Enzo foi um cavalheiro naquela noite. Após jantarmos, ele se despediu e nós fomos embora por caminhos diferentes. Fiquei pensando… Ele podia ser confiável. Podia ser alguém com que eu pudesse me abrir, afinal, ele estava me ajudando mesmo eu não tendo contado nada sobre mim para ele.

Bonnie havia me ligado dizendo que Kol e ela sairiam no próximo sábado. Eu estava feliz por eles. Queria que tudo desse certo. Quem sabe eles não confessavam seus sentimentos um pelo outro? Seria lindo. Bem, a história seria menos complicada do que a minha com Damon. Eu tinha que me distanciar dele o mais rápido possível. Por que Katherine não aparecia logo? Por que ela demorava tanto para dar as caras?

Enquanto eu pensava, nem me dera conta de que já era um pouco tarde da noite. Johanna devia estar uma fera. Mas eu não ligava. Não mais. Aproveitaria que ajudara Lily para poder conseguir um emprego na agência de modelos dela. Pediria para ela contratar Bonnie também, já que era seu sonho também. Me livraria de Johanna de uma vez por todas!

— Elena, o que está fazendo aqui? — Caroline perguntou a mim me assustando.

— Eu… Eu fui dar uma volta por ai — respondi e continuei a andar. Não estava com cabeça para reclamações, principalmente vindas de Caroline.

— Ah, claro… — disse intrigada — Eu… Fui encontrar Stefan — sorriu — Sabia que fizemos as pazes?

— Sabia sim — respondi mas me dei conta de que havia falado demais — Quer dizer… Não. Mas, que bom.

— Eu sei. Quem quer que seja aquela garota, era somente sua amiga. Sei que Stefan nunca faria nada para machucar meus sentimentos. Quando estou com ele sou tratada como a única garota que existe. Ele me ama, eu amo ele… Parece um conto de fadas — suspirou — Mas, afinal, por que eu estou falando isso com você?

— Eu não sei — dei de ombros.

— Que seja! — bufou.

Nós continuamos a andar juntas e não falamos nenhuma palavra há mais.

— Elena, como você aguenta?

— Como eu aguento o quê?

— Eu e minha mãe. Nós… Nós somos praticamente as piores pessoas que existem e você nos aguenta. Como?

— Eu penso em como minha mãe gostaria que eu agisse com as pessoas. E penso em como meu pai as trataria nessas situações. Sempre com um sorriso no rosto, demonstrando atos de bondade e generosidade, escondendo a tristeza dentro de você. Aguentando firme e sendo forte. O mais forte possível — suspirei e olhei para Caroline, que escutava tudo atentamente, como uma criança quando ouve uma história de seus pais na hora de dormir — Eu tenho amigos com quem posso me abrir, como você tem Stefan e sua mãe — sorri e ela suspirou.

— Na verdade, só Stefan. Minha mãe não dá muita importância. Mas você já deve ter percebido — deu de ombros. Nós já estávamos perto da porta da casa, mas continuamos a conversar. Estava sendo um momento confortável.

— Stefan é uma pessoa especial em sua vida. Cada um tem a sua — sorri.

— E quem é a sua? — perguntou curiosa.

— Eu…

— Katherine! Hey! — alguém havia me chamado. Aquela voz que eu conhecia tanto e queria que estivesse sempre perto de mim, mas eu sempre tinha que me afastar dela.

— Damon — respondi convicta.

— Quem é… — ela perguntou quando virou-se para trás e viu Damon vindo em nossa direção — Damon? Oi!

— Oi, Caroline! — respondeu e respirou algumas vezes, recuperando todo o fôlego que tinha perdido — Não sabia que conhecia Katherine.

— Katherine? Não, essa daqui é a… — coloquei as minhas mãos instantaneamente na boca de Caroline, impedindo-a de falar.

— Sou… A melhor amiga dela! É, isso! — respondi e ri, tentando afastar o clima tenso — Caroline, ouvi Johanna lhe chamar, melhor você ir.

— Certo, eu vou falar sobre isso com você depois. Você me deve uma explicação sobre isso! — ela disse e subiu enraivecida.

— O que você veio fazer aqui, Damon?

— Calma lá, parece que está me expulsando.

— Não, eu não estou. Me desculpe.

— Tinha que falar com você.

— Você sempre tem que falar comigo, eu sempre tenho que falar com você… Onde isso vai nos levar? À lugar nenhum! Nós só nos afastamos mais e mais. Não podemos ficar juntos, Damon. De modo algum!

— Por que, Katherine? Somente me responda? Por que você esconde tantas coisas de mim? Por que sempre se afasta? Tenho certeza de que eu não faço de tudo para nos afastar como você faz.

— Eu não quero que nos afastemos, Damon — confessei quase em um sussurro, fazendo-o ser incapaz de ouvir — Porque eu tenho! Porque eu vou enlouquecer se não me afastar de você! Eu vou me sentir pior do que já estou.

— Por que você se sente mal, Katherine? Só me diga — pediu segurando minhas mãos.

— Damon… Eu não posso.

— Você nunca pode — esbravejou e soltou minhas mãos.

— Por que estamos brigando assim? Não somos nem ao menos um casal! Somos somente sócios!

— Qual o problema de nos apaixonarmos? Qual o problema de eu ter me apaixonado por você?

