De repente: Para sempre escrita por Gabriella Kedma


Capítulo 9
Only My Shadow Knows


Notas iniciais do capítulo

Demorei? Demorei. Mas trouxe um capítulo que estava sendo MUITO pedido u-u Espero que gostem >



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– Car, você está me machucando. - Caroline tenta fazer com que seu vestido de gala entre em meu corpo, mas não parece perceber que ela é mais magra que eu, portanto o vestido não cabe.

– Está quase entrando. - Suas palavras saem uma por vez, por causa do esforço que ela faz.

O vestido é inteiramente verde. Mas não qualquer verde, um verde chamativo. Ele tem uma fenda enorme na perna e um decote tomara-que-caia. E claro, é exagerado, como tudo de Caroline.

– Car, nada contra seu vestido, mas não acho que seja adequado para o evento. - Bonnie e Rebekah estão sentadas em minha cama - a mais perto do espelho-, e baseado em suas expressões, sei que concordam comigo. Caroline para de forçar o vestido ao ouvir o primeiro barulho que indica que o vestido vai rasgar.

– Okay, isso foi suficiente pra eu concordar com você. - Caroline retira o vestido, o que é muito mais fácil do que tentar colocar. - Mas o que vai usar?

– Isso. - Retiro um vestido preto de meu armário. O vestido é simples, bate no joelho e seu decote é decorado com tiras entrelaçadas.

Caroline não parece gostar, mas Bonnie e Rebekah balançam suas cabeças afirmando a escolha.

– Então vai ser esse. - Afirmo sorrindo.

Já tomei banho e sequei meu cabelo. Rebekah cacheia meus cabelos enquanto Bonnie se ocupa com minha maquiagem. Caroline caça em suas coisas uma bolsa pequena e meu salto que ela pegou.

Rebekah deixa meus cabelos soltos, decorados apenas por seus cachos uniformes e naturais. Bonnie me deixou com o rosto natural, apenas com cílios longos, um rubor em minhas bochechas e uma cor em meus lábios. Caroline acha que estou muito simples, mas me sinto perfeita.

É preciso de convite para entrar no evento, portanto só eu irei, já que fui convidada por Liam. Claro que Caroline encheu meu saco a semana inteira para eu arrumar um convite para ela, mas a lista de convidados é seletiva.

Fico me admirando pelo espelho por um momento e sinto que algo está errado. Levo minha mão ao meu colar. O relicário redondo, com uma pequena pedra vermelha no topo e suas pequenas linhas que parecem dançar. Um presente de minha mãe quando eu ainda era criança. Me sinto mal em tirá-lo, mas sei que ela vai continuar a me proteger, mesmo se eu não estiver a usando. Caroline é a pessoal mais confiável para guardar coisas, então coloco meu colar em sua mão, e não preciso pronunciar que ela precisa cuidar dele. Ela balança a cabeça e me abraça.

– Você está linda, como sempre. Espero que se divirta. - Sua voz é doce e calma, sinto a honestidade em suas palavras.

Respondo um delicado "Obrigada".

Calço os sapatos e pego a bolsa que já está com meus pertences dentro. Ao tocar a bolsa sinto o celular vibrar. Uma mensagem de Liam me avisando que está me esperando na escada. Me despeço das meninas e saio do quarto. Respiro fundo antes de ir ao encontro de Liam, ele me deixa nervosa só de saber que vou vê-lo, mas não sei se isso continua sendo bom.



O salão se encontra como eu imaginava. Homens em seus ternos e mulheres com vestidos curtos, mas elegantes. Toda a decoração tem detalhes em dourado, como se fosse ouro. Seguro na mão de Liam, que me arrasta pelo salão procurando seus pais. Não me sinto confortável em conhecer os pais de Liam, mas não sei como dizer isso para ele. Ele parece tão animado e fica tão bonito de terno que tenho medo de magoá-lo. Na verdade todo meu namoro com Liam não está me parecendo certo. Estou começando a sentir que não estou sendo totalmente eu em relação a ele, parece que estou sendo quem ele quer que eu seja.

– Liam, que tal bebermos algo antes? - Por enquanto vou enrolar o máximo que puder.

Ele concorda e vamos até o bar do evento. Liam me guia por todo o canto. Como ajudou a decorar o lugar, ele sabe onde fica cada coisa. O bar parece realmente de ouro, talvez seja a luz que o faz reluzir como se fosse verdadeiro. Liam me para e me beija. Seus beijos na frente de todos voltam a me incomodar, mas apenas sorrio como se estivesse tudo bem.

Pegamos nossas bebidas. Antes de dar o primeiro gole, me lembro da minha dor de cabeça e dos remédios.

– Desculpe Liam, não posso beber por causa dos remédios. - Devolvo o copo para o barman - que usa um terno totalmente branco, com um lenço dourado no bolso. - Eu vou ao banheiro.

