The last love escrita por Ingrid Lins


Capítulo 30
Capítulo 28: Ela escolheu


Notas iniciais do capítulo

Um cap bem diferenciado, um pouquinho de tdo, umas saliencias básicas hahahahahahahahahahhahahahahahahhaah e choradeira no final. Os próximos caps serão mais leves eu prometo ♥



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Cheguei em casa e estranhei o silêncio. Há essa altura, eu esperava encontrar Jeremy, Elena e Caroline chorando ou qualquer coisa, mas tudo que encontrei foi a casa vazia. Olhei em todos os lados e não encontrei ninguém. Dei de ombros e preferi pensar que não deveria me preocupar com nada, e aproveitar o silêncio milagroso e fazer minhas coisas. Tomei um longo banho, e depois liguei a televisão no canal de esportes. Saboreei um maravilhoso uísque doze anos, e descansei com os pés para cima.

Minha paz interior não durou muito, eu não estava acostumado a tanta tranquilidade. Não era do meu feitio. Era contra minha natureza; simples assim. Refleti sobre o que fazer e decidi mandar uma mensagem para Alaric e em resposta, recebi um "Não posso, Jo não tá se sentindo bem". É exatamente nesse momento que você percebe como uma mulher pode mudar a sua programação noturna ao lado de seu amigo. Bufei pensando em responder àquele ingrato que, ao contrário do que ele pensava, eu não precisava dele para me divertir. Cogitei ligar para Rose e convidá-la para jantar, mas aí lembrei que talvez ela estivesse ocupada tentando fazer Travis entender que bebês não pedem para nascer. Foi em pleno meu momento de desespero que me recordei vagamente que, apesar da minha insistência, Rose não era minha única irmã.

—Alô.

—Stefan?

—Damon? — o que? Ele não tinha meu número salvo na agenda? Mas que coisa, não se fazem mais irmãos caçulas como antigamente! Bufei contendo a indignação. Ouvi uma voz fina e chata atrás dele e pensei que bem diferente de mim, meu irmão podia estar tendo uma noite divertida.

—Não, a senhora sua mãe. Oi filhotinho. — debochei, e sorri satisfeito ao ouvir sua risada pelo fone. Pelo menos alguém ainda me achava engraçado.

—Deixa a mamãe saber disso. — riu ainda mais. — Então, alguém morreu?

—Caramba moleque, alguém precisa morrer pra eu te ligar?

—Na verdade, sim. — respondeu ressentido. Então vi que minha ausência era notada sim, por mais que eu preferisse ignorar todos os meus problemas, e por mais que eu tivesse assumido a minha mãe o ciúme que senti quando o caçula nasceu, Stefan continuava sendo um problema. Não um problemão do tipo gigantesco e complicado, mas do tipo que é tenso de resolver. Mesmo que tenha me entendido com Rose, o quesito família ainda era um tópico a ser resolvido na minha vida.

Fiquei em silêncio por uns dois segundos, tentando encontrar palavras. Aquela era minha deixa, minha chance de dar ao meu filho mais um parente próximo, além de me ajudar a trazer mais um membro da família para estar ao meu lado. Depois de estar com Jeremy e Elena, família era tudo que eu queria.

Tomei coragem.

—Ninguém morreu e eu tava pensando de... sei lá, tu sair comigo.

—Sério mesmo? — o tom impresso na sua voz era o mesmo que aparecia em Jeremy quando alguma coisa era empolgante demais para segurar e ver essa semelhança me fez rir.

—Sim. Me encontra no Grill em uma hora, ok?

Desliguei o celular sem esperar a resposta. Eu esperava que ele aceitasse minha oferta de paz.

**********************************************

Quando cheguei ao Grill não demorei muito para encontrá-lo. A postura do moleque lembrava muito a minha, e a do velho Giuseppe. A rodinha de mulher em volta dele também mostrava que o DNA Salvatore exalava no ar. Sorri, andando até ele.

—Desculpe meninas, o caçula agora é meu. — falei, colocando a mão em seu ombro. Stefan também sorriu pra mim. Observei como suas feições estavam ainda mais parecidas com as de Jeremy — parecidas com as minhas — e achei engraçado como a genética pode imprimir características nas pessoas.

