The Faberry Mission escrita por Jubileep


Capítulo 41
Capítulo 41 - Pelo menos


Notas iniciais do capítulo

Okay, eu não tenho um motivo plausível o suficiente para explicar minha ausência. Mas vou joar aí umas palavras que foram a causa dela: bloqueio criativo, aulas, mais aulas, mais bloqueio, bad, séries, muitas séries, filmes, aula, mais aula, falta de tempo.





Desculpa.



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— E o primeiro lugar vai para... – O locutor fez suspense, o tipo de suspense que fazia com que cada membro de cada coral ali no palco tivesse vontade de soca-lo pela demora. – Do William McKinley High, New Directions!

E, em questão de uma fração de segundo, uma áurea diferente pairara sobre o ND.

No segundo em que o nome do clube do coral do WMHS foi chamado todo o resto foi ignorado pelos membros, era como se tudo estivesse em câmera lenta e todas as outras vozes ali presentes fossem apenas ecos indecifráveis e inaudíveis.

Eles... Eles realmente haviam conseguido.

Um dos jurados que estava no palco rumou até os doze membros e o professor de espanhol com o imenso troféu em suas mãos e um sorriso amigável. O homem de fios ligeiramente grisalhos não hesitara em apertar a mão de Schuester e dar um aceno gentil aos jovens, que ainda estavam anestesiados pelo sentimento de missão cumprida.

Mal conseguiam processar que haviam conseguido superar todos os comentários maldosos e negativos de seus nada sutis colegas do McKinley High, que haviam conseguido superar até mesmo algumas falhas tentativas de serem destruídos pela treinadora maligna e engenhosa Sue Sylvester.

Ainda que milhares de pedras – vulgo slushies – tivessem sido colocadas em seu caminho o New Directions conseguira surpreendentemente passar para as Regionais.

Tudo bem, eles sabiam que a batalha estava bem longe de ser ganha, especialmente por saberem que iriam enfrentar o Vocal Adrenaline na próxima etapa do campeonato. Porém, ainda que o nome do coral rival piscasse como um outdoor de motel de beira de estrada em suas mentes, eles se permitiram sorrir e comemorar por alguns minutos.

Eles mereciam poder estar alegres naquele momento, afinal.

Até mesmo Rachel Berry, que se sentia ligeiramente mal pelo quase vexame que passara, conseguiu sentir-se aliviada e ansiosa quando o locutor anunciou o primeiro lugar a eles, abrindo um largo e genuíno sorriso.

Tudo ficara bem no fim das contas. Era isso que importava.

Em meio aos doze membros do New Directions Berry encontrou o olhar de Fabray do outro lado, em meio aos gritos entusiasmados do clube ela conseguiu achar certo conforto no olhar da sua causadora de problemas.

Nem se importou se era bizarramente patético olhar para Quinn Fabray naquele momento e daquela forma; ela apenas o fez, porque por algum motivo ela precisava de seu olhar gentil e... Convidativo.

Duas semanas haviam se passado desde que ouvira da boca da namorada aquelas acusações horrorosas contra ela, mas duas semanas não foram o suficiente para fazer com que seu coração se acostumasse com a ideia de não tê-la por perto.

Lembrou-se do ano interior, quando era apenas uma perdedora do primeiro ano sem nada pelo que ou por quem lutar. Não tinha o clube do coral, não tinha amigos, não tinha nem mesmo uma reputação – ainda que ruim –, e principalmente, não tinha Quinn.

Esgueirando-se na porta de seu armário ela via aquela figura loira de curvas invejáveis abraçada a Finn Hudson, sorrindo e fazendo com que todos se importassem o suficiente para mover seus traseiros e deixa-los passar pelo longo corredor.

Ela soava alegre, mas era possível ver algo faltando no seu olhar. Um dia Berry cogitou que a tristeza em sua íris esverdeada era referente a alguma futilidade de menina popular – talvez ela estivesse desapontada porque não encontrara seu gloss favorito na loja de cosméticos, ou porque o seu cabelo ficou com um fiozinho despenteado.

Ainda que notasse sua beleza estonteante e ficasse mexida com isso a baixinha nunca pensou que ela – a Capitã das Cheerios – poderia ser lésbica, que ela poderia gostar de meninas dentro de uma escola que cobrava tanto dela, que ela podia ser assim e ainda ter que aguentar tudo isso em suas costas; sozinha.

