Newt x Thomas Newtmas Nós temos uma escolha escrita por Theo


Capítulo 9
Capítulo 9




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POV’S THOMAS

– O mapa não faz o menor sentido. – digo, me apoiando sobre a maquete.

– Como? Os corredores da clareira decifram esse labirinto faz três anos. É claro que tem algum sentido. – responde ele.

– Gally, pensa comigo. Lembra o lugar onde encontramos o Minho? Eram quatro paredes, um corredor e quatro paredes do outro lado. Você vê isso aqui?

– Não. Mas o labirinto muda todas as noites. Lembra?

– Exatamente. Não faz o menor sentido. Como memorizar o mapa, sendo que o labirinto muda?

– É nossa única saída, Thomas. Memorizar.

– Só se memorizam padrões! – dou um soco na mesa. Depois, paro pra refletir nas minhas próprias palavras. – Padrões. Isso mesmo, padrões!

– Thomas?

– Padrões. Padrões. – repito para mim mesmo em voz alta.

– Thomas, para! – Gally agarra meus ombros.

Olho nos olhos dele e começo a rir, abraçando-o forte.

– Está tudo bem, Gally. – rio, me soltando dele.

– É... – murmura ele, entre um sorriso meio bobo.

– Tommy? – escuto a voz de Newt vinda da porta.

– Hey... como ele está?

– Desacordado. – responde ele. – Teresa disse que foi um processo difícil, mas que quando ele acordar vai ficar bem. Espero...

– Ué, ele dormiu? – indaga Gally.

– Pior, desmaiou. Ela teve que costurar a ferida então... é. Deve ter doído.

– Eu não reconheço o Minho... – murmura Gally. – Ele está muito diferente.

– Eu sei. Mas creio que seja temporário. Vamos esperar o choque passar, depois que a história do Alby ficar mais clara na cabeça dele, talvez ele volte ao normal. – defende Newt.

– Mesmo assim, Newt. Não estou gostando disso. Esses surtos, tudo. Pode nos colocar em perigo.

– Eu acredito nele, Gally. – retruca Newt. – Acho que ele é capaz de conseguir. Assim como todos nós.

– Podemos ver ele? – pergunto.

– Melhor não. Ele está dormindo. Na verdade, eu vim falar com vocês dois. – Newt tira algo do bolso. – Caçarola encontrou isso no verdugo que você revistou hoje de manhã, Thomas.

Ele me entrega um cilindro prateado nas mãos. Não entendo de início, mas a insistente luz vermelha em sua extremidade clareia minha memória na hora.

– Cruel. – leio o nome gravado no objeto.

– O que pode ser isso? – indaga Newt.

– É a mesma sigla que aparece nos suprimentos... – comenta Gally.

– Como?! – indago.

– C.R.U.E.L. Essa sigla aparece nos barris de comida, água, enfim... – responde ele.

– Posso ver algum desses suprimentos? – indago.

– Não acho que tenha algum—

– Na caixa, Gally. Tem um barril lá. Pode pegar para nós, por favor? – diz Newt.

– Claro. – diz ele, deixando-nos sozinhos.

Newt observa Gally sair e fechar a porta. Depois, ele se vira para mim.

– Eu quero conversar com você... longe dele.

– Eu fiz alguma coisa? – pergunto.

– Não. – diz ele, se aproximando. – É que eu queria sei lá... deixar algumas coisas claras.

– Tipo...?

– Thomas. Eu gosto de você. Gosto de ficar com você. Mas... Eu não sei o que está acontecendo aqui.

Eu encaro Newt com uma sobrancelha levantada, sem entender do que ele está falando.

– Sabe... Hoje foi a segunda vez que a gente transou. E sexo não é algo que se faz simplesmente quando se está com vontade, pelo menos não pra mim. Seguindo essa lógica, eu já teria transado com muitos meninos daqui. Mas eu nunca fiz isso. E sabe por quê? Porque eu me guardei pra alguém que despertasse algum sentimento diferente em mim. Essa pessoa é você, Thomas. Eu te amo, sinto isso nas minhas veias.