Deixo Liam sozinho e sigo em qualquer direção, sem saber exatamente onde fica o banheiro. Acabo seguindo para a porta e saio do grande salão. Creio que preciso de ar fresco. Pego meu celular na bolsa e ligo para Bonnie, preciso urgentemente de um conselho.


Afrouxo minha gravata. Embora me incomode ter algo preso em minha garganta, eu fico dez vezes mais charmoso de terno e gravata. Pego o terno de cima da cama e o visto. Ajeito o terno e passo a mão no cabelo. Enfio o celular em qualquer bolso e garanto que o convite esteja bem guardado comigo, foi bem complicado consegui-lo, horas e horas implorando para Alaric conseguir um com Jo - que trabalha no Whitmore Medical Center, o hospital que vai receber a arrecadação. Precisei prometer que iria dar uma carona para eles e que faria uma arrecadação de alto valor. Pego minha carteira e verifico se o cheque está guardado dentro dela. Está. Coloco a carteira em outro bolso.

O Evento de Arrecadação Whitmore Medical Center acaba reunindo várias mulheres lindas da classe alta. Uma chance maravilhosa de eu conseguir uma linda mulher para passar a noite comigo. Ou talvez duas, depende da minha sorte.

Pego o celular e ligo para Alaric, preciso saber se já posso passar lá.

"Damon, estamos prontos, pode vir". Reconheço a delicada voz de Jo. E por delicada eu quis dizer grossa.

– Olá Jo, estou ótimo, obrigado. - Deixo a ironia carregar as palavras.

"Rápido, ou faço questão de ter meus filhos no seu banco".

– Não precisa apelar, já estou indo. E segure essas crianças até estar bem longe do meu carro. - Ouço o barulho de chamada finalizada. Não consigo me lembrar se Jo sempre foi delicada desse jeito ou se os bebês a afetaram. Acho que foi sempre assim.

Faço uma lista mental com as coisas que preciso, para garantir que não esquecerei nada. Carteira - okay. Convite - okay. Celular - okay. Preservativos - okay. Chaves... Nada okay. Procuro o molho de chave pelo quarto enquanto tento me lembrar onde a deixei. Claro, assim que cheguei em casa a joguei em cima da mesa de centro da sala. Corro até a sala apagando as luzes pelo caminho. Recolho o molho e saio de casa, trancando a porta. Desço as escadas que vão em direção ao meu restaurante - ainda aberto. Repasso as instruções para o gerente, quero garantir não receber más notícias mais tarde.

O Camaro Chevy conversível azul de 1969, em perfeitas condições, está estacionado em sua vaga especial, que o protege de -praticamente- tudo. Entro no automóvel e ajeito o banco para caber Alaric, Jo e sua barriga. Saio da vaga e sigo pelas rias sinuosas de Mystic Falls até a casa de Ric.



– Você precisa de um carro maior. - Exclama Jo.

– Não, não preciso.

– Esse carro é para duas pessoas, Damon. Como espera levar seus afilhados pra passear?

– Não vou deixar as pestinhas entrarem nesse carro. Esse carro é apenas para mim e minha companhia. Falando nisso, pra que precisam de minha carona? Cadê o carro de vocês?

– Jo o bateu, está no conserto. - Responde Alaric, não muito animado.

– Não bati, bateram em mim. - Jo se defende enquanto tenta achar uma posição confortável.

– Todas as cinco vezes? - Alaric lança um olhar interrogativo à Jo. Decido ficar quieto e deixar o casal se resolver.

Jo não responde, apenas se remexe sem conseguir uma posição boa.

– Estamos quase chegando, tentem não se matar até lá. - Já é possível ver as luzes do evento ao longe.

O caminho até o evento foi silencioso, o que me agradou bastante. Deixo Ric e Jo na porta e vou estacionar o carro nos fundos do prédio. Volto para a entrada, Ric e Jo me esperam. Entrego meu convite ao segurança e entro. O salão está decorado de dourado, imitando ouro. Olho para Jo e Ric que estão atrás de mim, só então reparando em seus trajes. Ric está com um terno parecido com o meu, porém está sem gravata. Jo usa um vestido justo vermelho que vai até os joelhos, as mangas chegam ao cotovelo. Sua grande barriga de gêmeos em destaque.

– Jo, você está incrivelmente bela esta noite. - Uso meu tom galanteador pra elogiá-la.

– Sou casada, Damon, e você é o padrinho. - Sorrimos pela brincadeira.

– Okay, vamos ver o que temos aqui hoje. - Me viro e ajeito novamente o terno, rondando o lugar a procura de uma jovem desacompanhada.

– Quem o convidou? - Ouço Jo cochichar para Alaric, percebo o tom de brincadeira.

– Ele meio que se convidou. - Alaric conhece minha capacidade auditiva, então fala em tom natural.