— O problema é que você não pode se apaixonar por mim. Volte para Rebekah, talvez ela te ame mais do que eu.

— Rebekah? Kath… Espere. Você disse que me ama?

— Não, eu não disse! — tentei esconder de todos os jeitos o que eu havia falado. Mas não tinha como.

— Sim, você disse — sorriu — Vai negar isso agora?

— Sim, porque eu não disse! — eu estava a ponto de chorar, eu não aguentava mais! Damon me odiaria mais ainda.

— Katherine… — suspirou e olhou para o céu, passando as mãos em seus cabelos — Eu estou farto.

— Não era para estar! Não temos nada haver um com o outro, Damon!

— Eu… Olhe, esqueça que estive aqui! Vim para consertar, mas fiz piorar.

— Na verdade, nós dois pioramos as coisas. Eu, você… Katherine.

— Certo, refira-se a você mesma na terceira pessoa — bufou — Estava pensando em chamá-la para um final de semana comigo e minha família na casa de campo. Mas pelo visto, você não iria aceitar de todo modo.

— Sinto muito, Damon.

— Não, Katherine. Eu sinto muito — respondeu por fim e foi embora, acabando comigo mais uma vez somente com suas palavras.

…

Havia corrido para o meu “quarto” naquela noite o mais rápido que podia. Eu não sabia se Caroline era confiável o bastante para guardar tamanho segredo. O que ela faria se soubesse que eu estava me passando por Katherine Pierce? Ela contaria para Deus e o mundo. Bem, não podia esperar menos de Caroline.

O estranho era que do nada ela estava ficando menos… Caroline. Talvez Stefan estivesse mesmo mudando-a. Eu nunca pensei que isso seria possível. Mas a nova Caroline estava me agradando, e depois de saber que Johanna não se importava com ela, fiquei triste. Como uma mãe não podia dar importância para sua própria filha? Não queria saber como era ter uma mãe assim.

Estava em meu quarto deitada em minha cama e olhando para o teto. Tudo parecia mais interessante do que fazer aquilo, mas não havia nada para fazer. Eu já tinha varrido, passado, lavado, limpado… O cansaço tomava conta de mim e eu não estava nem um pouco bem depois da noite anterior.

Eu tentava estranhamente tirar Damon de meus pensamentos. Pensar nele só pioraria tudo. Como se já não estivesse tudo ruim. Ruim era pouco, na verdade.

Bonnie estava com Kol, obviamente. Pensei que eles só sairiam no sábado. Pelo jeito as coisas estavam indo melhores do que o esperado. Isso era ótimo. Finalmente eles confessariam tudo o que sentiam um pelo outro! Estava demorando demais…

— Elena, eu preciso falar sobre ontem — Caroline entrou no meu quarto e fechou a porta, sentando em minha cama logo em seguida — Vamos, lá! Me explica!

— O quê? Não tem nada o que explicar.

— Sim, tem sim. Primeiro, como conhece Damon? Segundo, por que ele chamou você de Katherine? Sei que são muito parecidas, mas até eu enxergo a diferença. Bem, eu sei, você parece demais! Qualquer um poderia confundir, mas não entendo porque Damon te chamou de Katherine. Que eu saiba, ela estava em uma viajem e só voltaria em algumas semanas. Por que eu sei disso? Sou a fã número um dela, obviamente.

— Uma coisa: Você falou isso em um fôlego só? — ela suspirou e cruzou os braços, esperando minha explicação — O.K, eu explico! Lily é minha amiga. Minha mãe e ela eram muito amigas. Um dia, na cafeteria, ela me apresentou a Damon. Somente.

— Se ele te conhece, por que te chamou de Katherine? E se não tem nenhuma proximidade, por que ele veio até aqui falar com você?

— Ele me chamou de Katherine… Porque… — ao dizer isso, o telefone tocou instantaneamente. Salva pelo gongo!

Me estirei um pouco para poder pegá-lo e o atendi.

— Elena? É você? — Lily me chamou do outro lado da linha.

— Sim, sou eu — sorri.

— Ah, que bom que acertei o número! — riu — Olhe, eu e minha família passaremos o final de semana em nossa casa de campo e eu adoraria que você fosse.

— Eu… Eu não sei — disse tentando falar o mais baixo possível por causa de Caroline — Talvez Damon não queria que eu vá. E, além do mais, não quero ser incômodo.

— Como assim? Damon estava ansiando por sua presença desde que o avisei que a chamaria. Bem, não o vi ontem para falar com lhe convidaria, mas ele deve estar ansioso. E, que incômodo? Elena, querida, você é praticamente da família! Depois de tudo o que está fazendo e passando somente para me ajudar… Isso é o mínimo que posso fazer. Além disso, sua mãe era uma grande amiga minha. Eu a acolheria de todo modo.

— Obrigada, Lily — sorri — Não sabe o quanto isso me conforta. Eu acho que seria falta de educação minha não aceitar. Então eu vou! Pode contar com minha presença.

— Oh, que ótimo! Amanhã eu vou lhe pegar às seis da manhã! Esteja pronta!

— Claro! Até mais!

— Até!

— Quem era? — Caroline perguntou.

— Lily me convidou para passar o final de semana na casa de campo de sua família. Viu? Eu disse: Ela é minha amiga.

— Que bom! Pelo visto vamos ser colegas de quarto.

— O quê?

— Oras, eu também vou, Elenita.