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Encontros e Desencontros escrita por Krika Haruno
Capítulo 5
Capítulo 5
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Templo
Voltava, talvez da sua ultima viagem a Índia. Havia embarcado num trem em Varanasi com destino a Kabul de onde pegaria outro rumo a Istambul e depois Athenas. Enquanto aguardava o próximo embarque aproveitou para passear pela cidade. Suas roupas tipicamente indianas não chamavam tanta atenção como seus cabelos longos e loiros.
Transitava entre os locais não demonstrando qualquer sentimento por aquelas pessoas. Não era misericordioso como Buda, qualidade essa que não fazia parte de seus atributos.
Os olhos sempre fechados, o ar superior, de quem era uma divindade na Terra.
Andava tão centrado em si que nem reparou numa mulher de burca azul que vinha a passos rápidos em sua direção. A cada segundo a mulher olhava para trás para ver se não era seguida. Ambos "distraídos" não puderam evitar o impacto.
Shaka abriu os olhos, deixando a mulher hipnotizada por eles, tão claros como o céu sobre eles, mas o mesmo também aconteceu com o virginiano: jamais vira olhos tão verdes que pareciam querer tragá-lo.
Aquele momento foi quebrado pela voz dela que saiu quase num sussurro.
- Me esconda, por favor.
Em sã consciência, não faria nada. Afinal era apenas alguém fugindo de um possível ato mal praticado, mas algo dentro dele dizia para ajudá-la. Sem pensar muito, pegou sua mão sob a vestimenta e a tirou dali. Percorreram algumas ruas ate chegar num antigo templo budista, que tinha visto minutos antes. A principio a mulher ficou surpresa, mas sabia que ali ninguém a procuraria.
Shaka a levou ate um jardim interno, a ponto que os dois estivessem seguros. Só depois de algum tempo caiu em si. Estava com uma estranha num templo budista. Arrependeu-se, não era problema seu. Ela que se entendesse com seu povo.
A garota sentindo-se segura tirava a burca sobre o olhar perplexo dele.
- Vai tirar a roupa aqui?!
Ela não respondeu retirando totalmente a vestimenta pesada.
- Estava calor. – disse fitando-o.
Os dois se encaram por um tempo. A garota trajava calça cumprida larga, blusa larga de manga cumprida de cor sóbria, colocando um véu tão negro quanto seus cabelos para oculta-los.
- Você é estrangeiro?
- Sim.
- Está indo para onde?
- Vou pegar um trem para Istambul. – respondeu sem perceber. – não é da sua conta. Se está fugindo vou entregá-la.
- Faça! Digo que arrancou minha burca. – não se intimidou.
- Sua...
- Vou com você ate a estação. Vão pensar que sou sua esposa e poderei passar sem ser notada.
- Como? Eu não vou fazer isso!
- Pessoas da sua religião não negam ajuda.
Abriu a boca para fechá-la em seguida.
- Vamos. – deu o braço a ele, Shaka corou. – a farsa que somos estrangeiros será melhor.
Seguiram o caminho em silencio. O virginiano andava com a respiração suspensa, a garota exalava um cheiro exótico que mexia com seus sentidos.
- Estou sujando minha imagem com você.
- Ninguém aqui te conhece. – disse sem fita-lo.
- Um ultraje.
- É só um favor. – o fitou. – "como ele é lindo." – pensou.
Chegaram à estação, já era à tardinha e a plataforma estava repleta de pessoas. A garota conferiu seu bilhete.
- A que horas sai seu trem? – indagou o virginiano querendo se livrar logo dela.
- As seis. E o seu?
- Também. – mostrou-lhe o bilhete para não acreditar. – por Buda... – murmurou.
Os bilhetes eram iguais demonstrando que pegariam o mesmo trem.
- Castigo.
- Destino. – ela respondeu sorridente.
Totalmente contrariado embarcou, teria que aturá-la por mais algumas horas. Sentaram lado a lado, mas não dizendo uma só palavra e assim a viagem teve inicio.
