Sete Dias escrita por magalud


Capítulo 4
Dia 5




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Dia 5

– Severo....

– Procure não falar, Alvo. Você ainda está muito fraco.

– Mas esses ataques...

– ... vão parar - garantiu Snape, ajudando-o a ingerir o líquido de um cálice de estanho. - Agora precisa beber isso. Talvez eu tenha de preparar uma concentração especial para você, Alvo.

– O que é isso?

– O antídoto, eu espero.

Madame Pomfrey parecia aliviada:

– Essas são boas novas, Severo. Agora talvez possa nos devolver a Srta. Adrian. Ela perdeu a maior parte de suas aulas ontem. Sem mencionar o jantar e o café da manhã hoje. Deve estar exausta, pobrezinha.

Severo sentiu um tremor de remorso lhe percorrer o corpo. Ele recolheu o cálice vazio e disse, a voz com um ligeiro tom amargo:

– Obviamente há algum engano. A Srta. Adrian e eu não nos falamos desde ontem à tarde. Tivemos um ligeiro... desacordo.

A enfermeira ficou espantada:

– Que estranho. Aparentemente ninguém a viu desde então.

Severo alarmou-se. Ergueu-se rapidamente, e num movimento gracioso, colocou um frasco nas mãos de Madame Pomfrey:

– Se o Diretor não apresentar melhora em precisamente duas horas, dê-lhe mais uma dose dessa poção. Se ainda assim nada disso acontecer, pode me procurar.

– Severo, você acha que algo aconteceu? À Srta. Adrian, quero dizer.

Havia uma determinação fria no professor de Poções quando ele disse:

– É o que pretendo descobrir.

Com suas vestes tremulando graciosamente, ele deslizou com rapidez e elegância para fora da enfermaria, rumo às masmorras. Alguma coisa muito estranha estava acontecendo, e ele pretendia descobrir exatamente o que era. Para isso, ele tinha um plano muito especial.

*

Diana não sabia dizer quanto tempo a tinham deixado naquele lugar escuro e úmido. Cada minuto ali a deixara apavorada, e certamente foram horas a fio, talvez uma noite inteira. Ela não sabia direito o que poderiam querer com ela, mas boa coisa certamente não havia de ser.

Lúcio Malfoy a tinha retirado de Hogwarts havia horas, e a deixara amarrada e amordaçada num ambiente desconhecido e aterrador. Só o que Diana via eram paredes de pedra, e uma tênue luz que entrava por debaixo da porta fechada.

Diana tentava se controlar, não se desesperar, mas ela não via saída para sua situação. E ela temia o que estava por acontecer.

Seus temores não duraram muito mais tempo. Na verdade, eles se confirmaram mais do que cedo.

A porta se abriu repentinamente, assustando-a a ainda mais. Tochas foram colocadas na parede, machucando-lhes os olhos. Mas a voz de Lúcio Malfoy a fez estremecer com as seguintes palavras:

– Aqui está, meu senhor, o presente que lhe falei. Veja com seus próprios olhos.

Com as mãos amarradas acima de sua cabeça, Diana tinha uma visão limitada de seu ambiente, mas com horror, ela viu Malfoy acompanhado de uma única pessoa. E ela era ninguém mais, ninguém menos, do que o homem que mudara sua vida.

Lord Voldemort.

Ele vinha sem seus asseclas, com vestes negras e olhos vermelhos sobrenaturais que pousaram em Diana, fazendo-a ter arrepios. Ela ouvia o barulho de suas botas no chão de pedra, e sentiu que sua boca ficara seca não só devido à mordaça.

– Ela é da melhor estirpe, meu senhor - dizia Lúcio. - E intocada. Seu sangue o fortalecerá como nenhum feitiço foi capaz.

Diana sentia dificuldade de respirar, o sangue parecia fugir-lhe das veias. Mas soltou um grito quando um dedo percorreu sua perna, e uma voz sibilou:

– Sem manchas? Intocada? Virgem?

– Sim, meu senhor - Lúcio respondeu servilmente.

– Excelente. Pode fazer os preparativos, Lúcio. Na próxima lua, pretendo estar rejuvenescido.

Agora os olhos de Diana estavam ficando embaçados, mas era porque ela estava a ponto de se desesperar. Era Lord Voldemort. Provavelmente ela seria oferecida em sacrifício para algum ritual perverso.

Primeiro seus pais, agora ela. Voldemort iria exterminar toda a sua família...

– Convoque todos os meus Comensais. Quero um sacrifício virginal de tal magnitude que nem Grindewald foi capaz de fazer.

Lágrimas começaram a escorrer dos lábios de Diana. Ela não tinha saída, não tinha como resistir. Ninguém em Hogwarts sabia onde ela estava (incluindo ela mesma), nem tinham como localizá-la.

Ela estava perdida.

– Não, meu senhor! - gritou uma voz conhecida, entrando na masmorra. - Não faça isso!