– Não seja cínico! Estou aqui para passar um tempo de qualidade com meu melhor amigo. - Me viro e olho entre Ric e Jo. Elena entra usando um vestido preto que marca sua cintura fina e mostra suas pernas longas. Paro de falar automaticamente, me perdendo em sua beleza. Um rapaz - o mesmo rapaz impaciente de quando ela desmaiou - entra e segura sua mão. - Quem é aquele? - Pergunto para ninguém em particular.

Jo e Ric seguem meu olhar e percebem de quem estou falando.

– Aquele seria Liam Davis. Orador da turma, aluno nota 10 do primeiro ano, tomando aulas do segundo, sem mencionar a realeza médica, e não é tão mal aos olhos também. - Jo percebe meu interesse em Elena, e não perde a oportunidade de me provocar. - Parece que ele é o acompanhante da Elena.

– Já disse que gosto de você? - Jo parece não entender a pergunta, e quando começa a sorrir, continuo. - Pois quis dizer o contrário. - O sorriso desaparece de seu rosto, e ela revira os olhos.

Paro de encarar Elena e evito pensar nela em vão.

Após conseguir instruções com Jo, vou até o bar buscar uma bebida. Vejo Elena e seu acompanhante - Liam, argh - em frente ao bar e paro. Os dois demonstram afeto com um beijo. Me viro e sigo em direção contrária a porta. Uma garota de pele morena vem em direção oposta à minha, ela segura uma taça com uma bebida verde.

Paro a garota quando ela passa do meu lado, ela parece jovem. Seguro sua bebida.

– Você não quer isso. Você gosta das coisas baratas de jovens, ao invés dos jovens baratos. - Mantenho os olhos fixos nos dela, descontando minha desanimação nela. Ela solta a bebida e continua andando. Bebo o conteúdo de uma vez e deixo o copo em qualquer canto. Preciso sair desse lugar.

Sigo em direção ao ar livre e não paro até encontrar uma rua sem movimento. A frustração e a bebida - mais forte do que parecia - me deram coragem para deitar no meio do asfalto e ficar por lá. No momento não me importo se algum carro aparecer.

Fico o que parece uns quinze minutos deitado, até ouvir uma voz. Uma voz familiar.

– Eu sei, Bonnie, você está certa. Você e Caroline estão, só não consigo contar para ele... Pelo menos não essa noite. Ligo pra vocês depois.

Me levanto ao perceber a quem a voz pertence. Ela vem caminhando devagar, ainda segurando o celular, seu olhar perdido. Continuo parado, sem me preocupar se parecer estranho eu ficar encarando-a.

Ela para em minha frente, estou claramente atrapalhando seu caminho. Ela olha para mim e sem dizer uma palavra, me pergunta o que estou fazendo.

– Você... Você parece... Desculpe-me, é que você me lembra alguém. - Não quero dizer que já a conheço, pois ela não me conhece. - Sou Damon. - Sou Damon e você deve estar me achando louco.

– Sou Elena. - Eu sei. - Sem querer ser rude ou algo do tipo, Damon - Meunome soa forte saindo de seus lábios. -, mas é meio esquisito você estar aqui fora no meio do nada.

– Olha só quem fala. Está aqui fora sozinha. - Afirmo. Seu rosto parece suavizar.

– Sim, isso é verdade. Desculpe. É que eu meio que tive uma briga com meu namorado. - Ela me mostra o celular em sua mão.

– Por quê? Se posso perguntar. - Levanto minhas mãos, mostrando minha vulnerabilidade.

– Vida, futuro... Ele tem tudo planejado. - Elena fala como se desabafasse com um velho amigo.

– Você não quer?

– Não sei o que quero. - Sua voz é aveludada, é incrível poder ouvi-la.

– Bom, não é verdade. Você quer o que todos querem. - Não quero usar o charme com Elena, quero que ela conheça o verdadeiro Damon.

– O quê, estranho misterioso que tem todas as respostas? - Ela sorri. E seu sorriso parece iluminar a rua.

– Digamos que eu estive por aí um bom tempo. Aprendi algumas coisas.

– Então, Damon... - Ela demora em meu nome, como se o avalia-se. - O que eu quero?

– Você quer um amor que te consome. Quer paixão. Aventura. Até um pouquinho de perigo.

Elena fica quieta por um tempo, acho que pensando em minha resposta.

– E você? O que você quer? - Sua pergunta não tem malícia, ela só quer me expor como eu a expus.

Antes que eu pudesse responder, o barulho de uma buzina invade a noite. Um Ford Fiesta preto para no começo da rua.

– São minhas amigas. Tchau, Damon. - Eu poderia ouvi-la pronunciar meu nome o dia todo.

– Então. Espero que você consiga tudo o que deseja. Boa noite, Elena.

– Boa noite. - Ela acena e se vira em direção ao carro.

Elena entra no carro, que parte imediatamente.


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Notas finais do capítulo

Deixem suas opiniões, elas são MUITO importantes pra mim.
Beijos, até semana que vem >



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