– Newt, eu...

– Espera. Deixe-me terminar. – ele levanta a mão, sinalizando para que eu me cale. – Eu te amo. Você entende o que é isso? Amor? Pois eu não fazia ideia até te conhecer. Eu não me lembro de nada além do meu nome, Thomas. Eu não me lembro de ter amado alguém como eu te amo. Eu só queria saber se você sente o mesmo.

– Claro que sim. – seguro o rosto dele com as duas mãos. – É claro, óbvio que eu te amo. Eu pensei que já tinha deixado isso claro.

– Não foi o que pareceu hoje.

Olho pra ele, meio pasmo. Como assim ‘‘Não foi o que pareceu’’? Nós estávamos juntos até menos de uma hora atrás. Solto a mão do rosto dele e me afasto um pouco. Os olhos castanhos dele ainda me fitam, sinto uma pitada de expectativa neles.

– Como assim?

– Thomas, você olhou descaradamente para o copo do Gally de cima a baixo comigo do seu lado.

Cubro a cara com as duas mãos e levanto a cabeça, impressionado com a minha própria burrice.

– Newt... desculpa. Foi sem querer... quer dizer, foi meio inevitável. Sei lá, não sei o que deu em mim.

– Inevitável? – ele me encara com um sorriso sarcástico.

– Não... Olha, eu sei que não tem justificativa pra isso. Mas eu realmente gosto de você. E eu queria que você acreditasse nisso.

Newt me encara com as sobrancelhas levantadas, e de braços cruzados. Ele se aproxima e me olha no fundo dos olhos, balançando a cabeça.

– Eu acredito.

POV’S newt

– Então porque você...

– Por quê estamos perto de sair daqui, Tommy. E eu não sei o que nos espera lá fora. Não sei quantos mais terão que morrer pra conquistar uma liberdade falsa.

– ‘‘Liberdade falsa’’?

Solto um longo suspiro.

– Não importa se vamos escapar do labirinto, ou se é uma cilada e seremos presos novamente. Não importa o destino que está reservado à nós. Mesmo que saiamos desse inferno, ninguém aqui estará realmente livre. Porque todas as noites quando nos deitarmos e fecharmos os olhos, vamos lembrar de tudo o que sofremos aqui. Vamos lembrar de todos os nossos amigos que morreram. – Me aproximo mais dele, colocando as duas mãos sobre seus ombros. – E eu não queria ter que viver isso sozinho.

– Você não vai estar sozinho, Newt. Eu estarei lá. Sempre. Eu juro.

Olho pra ele e ergo o mindinho da mão direita. Ele olha pra minha mão e se aproxima, agarrando meu mindinho com o dele.

– Uma jura de mindinho é pra sempre. – digo.

Ele assente com a cabeça. Sem desdar os dedos, me inclino e o beijo. Em seguida, sussurro em seu ouvido:

– Você é muito especial, garoto. Você irá nos tirar daqui. Tenho certeza.

Thomas sorri e nos beijamos novamente. Somos interrompidos por um som vindo do lado de fora. Gally abre a porta com o pé e coloca um barril na nossa frente.

– Aqui, Thomas. Um barril de suprimentos médicos.

Thomas se agacha e examina a sigla no objeto. Em seguida, se levanta e olha para nós dois.

– É bom vocês irem preparando seus coletes. Vamos investigar isso no labirinto amanhã.

– Não deveríamos abandonar a clareira de uma vez? – indaga Gally.

– Não até sabermos do estado do Minho. Todos, - ele olha nos olhos de cada um de nós dois. – todos nós sairemos daqui.

Gally cruza os braços e bufa, mas concorda com a cabeça.

– Vamos voltar lá pra fora. Temos algum trabalho pela frente. – garanto.

***

– Isso não é tão difícil, Chuck. – digo.

– Eu sei, só estou com medo de cometer algum erro.

– Não vai ser o fim do mundo se você fizer. Apenas continue assim. – coloco a mão no ombro dele.

