Natália escrita por Senhorita SM


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Um conto inspirado numa imagem de game num grupo virtual, já excluído, mas eternizado em meu coração e mente. Essa é minha homenagem a ele. Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/607665/chapter/1

Olho mais uma vez para o elemento e ele me olha com olhos petrificados. Pego a maleta prateada, me levanto, procuro um pouco de papel e limpo o braço, e saio do banheiro. A estação está deserta. Começo a caminhar, sabendo exatamente como chegar ao local para mim determinado. Já estou passando por uma fileira de edifícios comerciais. Voam papéis e sacos plásticos. Um cachorro late ao longe como se soubesse que o melhor era não ser visto. Dobro a rua e sigo por outra. Carros, ônibus e motos abandonados ao longo da rua. Alguns pegam fogo, outros permanecem impassíveis a tudo. Uma folha de jornal voa em direção ao meu rosto, pego-a com a mão esquerda, que não segura a maleta, e leio a data. "15 de janeiro de 2025". Isso foi o bastante para me causar uma terrível dor de cabeça e soltar imediatamente a folha. Soltei a maleta sem pensar, me preocupando somente em usar as duas mãos para segurar minha cabeça, como se o gesto resolvesse alguma coisa. Sentei-me no calçamento amarelado, escorei-me num poste de luz em tom avermelhado, e desmaiei. Quando fui acordando ouvi um barulho de carro, depois uma batida de porta, e passos. Fechei e abri os olhos. Tentei levantar, as pernas falharam, apenas na segunda tentativa consegui. De pé, curvei-me e peguei a maleta. Mesmo desorientada, a única coisa que tinha certeza ao acordar, era de que tinha de pegar a maleta. Os passos soaram mais próximos. Eu não sabia do que eu tinha medo. Eu apenas tinha. Ohei ao redor em busca de um possível esconderijo. A opção que encontrei rápida e facilmente, era nojenta mas também a única. Não sabia onde estava o dono ou dona dos passos, não poderia me aventurar a procurar possíveis esconderijos, principalmente quando não se sabe o que tanto lhe causa medo. Fui decidida para dentro da lata de lixo, e me perguntei o porquê de se chamar "lata". Se aquilo era de plástico em tom alaranjado. Coloquei a maleta ao meu lado, me encolhi o máximo que pude, segurei a tampa sobre minha cabeça. Fazendo com que pudesse ver sem ser vista. Uma figura apareceu. Cabelos ondulados e negros, pele negra, óculos escuros, roupa de couro negro, botas cinza. Segurava uma maleta idêntica a minha, possuía um braço robótico assim como o meu. Era como ver uma versão minha masculina. Ele desmaiou. Permaneci aguardando. Não sabendo exatamente o quê. Um cachorro latiu, mas esse apareceu. Veio saindo de um beco, foi se aproximando, e chegou. Aproximou-se do rosto do homem. E aconteceu a coisa mais bizarra que poderia ter acontecido. Os olhos do cachorro acenderam como faróis, e emitiram uma luz avermelhada, aparecendo uma tela visível somente aos olhos do cachorro e aos meus, eu apenas sabia disso. onde letras vermelhas informavam algo. Logo após alguns minutos um helicóptero surgiu, uma escada foi jogada e homens começaram a descer. Um dos homens pegou o homem morto, levando-o com uma facilidade incrível ao subir a escada com um homem de setenta quilos. O outro pegou o cachorro. E o terceiro olhava ao redor procurando por mais alguém. E por um instante jurei que eu seria esse alguém. Porque por um instante, para mim eterno, ele fixou os olhos em minha direção, como se pudesse me ver. Pensei que ele caminharia até a mim e me pegaria, mas isso não aconteceu, quando ele se mexeu foi para ir embora, mas não sem antes olhar uma última vez em minha direção.

Assim que tive certeza que estava sozinha, pulei da lata de lixo, peguei a maleta e ignorei qual seria o meu cheiro a partir de agora. Andei mais dois quarteirões e cheguei a um prédio. Não tinha ninguém na portaria, entrei no elevador, cheguei ao quinto andar e bati na porta amarela. Quando ia bater uma segunda vez, a porta se abriu, alguém segurava a porta para mim. Entrei. A porta foi fechada. Dirigi-me até à mesa ao centro, sentei em uma das cadeiras de vidro, abri a maleta. A pessoa que abriu a porta me olhava de um jeito que me perturbou, tive que desviar meus olhos, senti uma pontada em minha cabeça. Ela pronunciou o meu nome. Percebendo meu espanto me disse que eu estava sendo controlada por um chip, mas devido ao tempo e lesões que tive, estava com defeito. O que causava a dor de cabeça, desmaios, perda de memória, e havia quebrado um pouco do controle sobre mim. Por isso eu ainda não tinha a matado ou não lembrava o porquê de estar aqui na casa dela. Que eu agia automaticamente, sem consciência do que estava realmente acontecendo. Disse-me que o motivo para ela ser idêntica a mim, era que éramos clones. Que a verdadeira Natália já morreu há alguns anos. Mas tudo começara por causa dela. Ela queria que o mundo fosse comandado por mulheres. Por mulheres como ela. E nos criou. Mas as coisas saíram do controle, quando o irmão dela criou clones dele para derrotar o exército dela. Uma verdadeira guerra. Mas alguns saíram do controle, matando não somente os clones inimigos mas também os clones irmãos. Alguns foram desligados. Outros continuaram a destruir os adversários e os irmãos, consequentemente o mundo também. Que não há um lugar seguro. Eu perguntei quem tinha criado os cachorros, e a resposta me fez estremecer. Eu. Ela disse que antes de ser desligada, eu assumi a defesa do mundo, que queria salvar o que restava, e acabar a guerra. Eu perguntei quem me desligou. Ela respondeu que foi eu mesma. Que naquele momento minha destruição era certa, e o melhor seria se esconder, e voltar depois. Mas que agora eu acordara o chip estava provocando em mim alguma alteração. Que acordei vendo todos como alvo, depois perdia a memória, e me guiava apenas por comandos que tinham sua origem desconhecida. Que eu voltara diferente. Não apenas atirava. Rasgava o alvo com minhas próprias mãos. Tinha uma faísca de loucura selvagem em meus olhos. Que eu era imprevisível agora. Podendo há qualquer momento voltar com aquela faísca e matá-la ou lutar com essa certeza de que veio para cumprir uma missão. Que era a última esperança do mundo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Fique à vontade, para comentar, positivamente ou negativamente. Eu mesma tenho receio de expor minha opinião. E é muito bom quando há um encontro entre quem comenta com respeito e sinceridade e quem sabe que receber uma crítica.

Senhorita SM♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Natália" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.