If escrita por Casty Maat


Capítulo 2
Passado




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If

02 – Passado

—A gente tá precisando mesmo que você vá e siga seu destino, Milo.

Milo fingia ignorar o homem ao seu lado, usando roupas brancas e leves para aguentar o calor grego e os longos cabelos vermelhos presos. Engolia vagarosamente a cerveja.

—Camus, não enche o saco. Não posso largar meus pais e virar um cavaleiro. Tecnicamente nunca fui nada de vocês, não devo nada ao Santuário. Meu mestre só ajudou a domar meu dom por que estava causando confusão na vila.

—A casa de Escorpião está vazia desde que seu mestre morreu há dois meses. Você tem capacidade de assumir a armadura com êxito. – tentou persuadir o aquariano.

—Eu considero você meu amigo, Camus, mas não vou largar meus pais sozinhos. O velho não demonstra, mas o coração está fraco.

O francês conhecia bem o grande carinho do loiro pelos pais. Tinha uma devoção enorme por eles, mesmo que parecesse um moleque irresponsável e tolo. Não seria fácil convencer aquela criatura.

—Posso ver com Atena se eles podem ir com você.

—Não.

—Tem uma pequena praia de pesca, podem deixar a embarcação de vocês lá e...

—Já disse, NÃO!

Camus suspirou. Continuar a tentar convencer o grego agora seria gastar energia e saliva.

—Ainda poderei me hospedar em sua casa?

—Se não se importar em dormir num colchonete em meu quarto. Estamos com estrangeiros, um casal e uma garota estranha. – Milo terminou a cerveja e deixou o dinheiro no balcão.

Os dois amigos caminharam até a casa humilde onde vivia a família de pescadores. Camus cumprimentou os pais de Milo com a típica cordialidade. Frequentemente o francês vinha tentar convencer Milo a assumir seu posto de herança, conforme vontade do mestre dele que o havia indicado, mas a teimosia dele o salvara de vivenciar a guerra contra Hades.

Também conheceu o casal brasileiro que estava ali de hospedagem, mas não tinha visto a menina que Milo comentara. Era hora da janta e a garota não saíra do quarto. O escorpiniano suspirou pesado e foi avisá-la antes que alguém lhe mandasse.

Bateu na porta e não obteve resposta. Bateu de novo e nada. Decidiu entrar e a viu encolhida num canto, enrolada em cobertores, tremia muito e os lábios levemente arroxeados.

Milo ficou surpreso e a chacoalhou.

—Hana! Hana! O que houve?

A tomou nos braços, ela parecia fria como se estivesse passando por geleiras. Apesar de não treinar fazia muitos anos, ainda se lembrava que poderia usar cosmo para aquecer a outra pessoa.

—Está... tudo... frio... – ela murmurou, naquela vozinha fraca.

—Relaxe, eu vou ajudar a se esquentar... – abraçou-a mais forte, aumentando a intensidade do cosmo.

O cosmo de Milo chamou atenção de Camus, que educadamente se desculpou e se retirou, indo para onde sentia a emanação do cosmo. Observou a cena, confuso, até notar algo estranho. Havia um outro cosmo ali, tímido, mas gélido como o seu.

—Você vai cansar de queimar seu cosmo, Milo e não vai parar o cosmo frio dessa garota.

—E o que me sugere, hein?

Camus se aproximou dos dois e tocou a região onde sentia que havia uma emanação do cosmo frio. Aquela menina possuía algo em seu corpo que não sabia o que era, mas se não contesse aquilo, mataria aquele corpo pequenino de hipotermia rápido.

—Continua a aquecendo, vou reter o cosmo que está dentro dela. – disse o ruivo.

Milo o olhou perdido, o modo que ele falara sugeria que havia uma quarta pessoa ali. Camus elevou seu cosmo, empurrando o outro misterioso cosmo até ele cessar e “adormecer”. Logo o cosmo de Milo começou a fazer efeito e a menina começou a ficar mais quentinha.

—Isso foi estranho... Eu não duvido que volte a acontecer. Preciso relatar para Atena.

—Eu não vou conseguir salvar ela se ela tiver outra crise! – disse Milo desesperado, olhando fundo nos olhos cor de cereja do amigo. Nem ele próprio notara o quão desesperado estava.

—Justamente para salvar a vida dela que desejo relatar a Atena. Ela poderia salvar essa garota, talvez possa até ser um indício de guerra. Entende a necessidade de termos você em nossa confraria?

—Eu já disse! Eu não vou me tornar um cavaleiro! – bradou o grego, encarando o amigo.

Camus o olhou desanimado e saiu do quarto, pedindo gentilmente o telefone emprestado. Quanto a Milo, continuou com Hana nos braços, vendo a jovem adormecida e finalmente quentinha. Pensou em coloca-la na cama, mas ela o segurava sutilmente.

A olhava sem entender por que aquela garota tinha que ter surgido e causado um monte nós. Por que escondia a voz delicada? O que seu corpo guardava de tão intenso para fazer Camus temer e ela quase morrer? E por que confiava nele a ponto de segurá-lo como se pedisse para não soltá-la mais?

E mais... Por que desejava querer proteger aquela garota?

A aninhou melhor em seus braços, velando por seu sono.

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—Camus, o que houve?

—Senhorita Atena, novamente Milo se recusa a herdar o posto em Escorpião. Quanto a isso confesso que não fiquei surpreso. – disse Camus. – O problema é outro, minha senhorita...

—O que houve?

—Uma família estrangeira está hospedada aqui na casa deles. A filha do casal possui um estranho cosmo gelado. Não sei do que se trata, mas ela quase morreu nos braços de Milo.

Houve um estranho silêncio na linha. Quando Camus pensou em indagar o que houve, a voz da mulher soou.

—Quero lhe pedir um favor, traga os dois para mim. Não com a intenção de fazer de Milo um cavaleiro, deixe isso bem claro a ele. Não vamos força-lo, no momento certo ele seguirá o destino dele, mas não agora. – a deusa fez uma pausa e continuou. – É para salvar a vida dessa jovem. E antes que me pergunte, eu tenho desconfiança do que seja, e se for mesmo o que penso, ela irá morrer.

Camus ficou surpreso, ainda que seu rosto mantivesse a expressão fria.

—Sim, minha senhorita... Farei o que deseja. – e desligou.

O cavaleiro retornou para dentro de casa, encontrando Milo no mesmo lugar, velando a brasileira.

—Milo.

—Vai me encher de novo com “eu tenho que virar cavaleiro”?

—Não, Atena pediu que fossem os dois ao Santuário. Salvar a vida dessa menina.

Milo arregalou os olhos.

—Hana está correndo perigo?

—Atena deu a entender que sim... Vou tentar inventar alguma desculpa para seus pais e os pais dela. Conte a ela, essa garota parece confiar em você.


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