E se tivesse uma garota no Instituto Imperial? escrita por Hissa Odair


Capítulo 17
Voltei a mentir.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/607482/chapter/17

Ele entrou no quarto ao ver que não me opus. A médica foi embora. Que saudade terei dela, pensei, eu não queria ficar sozinha com ele.

Arqueei a sobrancelha como se perguntasse o motivo de ele estar aqui.

–Eu vim ver como você estava – ele se sentou em uma cadeira ao lado da minha maca – É verdade que seu coração parou de bater?

“Sim (em libras)”

–Eu já sei você não é mudo, quer dizer, muda.

–Força do hábito – respondi dando de ombros.

Meus cabelos cresceram um pouco nesse mês, ele chegou nos meus ombros (meu cabelos costumam crescer bem rápido. Estou com roupas de hospital e por sua vez, sem o capuz, devia estar parecendo uma menina.

–Você soube? – ele perguntou.

–Não soube o quê?

–O Kageiama ... – ele vacilou.

–O que tem ele? - ao que parece, perdi totalmente o controle.

–Você não se lembra de nada?

–Estava inconsciente – disse.

–Senti um sarcasmo nessa frase – ele disse sorrindo levemente.

–Impressão sua – falei seriamente.

Eu não estava sendo sarcástica, eu só falei a verdade.

–Continuando, depois que a partida terminou, ouve uma explosão no submarino e todos tivemos que ser evacuados, mas Kageiama não saiu, então ...

–Ele morreu? – perguntei seria.

–Sim.

Não consegui esconder, eu abri um pequeno sorriso (apesar de por dentro estar quase pulando de felicidade).

–Parece que você está feliz pela morte dele – ele disse sério, mas brincando.

–Só fiquei feliz porque ele não fará mal a ninguém novamente.

Ele pareceu confuso, dava para ver engrenagens se movendo e sua cabeça.

–Então ... Ele já fez algo para você? – ele perguntou com um tanto de preocupação.

Me arrependi de ter falado demais.

–(Gaguejando)Não é que ... lembra quando ele soltou os parafusos, ou aquela coisa da água sagrada?

Ele pareceu mais aliviado.

–É mesmo, mas falam que a morte não se deseja nem para o pior inimigo.

–Ele morreu, eu não desejei a morte dele – lembrei de uma coisa – Vocês estão bem?

–Sim, eu e Genda nos recuperamos em duas semanas – ele pareceu se lembrar de uma coisa – Obrigado.

–Obrigado por que? – perguntei confusa.

–Acho que ... quer dizer, com certeza, se você não tivesse marcado aquele gol, eu estaria igual a você agora, e ainda estaria nas mãos do Kageiama – ele sorriu – Obrigado, por mim e por Genda.

O nervosismo voltou. Meu rosto está corando, melhor mudar de assunto, tem uma geringonça ao meu lado que vê meus batimentos cardíacos.

–Não precisa, mas o que aconteceu com vocês dois, voltaram ao Instituto Imperial?

–Sim, nos reencontramos com os outros, a Raimon visitou a Teikoku hoje de manhã – disse ele feliz ao falar de seus amigos – Vi o Kido também.

–Eles ainda estão lutando contra os alienígenas?

–Sim, e eles queriam aprender a zona mortal, e aconteceu uma partida com um dos times alienígenas.

–Sério?

–Juro. Foi a Raimon contra um time alienígena chamado Caos.

–Como foi? - eu pergunto curiosa, olhando em sua direção.

Ele começou a me contar mais ou menos como foi a partida, e eu prestava muita atenção a cada palavra, visualizando em minha mente como foi a partida.

–Parece que tudo acontece quando eu não estou não é? - digo sorrindo.

–Chiharu, posso perguntar uma coisa? - Sakuma parece querer falar de uma outra coisa.

–Pode perguntar, mas não garanto uma resposta - eu digo.

–Porque fingiu ser menino? – disse ele curioso.

–Isso não é importante – respondi.

“Isso não é importante” é minha forma de escape educada, eu poderia simplesmente dito “Não é da sua conta”.

–Você disse a mesma coisa quando Fudou falou sobre você morar em um orfanato, e por sua vez, você não devia quere falar disso. Então eu poderia afirmar que isso é importante, mas você não quer falar disso comigo?

