Pandora escrita por Corie J


Capítulo 23
The Search for My Love - Part II


Notas iniciais do capítulo

Feliz Natal atrasado e feliz Ano Novo!



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JAMES TALKING:

Eu e Sam corremos até o salão da Grifinória e reunimos quem achávamos ser de confiança. Contamos apenas que Nick trabalhava para os caras que a sequestraram e ele iria matá-la. Foi horrível falar aquilo. Era como se aquela realidade não fosse possível. Nick a amava. Todos pensávamos isso. Ele a entregava poemas, flores, a beijava, a elogiava. No fundo, talvez ela soubesse, já que não contou tudo o que sabia da Organização para ele. Talvez, se ela tivesse contado sobre a mensagem de Coraline Ray, esta nem estivesse viva hoje, se ainda estiver.

Carter, que sempre se provou inteligente e perceptiva. Ela passava muito do seu tempo com ele. Como não notou? Como eu não percebi? Por que diabos eu não a visitei pela manhã? Droga! Meus primos, Alvo, Sammy e eu nos separamos para vasculhar a escola e a floresta proibida.

Eu e Sammy tivemos que nos separar. Ele me olhou preocupado e retribuí com a mesma intensidade. O que estaria acontecendo com ela agora? Corri pelos corredores, gritando feitiços para ver se as salas estavam habitadas.

***

CARTER TALKING:

— Nick, o que você está fazendo? — sussurrei.

— Bom, sabe quando eu estava na biblioteca escondido de você, lendo aquele livro de capa preta? Você realmente devia ter lido o título. — ele sorriu. Mas não era do jeito que eu sempre vi. Era um sorriso maligno. Seus olhos não podiam ser vistos graças às sombras feitas pela lâmpada que estava em cima dele.

Mas eu sabia que eles estariam do jeito que sempre foram. Sem sentimentos. Sem calor. Apenas uma imensidão castanha-escura que não se importa com nada ou ninguém.

— Você é o espião da Organização. — afirmei.

— Bingo — ele tocou no nariz com o indicador — Um dos espiões, claro. Tem também aquele pirralho estúpido que vive chorando no seu colo.

— Sammy? — aquilo realmente me machucou. Era como cravar uma faca no meu coração, do jeito que eu acho que Nick faria comigo. Só que Nick faria literalmente. — Está mentindo.

— Quem você acha que tinha que distraí-la enquanto eu botava a poção para te dopar no dia que te levamos para a Organização?

Me lembrei do dia. Sammy me levou até o salão da Sonserina e pediu para que eu lesse seu livro favorito, As Incríveis Aventuras de Billy James. Prendi a respiração.

— Você é um psicopata — murmurei. Eu não conseguia fazer mais do que murmurar. Estava sem energia. Esgotada. Acabada. Tossi seco.

— Eu prefiro o termo reciclador. Você vai morrer de qualquer jeito. Estou reaproveitando sua magia. Talvez eu a use de um jeito melhor do que apenas treinar em bonecos o tempo inteiro.

Então ele agarrou a faca firmemente e quando fechei os olhos, pensando que a atiraria em mim, ouvi um barulho de algo se rasgando. Nick havia cortado seu pulso esquerdo. Eu devia estar aliviada por ele não ter me feito nada, mas aquilo só me fez ficar mais apavorada. Meu estômago embrulhou. Ele começou a recitar palavras em latim, tocando o corte.

— James irá me encontrar — sussurrei. Meus lábios estavam secos.

— Claro que sim. Mas eu não estarei aqui. Está com sede? — e antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ele pôs o pulso sangrento na minha boca.

***

JAMES TALKING:

Vasculhamos todos os cantos de Hogwarts. Nenhum sinal dela. Horas se passaram rapidamente. Carter ainda estaria viva? A equipe de vasculha que designamos também não achou nada na floresta. Eu me ajoelhei na grama e orei para Deus me ajudar a achá-la. Carter não podia morrer. Eu sei que quando se ama alguém, tem que deixá-lo ir. Mas eu a amava demais para deixá-la ir a algum canto onde eu não pudesse segui-la.

As pessoas passavam por mim e me olhavam como se eu fosse louco. Eu sentia que iria enlouquecer. Mais do que nunca, eu estava sentindo a ligação, o vínculo que criei com Carter. Era parte de mim. Eu só havia notado naquele momento, mas sempre esteve lá. E eu sentia que algo estava extremamente errado. Não estava com medo. Estava apavorado.

