– Ai meu Deus! Ed esse lugar é lindo! - Eu disse e ele sorriu abrindo o porta-malas.

– Eu sabia que você iria adorar. - Ele diz pegando uma toalha com quadradinhos verdes. Ele estendeu embaixo da árvore na sombra fresca.

– Piquenique? - Eu disse e ele sorriu.

– Sim. Agora só observe. - Ele diz pegando umas almofadinhas cor magenta, um roxo rosa, com bordinhas douradas. Ele as estendeu por toda parte. Depois pegou a comida. Colocou delicadamente sobre pratinhos que ele tinha trago dentro da caixa misteriosa. Depois colocou duas taças fofas, talheres e uma rosa no meio. De um jeito fofo.

– Ai, que fofo Ed. - Eu digo e ele me olha orgulhoso de si.

– Vamos comer estou morto de fome. -Ele disse e eu corri e me sentei. Ele fez um sanduba com presunto defumado e mussarela e nos serviu água de cocô. Ele mordeu e suspirou.

– Isso aqui é uma delícia! - Ele diz - E eu nem sei a quantidade de gordura saturada que tem nesse negócio. - ele observa.

– Não seja paranoico. - Terminamos de comer o sanduba. Depois picamos o mamão, uns morangos, e a manga. Comemos em silêncio.

– Edward, por que escolheu a mim e não a Valentinna? - Eu pergunto me deitando com uma almofada atrás da cabeça.

– Eu já trouxe a Valentinna aqui. Na verdade estávamos fazendo um tour pela cidade. Passamos por aqui e me deu vontade de fazer xixi. Ai nós descemos e ela ficou reclamando de tudo. E um pombo fez cocó no vestido dela ai ela virou o satanás. - Ele ri. - Daí eu me imaginei aqui com você.

– Como planejou tudo isso? - Eu pergunto colocando uns pedacinhos de manga na boca.

– Primeiro tive que pensar em um jeito de te chamar para sair sem que você recusasse. É ai que seu pai entra. Ele me disse pra te levar indiscretamente. Sem um pedido formal. Sem você saber. Ai eu pensei num piquenique. Depois entrevistei sua mãe sobre as coisas que você gosta. E ai eu achei esse lugar. E voílà, aqui nós estamos. - Ele diz fazendo um cafunézinho no meio cabelo.

– Seu espertinho. - Eu digo e ele sorri. Ele tinha comprado pimentão, um verde, um vermelho e um amarelo. Ele pega um vermelho e começa a comer. - Ed, é ilusão de óptica ou você está comendo mesmo um pimentão? - Eu digo o observando.

– Eu estou comendo mesmo. É bom. Experimenta - Ele me oferece. Eu mordo com nojo era uma delícia! Era doce e ardido.

– É muito bom! - Eu disse pegando um pimentão pra mim.

– Eu sabia. Tem suco. Um dia eu faço para você. - Ed e seus sucos. Ele sorri travesso.

– Ai Senhor, o que foi? - Eu pergunto.

– Sky tem uma coisa que eu sempre quis fazer. Senta - Ele diz e eu me sento. Ele deita no meu colo, e eu observo a folga. - Agora, você...

– Já sei dar uvas pra você, certo? - Eu pego as uvas e começo a dar uma por uma para ele. Ele suspira feliz. – Ed, me conte sobre sua família.

– Tudo bem. Eu nasci em Colorado, numa família rica de advogados. Mas desde pequeno mostrei talento para a musica - Ele faz uma pausa para comer uma uva - Minha mãe, Elisabeth, é uma mulher surpreendente, mas nunca me apoiou, dizia que músico passava fome. Meu pai, Alberto, era rígido e um advogado muito bem sucedido. Minha família toda são advogados. Eu ia ser um também, mas desviei e fui para o mundo artístico. Eu estudei em casa a minha vida toda, estudei numa escola até a primeira série. Minha mãe não gostou do episódio da Zoe. Daí eu comecei a estudar com uma tutora em casa. Logo após meu avô, morreu. Fiquei com uma parte da herança. Paguei aulas de canto e umas de composição e piano. Formei uma banda com uns colegas e depois percebi que meu talento era solo. Comecei a fazer vines e ai um olheiro me achou. Consegui um contrato. E aqui estou eu.

– Eu já vi uns vines seus e seus clipes na MTV. Eu te odiava - Eu disse.

– Eu sei, mas agora me ama né? - Ele diz rindo.

– Convencido - Eu digo. Faço um carinho no cabelo dele e ficamos assim a tarde toda, e tomando água de coco. Vimos o pôr-do-sol. Foi o pôr-do-sol mais lindo que eu já vi. Ele me abraçou de lado.