Ele deu um gole na cerveja que bebia, e eu pedi uma long neck para mim também. Por um tempo ficamos quietos bebendo cerveja e assistindo ao jogo de basquete que passava, sem dizer uma única palavra. Mais uma característica de patriarca da família que foi multiplicada em todos os filhos do velho, e então pela primeira vez desde que soube, ponderei se Enzo, meu irmão bastardo, também tinha a mania de protelar as palavras como eu, Rose e Stefan fazíamos. Uma pergunta ainda mais latente e importante pesou na minha mente: será que eu já tinha cruzado com meu irmão? Será que, nos meus tempos de rebeldia, tinha brigado com ele? Será que, durante a faculdade, bebi com ele? Bati nele? Servi algo a ele no La Luna?

Enquanto divagava comigo mesmo, a voz de Stefan me tirou dos meus devaneios. Um irmão me fazendo esquecer — momentaneamente — o outro. Dei um gole na cerveja quente mas não me importei. Minha cabeça estava em outro lugar totalmente diferente.

—Fala aí, moleque. Como andam as coisas? E a mamãe?

Ele pareceu pensativo. Mal sinal. Era sinal de que as coisas estavam tensas em casa, e que ninguém mais aguentava. Me senti culpado porque ao ir lá confrontar meu pai, provavelmente eu tinha piorado as coisas. O velho Giuseppe não sabia lidar com pressões. Pedi outra rodada para ajudá-lo.

—Comigo as coisas estão bem, eu acho. Apesar da minha ex não entender o significado de não. — ri. Algumas coisas são passadas de geração pra geração. — A mamãe tá... sobrevivendo. Dia após dia, as coisas vão se encaixando.

—O papai tá pegando pesado, né? Conheço bem aquele velho maldito.

—O pior, o mais estranho é que não. Eu mal o vejo o dia todo, ele passa o tempo todo que tem trancado naquele escritório. Tá sempre olhando pela janela, não fala com ninguém.

Stefan não mencionou que aquilo acontecia desde que eu tinha estado lá, mas não era preciso. Minha acusação sobre Enzo tinha realmente mexido com ele, e minha mãe também não estava sabendo lidar com aquilo. Nenhum de nós sabíamos de verdade.

—O papai é... estranho. Não tente entendê-lo.

Não me aprofundei no assunto. Não queria esticar aquela conversa porquê de um jeito que não deveria, eu me sentia culpado. Enquanto bebíamos, engatamos em outros assuntos bem mais interessantes e que eu entendia muito bem: mulheres.

Elena Gilbert

Assim que cheguei em casa, Damon ria sozinho no telefone. Devia estar falando com alguém, mas não me importei. Estava cansada e o dia tinha sido longo demais para me importar com bobagens. Entrei no box e tomei um banho maravilhosamente morno que relaxou meus músculos assim que a água começou a cair. A sensação de alívio foi quase instantânea.

Assim que sai do banheiro com uma camisola preta, Damon já havia deixado o celular de lado. Jeremy estava dormindo na casa de Alex e isso nos dava um pouco de calma. Pelo menos poderíamos conversar algumas coisas sem nos preocupar com uma criança no quarto ao lado. Desliguei a luz do quarto e me aconcheguei ao seu lado. Logo senti sua mão no topo da minha cabeça, acariciando meus cabelos molhados.

—Onde tá Jeremy? — sua voz era baixa e arrastada, e me fez pensar em muitas coisas que gostaria de fazer naquele momento.

—Na casa de Alex. Os dois alegaram estar morrendo de saudades um do outro, mas pelo que me lembro, hoje tem a final de alguma coisa. Eles devem estar muito ocupados a essa altura.

Os braços longos de Damon serpentearam meu corpo e me mantiveram mais perto dele. Suas mãos desciam pela lateral da minha cintura, acendendo algo dentro de mim. Senti seu perfume — único, singular, a inusitada mistura de doce e selvagem — e pela primeira vez naquele dia me senti em casa. Minha casa, meu porto seguro, meu homem. Todo meu, e só meu. Beijei seu peito e o abracei de volta.

—Como foi seu dia? — Damon perguntou depois de dar um beijo nos meus cabelos, apertando o abraço ao redor do meu corpo.

—Bem. — me limitei. — Fui ao médico hoje.

Ouvi seu ofegar e sabia que era isso que eu estava evitando o dia todo. É claro que se eu tivesse lembrado, teria falado com ele. Mas a verdade é que esse compromisso tinha sido totalmente esquecido pela minha mente, só me lembrando quando Meredith Fells me ligou, e, no final do dia, isso fazia com que eu me sentisse a pior mãe do mundo.

