Newt x Thomas Newtmas Nós temos uma escolha escrita por Theo


Capítulo 14
Capítulo 14




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POV’S THOMAS

O sangue que escorria pelo meu nariz congelou. Minha respiração levanta fumaça, assim como a de todos nós. Estamos andando faz muitas horas, minhas pernas não aguentam mais se mover. Porém, o clima e a quantidade de neve que afunda nossos pés nos impedem de parar. Morreríamos congelados.

– Vamos todos morrer aqui. – resmunga Teresa, abraçando-se ao próprio corpo.

– Não é algo tão ruim vindo do que passamos nos últimos anos. – Chuck retruca.

As nuvens estão muito escuras. Uma nevasca se aproxima. Se não encontrarmos abrigo, iremos congelar.

– Alguém tem um plano? – pergunto.

Ninguém responde. Olho para trás, checando os outros clareanos. Todos parecem estar bem, com a exceção de Newt. Diminuo o ritmo até estar ao seu lado, envolvendo-o com o braço direito. Ele sorri fraco, me puxando para mais perto numa tentativa urgente de se aquecer.

– Você está bem?

– Não. Minhas pernas doem.

– As minhas também.

– Não quero morrer aqui, Tommy.

– Não vamos morrer.

– Vamos sim. – ele resmunga novamente. – Estamos congelando nessa porra de lugar.

– Newt.... tá. Você tá certo. Mas precisamos tentar. Chegaremos à algum lugar em uma hora ou outra.

– Não passei três anos naquele inferno pra morrer horas depois de finalmente conseguir escapar.

Olho para ele, percebendo sua dificuldade em andar. Eu já havia notado que ele mancava anteriormente, mas nunca cheguei a perguntar o por que.

– O que houve com sua perna, Newt?

O loiro hesita, desviando o olhar pras montanhas de neve.

– Não gosto de falar disso.

– Ah, qual é. Sem segredos, se lembra?

Newt solta um longo suspiro antes de prosseguir.

– Eu era corredor.

– Ahn?

– No início. Corri tanto quanto você, talvez até mais rápido. Alby me colocou no cargo imediatamente.

– Por que... Por que não me contou isso antes?

– Não tive motivos pra isso. Nunca me incomodou, na verdade.

Penso em insistir, deixo-o continuar.

– E daí se passou um mês. Depois dois. Depois nove. Depois um ano. E depois mais um. Acordando dia após dia enquanto minha esperança se esgotava lentamente.

A respiração dele é carregada enquanto fala. Seus olhos carregados d’água lhe entregam a face cansada e deprimida. É o lado do Newt que eu não conhecia.

– Certo dia eu levantei mais cedo do que os outros. Esperei as portas abrirem e entrei sozinho, sem dizer nada a ninguém.

As bochechas dele estão quentes, e as lágrimas gelam rapidamente em sua face. Não tenho reação alguma, apenas continuo andando ao seu lado bestializado enquanto escuto essa história horrível.

– Minho me encontrou sangrando algum tempo depois. Queria ter acabado com a minha vida ali mesmo, mas tudo o que eu consegui foi uma perna quebrada. Nem pra isso eu presto.

Puxo Newt e o abraço forte. Não deveria ter perguntado, é doloroso demais pra ele.

– Desculpa. Eu não queria te fazer lembrar dessas coisas.

– Tudo bem, você não tinha como saber. – ele diz, apertando os braços em minhas costas. – Eu só queria que tivesse sido diferente. Coloquei sua vida em risco no labirinto, e não vou me perdoar por isso nunca.

– Não foi culpa sua.

– Quase matei nós dois, Thomas. Se alguma coisa tivesse acontecido com você...

– Mas não aconteceu. Eu tô aqui inteirinho, não tô?

– É.

– Então pronto. Isso que importa. – beijo o rosto dele e volto-me para frente, parando em seguida ao ver os outros parados um pouco à frente, com as duas mãos para cima.

– Que é isso? – Newt indaga, inclinando o pescoço para ver melhor.

Dou dois passos a frente ao ouvir uma voz feminina.

– Não se mexa! – ela grita, e só então vejo uma garota negra – aparentando uns 17 anos, no máximo. – com uma arma apontada para nós. Ao lado dela, tem outras quatro garotas aparentando a mesma idade, também mirando em nosso grupo. Tem uma cabana grande um pouco mais a frente, e deduzo que esta seja a base delas.

– Precisamos de ajuda! – diz Gally, ainda de mãos pra cima.

– Quem são vocês?! – ela indaga.

– Nós estamos perdidos! – exclamo.

– Não é da nossa conta! – ela retruca. – Vão embora daqui!

– Por favor, ajude! – Teresa suplica, chorando. – temos feridos, e estamos congelando aqui!

– Acabamos de fugir! – Newt revela. – Não temos para onde ir, não nos lembramos de nada.

Uma das garotas- uma ruiva- sussurra no ouvido da negra. Elas têm uma breve discussão, e a ruiva se vira para nós novamente.

– Ô loiro! – ela grita pra Newt. – Vem cá!

Seguro o braço dele quando ele avança.

– Tá tudo bem. – ele diz, afagando minha mão e se voltando pra frente, parando na frente das duas.

