I lost you escrita por Sirena


Capítulo 1
I lost you


Notas iniciais do capítulo

Bem... Esta é apenas uma estória dramatica que criei em um dia qualquer.Espero que gostem!PS. Desculpem por qualquer erro!



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I lost you

Hiccup

Eu apenas a observo.

O parque estava absolutamente vazio esta hora da noite. A ultima alma viva que cruzou este local afastado, manchado pelo branco opaco e sem brilho da neve do inverno, foi há exatas cinco horas.

E era exatamente por isso que ela estava aqui. O isolamento sempre foi um atrativo para Merida. Ainda me lembro da primeira vez que a encontrei, sentada a beira de um lago isolado, os cabelos vermelhos, rubros como chamas jamais apagadas e constantes, estonteantes balançando, levados ao sabor do vento, carregado pela brisa leve e o frescor adocicado do outono.

–O que uma garota faz sozinha em um lugar destes?-Indaguei. Seu rosto fino e pálido virou-se na minha direção, os olhos azuis como diamantes, ricos como uma pedra preciosa e delicados como a agua de um rio puro e leve.

–Não estou sozinha!- Ela rebateu- Angus está comigo.

–Angus?

–Meu cavalo- Ela respondeu, distribuindo todo seu longo cabelo para apenas um dos ombros.- Estou levando ele para dar uma volta. Conhecer o ambiente natural, fora daquela fazenda abafada.

–Não sei se ele conta como uma companhia. Não se pode dialogar com um equino - Murmurei, tentando forçar uma aproximação.

–Gosto do isolamento- Ela respondeu fria, virando a cabeça novamente em direção ao horizonte, ao fraco e singular brilho celeste da água.

–Acho que acabei de estragar sua solidão- Rebati, sentando-me ao seu lado, meus olhos verdes musgos penetrantes caindo em direção ao vazio intermitente.

Ficamos alguns minutos em silencio, apenas apreciando o horizonte, as cores rosáceas e alaranjadas que explodiam no horizonte, ocultando o sol e chamando a noite eterna para si, para seus braços sombrios.

–Nem sempre.- Contradisse, dando de ombros, quebrando a monotonia- Às vezes é melhor estar acompanhado- Ela respondeu quebrando o silencio. Um sorriso se aflorou em seus lábios finos, tão belo que era como se fosse um fragmento do amanhecer. Uma luz própria e particular.Maravilhosa.

Uma luz que fez meu coração disparar.

Não consegui ficar distante da pequena Merida depois daquele dia. Íamos para a escola juntos e nos fins de semana saímos para lugares isolados, observar as estrelar, escutar a natureza e aproveitar o que para nós parecia ser infinito.

Mas nada é para sempre.

Talvez fosse. Se não tivéssemos pegado a estrada 666 na manhã de dezenove de dezembro. Uma estrada sem fim que cortou para sempre nosso destino, partindo como um fio de linha. Uma lamina afiada e mortal.

–Por que temos que sair esse final de semana, Hiccup?- perguntou Merida, colocando uma mecha do seu cabelo rebelde atrás da orelha. Era a primeira vez em um ano, desde que começamos a sair que ela me fez essa pergunta.

–Planejamos este passeio há mais de um mês- Disse, enfatizando as duas ultimas palavras.

–Mas ainda tenho que ajudar minha mãe com as compras de natal.- Rebateu, a brisa que adentrava pela janela aberta bagunçando novamente seu cabelo.

–O problema são as compras? Certo, então quando voltamos desse fim de semana, prometo que eu mesmo vou sair com sua mãe e ainda vou ajudar a decorar sua casa no natal- Prometi, fazendo um sinal com os dedos.

–Promete?- Ela se aproximou, nossos corpos quase se tocando, numa proximidade sufocante e confortadora.

–Prometo- Afirmei, agarrando sua cintura fina enquanto aproximava meu lábio do seu, sentindo o prazer e a maciez da sua boca perfeita, sentindo seu gosto, o frescor doce da paixão. Mesmo com os olhos fechados sabia cada mínimo detalhe do seu rosto, suas expressões, a testa suavemente franzida enquanto nos envolvíamos naquele momento ao mesmo tempo conhecido e único, singular, perfeito.

