The Faberry Mission escrita por Jubileep


Capítulo 34
Capítulo 34 - Hospital


Notas iniciais do capítulo

G E N T E DO C É U, escrever esse capítulo foi um ~horror~, ou reescrevê-lo, pelo menos. Não que eu não tenha gostado dele, eu gostei sim, mas caraaaa, eu não fazia ideia do que ia acontecer!!!1111 Explico pra vocês melhor nas notas finais pra não soltar nenhum spoiler.
OBS.: A fanfic tá quase entrando na reta final, então as passagens de tempo serão mais recorrentes, okay? okay.



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Quinn havia decretado ódio aos hospitais há muito tempo. Não exatamente ódio – afinal, a intenção de sua existência era curar todas as possíveis feridas –, mas, ainda sim, um claro desconforto quanto ao local.

O aroma levemente agradável que os funcionários haviam colocado passava despercebido pela loira que conseguia apenas encontrar aquele aroma de dor e morte. As paredes brancas lhe assustavam, os funcionários com expressões de tensão lhe causavam arrepios e os olhos desesperados de cada desconhecido que ali se encontrava apenas amarrava ainda mais seu estômago.

Cada uma daquelas pessoas ao seu redor possuía uma história, possuía um motivo para estar aflito. Alguns deles haviam se machucado e esperavam de forma agoniada para serem chamados, outros, contudo, queriam apenas checar a pressão e sua saúde em geral.

A maior parte das pessoas, entretanto, eram pessoas desesperadas para receberem notícias de seus amigos, de seus parentes, de seus filhos, de seus irmãos... Como era o caso da líder de torcida da Cheerios.

– Quatro voltas. – Sussurrou Quinn, uma lágrima solitária e discreta rolando por seu rosto inchado. Não era a primeira vez que ela havia cedido ao choro. – O cordão umbilical deu quatro voltas ao redor do pescoço de Jane.

– Quinn, pelo amor de Deus, não se estresse por causa disso. A culpa não é sua! – Insistiu a baixinha morena. – Isso acontece toda hora, com milhares de bebês diariamente. – Procurou uma das mãos da namorada e a segurou com força, querendo passar toda segurança do mundo para a jovem.

– Mesmo assim. Eles precisam agir rápido, não é? Digo, e se ela ficou com, sei lá, pressão alta por causa da nossa briga? E se demoramos demais para trazê-la? – A garota começou a se desesperar, demonstrando tal sentimento através da afobação impregnada em seu tom de voz. – Ainda que nada aconteça, eu me sinto tão culpada... Eu não tenho hormônios de gravidez pra culpar minha crise de gritos.

Rachel suspirou, olhando naqueles olhos que sempre lhe deixavam perdida. Aqueles olhos convidativos pelos quais ela era completamente apaixonada. Precisava ser forte, precisava trazer a serenidade de volta à Quinn para poder ver o brilho naqueles olhos o quanto antes.

– Você mesma me contou que Kaitlin conseguia ser uma... – pretendia dizer “vadia”, mas em respeito à Judy na cadeira ao lado e a Quinn repensou a escolha de palavras –... Garota impertinente bem antes de ter uma coisinha crescendo dentro dela.

Quinn engoliu em seco, fitando o piso branco e sem graça. Rachel estava coberta de razão, mas a culpa ainda pesava em seus ombros.

[...]

5 horas depois.

Quinn Fabray ainda tentava, de forma árdua, se acalmar. O parto havia sido cesárea, Jane já havia nascido. E isso era tudo que ela sabia sobre o que estava acontecendo, ficando aflita cada vez que uma enfermeira ou um médico passeava pela sala de espera.

Judy segurava sua mão, Rachel havia ido para casa – mas prometera que voltaria assim que conseguisse –, e ninguém ainda havia conseguido visitar Kaitlin. Além das vagas informações que mãe e filha haviam conseguido da primogênita também haviam tido conhecimento que a mulher estava descansando.

Quinn queria ver Kaitlin, apesar de tudo. Queria socar seu rostinho bonito e abraça-la ao mesmo tempo. Queria ouvir desculpas para então também o fazer, mas não esperava que o nascimento de Jane trouxesse um lado mais amigável de Kaitlin.

Nada traria.

Os últimos momentos que teve com a irmã ainda ecoavam em sua mente, fazendo-a estremecer sempre que os recordava. De repente algo finalmente lhe arrancou daquelas memórias tortuosas, e quando Quinn vira o que atraíra sua atenção quis poder voltar às lembranças – que ainda que dolorosas, não eram piores do que estava prestes a acontecer.