Naquela época do ano, as madrugadas eram frias obrigando os passageiros a carregarem alguma manta. Shaka tentava dormir, mas a garota não parava de tremer e suar frio.
- "Só o que me faltava." – pensou desanimado. – você está bem?
- Estou...
- Está tremendo.
- Não é nada. – disse ríspida.
- Idiota.
Sem que ela esperasse Shaka a envolveu nos braços. Ela pensou em relutar, o frio que sentia era por conta da falta de ópio, mas ao se ver tão aconchegada deixou-se levar, há anos não se sentia tão protegida. E assim a viagem prosseguiu, Shaka continuou acordado segurando-a fortemente em seus braços. Ela só despertou com o aviso que Teerã era a próxima parada.
- É aqui que eu fico. – pegou a pequena mala. - Obrigada por me ajudar.
- Quero andar. – levantou passando por ela.
- "Que cara grosso."
Shaka apenas deu uma volta pela plataforma, pois o trem partiria logo.
- Adeus.
Continuou calado.
- Meu nome é Farah. – estendeu-lhe a mão. – prazer.
- Shaka. – não retribuiu evitando olhá-la.
- Obrigada Shaka. Que Alá o abençoes.
- O mesmo.
Farah sorriu o que o deixou atordoado.
- É melhor ir logo. – disse embarcando. – não estava fugindo?
- Já vou. Obrigada.
O trem começou a se locomover lentamente. Farah deu as costas caminhando para a saída, quando...
....sentiu lábios quentes sobre os seus. Com os olhos arregalados fitava o virginiano, tudo não durou mais que alguns segundos, pois quando deu por si viu Shaka entrando no trem.
A garota ainda ficou por um longo tempo parada fitando os vagões passarem por si. Sentado, de braços cruzados, censurava-se pelo ato, pois havia gostado.
Farah seguiu seu caminho, encontrando com o primo, meses depois se mudava para Vilnius mergulhando na prostituição e nas drogas.
Shaka de volta ao santuário continuou com sua postura superior, apenas perdendo-a na luta contra o cavaleiro de Fênix.
Voltava, talvez da sua ultima viagem a Índia. Havia embarcado num trem em Varanasi com destino a Kabul de onde pegaria outro rumo a Istambul e depois Athenas. Enquanto aguardava o próximo embarque aproveitou para passear pela cidade. Suas roupas tipicamente indianas não chamavam tanta atenção como seus cabelos longos e loiros.
Transitava entre os locais não demonstrando qualquer sentimento por aquelas pessoas. Não era misericordioso como Buda, qualidade essa que não fazia parte de seus atributos.
Os olhos sempre fechados, o ar superior, de quem era uma divindade na Terra.
Andava tão centrado em si que nem reparou numa mulher de burca azul que vinha a passos rápidos em sua direção. A cada segundo a mulher olhava para trás para ver se não era seguida. Ambos "distraídos" não puderam evitar o impacto.
Shaka abriu os olhos, deixando a mulher hipnotizada por eles, tão claros como o céu sobre eles, mas o mesmo também aconteceu com o virginiano: jamais vira olhos tão verdes que pareciam querer tragá-lo.
Aquele momento foi quebrado pela voz dela que saiu quase num sussurro.
- Me esconda, por favor.
Em sã consciência, não faria nada. Afinal era apenas alguém fugindo de um possível ato mal praticado, mas algo dentro dele dizia para ajudá-la. Sem pensar muito, pegou sua mão sob a vestimenta e a tirou dali. Percorreram algumas ruas ate chegar num antigo templo budista, que tinha visto minutos antes. A principio a mulher ficou surpresa, mas sabia que ali ninguém a procuraria.
Shaka a levou ate um jardim interno, a ponto que os dois estivessem seguros. Só depois de algum tempo caiu em si. Estava com uma estranha num templo budista. Arrependeu-se, não era problema seu. Ela que se entendesse com seu povo.
A garota sentindo-se segura tirava a burca sobre o olhar perplexo dele.
- Vai tirar a roupa aqui?!
Ela não respondeu retirando totalmente a vestimenta pesada.
- Estava calor. – disse fitando-o.
