Porta Falsa escrita por Coeur Pirate


Capítulo 1
Porta falsa.


Notas iniciais do capítulo

Por favor, leiam o Disclaimer C:
boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/607363/chapter/1

O sol poente dava à janela mal coberta pela cortina uma vista nostálgica. O adolescente largado na cadeira inclinada tinha os olhos focados no teto de gesso do apartamento, os pés firmes na mesa pesada o impediam de se estatelar no chão.

Tinha sonhos estranhos.

Era absolutamente comum ter sonhos estranhos; todos tinham. É claro que o garoto loiro de moicano esquisito não se preocupava com um sonho estranho. Seu problema vinha de longa data, por volta de duas semanas após sua mudança. Seu pai, algum tempo depois, riu em descaso quando o assunto foi comentado à mesa de jantar, afirmando que era só nervosismo, medo de não se adaptar a uma mudança tão grande e tão brusca. Os costumes ocidentais eram um tanto diferente dos orientais.

Estava para aqueles lados há um ano e meio, já.

Mas sonhar com lugares que nunca viu, com pessoas e nomes e costumes que nunca ouviu falar, isso era algo engraçado. Há duas semanas, pesquisando aleatoriedades, ele encontrou a imagem de uma porta falsa.

Não seria nada demais, é claro, se o garoto não viesse sonhando com uma porta similar à da imagem desde sua chegada ao oriente. Era sempre a mesma cena e o mesmo ângulo, fazendo-o acreditar que estava ali, encarando fixamente a porta falsa.

Ele até podia ver sua queimadura na palma da mão direita, e todas as manhãs se perguntava o porquê de ter apanhado a moeda que seu tio tirou da churrasqueira acesa no aniversário de sete anos.

Agora pouco, aliás, caíra no sono por alguns minutos, se vendo diante da mesma porta falsa. As escrituras apenas lembravam hieróglifos, mas lhe pareciam de importância muito maior que as imagens que ele encontrou na internet. Do outro lado da porta falsa, ele sentia uma força muito grande. Outro ser, metade de si. E com essa força, quase magnética, vinha junto uma melancolia muito grande. Agora, acordado, o sonho se fazia em pedaços, se esfacelando aos poucos, na medida em que ele tentava os por nos eixos.

Uma lágrima correu solitária até entrar, intrusa, na concha de sua orelha.

Antes de acordar, ao espalmar a mão sobre a textura da porta falsa, uma afirmação preencheu seus pensamentos como se preenchesse sua alma.

Não agora. Talvez, em mundos diferentes. Quem sabe em outros tempos, quando finalmente se sentissem em perfeita harmonia. Um dia – Repetia, como um mantra, em sua mente.

Mas ainda não. – A porta falsa negava com veemência. Inquebrável, inabalável.

Uma verdade que, mesmo a esperança que mantinha consigo após tantos sonhos repetidos, não era capaz de mudar.

Tinha sonhos estranhos. O adolescente loiro concluiu, fechando os olhos azuis assim que o sol se escondeu.

Não temia os sonhos, tampouco os esperava com ansiedade. A melancolia que eles o traziam nunca se ia por completo.

O que o irritava até a morte era aceitar a verdade daquela porta falsa.

Ainda não.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem curtinho, eu sei. Shame on me.
Na verdade, eu só escrevi isso (e eu nem sei se pode ser chamada de one, porque não chega nem nas mil palavras) porque fiquei meio aflita com outras percepções a respeito do final de Naruto (e disso eu prefiro não comentar) e não tava conseguindo apaziguar essa parada.

O que 'cês acharam? Tá bom, não tá... não entenderam alguma coisa? Estou com medo de parecer que eu ingeri altos tóxicos antes de escrever isso.
Mas juro que não foi! HAIEUHAEIU
De qualquer jeito, espero que 'cês me digam o que acharam.


Beijos, C.P.