– Tira a camisa. – ela diz, apontando a arma pra ele. Newt obedece e tira a camiseta, enrolando-a no punho. As duas analisam seu abdómen e depois ordenam que ele vire de costas, analisando-as também. A negra passa saliva na ponta do polegar e esfrega-o nas costas dele.

– É real. – a ruiva diz, olhando pra companheira.

– Vista-se. – a negra ordena, e Newt coloca a blusa novamente.

Newt avança para nós novamente, mas elas seguram-no e o puxam de volta.

– Como escaparam? – a negra pergunta, apontando a arma pra ele. Sou contido por Minho ao tentar avançar.

– O labirinto desmoronou. – ele diz, olhando-a no fundo dos olhos. – Só nós sobrevivemos.

As cinco formam uma rodinha e começam a conversar algo que não conseguimos ouvir. Em seguida, elas pegam Newt fortemente pelo braço e a negra se ajoelha em frente a ele, apalpando suas calças e tênis. Ele geme de dor quando ela aperta seu joelho.

– Esse tá limpo. – ela diz, afastando-se dele. – Certo, vocês todos, formem uma fila. Vamos checar cada um.

POV’S NEWT

– Meu nome é Sonya. – a ruiva se apresenta, me olhando de cima a baixo. – E você, quem é?

– Uh... sou o Newt.

Ela continua me encarando, e posso ver uma ponta de curiosidade em seus olhos.

– Engraçado... parece muito com a...

– Sonya! - a negra chama, impaciente. – Cheque os que precisam de atendimento médico.

– Minha perna dói. – digo, antes que ela fale qualquer coisa.

– Você sabe o motivo?

– Quebrei ela há alguns anos e caí sobre o joelho durante a fuga. – digo, levantando a barra da calça. Sonya examina minha perna e se volta para mim.

– Está muito inchada. Vou precisar examinar mais de perto.

Agradeço com um sorriso. A negra termina de examinar o último garoto e se vira para todos nós.

– Meu nome é Harriet. Sou a comandante do grupo B. Vocês são do grupo A. Nós também escapamos da C.R.U.E.L. Poderão ficar aqui até que todos os feridos sejam curados, mas depois irão embora. E não quero saber de confusão com nossas garotas, estão me ouvindo seu bando de adolescentes virjões?

Assentimos com a cabeça. Harriet se volta pra frente, e acompanhamos ela até a cabana.

***

Já é tarde. Não sei que horas são, mas a luz fraca da lua que entra pela janela denuncia a posição em que ela se encontra, logo posso deduzir que são aproximadamente umas 22:00. Tomamos banho e ganhamos casacos pra nos proteger do frio, e ela também me serviu uma sopa quente. Estou a algum tempo na enfermaria, enquanto Sonya examina minha perna machucada.

– Você deu sorte. – ela diz, pegando uma gaze na bancada de madeira branca. – Mas vou enfaixar sua perna e você vai ter que imobilizá-la por algum tempo.

– Tudo bem... – digo, enquanto ela enfaixa. – Obrigado.

– Não tem de quê.

– Uh... Cadê o Thomas?

– Quem?

– Ele é meu namorado. Um moreno alto...

–Ah. – ela dá um sorriso sacana.- Não sei de quem você está falando.– O horário do jantar já passou, então vocês se verão amanhã.

– Mas e os dormitórios?

– Ficam no terceiro andar, e você ainda não é capaz de subir as escadas. Vou ficar aqui de babá durante a noite. Então vê se fica quietinho, ok?

– Claro, senhora. – recosto no travesseiro duro, colocando as duas mãos atrás da cabeça.

O silêncio que se instala a seguir é um pouco incômodo. Sonya parece ser uma pessoa legal, e a única garota que eu havia tido contato até então era Teresa. As duas aparentavam personalidades diferentes, então conhecer alguém novo é sempre interessante.

– Então... como você escapou?

– Explodiram a geleira.

– Como?

– Não sabemos. – ela diz. – Faz uns dois ou três dias. Tiveram outras sobreviventes além de nos 4. Elas já estão nos quartos, mas amanhã eu lhe apresentarei a elas.

– Tudo bem, não tenho pressa. – sorrio e ela sorri de volta.

– E vocês? Escaparam como?

– Explodiram o labirinto, e ele desmoronou.

– Tá de brincadeira?!

– Pois é. Fomos os únicos sobreviventes. Andamos por horas até vocês nos encontrarem.

– Essa história é muito estranha... – ela murmura, sentando-se na poltrona ao lado da cama. – Ambas as prisões foram destruídas... mas por quê?

Olho para ela, mas não respondo. Também preciso de respostas.

– Enfim, quem está no comando? – ela pergunta.

– Teoricamente eu. Eu era o segundo no comando depois de Alby.

– Ele é um dos seus amigos?

– Era. – minha voz falha um pouco. – Ele morreu há um tempo, tentando salvar nosso amigo.

– Uma causa nobre.

– Acho que sim. Mas poderia ter sido evitado.

Outro silêncio. Dessa vez, não puxo mais assunto. O sono vem batendo a porta, vai entrando e aos poucos tomando conta de mim. Ajeito-me no travesseiro de modo confortável e relaxo. Era bem melhor do que as redes da clareira. Finalmente livres do labirinto, mas ainda sim, eu sinto que há algo de errado.

***


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