– Onde está minha filha? Eu preciso vê-la! – Um homem ruivo de costas exclamava na recepção. – Kaitlin Fabray! É minha filha, preciso saber como ela está! – Repetia, deixando o nervosismo ficar claro em cada palavra que proferia.

No instante seguinte o homem desviou o olhar da recepcionista de cabelos cacheados que lhe atendia, levando seu olhar até uma sala rodeada de cadeiras. Em umas das várias delas estava a filha caçula, Quinn Fabray, e a ex-esposa, Judy.

O sangue quis subir-lhe a cabeça ao ver a presença das duas mulheres ali, ainda que a reação de ambas quanto ao homem não havia sido diferente. Os olhos de Quinn ­– idênticos ao de Russell – estavam completamente arregalados e aflitos, e nem por um segundo sequer a loira ousou piscar.

Não queria ver a cara daquele homem que costumava chamar docemente de papai. Não queria ver aquele homem que apoiara com toda força sua expulsão de casa. Não queria ver aquele homem, de modo algum.

Russell um dia já lhe fizera muito bem, mas se fosse realizada uma escala Quinn tinha certeza que os machucados que o homem lhe causara eram bem maiores e mais significantes do que os poucos sorrisos que o mesmo já lhe roubara.

O Sr. Fabray ignorou a funcionária do Hospital e, em passos largos e furiosos, foi em direção ao que um dia chamou de família. Nenhuma das duas mulheres ousou se mexer ou expressar algum temor – estavam chocadas, de fato, mas não temiam... Não mais.

– O que ela está fazendo aqui?! – Indagou, enquanto seu rosto ruborizava, para Judy, apontando para Quinn com o olhar. – Veio atormentar minha filha até mesmo em seu parto? Era só o que me faltava!

– Russell! – Judy repreendeu. – Você não tem ordens sobre Quinn, ou sobre mim. Kaitlin e Quinn são irmãs e Quinn tem todo o direito de estar aqui, tanto direito quanto você! – Completou, posicionando-se na frente da caçula.

– O que fizeram com você, mulher? Tolerando pecadoras, tolerando essas almas monstruosas ao seu lado, permitindo que te levem para o infer...

A mão minúscula de Judy atingiu o rosto já suficientemente avermelhado de Russell antes que a sentença tivesse a oportunidade de ser concluída, causando um estrondo e chamando a atenção de todos os desconhecidos ao redor dela. Quinn engoliu em seco, sendo surpreendida pelo ato da mãe.

Os olhos da mais velha expressavam tanta fúria quanto o do homem em sua frente, seu semblante mesclava ódio e repulsa enquanto seu olhar estava fixo no rosto do ex-marido – que havia pedido pelo tapa quando decidiu dizer atrocidades sobre a filha mais nova.

Ela não admitiria que a boca hipócrita de Russell Fabray ferisse ainda mais Quinnie. Ela um dia fora assim, exatamente como ele. Porém ela conseguira se curar. Agora ela não toleraria mais toda aquela intolerância. Ela faria um escândalo, mas ela não impediria que aquele tapa acontecesse.

– Você está louca?! Você enlouqueceu?! – Exclamou de forma violenta. – Eu ainda sou seu marido perante os olhos de Deus e os olhos da lei. Você ainda tem meu sobrenome! Você não pode me agredir enquanto Deus ainda considerar essa união!

Judy engoliu em seco.

– Não faço ideia de que Deus você está falando, porque o Deus que eu acredito não suporta tantas hipocrisias! – Vociferou. – E agora saia daqui, por favor, antes que eu comece a fazer uma gritaria. A antiga Judy ficaria calada enquanto você me agride verbalmente, mas a antiga Judy está tão morta quanto nosso casamento.

Russell bufou, lutando para controlar toda a raiva que estava se acumulando dentro dele.

– Eu vim aqui por Kaitlin... Ela é a única que realmente importa. – Disse, quase rosnando.

– Kaitlin já passou pelo parto, Jane já nasceu e está viva. E isso é tudo que sabemos, e isso é tudo que você vai saber antes de sair por aquela porta e sumir daqui, Russell. – Decretou, cruzando os braços sob seu busto e levantando uma das sobrancelhas de modo intimidador.

Russell não havia tirado o olhar prepotente de seu rosto, porém, ainda que relutante, virou-se e saiu em passos lentos do local.

– Mãe... – Quinn puxou o braço de Judy fazendo a mulher encará-la. – Muito obrigada – Seus olhos estavam marejados, e no instante seguinte a líder de torcida puxou a progenitora para seu abraço. – Quando você veio pedir desculpas, eu... Eu pedi um tempo. O tempo acabou e... Eu acho que finalmente tô curada das feridas que você me causou. Estamos recomeçando oficialmente, mamãe.

