Newt x Thomas Newtmas Nós temos uma escolha escrita por Theo


Capítulo 12
Capítulo 12




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POV’S THOMAS

Melhor do que dormir com Newt, é acordar e ver ele ao meu lado. Seus olhos fechados, seus lábios finos selados e sua suave respiração fazendo seu peito subir e descer calmamente. Paro por alguns segundos para observá-lo, enquanto levo minha mão esquerda ao seu rosto, acariciando-o. Ele ressona, mas não abre os olhos. Ponho-me de pé e caminho até o gramado, analisando o lugar sem razão alguma. Acabo vendo um vulto próximo à entrada do labirinto. Apertando os olhos, consigo ver Minho vestido em sua camiseta branca e suas calças, os pés descalços se aproximando do chão frio do labirinto.

– O que ele está fazendo?! – exclamo para mim mesmo, tentando alcança-lo antes que ele faça alguma besteira.

Ele levanta o olhar para o alto dos muros, e avança em suaves passos até as portas. Começo a correr atrás dele, vendo o que ele planeja fazer.

– Minho! – grito, estendendo a mão um pouco atrás dele. Ele se vira para mim, o olhar inexpressivo não se incomoda em encontrar o meu. Paro em frente a ele e depois de encará-lo por alguns segundos, volto meu olhar para o labirinto. O longo corredor abre caminho para os dois lados, mas o muro de concreto que se põe de frente à minha visão chama a atenção: há um sinal de cor vermelha nele.

Não consigo enxergar direito, então decido me aproximar. Sou impedido por Minho, que segura meu braço, de frente para mim. Os lábios dele se retraem, e seu olhar encontra o meu. Não sei ao certo o que ele quer dizer, mas o jeito com que ele aperta os dedos em volta do meu braço me causam uma sensação estranha. Faço esforço para esquecer nosso diálogo do dia anterior, assim como todo ele. Minho se vira e fica ao meu lado, e andamos juntos até o desenho ficar mais nítido. Passo a mão cautelosamente sobre o líquido vermelho, e levo-o até o nariz.

– Sangue. – murmuro.

Minho analisa o sinal, seus olhos espremidos ficam menores do que o normal. O sinal possui uma seta, que aponta para o lado direito. Seguimos o sinal com o olhar, e uma sensação de medo misturado com repúdio me invade ao ver o chão do labirinto completamente ensanguentado, formando um rastro que segue por um caminho do labirinto.

– Mas que diabos...? – murmura ele, afastando-se de costas.

Fico sem qualquer reação, apenas assistindo àquela cena horrenda. Minho pega no meu braço me puxando, tentando não olhar para todo aquele sangue.

– Thomas, nós temos que ir.

Olho uma última vez antes de segui-lo. Voltamos para o gramado, ainda meio sem fôlego diante daquela cena.

– O que foi aquilo? – indaga Minho, arfando.

– Eu não sei. Só sei que deve ser algo ruim.

Ele leva a mão ao ombro ferido, e faz uma careta ao encostar no curativo.

– Nós temos que sair daqui, Thomas. Por favor. Não podemos ficar nessa maldita prisão nem mais um segundo.

Sei que ele está certo, mas ainda há algo me incomodando. Algo que pode me ajudar a entender o que está se passando. Encaro Minho, que já está me olhando faz algum tempo.

– Minho. O que você viu?

Ele suspira antes de continuar.

– Eles estão nos monitorando. Eu vi você, Thomas. Você era um deles. E a garota também. Vocês dois fizeram isso conosco... fizeram isso com si mesmos!

Olho assustado em direção à ele. Seus olhos estão cheios d’água, mas seguro seu rosto com as duas mãos e enxugo suas lágrimas antes mesmo delas caírem.

– Eu preciso da sua ajuda, cara. Me diz o que eu fiz, quem são essas pessoas que você diz serem eu e a Teresa?

– Eu... Vocês dois eram parte dessa coisa, o Cruel. Eu te vi, você estava lá. Você estava nos observando o tempo todo. Por que Thomas, por quê?

– Eu não sei! – exclamo, surpreendido com o nó que se forma na minha garganta. – Me perdoa Minho, mas eu não sei do que você está falando... Eu não consigo me lembrar...

Minho me olha tristonho, tira algo do bolso e me entrega. Uma espécie de seringa, com um líquido amarelado dentro.

– Isso se parece com...

– Eu fui picado. – declara ele. – E essa coisa me fez lembrar de tudo. E foi assim com o Ben também. E se o Alby... – a voz dele falha. – Se o Alby ainda estivesse vivo, talvez teria sido a mesma coisa.

Encaro Minho, e depois olho pra seringa em minhas mãos.

– Então isso nos restaura a memória? – murmuro.

– É. – ele estende a mão pra pegá-la de volta. Entretanto, me afasto dele.