Saímos naquela mesma tarde. Seria uma viagem rápida, duas horas no máximo em direção ao lago, o local que nos encontramos pela primeira vez.

O local que iria entregar para ela nossa aliança de noivado.

Merida não sabia disso. Na verdade a única pessoa que sabia disso era minha melhor amiga,Astrid cujo silencio foi jurado repetidamente. Enquanto virava a curva, meu subconsciente imaginava a surpresa que ela teria ao ouvir minha declaração. Sua reação imprevisível.

Trinta segundos depois, menos de meia hora do fim do nosso destino, antes do começo da nossa noite perfeita, um carro atravessou a estrada em alta velocidade e se chocou contra nós.

–Hiccup!- Gritou minha namorada, assim que percebeu o que iria acontecer.

Não havia o que pensar. Não havia o que fazer. Não havia nada.

Apenas escuridão.

A dor era tudo que existia nesse novo mundo, nessa nova realidade. Meu corpo quebrado e retorcido no chão, o gosto férrico de sangue nos lábios, umedecendo minha face e boa parte do meu corpo, afogando-me no vermelho me levando para morte.

–Hicc... Hiccup!- escutei sua voz abalada e temerosa, o toque gentil de sua mão esquerda em meu rosto ferido e manchado, sangrando e acabado.

Não sabia se havia passado dias ou horas, anos ou séculos desde o acidente. O tempo também não importava. Apenas o fato de que ela estava viva e aparentemente bem. Isso era tudo que importava. Tudo que precisava.

–Me...Mer...Merida- murmurei, os lábios rachados distorceram minha voz, deixando-a frágil, quebrada.

–Eu vou chamar ajuda. Eu vou encontrar alguém que possa te ajudar!- Lagrimas translucidas escorriam pela sua bochecha, descendo pelo pescoço fino. Mesmo com a visão embaçada, podia perceber que ela não se ferira com gravidade. Hematomas e lacerações. Nada aparentemente serio.Nada que prejudicasse ou abalasse sua vida.

Não podia dizer o mesmo de mim.

–Tudo bem, querida. Está tudo bem- Tentei esticar a mão para alcança-la, para poder sentir o calor da sua pele sobre a minha, porém era um movimento impossível. Toda energia que possuía estava usufruindo para que meu coração pudesse bater e que a respiração, o fluxo de oxigênio e gás carbônico, pudesse correr pelos pulmões e exalar pelas minhas narinas. Não havia nada mais que pudesse fazer.

–Por favor, Hicc aguente! Você precisa apenas... Respirar e ficar acordado, desperto... Vivo...- Ela parecia confusa- Eu consigo andar ainda, correr. Vou... Buscar ajuda- Sua voz tremia, engasgada pelas lagrimas, pelo desespero, pela dor.

–Não- Implorei, num tom inaudível. Ela jamais poderia me ouvir.

Então ela se afastou. Toda luz, todo o calor, tudo que me mantinha vivo desapareceu, engolida pela noite enquanto tentava de alguma forma achar alguém que pudesse consertar a metade quebrada e sangrenta do seu coração.

Uma parte que aparentemente não havia conserto.

–Meri...- Gemi, seu apelido. A consciencia oscilava...

Foi a ultima coisa que falei, antes de me entregar a escuridão.

Agora, exatamente um ano após o acidente tudo que posso fazer é observa-la. Impossibilitado de sentir seu beijo, sentir seu abraço, seu calor, seu cheiro. Longe distante de meu verdadeiro amor.

Aproximei-me lentamente no balanço exatamente ao lado do seu. Duvidava que ela pudesse me ver ou ouvir agora, nesse momento em que nossos universos estavam paralelos, mundos distantes que não podiam se encontrar.

–Eu te amo, Merida DunBroch- Era a primeira vez que dizia aquilo em voz alta, depois de tanto tempo.- Você é tudo que esperava, tudo que sempre quis. Tudo que sempre amei.Tudo que sempre amarei...