Diana esticou-se para ver se era verdade. Severo?

Era verdade. Ele estava ofegante, mas respeitoso quando se dirigiu a Lord Voldemort:

– Meu senhor, não leve o ritual adiante.

– Severo! - A voz de Voldemort denunciava a surpresa em vê-lo. - Lúcio me dizia que você teve um acidente na Floresta e perdeu a memória.

– Sim, perdi a memória. Mas eu sei que essa menina não é uma legítima sangue-puro. Usar o sangue dela irá apenas conspurcá-lo, meu senhor. Não posso deixar que isso aconteça.

Voldemort virou-se para Lúcio:

– Ah, é uma sangue-ruim?

– Exatamente, senhor.

– Isso não é verdade! - disse Lúcio, muito pálido. - Ela é uma Adrian, uma das famílias mais tradicionais do mundo bruxo!

– Ela mesma me contou que é adotada, Lúcio - disse Severo. - Ela confia em mim e me contou um de seus segredos mais íntimos. Claro que ela não admitiria isso para você, que a intimidou.

Ao ouvir aquilo, uma onda quente de vergonha percorreu o corpo de Diana. Como ela tinha sido boba!

Lord Voldemort pareceu satisfeito em ouvir aquilo:

– Pelo que vejo, seu toque de espião continua a lhe servir bem, Severo. Muito bem. Mesmo com sua memória afetada, sua lealdade está intacta.

Severo inclinou a cabeça, respeitosamente. Com o rosto pálido agora tocado de rosa devido ao ódio, Lúcio Malfoy rosnou:

– Perdão, meu senhor. A pequena sangue-ruim me enganou. Ela vai receber o que merece. - Puxou a varinha de sua bengala. - Avada

Diana fechou os olhos. Era o seu fim.

– Permita-me - interrompeu Severo. - Gostaria de livrar nosso senhor dessa presença infecta eu mesmo.

Lúcio olhou para Voldemort, consultando-o com um olhar. O Lord das Trevas deu de ombros, e Severo interpretou aquilo como uma permissão. Ele tirou sua própria varinha de meio das vestes e apontou:

Accio!

Por alguns segundos, os demais ficaram olhando. Mas nada aconteceu.

Concentrando-se intensamente, Severo voltou a apontar a varinha contra o peito de Diana e pronunciou, bem claramente:

Accio coração!

O que se seguiu não era exatamente o que os comensais ali reunidos esperavam.

Ao invés de um Avada Kedavra limpo e totalmente civilizado, Severo optara por retirar o coração da moça diretamente de seu peito. Um grito horrível nasceu no fundo de sua garganta, e o corpo dela convulsionou por alguns poucos segundos, arqueando o peito e jogando a cabeça para trás. Sangue espalhou-se pelo peito de Diana, e um buraco horrível apareceu no lado esquerdo do tórax, enquanto os olhos dela ficavam abertos, arregalados, sem vida. Seu corpo ficou imóvel e não mais se mexeu.

Com o braço erguido, Severo apresentou, triunfante, um coração ainda pulsante na sua mão esquerda, o sangue pingando na masmorra. A acrobacia pareceu agradar Lord Voldemort:

– Pelo sangue ela mancha e pelo sangue ela morre. Muito simbólico, Severo. Estou impressionado - Ele se deteve ligeiramente. - Mas você pareceu ter problemas para executar um simples Accio. Como pode ser?

Severo fez o coração sumir e usou um feitiço para limpar o sangue, dizendo, parecendo vexado:

– Infelizmente, meu amo, o envenenamento que me prejudicou a memória foi de tal forma insidioso que meus poderes foram diminuídos pelo veneno. É um dos efeitos da combinação de substâncias utilizada.

– Impressionante. E você sabe dizer que substâncias foram utilizadas?

Severo ergueu uma sobrancelha:

– Meu senhor, talvez Lúcio saiba responder melhor do que eu... considerando que foi ele quem envenenou todas as mandrágoras de Hogwarts.

Normalmente pálido, Malfoy pareceu perder toda a cor.

– Como...?

Severo respondeu:

– Parece óbvio que seu objetivo era envenenar o Diretor Dumbledore e com isso enfraquecer-lhe os poderes. Veja, meu senhor, esse insidioso veneno atua apenas em bruxos de poder excepcional. Por isso Dumbledore caiu tão gravemente doente - ele é um bruxo extremamente poderoso. Harry Potter, cujos poderes não precisamos duvidar, também foi envenenado. Infelizmente, eu fiquei no seu caminho e você não teve outra opção a não ser me envenenar... amigo.

Lúcio parecia encurralado, ao confirmar:

– Sim, meu senhor. Meu objetivo era enfraquecer Dumbledore de tal maneira que um ataque direto a Hogwarts pudesse ser bem-sucedido. Isso pode ser feito agora, meu senhor! O velho tolo não é mais um obstáculo a seu poder!