– Eu preciso me lembrar, Minho. Eu posso descobrir o que nos fez vir parar aqui.

– Thomas...? – ele se aproxima devagar.

Viro a agulha da seringa pro meu abdómen.

– Garotos?

Levanto o olhar para ele, então ouço a voz de Gally atrás de mim, um pouco distante.

– Desculpa, Minho. – murmuro, antes de apunhalar a mim mesmo. Enterro a agulha de cima para baixo, sentindo minha pele sendo rasgada do umbigo até o resto do tórax.

– Thomas! – escuto Minho gritar, enquanto caio de joelhos sobre o gramado. Sinto alguém me segurar por trás, antes que meu corpo caia por completo. Gally se ajoelha e deita minha cabeça sobre seu colo, segurando meu rosto enquanto tenta me manter acordado.

– Thomas... O quê você... – ele parece ficar confuso até ver a seringa cravada em mim.

Gally puxa a agulha de uma vez, e passo a respirar com dificuldade. Minha visão começa a embaçar, mas ainda consigo ver Minho de pé ao meu lado, os olhos apavorados correndo sobre meu corpo, enquanto o rosto de Gally se põe sobre meus olhos, dizendo algo como ‘‘O que está acontecendo?! Minho, o que está acontecendo?!’’. E de repente, não posso mais ouvi-los. Olho para o céu, e a claridade se espalha pelas minhas vistas, tampando as folhas das árvores e o rosto dos meus dois companheiros.

***

– Thomas. Cruel é bom. – uma voz feminina ecoa atrás de mim. À minha frente, enxergo computadores e máquinas, mas minha visão se divide em flashes. Uma mulher loira com um aspecto de uns cinquenta anos me encara nos olhos, pousando a mão sobre meu ombro. – Cruel é bom.

– Cruel não é bom, Thomas. – É Teresa quem está na minha frente.

– T-Teresa? – gaguejo.

– Cruel não é bom. Thomas, temos que fugir.

– Cruel é bom, Thomas. Venha, vamos ao trabalho. – a voz da mulher soa novamente.

Olho novamente para frente. Estou na frente do computador, e há fotos de algumas pessoas na tela. Gally, Minho e... Newt. Meu coração aperta ao vê-lo. Olho mais adiante, posso ver Teresa me encarando do outro lado.

– Teresa, por que estamos fazendo isso?

– Cruel não é bom, Thomas. – ela retruca, olhando pros lados. – Não somos um deles.

Minha visão é coberta por outro flash, e dou de cara com Gally. Ele arregala os olhos ao me ver, e começa a bater no vidro que nos separa um do outro. Ele está em um tanque cheio de água, o pavor é visível nos olhos dele. Me afasto do vidro e pisco algumas vezes, mas ao invés de Gally, é Minho quem está na minha frente. Igual ao outro, ele grita em desespero, afogando-se dentro do tanque enquanto surra o vidro. Fecho os olhos, aterrorizado demais para olhar.

– Por favor! Deixe-a ir! – a voz que vem a seguir me soa familiar. Abro os olhos novamente, mas o tanque está vazio. Demora alguns segundos para perceber que estou segurando outro garoto, de costas para mim, debatendo-se desesperadamente. Num último segundo, ele se vira para mim, e o rosto de Newt para meu coração subitamente.

– Por favor. – implora ele, chorando por piedade.

Em seguida, tudo se acalma de repente. Newt já está dentro do tanque, mas ao contrário de Gally e Minho, ele está quieto, apenas me encarando no fundo dos olhos, me fazendo sentir uma tamanha culpa que nunca senti antes. As mãos dele estão prensadas contra o vidro, assim como seu rosto assustado. Levo minha mão ao vidro, encostando-a exatamente aonde a mão dele está situada. Volto o olhar para ele, mas sua expressão tranquila se transformou em uma carregada de ódio e fúria.

– VÁ! – o grito dele me faz cambalear pra trás, e de repente, tudo se apaga novamente.

***

POV’S NEWT

– Newt! – a voz aguda e assustada de Chuck me desperta de repente.

– Ahn?

– O Thomas se feriu!

– Chuck, para de graça, me deixa dormir! – digo, cobrindo o rosto com o tecido da rede.

Chuck puxa a rede e me derruba no chão, mostrando uma força física que eu não fazia ideia de que ele tinha.

– Não é caô cara, o Thomas se feriu!

– O que aconteceu? – esfrego os olhos, ainda sonolento.

Chuck já perdeu a paciência com meu sono, pois ele agarra meu pulso e me arrasta para fora do dormitório. Cambaleio para frente, ainda atordoado com a brutalidade com que fui acordado. Porém, um pouco mais adiante, vejo Gally e Minho em desespero, me apressando para averiguar o que está acontecendo.