— CARTER! — berrei.

Ouvi um barulho no corredor que há um minuto atrás estava vazio. Não foi mais do que uma pedrinha sendo chutada, mas foi o bastante. Agarrei minha varinha, que estava no casaco, e a apontei para quem quer que estivesse ali. Eu mal conseguia enxergar.

Mas eu sabia que era alguém com uma magia extremamente forte. O ar ao seu redor estava violento, fazendo com que seu cabelo se movesse conforme a direção do vento, e suas mãos soltavam faíscas.

A mulher estava virada de costas e pude ver as cicatrizes em seu braço. Sua voz era rouca e grossa.

— Ela está na casa do Hagrid. Se despeça dela.

E de repente a mulher não estava mais lá. Pisquei várias vezes.

Chamei Sam.

***

CARTER TALKING:

Não era como eu esperava. Nos livros, o sangue tem um gosto metálico ou algo assim. Mas eu não sabia dizer qual era o gosto. Era sangue. Não há gosto igual. Era pastoso e jorrava do pulso dele. Quando eu comecei a engasgar, Nick me soltou. Eu queria chorar, mas não consegui. Eu não conseguia fazer nada.

Eu sabia que aquilo era magia negra. Mesmo sem forças, eu conseguia sentir que o ar ao nosso redor parou.

— Sabe, — disse Nick, pondo um pano no pulso para estancar o sangramento — você não sabe a satisfação de namorar a sua próxima vítima. Você viu o meu lado mais gentil e viu o meu lado mais escuro. Sabe, não é porque você está nessa mesa de jantar, sabendo que eu posso fazer o que quiser com você. São seus olhos. Eles são inacreditavelmente inocentes. Parecem até... olhos de anjo, se me permite dizer.

Começou a rir para si mesmo.

Não falei nada.

— É estranho como uma carinha bonita e uma história triste derretem uma garota, não? Eu fui designado para ser apenas seu melhor amigo, sabia? Mas você estava tão carente que eu não pude deixar de aproveitar. Foi muito mais fácil do que eu planejei. E é muito mais satisfatório sabendo que você não queria ficar comigo. Era seu James, não era? Deve estar se odiando por não ter ficado com ele esse tempo todo.

A minha visão ficou clara e eu voltei dois anos atrás, na Organização. Eu estava aprendendo como controlar meus poderes com um professor bem legal. Eu ria e enchia o quarto de pinturas.

Gemi e pude ver que Nick estava virado de costas para mim, preparando alguma coisa na cozinha.

— A Organização sabe do que você está fazendo comigo? — consegui perguntar. Parecia que eu estava com algodão na boca. Minha voz parecia tão distante.

— Não. Eles querem que você morra naturalmente.

E então pôs um balde embaixo de onde meu braço direito estava amarrado. Depois o esquerdo.

Sanguinis sit potentia. Accipe et sanguinem emundabit sume mihi sanguine vires. — ele murmurou.

Então começou a me cortar.

***

Eu sabia que devia permanecer consciente, mas estava ficando difícil. Comecei a me perguntar se James estava me procurando. Por que estaria, afinal? Talvez alguém desse conta que eu desapareci apenas daqui a alguns dias.

Eu não duraria mais que uma hora.

Nick cortou alguns pontos dos meus braços onde começaram a sangrar. O conteúdo caía nos baldes. O que ele faria com aquilo?

Eu não devia perguntar aquilo quando eu nem sentia mais os dedos da mão. Não conseguia mais falar, minha garganta estava seca demais. Quanto tempo eu havia passado ali com ele? Algumas horas?

Mais importante: como pude ser tão cega em relação a Nick? Como pude me deixar enganar por suas palavras bonitas? Eu devia ter percebido que ele não ligava para os nossos momentos. Quantas pessoas ele já havia matado? Seria eu a primeira? Ou talvez ninguém sequer encontrasse os corpos...

Meus pensamentos me levavam a perguntas que eu não queria fazer.

Estava tremendo. A minha febre aumentou consideravelmente e se eu tivesse algo no estômago, botaria para fora.

Fred se sentou ao meu lado. Olhei para ele. Sua aparência não era a mesma. Estava sujo.

