você fazer de novo, eu gostei da turma que eu fiquei, e você não vai me trocar só porque seu inimigosinho está lá. O objetivo desse projeto é interação entre os alunos, eu gostaria que ele tivesse ficado na sua sala — ainda bem que isso não aconteceu, melhor nem imaginar como seria. Nunca a vi tão irritada desse jeito. — Assim talvez vocês pudessem interagir e parar com essa idiotice toda.

— O que é isso Ariane? Está gostando dele agora? — meu corpo todo congela ansiando pela resposta.

— Eu gosto de não ser tratada como uma criança! Eu já só adulta e gostaria que você e o papai parassem de tomar as decisões por mim. Eu quero decidir a minha vida. Eu vou ficar naquela turma, você gostando ou não. — Ele passa alguns segundos em silencio a observando. Provavelmente tão surpreso com sua reação quanto eu.

— Já pensou que ele pode tentar se aproximar de você só para me atingir?

— A rixa é entre vocês! Não entre a gente! — ela se vira e começa a andar em direção a saída do estacionamento.

— Ariane volta aqui!

— Só fala comigo de novo quando resolver parar de me tratar como criança, eu não preciso da sua superproteção, não sou a caçula aqui, você é!

— Ariane!

Ela volta a andar furiosa, David fica parado por um tempo olhando a irmã ir, então depois grita seu nome e começa a correr atrás dela. O cabelo liso e loiro dela bate com força em suas costas me lembrando das milhares de vezes que vi Louise fazendo isso, e só consigo pensar que ela precisa saber desse acontecimento, então me viro e corro até a biblioteca.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado,
por favor!!! comentem!
volto assim que der!



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