—E por que você não me avisou? Eu teria ido.

Suspirei e me aconcheguei mais.

—Eu sei que sim, a questão toda foi que eu esqueci. Esqueci completamente, Damon. — afundei a cara em seu pescoço, enquanto Damon ria descaradamente da minha cara. — É sério, Damon, não ria. Sabe com que cara fiquei quando Meredith ligou? Eu quis morrer de vergonha!

Ele deu uma risada rouca que me arrepiou dos pés à cabeça.

—Não tem porque se envergonhar. Você se preocupa demais com muita coisa, e é isso que te prende. Agora eu farei um favor ao mundo, e te relaxarei um pouco.

Só a menção àquelas palavras e os milhões de significados por trás delas, fez meu corpo todo se acender e ficar alerta. Olhei nos olhos de Damon, e como sempre, me senti tomada por um sentimento que nunca pude explicar. A profundidade daquele olhar pousado em mim, brilhando em suas enormes órbes azuis provocava uma atração sobre mim. Sobre meu corpo. Atração inacreditável sobre meu desejo por ele. Ainda me olhando, Damon avançou sobre meu corpo com carinho e cuidado para não me machucar. Sua boca cobriu a minha mas não do jeito que achei que seria. Diferente das outras vezes que nos beijamos, seu beijo não refletia a força de seu desejo, não era um beijo bruto e selvagem como sempre foi. Dessa vez seus lábios eram macios e gentis. Moviam-se sobre os meus com tanta suavidade e amor que me surpreendi. Correspondi na mesma intensidade, e quando percebi minhas mãos arranhavam suas costas e Damon trilhava um caminho de beijos molhados abaixo de meu colo.

A camisola foi rasgada num único puxão e deu a ele maior acesso ao meu corpo. Suas mãos ficaram em meus seios, e sua boca foi descendo perigosamente, passando por minha barriga levemente dura e amontoada e finalmente chegando ao ponto que minha excitação gritava por atenção. Primeiro senti um sopro em minha entrada que me fez estremecer inteira de expectativa e tesão, depois sua língua tocou meu ponto mais inchado e sensível. Conforme a boca de Damon passeava por minha intimidade, gemidos escapavam de minha garganta. O guia do meu amante sobre meu prazer eram os sons que a cada investida, saiam mais altos e agudos, demonstrando minha satisfação diante dos movimentos circulares em meu clitóris e investidas em minha entrada.

Assim que sua língua tocou da maneira certa o botão de prazer em meu sexo, senti meu coração bater estrangulado no meu peito, tão rápido que pareciam hélices de um helicóptero que queria sair da cavidade abdominal. Pontos luminosos brilhavam na minha frente tamanha intensidade do orgasmo que Damon me proporcionara. Ainda me recuperava quando ele veio para cima de mim.

—Eu vou... te retribuir, só me dê um minuto. — falei aos arquejos. A pressão do orgasmo largou minhas pernas moles e meu corpo todo relaxado demais para fazer alguma coisa.

Ele sorriu me alisando.

—Hoje, o prazer é todo pra você.

Damon despiu sua calça e então pude ver seu membro inteiramente ereto, apontando para mim. Admirei sua glande inchada, brilhando pelo liquido transparente que lubrificava a pequena fenda. As veias grossas saltavam por toda extensão, deixando toda sua virilidade a olhos vistos. Minha intimidade pulsou ao vê-lo andando na minha direção com toda aquela maravilha.

Gemi em antecipação, quando Damon sorriu para mim, logo após me dar um beijo. Com língua. Com língua, tesão e luxúria. Um beijo que me prometia que a noite seria longa e cheia de prazer. Enquanto explorava minha boca, senti seu dedo indicador invadindo meu sexo, e o dedão circulando meu clitóris. Mais uma vez o tesão subiu em nível máster.

—Abre essas pernas para mim.

Obedeci imediatamente. Seu dedo rapidamente contornou o desenho de minha fenda, espalhando com a pontinha do dedo a excitação pelos grandes e pequenos lábios. No momento em que sentiu a pele macia da parte interna dos meus lábios vaginais, Damon gemeu alto, vendo meu botão pulsar em resposta ao seu estimulo. E quando ele gemeu, eu gemi em sincronia. Em questão de segundos senti a cabeça do pênis de Damon roçando minha entrada molhada. Ele pincelou meu clitóris, e fechando os olhos, investiu contra meu sexo. Gemi alto sentindo cada polegada de seu membro entrando e tomando posse de mim. Instintivamente minhas paredes se convulsionaram ao redor dele. Na primeira investida entre minhas pernas, nós dois gememos juntos e alto.