[...]

Uma semana depois.

Jane ainda estava internada, pelo que Quinn soube através de Judy a pequena garotinha estava com anemia e precisava dos cuidados dos médicos e das enfermeiras. Kaitlin também não estava muito bem, além de continuar furiosa com a líder de torcida tinha que receber os cuidados hospitalares por culpa de uma infecção no útero.

Era quase como se o Universo estivesse se vingando da mulher em nome de Quinn Fabray, contudo a loira não estava muito feliz com isso. Sentia-se culpada, sentia-se com medo e completamente perdida.

Rachel tentava consolá-la de todas as formas, com todas as mensagens motivacionais possíveis. Chegava a ser irônico: a rainha do drama estava fazendo de tudo para evitar mais dramas na vida já turbulenta da namorada.

Queria curá-la de alguma forma, mas apenas o tempo poderia o fazer.

– É grave, Rachel. – Murmurou baixinho, ainda que quisesse gritar. – A infecção é grave. – Seu olhar era cabisbaixo e a lágrima que caía lentamente pelo seu rosto não era a pioneira, mas sim, mais uma das milhares de lágrimas que haviam desabado naquele dia tumultuado.

A situação inteira soava como um déjà vu: ela no Hospital falando do estado de saúde da irmã, seu olhar cabisbaixo, a culpa, os dedos de Rachel entrelaçado nos seus e a morena tentando lhe consolar.

Uma coisa, agora, entretanto, seria diferente: ela iria enfrentar seus medos. Iria visitar Kaitlin e iria falar com ela, ou tentaria, pelo menos.

Havia desistido de visitá-la nos outros sete dias; logo, aquela era a primeira vez que iria ver a irmã depois das discussões que tiveram naquele corredor de supermercado. Ter que vê-la sofrendo – mesmo depois de todos os machucados que ela lhe causara – era como um soco no estômago.

Bufou, impaciente. Por que tudo tinha que ser tão difícil?

– Você não podia evitar isso, Quinn. – A morena lembrou pela milésima vez.

– Mesmo assim... Isso não melhora nada. Eu apenas arruinei mais ainda a experiência dela. – Não adianta o que ouvisse de Berry ou de sua mãe, nada a convencia a se sentir melhor.

Após dar um longo suspiro a morena perguntou se Quinn não gostaria que ela lhe acompanhasse, mas a jovem negou de forma relutante. Precisava fazer aquilo sozinha, precisava olhar nos olhos de Kaitlin e tentar falar algo que não fosse uma estupidez.

Levantou, pediu a autorização para a visita na recepção e em passos lentos e hesitantes entrou no corredor que levaria até o quarto onde a irmã mais velha estava internada. Sua mente tentava processar o que falaria. Não sabia se deveria pedir desculpas ou dar um oi tímido, como quem não quer nada.

E se Kaitlin passasse mal ao vê-la? E se ficasse completamente furiosa ao ser obrigada a olhar seu rosto novamente? E se sua reação fosse tão cruel quanto a reação que a mulher teve ao reencontrá-la no supermercado na semana anterior?

Abriu a porta de forma vagarosa, enquanto com cautela colocava a cabeça para dentro do cômodo. Kaitlin ouviu o ranger da madeira, denunciando a entrada de alguém no quarto. Lentamente virou a cabeça para o outro lado, encontrando Quinn parada ao lado da entrada.

– Posso entrar? – A caçula perguntou baixinho, mas ainda audível o suficiente para Kaitlin conseguir lhe escutar.

Quinn não sabia distinguir se a irmã estava fraca demais para demonstrar qualquer tipo de emoção ou se estava tão desapontada ao vê-la que nem ao menos se deu ao esforço de mostrar-se com raiva. Ou se tratava-se das duas opções.

– O que eu poderia fazer para evitar isso? Você vai entrar de qualquer jeito. – A mulher deu de ombros, levantando a sobrancelha num gesto típico dos Fabray. – Veio aplaudir a minha desgraça ou?

A líder de torcida bufou com toda a frieza estampada em cada palavra que Kaitlin dizia.

– Eu vim pedir desculpas, por mais que você tenha começado a discussão. Mas acho que me arrependi. – Retrucou, cruzando os braços e lançando um olhar mortal para a mulher. – Você acaba de ser mãe, está lidando com uma infecção e uma filha anêmica, mas ainda consegue ter energia o suficiente para ser uma babaca comigo? Você me surpreende.