– Uh! Tem outra coisa que eu sempre quis fazer! - Ele diz pegando a lata de chantili. Derramando na boca e colocando morangos. Soltei uma gargalhada. Ele espirrou na minha cara e começou uma guerrinha de chantili. Caímos no chão e soltamos uma risada. Passamos chantili na um na cara do outro e nossos rostos ficaram pertinho. Ele me olhou nos olhos e se levantou sem graça.

– Desculpe, eu tomei seu espaço - Ele disse.

– Relaxe. - Eu respondi deitando na grama. Ele faz o mesmo deitando ao meu lado e segurando minha mão. Olho pra ele, e ele me olha. Sorrimos e ele me puxa e eu me aconchego em seu peito. Foi a tarde mais perfeita da minha vida. Adormeci.

Acordei da mesma maneira em que dormi. Ed estava fazendo carinho na minha mão. Estava muito, muito escuro.

– Ed. Tô com medo. Vamos embora? - Eu digo.

– Vamos. - Ele diz.

– Ahn, temos que juntar as coisas.

– Eu já juntei enquanto dormia. - Ele diz me ajudando a levantar.

– Você é um anjo - Eu disse. Ficamos nos olhando. Ele me puxa e abre a porta pra mim. Eu me sento. Ele entra no carro e partimos. Ai Meu Deus! Eu estou apaixonada. Apaixonada. APAIXONADA! E não é pelo meu namorado. É pelo Ben! Me apaixonei pelo cara que mais odeio no mundo. Porque Deus? Por quê? Isso não é justo! Meu primeiro amor. Eu estou apaixonada. Apaixonada! Será o meu fim! Coloco a cabeça entre as mãos. Ben me olha e pega a minha mão me fazendo olhar pra ele.

– Está tudo bem?!- Ele pergunta preocupado.

– Sim, eu acho.

– Cansada?

– Um pouco.

– Já estamos chegando tá? - Concordo com a cabeça e fico olhando pra ele enquanto dirigia. Ele era tão bonito, eu sentia meu coração batendo, Tum, Tum, Tum, Tum. Ele me olhou e sorriu. Derreti.

– Algum problema Sky? - Ele pergunta.

– Não. Conflitos pessoais. - Eu digo. Pronto agora danou-se. Eu amo o Ben.

Dormi tentando tirar essas ideias bichadas da cabeça. Ed me acorda.

– Hey, chegamos. - Ele diz.

– Ah não só mais cinco minutos - Eu digo voltando a dormir.

– Tudo bem, eu pego você. - Ele diz e me pega no colo. Sobe as escadas e entra no quarto me deitando na cama, tirando meus sapatos e me cobrindo. Ele sussurra uma “boa noite” e me dá um beijo na testa. Apaguei.

Acordo com o despertador do celular. Hoje é dia da audição. Ai senhor, tomara que eu vença, porque quero muito cantar com o Ed. E depois tenho que organizar minha vida, como numa lista de tarefas. Sinto cheiro de incenso. Ioga. Abro os olhos e vejo Ben sentado encima de uma almofada indiana, e fazendo 'Aummmm' repetidas vezes. Achei bonitinho. Eu me levantei e fui ao banheiro, escovei os dentes e procurei minhas pantufas em toda parte. Não encontrei.

– Ah bom dia. - Eu digo. Ele continua de olhos fechados.

– Bom dia 'Aummmm' - Ele diz.

– Desculpa atrapalhar é que...

– Sky não seja modesta. Você nunca atrapalha. - Ele diz – ‘Aummmm'

– Ah obrigada, é que eu queria saber se você sabe das minhas pantufas.

– Ah, eu guardei no closet pra você.

– Puxa, valeu. - Eu digo indo pegar. Desci as escadas e encontrei meu pai tomando café. Passei óleo de a minha cara de pau Sky. Sorri.

– Bom dia pai - Eu digo me sentando.

– Oi filha - Ele diz me olhando. Pego uma torrada e pego uma geleia estranha roxa. Passei um pouco e era ótima. Saboreei.

– Quem comprou isso? É tão gostoso. - Eu digo passando mais.

– Ah é geleia natural de ameixa. Ed quem fez. - Ele diz tomando um gole de café. Engasguei.

– Muito, bom, mesmo - Eu digo tomando um pouco de água.

– E vocês dois? - Ele pergunta.

– Pai! Isso é coisa de perguntar? - Eu digo com vergonha - E eu e o Ed somos amigos.

– Quando vai terminar com Louis? - Ele diz e eu arregalo os olhos.

– Eu, eu não sei se é a coisa certa a fazer. - Eu respondo sinceramente.

– Eu tenho certeza de que ele te ama. - Ele diz. É disso que não tenho certeza. Já vi casos de meninas que foram rejeitadas, adotarem quarenta gatos e viverem assistindo novelas mexicanas e se alimentando de sorvete. Se eu for rejeitada, Deus me livre viver assim. Se ele me rejeitar... Ai eu senti uma dorzinha no peito.