Conforme o prazer inebriava nossas mentes, as estocadas de Damon aumentaram a velocidade e a força; batendo o quadril no meu com força, fazendo um som alto e molhado ecoar pelo quarto. Minhas unhas desciam sobre suas costas suadas, e seus lábios desciam sobre meu pescoço, beijando, chupando e mordendo. As marcas de Damon estampadas em mim. Por mais que abrisse minhas pernas, algo me impulsionava a fechá-las em torno da cintura do meu homem. Os dedos de Damon perfuravam minhas coxas na tentativa de mantê-las expostas a seu bel prazer.

—Vire-se... agora!

Seu rosto estava vermelho e eu sentia que o meu também estava. Vermelho, quente de excitação. Antes que eu pudesse me mover, o braço de Damon encaixou por baixo de minha barriga e alcançou o lado oposto da minha cintura. Numa manobra ousada girou o punho, e quando vi, estava de bruços. Usando o mesmo caminho por minha barriga, me puxou para cima pela cintura, e fiquei de quatro. Rapidamente, seu membro me preencheu de novo, e bombeou meu sexo com força e tesão. Muito mal eu conseguia manter meu corpo firme, Damon batia o quadril contra o meu, dando tapas na minha bunda e gemendo meu nome. Eu, ao contrário, estava tão inebriada de prazer que mal conseguia formular uma frase coerente; apenas murmurava palavras sem muito sentido.

Meu corpo respondia aos estímulos de Damon, acompanhando seus movimentos. Nossos quadris em total sincronia, calor e luxúria exalando pelo quarto. O lençol amarrotava-se embaixo de nós, dando a amostra física da bagunça que aquele homem — o dono dos olhos mais azuis que eu conhecia — causava em mim. Enterrei meu rosto no travesseiro quando Damon começou a fazer movimentos circulares em torno de meu clitóris ao mesmo tempo que bombeava meu sexo. Minha vagina parecia totalmente descontrolada, convulsionando ao redor do membro inchado de Damon. A cada vez que ele saia e voltava, a sensação de sua cabeça inchada forçando a entrada de minha fenda, me fazia delirar e gemer cada vez mais.

Os gemidos dele rodavam em sons presos entre as paredes do cômodo, os meus permaneciam abafados pelo travesseiro, mas ele não estava satisfeito com isso. Sorri quando senti a mão grande de Damon puxando meu cabelo, obrigando-me a gemer alto e livre para que ele pudesse ouvir e se deliciar com os sons que escapavam de minha garganta. Damon me deu um golpe certeiro quando enterrou seu pênis tão fundo, totalmente acolhido na entrada de meu útero, e apertou meu clitóris entre o dedão e o indicador. O mundo inteiro parou de girar nesse instante, o ar fugiu de meus pulmões, e meu coração batia completamente desesperado. O calor do tesão que nos consumia parecia subir em labaredas invisíveis, e nos lamber com línguas de fogo. Expulsei o ar de uma vez só, meu sexo ordenhando o de Damon, minhas paredes internas o imprensando, obrigando seu membro a roçar o tecido macio e encharcado. Gemi alto, sentindo meu prazer escorrendo ao mesmo tempo que o jato quente de Damon invadia meu sexo e escorria pelas minhas pernas. Mal respirei e desabei sobre o travesseiro.

O corpo suado de meu homem caiu sobre o meu, ofegando. Damon beijou meu pescoço seguida de uma mordida. Nós dois ficamos imóveis, tentando encontrar uma forma de normalizar a respiração. Alguns minutos depois, ele rolou para o meu lado, e eu virei de barriga para cima. Seus dedos se entrelaçaram aos meus e beijou meu dedo anelar.

—Um dia desses ainda vou morrer. — arfei.

—Eu morro todo dia. Morro de amores, de tesão, de paixão... morro todo dia por você, Elena Gilbert.

Aquela declaração fez meu coração bater aquecido por suas palavras doces, que faziam de momentos como aqueles, os melhores no fim do meu dia. Me aproximei de seu corpo, sentindo o cheiro misturado de suor e sexo. Uma prova física do que nós tínhamos acabado de fazer. Prova do que acontecia quando o tesão nos dominava, e encontrava em Damon o abrigo que precisava. A prova de que dentro de mim, me amando, me tendo, era o lugar que ele pertencia.