Ela se levantou inesperadamente, caminhando dois passos, permanecendo em pé, virada na direção oposta, os cabelos voando, seguindo o vento como um folha quebrada e amarelada de outono.

Levantei-me, caminhando até ficar atrás dela, nossos corpos alinhados em sincronia exata, perfeita.

–Meri- Disse seu nome, procurando uma reação visível.

Foi então que ela se virou. Ela estava exatamente como aquele dia, todos os detalhes. O cabelo ruivo e rebelde continuava na altura da cintura, ainda enrolado e magnifico. Os olhos permaneciam da mesma cor melancólica e o vestido azul, comprido e delicado como as asas de uma borboleta, ainda se encaixavam naquele corpo franzino, a alça caída parcialmente no seu ombro.

–Por que você não me ouviu aquele dia? Por que não ficou no carro?- Eu tentava buscar resposta para aquela pergunta sem resposta.

–Eu precisava tentar.- Ela respondeu, tentando agarrar meu punho.

Porém suas mãos ao invés de envolver minha pele, atravessaram o outro lado. Meu amor não podia mais me tocar, não podia mais sentir.

Por que ela estava morta.

No momento que ela saiu para buscar ajuda para mim, no momento que estava próxima do posto de gasolina, Merida DunBroch, minha namorada, foi atropelada por um caminhão. O piloto, um ex presidiário escoces, atingiu-a antes mesmo que ela tivesse uma reação.

Fiquei sabendo sobre sua morte, apenas uma semana depois que saí da UTI, no momento que todas as desculpas inimagináveis dadas pelos meus pais se tornaram enfadonhas e eles foram obrigados a dizer a verdade.

“Mesmo naquele estado, ela ainda foi capaz de pedir ajuda. De dizer onde você estava” Disse meu pai no momento que recebi a noticia.

Suas ultimas palavras...

As palavras que salvaram minha vida.

–Por que não me obedeceu!- Gritei novamente. Não estava satisfeito com aquela resposta, não estava satisfeito com o fato de poder estar vivo, enquanto ela estava morta.

–Por que eu te amo. Eu te amo demais, Hicc- Declarou, as mãos finas tentando tocar meu rosto, a palma aberta apenas um centímetro de distancia, uma proximidade inalcançável.

–Não conseguiu me salvar por completo- Sussurrei, apontando para meu pé ausente, substituído por uma fraca e velha prótese artificial. A parte visível de mim que faltava.

–Pelo menos você...

–Eu não estou vivo!- Interrompi-a, chorando e soluçando como uma criança perdida- Você era minha vida! Não sou nada sem você!

– Você é...

–Eu quero morrer!- Gritei, caindo de joelhos, as pernas fracas não suportando mais o peso do meu corpo. O peso do meu sofrimento.

–Você não pode morrer!- Mesmo sem lágrimas, mesmo sem poder ter uma reação, ainda podia sentir a tristeza nela- Eu quero que você viva. Por você. Por nós.

Não posso. - Lagrimas corriam pelo meu rosto, sem controle, machucando como lâminas, um rastro translúcido de vermelho e sangue- Você é tudo que sempre quis. Não posso viver sem você. - Solucei.

–Eu nunca vou te deixar, querido- Ela prometeu, as mãos agora suspensas- A vida pode ter ficado no nosso caminho, mas nunca vamos realmente nos separar. Não em nossos corações, em nossas mentes.

Ela então se afastou, passos lentos em direção as árvores. Tentei correr em sua direção, agarra-la, segurar sua mão pela ultima vez, porém ela já havia desaparecido.

Ela havia me deixado. Não, não me deixado. Não o velho, alegre e confiante garoto que um dia eu fui. Apenas alguém quebrado e sem esperanças com um par de alianças de noivado manchadas de sangue. Apenas um grande buraco vazio, sem alma, sem sentimentos, cujo caminho e expectativas haviam sido para sempre destruídos.

Uma escuridão que seria preenchida de luz, apenas quando ela estivesse novamente comigo


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Notas finais do capítulo

E então gostaram? È minha primeira fic deste casal fantastico, então... Peguem leve...
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