Chuck continua cortando os galhos secos com o alicate, enquanto eu ajeito as plantas nos vasos. Só estamos nós dois na estufa. Distraído enquanto divido minha atenção entre o meu trabalho e o de Chuck, acabo furando meu dedo nos espinhos do cacto que está no vaso ao lado.

– Gah! –exclamo, levando o dedo á boca tentando parar o sangramento antes que ele fique pior.

– Você está bem? – pergunta Chuck.

– É. Estou bem. – respondo.

– Pergunte se Teresa tem alguma bandagem, Newt. Pode infeccionar.

– Ok. Só... continue cortando os galhos secos. Quando acabar pode ir fazer o que quiser.

– Eba! – ele dá um pulinho. Em seguida, pega o alicate novamente. Saio em direção a enfermaria, e acendo a luz fraca na porta.

– Teresa? – chamo pelo nome dela. Ninguém responde.

Caminho até a prateleira e pego uma bandagem em uma caixa. Seguro o plástico entre os dentes enquanto enrolo a atadura em torno do meu polegar direito. Ajeito a caixinha na prateleira novamente, e me sento na maca atrás de mim. Fico um tempo olhando para o chão, e lentamente, deslizo meu olhar pra minha perna. Como se estivesse lidando com algo extremamente cauteloso, me abaixo devagar e levanto a barra da calça até a altura do joelho. Encaro a cicatriz por alguns segundos, mas viro a cara e empurro a barra da calça para baixo novamente. É doloroso demais pensar nisso. Enfio o rosto nas minhas mãos, deslizando-as e entrelaçando-as na minha nuca. O silêncio daquele lugar é reconfortante pra mim.

***

– Newt?! – escuto a voz de uma garotinha vindo de longe. Fico atento ao silêncio que cai sobre mim logo depois. Não enxergo nada, mas sei que estou deitado de bruços, me apoiando sobre os cotovelos. Novamente, a voz doce e assustada ecoa. – Newt!

Um feixe de luz me cega por alguns segundos. Quando minha visão se estabiliza, consigo ver uma garotinha de aproximadamente 5 anos me encarando com seus doces e inocentes olhos cor-de-mel. Uma mecha espessa de seus cabelos longos e loiros caem-lhe sobre o rosto, enquanto ela vira a cabeça.

– Aí está você! – ela sorri.

Continuo sem falar absolutamente nada, meio bestializado. Ela segura meu braço com suas pequenas e delicadas mãozinhas, me passando uma onda de tranquilidade.

– Está tudo bem, Newt. Já acabou.

Me arrasto pra fora da cama e olho em volta. É um quarto com aspecto antigo; a parede pintada de um verde escuro com finas listras brancas na vertical. Há uma lareira, duas camas e um guarda-roupas velho. A garota ainda segura minha mão, olhando fixamente pra mim. Sem saber o por quê, me viro para ela enquanto avanço em direção a porta.

– Vamos. Temos que sair daqui.

– Não podemos ir lá fora! – ela me puxa.

– Por que não? – indago.

Ela me olha com tristeza. Em seguida, corre até a cama e sobe na cabeceira, se apoiando sobre o parapeito da janela. Me aproximo dela, e ela aponta para o lado de fora. Me esguio e consigo ver vários tanques do lado de fora. Soldados armados, pessoas desesperadas, corpos mortos espalhados. Tapo a boca e me afasto de súbito. Ela me segue, pulando em suaves passos da cama para o chão.

– O que está havendo? – indago, meio desorientado.

– Mandaram invadir as casas. Mamãe e papai mandaram a gente se esconder, se lembra?

Um clarão de memória me atropela. De repente, eu tenho um pai e uma mãe. E aquela doce garotinha na minha frente é minha irmã. Pisco mais de dez vezes antes de pegá-la no colo. É ela ali, minha irmãzinha, de quem eu nem me lembrava da existência. Ela me abraça de volta, sussurrando com a voz mais doce e pacífica do mundo em meu ouvido:

– Tudo bem, Newt. Nós vamos conseguir.

***


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