– Você pede desculpas e logo em seguida coloca a culpa em mim? Parece que eu não sou a única surpreendida aqui. – Revirou os olhos e voltou a olhar pela janela as gotas de chuva passeando pelo vidro.

– Como você está? – Perguntou, ignorando completamente as atitudes ignorantes da irmã. – Como Peter está?

– Estou bem... Bem acabada. Estou cheia de dores de cabeça, estou com essa infecção irritante, estou com a minha filha doente e aquele filho da puta do meu marido está bem também. Aliás, está muito bem, curtindo um vinho em alguma sacada num hotel de Paris! – Kaitlin exclamou, mostrando-se extremamente furiosa com a vida e com as circunstâncias nas quais se encontrava; enquanto isso a caçula arregalava os olhos, surpresa com o uso das palavras da irmã. – Mas está tudo bem. – Soltou um longo suspiro, ficando calma de uma hora para outra.

– Que... Babaca. – Quinn murmurou ao processar o que havia acabado de ouvir da mais velha, acendendo novamente a chama de fúria dentro de Kaitlin.

– Eu posso falar mal do meu marido! Quem é você para falar mal de Pete? Ou de qualquer relacionamento? Não é como se o seu fosse um grande exemplo para o mundo! – Gritou, sendo aquela vadia prepotente que a líder de torcida já estava acostumada.

Quinn cerrou os punhos e franziu o cenho, nervosa com o que acabara de escutar. Se Kaitlin não estivesse naquela cama de hospital e em situações tão desagradáveis a namorada de Rachel não pensaria duas vezes em estapeá-la e cuspir todas as palavras que estavam presas em sua garganta.

– Eu tentei, K. Eu juro que tentei superar as grosserias que você disse semana passada e que disse a minha vida inteira para, então, tentarmos recomeçar de alguma forma. – Confessou. – Mas agora que isso tudo se exploda! Tô cansada de ter que te suportar.

E era verdade.

Havia passado a semana inteira remoendo a culpa de ter gritado com a pobre-irmãzinha-grávida, mas havia acabado de perceber que não importava o que fosse acontecer: Kaitlin não era como Judy, ela era, na verdade, uma réplica de Russell – e assim como o homem, ela não estava disposta a mudar.


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Notas finais do capítulo

Então, galere, vou explicar porque foi complicado escrever esse capítulo: quando eu escrevi o anterior eu tinha planejado que a Kaitlin iria ficar desesperada e por algum motivo x ela iria QUASE perder a Jane (a filha dela, para os distraídos) e então seu coraçãozinho de pedra iria se transformar em puro amor, ela iria pedir desculpas para Quinn e desabafar horrores com a Fabray caçula. Inclusive, eu cheguei a escrever essa versão, que até soava agradável no começo.
Daí fui ler os reviews maravilhosos de vocês e GERAL queria que a Kait Kait sofresse, morresse ou ambos. ASDFSDFGH DAÍ EU FIQUEI: Mas geeeeeente, esse povo quer ver sofrimento mexxxmo viu. E eu pensei, pensei, pensei e no fim concordei com vocês.
O capítulo tava fofo demais e a redenção da Kaitlin rápida demais (a vadia prepotente num dia e no outro uma flor de pessoa? nah). Daí eu decidi: VOU COM CERTEZA MATAR A KAITLIN! Magina o drama, né? Azirmã que nunca conseguiram se perdoar e blá blá.
Mas daí a fic iria prum clima MUITO DARK e de dark na minha vida já basta a Emma Swan (opa, spoiler de OUAT, sorry). Então eu decidi que mataria a Jane, óbvio.
Mas mudei de ideia porque ~talvez~ menina Jane será muito útil futuramente [cof cof segunda temporada cof cof].
Depois de muito sofrer com o destino dessa mulher eu decidi que ninguém morre, mas que ninguém vai ficar bem de um dia pro outro, até pus umas doencinha aí no meio pra ela sofrê um bocadinho.
Tá bem? Então tá bem.

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Curiosidade maneira: Jane se enrolou 4x com o cordão umbilical e depois ficou anêmica, e isso realmente aconteceu... COMIGO ♥ ASDFGHN viu, no fim valeu a pena ter quase me matado no útero da minha mãe: pude até me inspirar pra TFM.

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Decidi, pela primeira vez, arriscar a vida nos vídeos fanmade no YT e fiz uma fanmade de Faberry (não tem nada a ver com TFM, but...) e queria que vocês vissem, opinassem e comentassem: "porra, arrazou hein viada" (a última parte é brincadeirinha kakakak): https://www.youtube.com/watch?v=9jHz2NgX-H0

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Beijos! ;*