O que o Tempo não Pode Apagar escrita por Nai chan


Capítulo 1
Capítulo 1




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E fazendo uma reverencia, eu sai da presença da Deusa Athena

O que o tempo não pode apagar

E fazendo uma reverência, sai da presença da Deusa Athena. E do alto do templo, pude avistar boa parte do Santuário. Havia muito tempo desde a ultima vez que estive lá. Nem lembro ao certo quando foi… Mas naquela época eu já devia prever que a minha volta seria numa situação daquelas: Uma batalha em nome da verdadeira Athena.

Tanta coisa havia acontecido ali. Tantas vidas perdidas… E no meu caminho de volta para minha Casa – sim... Eu novamente podia ocupar oficialmente a primeira casa – era impossível não pensar nas batalhas que haviam acontecido no dia anterior.

Eu conhecia todos que haviam perecido ali. Havíamos passado a infância juntos, treinando com o objetivo de nos tornamos cavaleiros de ouro. Mesmo sabendo que com isso nossas vidas seriam incertas.

Comecei a descer o caminho das Doze Casas, vendo por onde passava sinais de lutas. Mas não de luta de pessoas comuns. Lutas de verdadeiros cavaleiros que haviam alcançado o sétimo sentido… Os corpos não estavam mais lá, mas ainda era como se os donos daquelas casas ainda permanecessem lá de alguma forma. Ou então aquela sensação era a penas o meu desejo de que nada daquilo tivesse acontecido. A vontade que tinha de que meus companheiros ainda estivessem vivos…

Mesmo tendo passado muito tempo fora do Santuário e alguns chegarem a achar que eu era um traidor, eu ainda sentia falta deles. Pensando agora, eu não guardava rancor deles nenhum deles, nem mesmo de Mascará da Morte. Como monge tibetano, eu havia aprendido a ser calmo e a perdoar.

_ O tempo provou que você estava certo, meu amigo, Mu. Sinto-me envergonhado por ter lutado contra os verdadeiros defensores de Athena.

Parei de andar e olhei para o cavaleiro a minha frente, Shaka, que há tanto tempo eu não via. Tirando o momento em que o trouxe de volta junto com o cavaleiro de Fênix. Durante a batalha, estava tão preocupado, quem não houve tempo para maiores conversas.

_ Não se culpe, Shaka. O importante é que agora tudo ficara bem.

_ É… Talvez. Por enquanto teremos uma pequena pausa, mas… Nos dois sabemos que só está começando. Muitas batalhas em nome de Athena ainda serão travadas. Eu posso sentir isso.

Aquela conclusão era triste, mas verdadeira. Os deuses não teriam mandado Athena de volta a Terra apenas para aquela batalha. Com certeza muita coisa ainda iria acontecer. E era bom que nós, os defensores de Atena estivéssemos preparados.

_ Tem razão, Shaka. Mas por hora… Vamos aproveitar essa “pequena pausa”. – disse sorrindo. – Você ficou realmente muito forte nesse tempo. Aprendeu muito bem como usar o seu cosmo.

_ É verdade… Ao menos com isso pude te ajudar. A você e ao cavaleiro de Fênix, a quem você fez questão de ajudar hoje.

 

Eu disse aquilo já com uma segunda intenção, que foi confirmada pela expressão meio desconcertada de Shaka. Ele havia dado uma atenção especial a Ikki, e aquilo não era o natural dele. E eu conhecia muito bem o meu amigo para ter uma idéia do porquê daquilo.

_ Ei! Tire já essa idéia que está em sua cabeça agora, Mu! – Shaka disse meio constrangido, o que me fez rir um pouco. - É só… Eu percebi que alguém que lutava como Fênix estava lutando… Não podia estar tão errado assim… E os olhos dele… Tão profundos e cheios de justiça, apesar do jeito rebelde… - e ao falar a ultima parte, parecia que Shaka estava em um mundo à parte, enquanto se lembrava do Cavaleiro de Fênix. E ele ainda realmente queria que eu tirasse da cabeça o que estava pensando…

_ Tudo bem, Shaka, tudo bem… - eu disse colocando a mão no ombro dele. – Só lembre que mesmo sendo cavaleiros de ouro, ainda somos humanos. 

Shaka ficou meio vermelho por um instante, mas acabou concordando comigo. Afinal… a reencarnação de Buda também tinha o direto de aproveitar a vida… e o amor.

_ Bem… Ainda teremos tempo para conversar. Creio que agora quem você quer ver é outra pessoa… - Shaka disse me fazendo, com que agora eu é que ficasse meio envergonhado e abaixar a cabeça. E antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Shaka continuou. – Não precisa fazer essa cara. Até parece que isso é algum segredo para mim.

_ É… Só que… já se passou tanto tempo desde que eu fui embora daqui… Não sei como as coisas ficaram agora. Nem tenho idéia do que está se passando na cabeça dele.