Voldemort não pareceu comovido com tamanha demonstração de lealdade.

– E por que não me informou de seus planos?

– Eu não estava certo se Dumbledore cairia na armadilha. Ou se o veneno era realmente eficaz. Achei que o velho tolo seria uma boa cobaia para meu experimento.

– E por que você decidiu envenenar Severo também? Ele não ameaçava seu plano... ou será que ameaçava?

Lúcio pareceu perturbado:

– Eu... eu...

Severo o interrompeu:

– Talvez, meu senhor, seja melhor perguntar qual plano eu poderia estar ameaçando.

– Como assim, qual plano? - Lúcio parecia nervoso. - Do que você está falando?

– Do seu verdadeiro plano, Lúcio - alfinetou Severo. - Uma vez determinado que Dumbledore estaria enfraquecido, e que o veneno era eficaz, você teria condições de utilizá-lo contra o nosso mestre. E então você poderia se tornar o novo Lord das Trevas.

Lúcio perdeu totalmente a cor nas faces:

– Absurdo! Blasfêmia! Eu jamais faria isso, meu senhor, eu -

Voldemort encarou-o duramente com os olhos vermelhos faiscando:

– Mas você tem que admitir que faz sentido, Lúcio. E se torna ainda mais suspeito depois que você me apresenta uma sangue-ruim para um sacrifício virginal.

– Mas meu senhor! - Ele estava à beira do desespero, cabelo louro voando quando ele gesticulava. - Esse foi um engano honesto! Não pode acreditar no que Severo diz: ele está desmemoriado!

Severo disse:

– Lamento informar, Lúcio, mas minha memória está intacta. Eu me lembro de tudo, de seus feitiços para alterar a minha memória e inclusive das inúmeras maldições Crucio que você me aplicou na Floresta.

Lúcio tremia, pálido:

– Impossível! Não há cura para o feitiço que eu lhe apliquei! Você mente!

Calmamente, Severo explicou:

– Talvez você achasse que não tem contra-feitiço, mas na verdade, só o que bastou foram as lágrimas sinceras de uma virgem apaixonada. Esse era o contra-feitiço que você achou ser impossível. Mas alguém se apaixonou por mim, e era virgem, e mais: chorou pelo meu amor. Isso desfez o encanto.

Poucas vezes na vida Severo sentiu-se tão gratificado quanto o momento em que Lúcio lhe lançou um olhar que dizia tudo: surpresa, ódio, derrota, traição!

Ele olhou para a mesa:

– Quer dizer que a pequena vagabunda...?

Severo inclinou a cabeça:

– Eu lhe disse que ela confiava em mim. E que me contava segredos íntimos.

Incapaz de se controlar, Lúcio gritou:

– Pois prove! Prove que eu sou traidor.

– Já que insiste - Severo ergueu uma sobrancelha e pronunciou as palavras lentamente, como se saboreasse cada uma delas dentro de sua boca. - Você não diria que seria prova suficiente se uma das mandrágoras envenenadas de Hogwarts aparecesse aqui... bem dentro do seu bolso?

Agora sim, Lúcio pareceu ficar transparente de tão pálido. Ele levou a mão ao bolso interno de suas vestes e sentiu o volume que estava ali dentro.

– Fui enganado! - Tirou a mandrágora esverdeada, e Voldemort imediatamente sentiu o poder do veneno, indo para trás como se estivesse sem ar. Lúcio acompanhou aquilo com olhos gananciosos. - De qualquer forma, deu certo. Você está ficando fraco, Riddle.

Voldemort caiu para trás, o rosto contorcido de dor:

– Seu... traidor...!

Lúcio puxou a varinha e apontou para Voldemort, gritando:

– Ava-

Jamais conseguiu completar sequer a primeira palavra, pois Severo foi mais rápido:

Expelliarmus!

Ele era especialista nesse feitiço para desarmar o oponente.

Com um clarão, Lúcio voou até a parede mais próxima, chocou-se violentamente contra ela, caiu no chão e não se mexeu mais.

– Severo... Meu fiel Severo... - disse Voldemort já enfraquecido no chão.

– Oh, sim - disse Severo - Eu não esqueço de minhas lealdades, jamais. - Ele apontou a varinha contra Voldemort e não pôde esconder sua satisfação em pronunciar: - Avada Kedavra!

Uma luz verde saiu de sua varinha e espalhou-se pelo corpo de Voldemort. O temível senhor das trevas brilhou de forma esverdeada por alguns instantes, depois simplesmente virou pó, e como pó foi varrido para longe de todos.

Para sempre.

O coração de Severo batia forte quando ele ergueu o corpo imóvel de Diana, empapado de sangue, e foi até a lareira mais próxima. Com um punhado de pó de flu, ele gritou:

– Escritório de Dumbledore!


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