Rachel, pelo menos, não era pressionada por ninguém para ser perfeita – até porque, Rachel era uma ninguém.  

Quando ela iria imaginar que no segundo ano tudo poderia mudar graças ao clube do coral e graças a Sue Sylvester? Quem diria que apesar das imensas dificuldades tudo poderia mudar para melhor? E quem diria que depois de alcançarem o paraíso conseguiriam estragar tudo com as mentiras de Finn Hudson?

No momento em que Rachel Barbra Berry encontrou o olhar de Lucy Quinn Fabray naquele palco não conseguiu deixar de lembrar uma conversa que tiveram há algum tempo atrás, quando agiam como pombinhos apaixonados em uma noite de assistir filme embaixo das cobertas.

 

[...]

 

Semanas atrás.

 

 Rachel Berry entrou em seu quarto com um balde enorme de pipoca, pronta para assistir alguma comédia romântica que Quinn decidira escolher naquela noite – até porque a loira estava esgotada de qualquer coisa relacionada a musicais e Broadway, o gênero preferido da baixinha.

Rumara da porta de seu quarto até a cama de casal no meio do mesmo com um olhar afetado e aborrecido, completamente oposto ao olhar animado que dera minutos atrás quando saíra em busca de comida para sobreviverem às horas que passariam em frente à TV.

— Rachel? O que houve? – Quinn perguntou de modo preocupado, com um olhar tão adorável que Berry nunca pensara que aquela líder de torcida esnobe poderia um dia conseguir ter.

— Nada. – Desconversou, passando o balde em suas mãos para a namorada e acomodando-se da melhor forma possível entre as almofadas espalhadas pelo colchão. – Sério, Quinn. Nada. Aliás, o que vamos assistir?

— Não vamos assistir nada se você não me contar o que houve. – Insistiu, negando-se a começar o filme sem tudo se esclarecer. – Vamos, diga logo o que aconteceu durante o looooongo percurso de seu quarto até à cozinha. Não vem dizer que algum fantasma saiu debaixo da escada e veio te atormentar. Droga! Sempre tão inconvenientes. – Seu tom era zombeteiro, mas não era razão para desistir de arrancar a verdade de Berry, que nem se esforçava para disfarçar. – Sério. O que aconteceu?

Rachel suspirou e revirou os olhos, levemente irritada com a percepção da loira. Detestava quando as pessoas tentavam acertar sobre seus sentimentos e, ainda por cima, estavam corretas.

— É só que... – Hesitou. –... Estava pensando sobre algumas coisas e acabei me sentindo mal por elas. – Deu de ombros, torcendo para que aquelas mínimas palavras fossem o suficiente para fazer com que Quinn esquecesse e deixasse para lá.

— Que coisas? Eu faço parte dessas “coisas”? – Fabray fez seu típico gesto de levantar as sobrancelhas com maestria, enquanto analisava a expressão que Rachel faria após processar as palavras. – Vamos lá, Rae, que reflexão o balde de pipoca despertou em você?

Berry engoliu em seco e tentou desviar os olhos, mas logo seus ombros cederam e ela respirou fundo, como um preparo para começar a vomitar as palavras que estavam presas em sua garganta.

— Andei pensando sobre sua vida no ano passado. – Confessou. – Você era a abelha rainha do colégio, Quinn. Você continua popular, mas olha quanta coisa mudou. V-Você costumava ser a garota mais conhecida e todos abriam espaço para você andar... – Lembrou. –... Você era a presidente do clube do celibato, morava com seus pais, era a capitã das líderes de torcida. E-Eu estraguei tudo pra você.

Quinn ficou poucos segundos em silêncio; segundos longos o suficientes para fazer o estômago de Rachel Barbra Berry embrulhar de medo e ansiedade. Talvez não devesse ter falado aquilo, talvez tivesse abrido os olhos da loira e estivesse fazendo com que a mesma decidisse se afastar. 

— O q-quê? Não! – Exclamou, finalmente; ainda que sua negação não fosse o suficiente para a menor se acalmar e mudar o próprio ponto de vista.

— É verdade, Q. Graças a mim e ao clube do coral você aceitou o plano idiota de Sue e perdeu tudo que tinha conseguido. Você lutou tanto para superar aquela história de “Lucy Canhão” para eu aparecer e destruir tudo? Eu sinto muito.

