Passaram alguns dias e havia um aluno novo no colégio, seu nome era Dakota, era um loiro alto com olhos verdes e cheio de tatuagens. As aulas estavam normais e eu evitava ao máximo olhar para Nathaniel. Professor Faraize pediu para Dakota sentar-se ao meu lado.

—Olá, como você sabe, meu nome é Dakota, mas prefiro que me chame de Dake. Seu nome é tão bonito quanto você? —Dizia ele sentado meio de lado encostando seu braço em minha cadeira, onde o mesmo estava apoiado em sua cabeça. Ele dava um sorriso largo, mostrando todos os dentes. Eu fiquei com vergonha, mas gostei do jeito seguro dele.

—Olá, meu nome é Halibell, prazer em conhecê-lo. —Eu retribuo seu sorriso.

—O prazer foi todo meu, Bell. —Ele sorriu me olhando de cima a baixo. Bateu o sinal para o intervalo, eu queria passar, mas Dake não me deixava.

—Você poderia sair da frente, por favor? —Eu o olhava um tanto irritada.

—Você não gostaria de ficar aqui comigo? —Ele dizia mordendo os lábios.

—Desculpa, mas eu tenho que me encontrar com uma amiga. —Vou levantando da minha cadeira.

—Sua amiga pode esperar, não? —Ele passa sua mão sobre minha coxa.

—Eu já disse que não quero. —Retiro sua mão da minha coxa. —E dá próxima vez que tentar uma gracinha, irá se arrepender.

—Me perdoe, eu não queria te forçar nada, só queria conhecer alguém. Você sabe que eu sou novo, seria crueldade da sua parte me deixar sozinho. —Dake ri.

—Você não está querendo uma amiga e eu não estou querendo nada no momento. —Falo seca.

—Hm, então quer dizer que em outro momento, talvez? —Ele se aproxima de mim.

—Saí logo da minha frente. —Eu aumento o meu tom de voz, já irritada.

—Tudo bem, tudo bem. —Ele levanta a mão como sinal de paz e se levanta da cadeira.

Eu me levantei da minha e fui passar por ele, só que tropecei no pé da cadeira, Dake me segurou antes que eu caísse, nossos corpos se colaram e nossos lábios estavam bem perto, estávamos quase se beijando quando Kentin e Armin entraram na sala.

—MAS O QUE É ISSO? —Fala Kentin, pude ver em seu rosto que aquela cena não o agradava.

—Dá para soltá-la? —Armin nos olhava também bravo pela situação, porém sua tranquilidade continuava a mesma.

—Acalmem-se, ele apenas me segurou para eu não cair. — Eu me separei rapidamente de Dake e fui em direção aos garotos.

—Aquilo foi quase um estupro. —Ketin diz encarando Dake.

—Que exagero, vamos logo. —Eu os peguei pelo braço e saímos em direção ao pátio, onde Rosa e Alexy nos esperavam.

—Demorou hein? Estava retocando a maquiagem? —Rosa esperava de braços cruzados.

—Na verdade ela estava quase aos beijos com o garoto novo. —Diz Kentin revirando os olhos.

—Mas já senhorita Halibell? Assim não sobra nenhum para mim. —Alexy diz me dando uma piscada.

—Para de falar essas coisas Ken-tin, não foi nada disso que aconteceu, ele apenas me segurou. —Eu o aperto no braço.

—Pois não foi o que pareceu, segurou até demais. —Armin retruca soltando uma gargalhada.

—Talvez fosse bom ter rolado algo entre vocês, faz um tempo que você não beija na boca. —Rosa olha me encarando e sorrindo.

—DE JEITO NENHUM. — Armin e Kentin olhavam para Rosa de um jeito assustador e repetem juntos. Eles eram meus guardiões, após meu término com Nathaniel eles não saíam do meu pé, era como irmãos mais velhos.