– Pai, eu não sei. Não sei. - Eu digo e ele me olha.

– Bom não posso resolver sua vida pra você. Você quem sabe. Já vou indo. - Ele se levanta saindo com um jornal.

– Pai! As pessoas não leem jornal hoje em dia! - Eu digo e ele ri.

– Eu sei, é para colocar no chão do carro. Te amo. - Ele diz e ouço a porta da sala se fechar.

– Eu também. - Eu sussurro.

Peguei uma bandejinha e coloquei uns pãezinhos de queijo e metade de um mamão, e uma tijelinha com banana picada, com aveia e granola. Essa mistureba é horrível, mas ele gosta né... Subi as escadas e levei o café pra ele. Entrei e ele estava ajeitando seus cabelos, estava vestindo uma camisa de botões rosa, calça jeans preta, e sapatos pretos. Eu acho que ele gosta de calça preta. Só acho. Ele me olhou e me lançou um sorriso radiante. Calma Sky é só um sorriso.

– Oi - Eu disse - Como você sempre traz meu café, hoje eu quis trazer.

– Mas que gentileza, embora não precisasse. Eu já tomei café, mas eu tomo de novo. - Ele ri - E eu sempre trago seu café por que eu sei que a senhorita não se alimenta direito. Só come bobagem.

– Isso não é verdade! - Eu retruco. Respondo e ele arqueia uma sobrancelha. - Tá... Talvez só um pouquinho, mas nada grave. Panaca. - Eu digo e ele ri. - Já está pronto? - Eu questiono.

– Sim. Se apresse. Quero passar em um lugar antes. - Ele diz e eu dou de ombros. Tomo um banho rápido e escolho uma calça jeans, All*star vermelho e uma blusa com um corte em V azul escuro e listrada de branco. Rabo de cavalo. Sai e ele me observou.

– Finalmente.

– Ah tá, vê se sou eu que fico meia hora no espelho. Besta. - Ele ri, descemos as escadas e entramos no carro. Ele dirigia. - Aonde vamos?

– Preciso de um violão. Não trouxe o meu. Ficou em Dallas.

– Você mora em Dallas? - Eu pergunto.

– Sim. É só uma casa de férias. Minha casa oficial fica em Londres. Adoro o clima da Inglaterra.

– Grã – Bretanha, eu adoro Londres. Passei o natal lá. Mágico.

– Um dia você vai conhecer minha casa. - Ele diz e eu arregalo os olhos - Na verdade, você vai conhecer todas as minhas casas. E também minha família em Colorado.

– Eu? Mas por quê?

– Porque pessoas especiais para mim conhecem minha família. Bobona.

– Fresco. E a Valentinna vai conhecer? - Otária. Otária. Porque eu fui falar isso? Que ódio de mim mesma. Retardada.

– Hum. A Valentinna? Não. Vou terminar meu flerte com ela. - Meu queixo caiu.

– Tá falando sério? - Eu disse abismada.

– Sim. Pra você ter uma noção, a única vez que nos beijamos, foi em frente a sala de música. Só.

– Na minha opinião, ela é meio fresquinha.

– Eu que o diga. Ela só estava comigo por status. - Ele diz estacionando na loja de música. Ele abre a porta pra mim. Eu desço. Entramos e ele logo escolhe um violão preto. Observei tudo ali. Vi um piano preto, de cordas. Ele tinha calda. Passei os dedos pelas cordas. Esse com certeza é meu sonho de consumo. Ed volta.

– Quer alguma coisa?

– Não, eu detesto incomodar. - Eu disse- Vamos?

– Tem certeza...? Se você quiser...

– E se eu quiser a lua? - Eu disse saindo da loja e entrando no carro. Ele começa a dirigir em direção à escola. Eu achei que ele já tivesse se esquecido da pergunta que eu fiz.

– Bom. Se você quiser a lua, eu dou um jeito de buscar. - Ele diz.

– Ah tá, sei - Eu digo.

– Sky, eu já disse, eu te dou tudo o que quiser. Até meu sobrenome se você pedir - Ele diz e eu arregalo os olhos. Depois solto uma gargalhada. Ele me olha confuso.

– Mentiroso.

– Estou falando sério.

– Aham. Beleza. Se você diz - Eu digo. Paramos na escola. Descemos.

– Você pode não acreditar. Mas lá no fundo sabe que é a mais pura verdade. - Ele beija a minha bochecha. - Desculpa, invadi seu espaço. As vezes não me controlo.

– Sai daqui, estranho - Eu digo e ele sai rindo. É agora é certeza. Tenho que terminar com Louis. E o mais depressa possível.