A loira suspirou.

— Eu só não te bato porque eu te amo, apesar das besteiras que anda falando. – Retrucou. – Eu era toda errada, Rachel. Ou você realmente acha que eu estava super feliz e realizada sendo a presidente do clube do celibato? Sei que começamos por caminhos ligeiramente tortos, mas você me trouxe coisas que eu nunca alcançaria sendo namorada do quarterback, sendo a garota mais popular do McKinley, sendo a garotinha perfeita de família tradicional secretamente trancada no armário. – Quinn envolveu o rosto da namorada com as duas mãos. – Eu gostava dos privilégios que a popularidade trazia, é verdade... Mas você compensou todos eles, você vale a pena, Rachel.

— Sério? – A cantora engoliu em seco enquanto Fabray assentia com a cabeça, rindo de seu jeito mimado. – Como a garota que costumava ser uma líder de torcida extremamente fútil e inconveniente conseguiu se tornar a garota que eu mais amo no mundo? Droga! Você é boa, Q.

— Eu sei. – Riu, com o olhar fixo sobre a garota. – Me pergunto todos os dias como me apaixonei pelos seus tolos suéteres de veado. Mas então eu olho pra você, e pra tudo que você me trouxe e... A resposta fica clara.

Rachel se inclinou até encontrar os lábios da outra, enquanto seu corpo era gradativamente puxado para mais perto do corpo de Quinn, logo ficando sobre ele. Quando suas bocas deram uma trégua Fabray a fitou novamente e sorriu de lado.

— Obrigada. Por tudo.

— De nada, senhorita Fabray. – Berry mordeu o lábio inferior. – Sabe o que é mais estranho? Você ter sido, tipo, a presidente do clube do celibato! Isso não é nada sua cara, Quinn Fabray. – Gargalhou maliciosamente.

— Ei!

 

[...]

 

Kailtin segurava Jane com o braço direito, enquanto com a mão esquerda acenava para Peter, que saía com o carro para mais uma viagem urgente de trabalho. A Fabray mais velha era compassiva, afinal, ele pelo menos a suportava.

Ele pelo menos havia casado com ela, na igreja, com tudo que ela tinha direito. Ele pelo menos...  Ele pelo menos... Ela se contentava com os “pelo menos”, e se contentava com a decisão de parar de trabalhar, já que agora a família havia aumentado. Ela se contentava em tornarem-se gradativamente Judy e Russell 2.0.

Sentou-se na poltrona, com a pequena tranquila em seus braços, sucumbindo ao sono que lhe atingia após uma noite ligeiramente tumultuada por cólicas. Finalmente a dor havia passado, e o colo da mãe soava convidativo demais para não ressonar no mesmo.

Ainda que estivesse fisicamente confortável ali, algo ainda lhe incomodava. Olhar pela janela principal e ver o carro ausente na garagem lhe incomodava, olhar para o jardim perfeito lhe incomodava, olhar para o sorrisinho falso que dava todos os dias em frente ao espelho lhe incomodava.

Engoliu em seco, enquanto embalava o descanso da filha com uma música de ninar aleatória, pensando que pelo menos algo bom havia saído daquela vida miserável que estava vindo. Perfeita, e miserável.

Seus devaneios e sua cantoria leve e arrastada foram interrompidos pela campainha da porta. Quem poderia ser? Talvez um vendedor de velas perfumadas ou alguém pregando a palavra do Senhor às quatro da tarde.

Talvez fosse Peter, dizendo que tiraria umas férias, que usariam o dinheiro que estavam guardando para uma viagem em família, dizendo que pararia de pôr o trabalho sempre em primeiro lugar – porque Kaitlin e Jane se tornariam sua prioridade, e não os bens materiais que colecionavam.

Não... Aquilo seria surreal demais.

Jane despertara, dando alguns grunhidos e encarando atentamente a tudo que ocorria ao seu redor. O peito da progenitora apertou, com o medo de que a garotinha voltaria a chorar depois de todo o drama da madrugada, mas a filha não o fez – quase como se estivesse entendendo o desespero que emanava de Kaitlin.

Levantou-se, ainda com a menina em seus braços, e rumou até a porta, passando a mão pelo cabelo uma ou duas vezes na falha tentativa de abaixar os fios que haviam se rebelado após uma noite mal dormida.