E de repente eu estava andando nos corredores da Organização. Meus cabelos estavam soltos e minhas roupas, limpas. Me permitiam andar por onde eu quisesse, exceto a Ala Leste. Então, obviamente, era para lá que eu estava indo. Consegui me fazer ficar invisível e passei sem que ninguém me visse pelos corredores brancos. Foi quando virei à direita e vi um quartinho. Pelo pequeno vidro da porta dava para ver pouca coisa, mas pude ver os equipamentos médicos. Seria aquilo uma enfermaria? Então eu ouvi os gritos. Quando abri a porta desesperadamente, sem querer desfazendo meu feitiço de invisibilidade, pude ver o que o homem com avental verde fazia com um garoto de apenas catorze anos. Ele tinha quase a minha idade.

Foi então que eu percebi que eu era voluntária para fazerem experimentos em mim. E para quem não era?

Voltei à sala escura. Meus ouvidos zuniam levemente. Pude escutar a voz aveludada de Nick, mas eu não entendia o que ele falava. Virei a cabeça para o lado e pelo canto do olho pude ver que o balde de sangue já estava cheio. Eu não sentia meus braços. Dos cortes não saía mais sangue.

***

JAMES TALKING:

Corri como se minha vida dependesse daquilo. Sam tentou me acompanhar, mas logo ficou para trás.

— CARTER! — berrei.

Faltavam apenas alguns metros.

***

CARTER TALKING:

O alívio me tomou quando ouvi o grito dele. Mas era tarde demais. Nick estava recitando mais alguma coisa. Eu sabia qual seria o próximo passo.

Ele bebeu o sangue do balde. Olhei para ele sem expressão.

***

JAMES:

Eu me lembrava de Hagrid. Costumava visitá-lo quando era criança. Quando morreu, ninguém ocupou sua casa, deixando-a desabitada. Como eu não pude pensar naquilo? Quando tentei abrir a porta, vi que estava trancada. Comecei a esmurra-la e lançar feitiços, mas nada a fazia abrir.

***

CARTER:

A minha visão estava embaçada. A boca de Nick agora era um borrão vermelho-escuro. Ele agarrou a faca.

Daquela vez eu sabia para onde ele iria direcioná-la.

***

JAMES:

Sam finalmente chegou ao meu lado.

— A porta não abre! — gritei, em meio à confusão que estava a minha cabeça. Pelo menos eu sabia que ali era o lugar certo. Por que a maldita porta não abria?

— Vamos explodi-la juntos!

***

CARTER:

Ao contrário do que eu pensei, quando Nick cravou a faca no meu peito, não doeu. Foi como se tudo saísse de mim. A dor, incerteza, o pânico. Soltei um suspiro. Eu queria agradecê-lo por ter feito aquilo, mas eu não consegui falar nada. Meus olhos não queriam se mover. Mas eu consegui ver como algo saiu de dentro de mim e foi para ele. Era apenas uma energia, não tinha cor. Mas quando ele a deixou entrar, seus olhos ficaram da cor violeta para logo ficarem azuis. Não parecia com ele. O Nick que eu conhecia tinha olhos castanhos, não azuis.

Consegui fechar meus olhos. Uma lágrima passeou pela minha bochecha e, por fim, caiu no chão.

***

JAMES:

A porta se explodiu. Eu e Sam adentramos a casa. De primeira, não notamos nada de anormal. Foi quando vi o sangue espalhado no chão. Segui até olhar para a mesa de jantar.

Meus joelhos fraquejaram.

***

CARTER:

Consegui ficar em pé na sala. De repente eu não tinha peso. Por um momento, fiquei confusa, mas eu sabia o que aconteceu comigo. Nick desapareceu. Talvez tivesse aparatado. Me ajoelhei ao lado de Sammy enquanto ele olhava sem expressão para a mesa de jantar. Toquei seu ombro, mesmo sem senti-lo.

— Eu te amo e nunca vou deixar de amá-lo, Sam. Você vai superar.

Mas diferente dele, não consegui olhar para James.

Uma luz cobriu minha visão e então tudo desapareceu.

***

JAMES:

Eu sussurrei seu nome, mas aquilo parecia tão errado. Estava tudo errado.

Eu não sentia mais o vínculo.


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Notas finais do capítulo

NÃO se desesperem, ok? Lembrando que ainda haverão mais dois capítulos para o final da parte um da fanfic, ou seja, não enlouqueçam e me matem, ok? Bjus!



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