Foi uma forma de pensamento incrível! E era verdade, claro que era uma coisa importante, uma coisa que não queria contar a ele. Esqueci de me acalmar, e a máquina registrou um batimento cardíaco mais acelerado, pensei em outra coisa para me acalmar.

–Boa forma de pensamento, mas não é isso, é que realmente não é importante. E se fosse eu não contaria pra você, porque não seria da sua conta! – queria acabar logo com isso, usei uma forma menos educada.

Ele pareceu surpreso, e talvez um pouco ofendido. Me arrependi rapidamente do que disse.

–Desculpe, mas não é da sua conta – me desculpei.

–Eu que preciso me desculpar, eu não devia ficar me metendo na vida dos outros – ele disse com um sorriso no rosto – Vamos mudar de assunto, você vai voltar a Teikoku?

Essa pergunta me gelou, eu não sabia. Por um lado queria ficar na Teikoku, lá estavam os meus amigos (amigos do Nanjoon). Mas por outro lado, eles provavelmente já sabem que sou menina, inclusive os machistas, e eu já passei por tanta coisa lá ... A Teikoku me lembra o Kageiama. Mas já era hora de encarar os meus medos cara a cara, não podia simplesmente ficar fugindo.

–Sim, gosto de lá – disse com um sorriso.

–Que bom! – ele estava feliz, mas depois corou e tentou ficar menos feliz – Quer dizer, todos vão ficar felizes em saber que você vai voltar – corou um pouco mais.

Eu duvido muito, pensei. Espera um pouco, porque ele corou? Penso nisso depois. Lembrei!

–Vocês nunca mais pensarão daquela forma não é? – perguntei séria.

–Que forma? – ele também ficou sério, pareia um tanto confuso.

–Me refiro a não ter aqueles seus orgulhos estúpidos – falei um pouco irritada.

–Não, nunca mais iremos pensar dessa forma ... você nunca pensou dessa forma não é?

–Nunca fui débil mental – estava realmente irritada com o comportamento dele naqueles dias.

Novamente dava para ver engrenagens funcionando em sua cabeça.

–E antes que pergunte, isso não é ... – falei antes que ele perguntasse.

–Importante – ele completou o que eu ia dizer – Você é meio previsível.

–Diferente de você, eu nunca imaginaria você voltando a obedecer o Kageiama. E eu não sou previsível. Só essa frase minha que é.

–Quando estávamos no hospital, veio o Fudou e colocou a ideia de poder na nossa cabeça. E eu não acho que você seja tão imprevisível assim.

E eu não estava ali para ajudar. Me senti muito mal. Quando voltei a olhar para ele, notei que ele me olhava. Nossos olhos se encontrar, mas desviei o olhar rapidamente, me senti uma péssima amiga. Como pude abandona-los dessa maneira? Claro que eu não tive muitas opções mas mesmo assim. E também senti um ódio muito grande pelo Fudou. Ele havia levado meus amigos para esse lado obscuro. Então fique meio tonta, acho que ficar de coma por um mês não me fez muito bem.

–Você está bem? – ele perguntou preocupado.

–Estou bem, só estou pensando um pouco, e também não estou muito bem, apesar de ter "dormido" durante um mês, estou um pouco tonta cansada - digo fazendo aspas com os dedos, e falando uma verdade.

–Falando nisso, eu tenho que voltar para casa – ele disse olhando para o relógio de pulso – Bom, até mais, vê se você se recupera logo – ele disse sorrindo, e saiu.

Passados cinco dias, recebi alta, mas como era de noite, tive que esperar o dia seguinte para voltar a Teikoku, mas esperar me causou muito nervosismo, então quando peguei um ônibus para chegar a Teikoku (eu tinha me mudado de orfanato para estudar na Zeus lembra?), eu já estava uma pilha de nervos.

Foi tão estranho entrar na Teikoku de novo, principalmente usando uniforme de menina. Agora teria que encarar os machistas e todas as lembranças do Kageiama.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Capítulo levemente modificado (se vocês não leram a versão original ignorem).



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "E se tivesse uma garota no Instituto Imperial?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.