Shaka riu de mim. Como ele já havia me dito outras vezes… Tinha horas que eu parecia deixar de ser o monge, cavaleiro de Áries, e passava a ser uma pessoa “normal” quando se tratava de sentimentos. De qualquer forma… Eu tinha que concordar com ele. Afinal… ele era a reencarnação de Buda e acima disso, era meu amigo. Então, me despedi de Shaka e continuei descendo o caminho das doze casas correndo.

E mais que nunca aquele caminho me pareceu longo. Mas… à medida que fui descendo, fui aos poucos diminuindo o meu ritmo até parar na entrada da casa de Touro. Me senti nervoso. Meu coração batia rápido por causa da ansiedade. O que será que iria acontecer quando nos reencontrássemos?! – essa era a pergunta que não saia da minha cabeça. E respirando fundo para me acalmar, entrei na casa de Touro. Mas… a casa estava vazia. Não havia ninguém ali…

_ Onde é que você está…?! – eu perguntei como se ele pudesse me ouvir, apesar de não estar usando telepatia. Falando nisso… seria ótimo se eu pudesse teletransporta-lo para perto de mim naquela hora, ou ir ate ele. - Aldebaran…

E então um sentimento de tristeza me invadiu. Onde ele podia estar?! Comecei a andar pensativo, indo para minha casa. Ficava imaginando o que iria dizer quando finalmente encontrasse com Aldebaran. Afinal… tinha muito tempo que não nos víamos. Havia muita coisa que eu queria dizer que queria perguntar. E principalmente… queria ter a certeza que o nosso amor não havia acabado. Isso é… Da minha parte não havia mudado nada. Mesmo com a distancia e com o tempo, eu continuava amando-o imensamente.

Mas foi quando cheguei a minha casa que senti meu coração praticamente parar. Sentado no chão, encostado em uma pilastra, estava Aldebaran, o cavaleiro de ouro de touro. Ele não estava com sua armadura, estava com as típicas roupas de treino, olhando para um canto qualquer, pensativo. Mas foi quando notou minha presença que ele voltou a si e olhou para mim e sorriu.

Pelos Deuses… há quanto tempo eu não o via sorrindo assim?! Sim… Eu já o havia visto antes e ate mesmo falado com ele. Mas agora, de alguma forma, parecia diferente... Como se aquela fosse a primeira e real vez que nos víamos desde que eu havia voltado. Fiquei imóvel quando o vi levantando-se e vindo na minha direção. E de repente todas as palavras que eu havia ensaiado para dizer naquela hora sumiram. A única coisa que eu fiz, foi corresponder quando ele me abraçou.

Mas uma vez pude me sentir bem naqueles braços fortes. Perdi a noção do tempo enquanto ficamos assim, até que ele levou as mãos ao meu rosto, segurando-o.

_ Eu senti sua falta, Mu. – ele disse num tom gentil, enquanto acariciava meu rosto, indo para os meus cabelos. E aquilo foi o suficiente para eu fechar os olhos e me sentir transportado para a época que ainda era adolescente e havia me apaixonado por um aspirante a Cavaleiro de Touro…

_ Eu… também senti sua falta, Aldebaran…

Eu abri os olhos, o encarando. E pareceu que nos dois chegamos a conclusão de que as palavras já não era mais necessárias. Os nossos olhares pareciam dizer tudo. Todas as minhas duvidas sumiram. Eu podia ver nos olhos de Aldebaran o mesmo amor que havia desde a ultima vez que nos vimos.

E claro que não houve a menor resistência da minha parte quando Aldebaran me e beijou. Abracei-o pelo pescoço, enquanto minha cintura era abraçada e eu, imprensado contra a parede. Como nos velhos tempos… Agora sim eu me sentia em “casa”. Nada me deixava mais feliz do que estar nos braços daquele que amava.

_ Aldebaran! – Eu o abracei com força, sentindo lagrimas nos olhos.

E então ficamos muito tempo ali entre beijos e abraços. As palavras ditas eram muito poucas, a grande maioria era a repetição de “eu te amo” e o quanto sentimos falta um do outro.

Ficamos ali até sentir cosmos se aproximando. Eram os cavaleiros de Bronze, que agora tinham toda permissão para passar pelas Doze Casas. Podia sentir o cosmo dos cinco, se aproximando.

Olhei para Aldebaran e num mutuo compreendimento, segurei-o pela mão e o arrastei para a parte reservada da Casa, onde ninguém nos atrapalharia. E confesso que fiquei meio surpreso ao ver que a Casa estava exatamente igual ao que eu tinha a deixado a anos atrás. E antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Albedaran me abraçou por trás e sussurrou no meu ouvido:

_ Eu sabia que você ia voltar… pra mim.

Sorri segurando aqueles braços protetores em torno de mim. Mais do que minha volta para o Santuário, aquilo era a minha volta para Aldebaran, alguém de quem eu nunca devia ter me afastado.

_ Eu… Acho melhor tirar a armadura. – eu disse apesar de não querer deixar de abraçá-lo.