Apoiei o corpo nos cotovelos, e subi até estar cara a cara com ele. Seus olhos agora pareciam mais brilhantes, mais intensos. Por um segundo, me perdi naquele mar azul — uma onda de calma e amor me invadia e aquecia. Sorri, e espalmando uma mão em sua bochecha e fiz um carinho, sentindo a barba rala que estava por fazer. Só quando senti sua mão em meu pescoço, foi que encostei meus lábios nos dele. O beijo foi calmo, romântico até. Sua língua duelava com a minha de forma gentil; tudo que queríamos era saborear aquele beijo. A mão de Damon desceu do meu pescoço para minha cintura, e ali posicionado, fez uma pressão suave sobre minha pele. A promessa dele que a noite ainda seria muito longa...

O dia amanheceu preguiçoso. Ouvi barulhos vindo da cozinha, e tive certeza que Alex e Jeremy estavam em casa; só aqueles dois seriam capazes de serem tão barulhentos. Alonguei o corpo ainda sentada na cama, e então depois de tomar coragem, levantei. Fui ao banheiro, fiz minhas necessidades e a higiene matinal. Vesti o penhoar e sorri quando olhei para trás: o lençol totalmente bagunçado, Damon dormindo nu, suas costas arranhadas; tudo deixando claro como nossa noite tinha sido aproveitada.

Desci as escadas e quando cheguei à cozinha, ri ao vê-los sentados na bancada tomando café. Padrinho e afilhado sentados, balançando as pernas no ar, comendo o mesmo cereal. Segui o caminho da ilha, e peguei uma xícara no armário. Já estava tomando o café preto, apoiada com os cotovelos na bancada, quando os olhos de Jeremy se arregalaram e sua boca abriu numa exclamação muda.

Mãe, o que foi isso? Você bateu em algum lugar? — a voz dele era aflita e preocupada, mas só entendi o que meu pequeno dizia quando seu dedinho tocou meu pescoço num ponto dolorido e Alex começou a rir histérico.

Hiperventilei, hesitando. O que eu deveria dizer? "Filho, é que ontem passei a noite fazendo sexo selvagem com seu pai. A propósito, mamãe está dolorida em partes que você nunca, sequer, sabe que existe." Não se diz isso a uma criança. Passei a mão na testa, sentindo o suor escorrendo.

—Então, meu filho... é que... seu pai me machucou.

—Meu pai te bateu? — ele ficou horrorizado. Oh, Deus, por que não cobri isso com maquiagem? Só então entendi o que Damon dizia sobre esse garoto ser esperto demais.

—Sim... quer dizer, não! Foi sem querer, filho, nós estávamos... brincando e aconteceu isso. Foi um impulso... maravilhosamente gostoso... quer dizer, ele não fez por mal. A mamãe tá bem, olha nem dói. — toquei o roxo no meu pescoço, ignorando a pequena fisgada que dava.

Jeremy me examinava, olhando bem perto, tocando o ponto coagulado, só faltando fazer anotações, enquanto eu buscava — em vão — ajuda em Alex. Aquele troglodita só sabia rir da minha desgraça, deixando a mim, apenas a função de me livrar daquela situação horrível sozinha. Olhei brava na direção do meu irmão, prometendo em um único olhar, me vingar daquilo.

Tomei coragem, e pensei no que dizer. Não vinha nada, apenas a certeza de nunca mais deixar que Damon me cubra de chupões. Uma promessa que eu sabia que não ia dar em lugar nenhum.

—Filho, vamos esquecer isso. O que vocês fizeram ontem?

O garoto já ia começar a falar quando Damon desceu as escadas, vestindo só uma boxer preta. Meu corpo esquentou ao vê-lo, praticamente nu, meu subconsciente implorando para que voltássemos ao quarto e transássemos como loucos até cansar. Me perdi num olhar de tesão, enquanto o mundo girava fora da minha bolha.

—Pai, suas costas estão arranhadas! Deve ter saído sangue! Quem fez isso, papai?! — a voz de Jeremy me tirou do transe. Que porra, por que essa criança tem que ser tão observadora? Tudo bem, que as costas de Damon realmente estavam quase em carne viva e era impossível que ninguém notasse, mas ainda assim... Filho, vamos cooperar né.

Ao contrário de mim, o pai do meu filho parecia acostumado com essas cenas do meu pequeno. Ele deu de ombros.