– Thomas...! – exclamo, me ajoelhando ao lado de Gally. Passo os olhos pelo corpo agitado e contorcido de Thomas, e vejo uma seringa cravada no abdómen dele. Dentro dela, há um líquido amarelado.

– Gally, mas o quê...?

– O que você acha?! – ele retruca num tom grosseiro.

Estanco o sangramento com as duas mãos, correndo os olhos até encontrar o olhar de Minho.

– Minho, chame a Teresa! – ordeno.

Ele olha pra mim, mas parece não ter me ouvido. Continua imóvel, os olhos assustados e a respiração carregada.

– Minho, me ajuda! Chama a Teresa e pega a seringa azul que injetamos no Ben, rápido!

Dessa vez ele obedece, e corre direto pra enfermaria. Me volto para Tommy, sofrendo em meio a uma convulsão horrenda. Sinto uma pontada no peito ao vê-lo daquele jeito, e viro o rosto, sem ter coragem de encará-lo. Meu olhar encontra o de Gally, e ele franze a testa, como se realmente já soubesse o que se passava entre nós dois. Não digo nada, apenas devolvo o olhar, meio sem graça. Nem vejo o momento em que Minho volta, enfiando a seringa de uma vez no abdómen de Thomas. Seus movimentos agressivos se interrompem em questão de segundo, e consigo respirar um pouco mais aliviado.

– Zart! – a voz de Gally interrompe meu breve alívio. – Nos ajude!

O loiro se aproxima de nós, seguido por outros companheiros curiosos.

– Gally?

– Pegue-o! – Gally segura Thomas por um dos braços, e os dois o levantam. Seguro as pernas de Thomas e o suspendemos, carregando-o até a enfermaria e deitando-o sobre a cama.

– Tire a blusa dele. – Teresa surge caminhando em nossa direção. Obedeço, e tiro a camiseta dele, embolando-a e atirando-a em um canto qualquer. Ela examina o ferimento cheio de veias ressaltadas um pouco abaixo do umbigo dele, e passa os olhos pela prateleira.

– Newt. Eu preciso que você pegue peróxido, bandagens, gaze e curativos pra mim.

Alcanço a prateleira e pego o que ela pediu. Abro a garrafa de peróxido e entrego as bandagens e as outras coisas à ela, despejando um pouco no ferimento. Observo o sangue coagular lentamente, fazendo também as veias irem sumindo aos poucos. Ela limpa o resto de sangue que ainda escorre, e depois firma a gaze sobre a ferida, prendendo-a com curativos.

– Gally, levante-o. – ordena ela. Gally o faz, e ela enrola as bandagens duas vezes em torno do corpo dele antes que Gally possa o deitar novamente. Por fim, ela prende a ponta das bandagens com mais dois curativos.

Nos afastamos respirando fundo. O silêncio repentino me tranquiliza quanto ao estado de Thomas. Ninguém diz mais nada, e um a um, os meninos se retiram da enfermaria, deixando apenas eu e Teresa de pé ao lado da cama. Ela me olha e solta um suspiro, balançando a cabeça positivamente. Desmorono sobre a cadeira o lado da cama, segurando e acariciando a mão gelada de Thomas.

***

– Newt! Newt!!! – Teresa me sacode, acordando-me de um breve cochilo.

– Teresa, o que foi?!

– Nós temos que ir! Anda!

Cambaleio pra fora da enfermaria, e vejo o caos tomando conta da clareira. Os meninos correm de um lado para o outro e a gritaria ecoa entre os muros. Passo os olhos pelo lugar, e então ouço um estrondo vindo de trás de mim. As paredes do labirinto racham até o gramado, e sinto o chão tremer.

– Que merda está acontecendo aqui?! – pergunto pra Teresa, que vem atrás de mim com Thomas apoiado nos ombros dela.

– O labirinto está caindo! – ela exclama. – Me ajuda!

– Tommy. Tommy olha pra mim. – seguro o rosto dele e faço-o olhar nos meus olhos. – Acorde. Nós temos que ir. Precisamos deixar a clareira agora.

Ele me olha, mas parece apreensivo demais. Fica imóvel, e Teresa continua me olhando esperando que eu faça alguma coisa. Uma das paredes desmorona e cai em cima do dormitório, esmagando três meninos que tentaram se refugiar.

– AAAH! – grito quando vejo que a próxima parede a desmoronar é a que está atrás de mim.

– THOMAS, MOVA-SE! – grita Teresa, sacudindo-o.

– Tommy, por favor! – imploro. Ele pisca rapidamente e olha em volta.

– Mas que diabos?!

– Temos que ir! AGORA! – exclamo, puxando-o. Ele põe-se de pé e nós três corremos em direção ao labirinto. Porém, sinto alguém me puxar.

– Newt! O Minho e o Chuck ainda estão na floresta!

***


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