Aldebaran concordou e seguimos para o meu quarto. Ao entrar no quarto, não podia deixar de lembrar da ultima noite que passei ali…

**********************************

Eu ia embora do Santuário quando todos estivessem dormindo. Já depois da meia noite. Queria evitar maiores problemas. Iria viver isoladamente no Tibet onde continuaria a treinar, até que minha força fosse necessária a Athena. A verdadeira Athena. Sabia que aquilo era o melhor a fazer, mas ainda me doía muito, especialmente porque teria que deixar para trás a pessoa que tanto amava. E ainda mais, sem me despedir, pois sabia que não suportaria isso...

Só que os meu planos de ir sem me despedir de Aldebaran foram frustrados, pois logo entrou no meu quarto, um jovem Aldebaran. Afoito, com uma expressão de surpresa no rosto. Ele me encarou com aqueles olhos tão expressivos que eu adorava e eu não conseguir dizer nada, apenas abaixei a cabeça, sem conseguir encara-lo.

_Você… Realmente vai embora?! – ele me perguntou com a voz controlada enquanto se aproximava de mim e erguia o meu rosto com uma de suas mãos, obrigando-me a encará-lo.

_ Como… Como você soube?!

_ Eu te conheço melhor que ninguém, Mu. Posso não ler mentes e nem saber telecinese, mas estamos ligados um ao outro, lembra?!

_ Me desculpe… - eu pedi com a voz meio chorosa. Era difícil me controlar quando se tratava de Aldebaran. – Eu preciso ir… É só que… eu sabia que não ia ter coragem para me despedir de você. Não ia conseguir te encarar e dizer “Adeus”.

_ Então não diga! – Aldebaran me abraçou com força. E eu ficava imaginando por que ele tinha que tornar as coisas mais complicadas?! De qualquer forma, não pude deixar de retribuir ao abraço.

Logo Aldebaran e eu nos beijávamos e nossas roupas iam parar no chão. Praticamente não trocamos palavras, apenas gestos e caricias. Ele me teve, e ao imaginar que aquela podia ser a ultima vez, eu tinha vontade de chorar. Mas o meu lado cavaleiro falava mais forte e eu lembrava de meu dever. E depois, quando Aldebaran adormeceu, me preparei para partir, mas antes olhei pela ultima vez – em muito tempo – para o meu amado e beijei seus lábios inertes. Pensei em dizer Adeus, mas não disse…

_ Até um dia, meu amor. – e fui embora.

**********************************

Aos poucos, fui tirando minha armadura com a ajuda de Adebaran e guardando-a em sua caixa. Olhei sorrindo para Aldebran, e ele me beijou. Não contente em me ser sem a armadura, ele quis também me ver sem roupa. Foi tirando peça por peça, do meu traje de monge.

_ Você continua belo como sempre. – Aldebaran disse ao me ver completamente nu, com algumas partes do corpo sendo tampadas apenas por meu longo cabelo lavanda.

Como eu sentira falta de suas palavras doces, de seu toque e seu carinho… Agora eu me perguntava como havia conseguido viver longe dele por tanto tempo. Talvez o que me mantesse vivo, fosse justamente a vontade de revê-lo. 

Fui até Aldebaran e dessa vez fui eu quem o despiu. Ele me parecia ainda mais bonito desde a ultima vez que o havia visto. Alto, forte, com um belo sorriso de satisfação… Meu querido e adorado brasileiro.

E depois de anos, eu finalmente sentia seus toques. Era como se estivesse voltando a vida, depois de muito tempo no Hades. Entreguei-me completamente a aquele ato, onde demonstramos claramente o nosso amor, um pelo o outro, para no fim, ficamos deitados, abraçados, um aproveitando o calor do outro.

_ Quando eu acordar, você ainda vai estar aqui?! – Aldebaran perguntou com um pouco de receio na voz.

Eu sorri o e o beijei, acariciando seu rosto e cabelo.

_ É claro que sim. Não vou mais te deixar. Nunca mais.

E então Aldebaran dormiu. Ele parecia tão tranqüilo em seu sono, que não resisti a ficar acordado mais um pouco, admirando-o. Athena que me perdoasse, mas naquela hora, eu prometi a mim mesmo que não ia mais me separar de Aldebaran. Nem que fosse preciso segui-lo na morte. Não ia me separar do meu amor. Beijei seus lábios inertes e tornei a deitar sobre seu peito, começando a ser vencido pelo sono.

Às vezes eu ficava imaginando se o tempo seria capaz de apagar um grande amor. Ficava imaginando se o tempo seria capaz de apagar o meu amor com Aldebaran. Alem do mais… Alem do tempo que ficamos separados, havia a distancia. Mas ao voltar para o Santuário e encontrar o meu querido cavaleiro, chego à conclusão de que pouca coisa mudou entre nós.

O Amor é complexo.

Muitas vezes nos faz sofrer e até nos deixa solitários.

O Amor é complexo.

Pois se fosse simples…

Poderia ser facilmente apagado pelo tempo.

 

Pequena Nota da Nai-chan: Primeira fic que faço de Deba e Mu. Como presente de amigo secreto para Tanko. Espero que tenha gostado ^ ^


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