—Sua mãe tava louca ontem. Me arranhou todo!

Jeremy olhou para nós dois, seus olhos tentando desvendar o que tinha acontecido conosco na noite anterior, e depois afirmou com todas as letras:

—Vocês são doidinhos.

Depois das cenas constrangedoras, nós tomamos café como se deve. Jeremy e Alex contavam, igualmente animados, sobre o jogo que tinham assistido na noite anterior. Não demorou muito e Caroline chegou. Estranhei percebendo que ela estava apagada. Seu característico jeito espevitado e animado, parecia ter sido mandado para longe; seus olhos verdes sempre tão agitados, estavam totalmente cansados. As marcas escuras embaixo de seus olhos também explicitavam que ela mal tinha pregado os olhos durante a noite. Foi quando ela foi direto abraçar Jeremy e chorou ao fazer isso, que eu soube o que tinha acontecido. Caroline tinha tomado sua decisão.

Os dois subiram as escadas e sumiram no andar de cima. Eu ainda estava paralisada atrás da bancada, totalmente incapaz de fazer ou dizer alguma coisa. A realidade ainda ecoava ferozmente em volta de mim — Caroline ia embora. Caroline ia para a Alemanha. Caroline tinha escolhido. Caroline escolheu Klaus.

Antes que eu percebesse, estava sufocando num choro preso. Eu não conseguia chorar nem respirar. Realmente estava sufocando, uma bola gigante tapava minha garganta, me impedindo até de pedir qualquer tipo de ajuda. As lágrimas desciam pelo meu rosto, mas nenhum som saia da minha boca, meu nariz parecia tapado por alguma coisa. Eu sentia os efeitos daquela crise, a falta de ar me atingindo, fazendo minha cabeça pesar e minha visão ficar embaçada. Damon e Alex vieram rapidamente para o meu lado, meu noivo me sacudindo pelos ombros, tentando ganhar minha atenção.

—Elena! Olhe pra mim, por favor! — a voz de Damon parecia há milhares de distância de mim, apesar de eu saber que ele estava bem na minha frente. Meus pulmões lutavam para tentar ter oxigênio, mas nada acontecia. — Elena! Faz alguma coisa, Alex, porra!

Damon continuava me sacudindo, quando senti as mãos de Alex nas minhas costas. Eu sabia o que ele iria fazer, não era a primeira vez que aquela situação acontecia. Com as mãos viradas em concha, Alex achou o vão entre meus pulmões. Com um solavanco naquele ponto certo, o impacto da mão do meu irmão expulsou o choro e o ar de uma vez só. Meus pulmões começaram a trabalhar rapidamente, e a doer de tão rápido que o ar entrava e saia. O choro soluçado e nervoso tomou conta de mim, sacudindo meu corpo inteiro.

—Elena, fala comigo! — a voz de Damon era alta e aflita.

O choro se tornou audível e dolorido em todos os sentidos. O esforço que meu corpo fazia para chorar e respirar fazia tudo doer, e ao mesmo tempo, era difícil manter o foco em alguém. Tudo se confundia dentro de mim, minhas necessidades físicas e emocionais se misturavam, tornando tudo uma malha de destroços. Meu coração batia estrangulado, minha garganta ainda parecia obstruída e minha visão turva. Os soluços me chacoalhavam, e o meu peito subia e descia rapidamente.

Ao mesmo tempo que Damon tentava me fazer reagir, Jeremy passou como um foguete, chorando tão audível quanto eu. No alto da escada, Caroline estava estática: olhos vermelhos e inchados, e trêmula. Ela tinha contado ao meu menino sua decisão. Como aquilo podia magoar tantas pessoas de uma vez só? Apesar de ver toda aquela cena, nada em mim reagia. Meus músculos continuavam travados, e tudo se desenrolava sem minha interferência.

—Jeremy, por favor! — a voz de Caroline saiu esganiçada e alta. Ela tremia toda, e tentava descer as escadas para alcançá-lo, mas seu estado não permitia. — Jeremy, volte aqui! JEREMY!

A loira desabou na escada, chorando e tossindo, seus ombros sacudindo pela violência de seu choro. Alex saiu correndo atrás de Jeremy, e a nós só restou amargar aquela situação dolorosa que nós nos encontrávamos. No meio daquele circo, em que nenhum de nós tinha coragem de dizer nada, e a mim só restava uma certeza: eu tinha ficado sem minha metade.


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