Os dois se encaram por um tempo. A garota trajava calça cumprida larga, blusa larga de manga cumprida de cor sóbria, colocando um véu tão negro quanto seus cabelos para oculta-los.
- Você é estrangeiro?
- Sim.
- Está indo para onde?
- Vou pegar um trem para Istambul. – respondeu sem perceber. – não é da sua conta. Se está fugindo vou entregá-la.
- Faça! Digo que arrancou minha burca. – não se intimidou.
- Sua...
- Vou com você ate a estação. Vão pensar que sou sua esposa e poderei passar sem ser notada.
- Como? Eu não vou fazer isso!
- Pessoas da sua religião não negam ajuda.
Abriu a boca para fechá-la em seguida.
- Vamos. – deu o braço a ele, Shaka corou. – a farsa que somos estrangeiros será melhor.
Seguiram o caminho em silencio. O virginiano andava com a respiração suspensa, a garota exalava um cheiro exótico que mexia com seus sentidos.
- Estou sujando minha imagem com você.
- Ninguém aqui te conhece. – disse sem fita-lo.
- Um ultraje.
- É só um favor. – o fitou. – "como ele é lindo." – pensou.
Chegaram à estação, já era à tardinha e a plataforma estava repleta de pessoas. A garota conferiu seu bilhete.
- A que horas sai seu trem? – indagou o virginiano querendo se livrar logo dela.
- As seis. E o seu?
- Também. – mostrou-lhe o bilhete para não acreditar. – por Buda... – murmurou.
Os bilhetes eram iguais demonstrando que pegariam o mesmo trem.
- Castigo.
- Destino. – ela respondeu sorridente.
Totalmente contrariado embarcou, teria que aturá-la por mais algumas horas. Sentaram lado a lado, mas não dizendo uma só palavra e assim a viagem teve inicio.
Naquela época do ano, as madrugadas eram frias obrigando os passageiros a carregarem alguma manta. Shaka tentava dormir, mas a garota não parava de tremer e suar frio.
- "Só o que me faltava." – pensou desanimado. – você está bem?
- Estou...
- Está tremendo.
- Não é nada. – disse ríspida.
- Idiota.
Sem que ela esperasse Shaka a envolveu nos braços. Ela pensou em relutar, o frio que sentia era por conta da falta de ópio, mas ao se ver tão aconchegada deixou-se levar, há anos não se sentia tão protegida. E assim a viagem prosseguiu, Shaka continuou acordado segurando-a fortemente em seus braços. Ela só despertou com o aviso que Teerã era a próxima parada.
- É aqui que eu fico. – pegou a pequena mala. - Obrigada por me ajudar.
- Quero andar. – levantou passando por ela.
- "Que cara grosso."
Shaka apenas deu uma volta pela plataforma, pois o trem partiria logo.
- Adeus.
Continuou calado.
- Meu nome é Farah. – estendeu-lhe a mão. – prazer.
- Shaka. – não retribuiu evitando olhá-la.
- Obrigada Shaka. Que Alá o abençoes.
- O mesmo.
Farah sorriu o que o deixou atordoado.
- É melhor ir logo. – disse embarcando. – não estava fugindo?
- Já vou. Obrigada.
O trem começou a se locomover lentamente. Farah deu as costas caminhando para a saída, quando...
....sentiu lábios quentes sobre os seus. Com os olhos arregalados fitava o virginiano, tudo não durou mais que alguns segundos, pois quando deu por si viu Shaka entrando no trem.
A garota ainda ficou por um longo tempo parada fitando os vagões passarem por si. Sentado, de braços cruzados, censurava-se pelo ato, pois havia gostado.
Farah seguiu seu caminho, encontrando com o primo, meses depois se mudava para Vilnius mergulhando na prostituição e nas drogas.
Shaka de volta ao santuário continuou com sua postura superior, apenas perdendo-a na luta contra o cavaleiro de Fênix.
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Ultimo casal da série. Espero que tenham gostado, foi curtinho, mas era para ser assim mesmo. Obrigada a todos que acompanharam em especial, as pessoas que deixaram reviews. Até a próxima!