—Vamos mudar de assunto, por favor? Cadê o Lysandre? —Eu olho em volta o procurando.

—Está com Castiel, parece que ele está solteiro novamente. —Ela me dá uma piscadinha.

—Para mim tanto faz, eu nem me importo com aquele viado. —Eu ignoro a fala dela.

—Se fosse viado mesmo, eu já estaria comendo. —Alexy ri.

Nós lanchamos e fomos para a aula. Era hora de ir para casa, eu resolvi andar em vez de pegar o ônibus já que hoje eu iria ao karaokê da minha tia e ele ficava perto do colégio. Arrependi-me no instante que vi que o novo contratado dela era Castiel.

—Oi tia! Tudo bem? —Eu entro no karaokê e dou-lhe um beijo.

—Oi minha linda, estou ótima e você? Comprei rosquinha e pode pegar um refrigerante, você sabe onde está. —Ela retribui meu beijo e aponta para o porão.

—Estou bem também e obrigada pela comida. —Eu saio rumo ao mesmo.

—Daqui a pouco chego lá embaixo, arrume a mesa, por favor. —Ela diz enquanto arruma alguns cd’s.

—Está bem tia. —Fui para o andar de baixo, era um tipo de “cozinha” onde os empregados dela comiam e descansavam. Eu coloquei a mesa e esperei minha tia descer. Escutei alguns passos descendo a escadas.

—Poxa tia, você demorou hein? —Quando olhei era Castiel.

—O que você está fazendo aqui? —Ele pergunta um pouco espantado.

—Eu sou a sobrinha da dona. —Eu respondo sem olhar para seu rosto.

—Ah, entendo! Sua tia teve que resolver uns problemas com os novos cd’s, me pediu para avisar.

—Tudo bem. —Eu continuo evitando contato visual.

—É-é horário do meu descanso, você se importaria? —Ele me pergunta com um gesto que quem queria se sentar.

—Na verdade sim, mas minha tia não, então, fique à vontade. —Eu me levanto retirando meu copo e talheres e indo em direção a pia.

—Tudo bem? —Ele me pergunta sentando-se a mesa.

—E isso te importa? — Eu continuo lavando a louça.

—Importa sim. —Ele fala com a cabeça baixa.

—Quando foi para você me trocar pela outra você não importou com nada. —Minha irritação já estava vidente aos olhos dele.

—Eu fui um idiota eu admito, sinto muito. —Ele fica me olhando com a face bem triste.

—Não me faça rir. O que foi? Levou um pé na bunda? —Eu solto uma gargalhada falsa.

—Isso não te importa. —Ele diz e logo após morde umas das rosquinhas de chocolate que tinha na mesa.

—Ficou irritadinho por quê? —Eu o encaro seriamente com desprezo.

—Não estou irritadinho, só que isso não te interessa. —Ele percebe minha expressão e volta a olhar para baixo.

—Se não me interessa não deveria puxar papo então.

—Começo a me arrepender. —Ele diz voltando a comer a rosquinha.

—Pois eu também por ter ouvido tantas bobeiras da sua boca. —Digo já terminando de lavar o último talher. Saio batendo os pés de raiva e vou para o andar de cima. Castiel vem atrás de mim, mas continuo andando como se não notasse sua presença, até que sinto sua mão tocar no meu braço, ele me puxa e me coloca contra a parede.

—Faz um tempo que tenho vontade de fazer isso. —Eu mal tive tempo de responder e senti seus lábios encostando-se aos meus, queria impedir, mas naquele momento eu simplesmente não consegui, eu tinha me esquecido de como eu e Castiel nos encontrávamos em um beijo, nos beijamos por alguns segundos, quando percebi que era o Castiel então me afastei.

—Você não vai me usar para esquecer Debrah, não é porque ela te deu um pé na bunda que você pode fazer o que bem entender! —Eu franzo a sobrancelha e saio do karaokê com o coração acelerado, respiro fundo e vou para a casa.