— Kaitlin Fabray? – Uma mulher loira, alta e provavelmente obcecada por conjuntos de moletons lhe fitava como se pudesse ler sua alma e todos os seus pecados mais profundos.

— S-Sim... Você é?

— Sue Sylvester, treinadora das líderes de torcida do William McKilney High e “mentora” de sua irmã mais nova, Quinn Fabray. – Sorriu amargamente. – Posso entrar?

[...]

 

Quinn Fabray rumou até o camarim, procurando sua mochila que havia deixado em algum lugar aleatório no cômodo minúsculo. Enquanto o olhar procurava pela bolsa relativamente grande e com logo das Cheerios ele encontrara, acidentalmente, o rosto sorridente de Berry.

Ela parecia bem imersa em suas próprias comemorações, enquanto abraçava com alegria cada membro do coral – exceto Finn Hudson, que apesar de feliz pela vitória permanecia com o rosto emburrado por ser esnobado pela estrela do clube.

— Pessoal! Vocês estão de parabéns! – Sr. Shuester entrou no camarim, com o sorriso mais genuíno que algum dia já dera. – E Quinn... – Ele concentrou seu olhar na loira tímida num canto do local. – Você foi incrível! V-Você e Rachel, digo...

A baixinha sentiu-se ligeiramente desconfortável pelo de destaque de Fabray, mas logo se repreendeu pela possível volta da Rachel Berry egoísta e obcecada pelos holofotes que ela costumava ser.

Will continuara seu discurso motivacional e animado, enquanto a líder de torcida permanecia mais focada em se arrumar e tirar a maquiagem do rosto. Vez ou outra ela encarava o professor de espanhol e suas palavras bonitas que não paravam de sair, e em umas dessas vezes pôde notar uma figura pequena e morena vindo em sua direção.

Ela sabia exatamente o que viria a seguir e até sabia como deveria reagir – com calma e sem tremer como uma louca. Preparava-se psicologicamente quando sentiu uma mão sobre seu ombro, na intenção de virá-la.

Respire fundo, repetiu a si mesma.

— Quinn! – A voz de Brittany preencheu o silêncio apreensivo que emanava ao redor da Fabray caçula. Logo atrás da dançarina Q pôde ver Rachel desaparecer entre os membros amontoados no sofá, quase como se com a chegada de Britt a garota houvesse desistido de ir até ela. – Você foi in-crí-vel! Tipo, eu nem lembrava que você estava no clube do coral, você só apareceu em uns quatro ensaios. Mas tudo bem, você é tipo o Mestre dos Magos, que aparece de repente.

— E some de repente quando todos mais precisam? – Arqueou as sobrancelhas. – Brincadeirinha, Britt. – Disse, ao notar a expressão de “droga!-falei-algo-de-errado” no rosto de Pierce.

— Ah, sim. – Sorriu. – Enfim, só queria te parabenizar. Depois dessa, aposto que todos do coral votariam em você como rainha do baile.

Brittany acenou e saiu de seu campo de visão.

— Rainha do baile? – Sussurrou para si mesma.

Tantas coisas haviam acontecido nos últimos meses que ela nem havia se preparado para o baile, para pegar a coroa que tanto almejara durante sua vida. Quando era menor acreditava que a tiara mais invejada do colégio nunca estaria no topo de sua cabeça, mas agora havia uma possibilidade, agora ela era fabulosa – e ela nem estava se preparando para isso.

Quinn sabia que faltavam dois dias para anunciarem as candidatas à rainha do baile, sabia também que provavelmente seria anunciada como uma delas – ainda era popular, apesar de tudo.

Talvez se começasse a pensar novamente em si mesma ela conseguisse arranjar tempo para convencer as pessoas a votarem nela, convencer as pessoas de que ela era a cabeça onde aquela tiara merecia estar.

— Rainha do baile. – Sorriu fraco. – Eu vou ser a rainha do baile.

 

 

 

 

 

Leia minha primeira one-shot original bem bonitinha


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Notas finais do capítulo

Flashback, ND ganhou, Sue vai falar com Kaitlin, Kaitlin na bad, Peter horroroso, Britt empata foda, Rachel olhando Quinn, Rachel se esforçando para não ser egoísta, Quinn querendo voltar a ser (????), rainha do baile, etc. Não parece, mas esse capítulo teve ~altos~ acontecimentos. E o que vocês acharam? Comentem amorecos ♥