Rapidamente chegou o Natal. Eu, Rose e Hugo fomos para casa. Eu havia me adiantado nos estudos e passei a me desligar quando estava perto das pessoas, então havia dado graças a Deus pelo intervalo.

Quando descemos do trem, Rony e Hermione estavam nos esperando. Eu deixei que eles abraçassem os filhos primeiro, mas, para aminha surpresa, eles não se esqueceram de mim. Perguntaram como eu estava lidando com tudo o que havia acontecido em Hogwarts e se eu estava indo bem nas matérias. Obviamente, Rose começou a tagarelar sobre como nós duas éramos as melhores alunas da classe. Sobrou para Hugo receber a bronca de como ele devia ser como nós. Depois de suas boas vindas, fomos para casa e começamos a arrumar tudo. Eu limpava, Rose montava a árvore e Hugo nos incentivava enquanto ficava sentado no sofá com um prato de cookies no colo. Rony nos ajudou também, mas Hermione ainda tinha trabalho a fazer e precisou sair.

Ríamos muito e após uma longa tarde, Rose e eu fomos montar um boneco de neve. Hermione nos chamou algum tempo depois e nos preparou chocolate quente. O resto da semana foi tão divertida quanto, e no Natal eu ganhei um lindo colar com o meu nome do Sr. e a Sra. Weasley. De Rose eu ganhei vários acessórios para cabelo, incluindo uma linda tiara de flores brancas, a qual eu adorei. Nós nos despedimos cheios de lembranças boas. Tudo o que havia acontecido de ruim por minha culpa naquela casa foi apagado, o que foi ótimo.

Quando entrei no vagão onde Nick estava sentado, percebi que Georgie e Caroline também estavam lá. Me senti culpada por tê-lo tirado delas, porque, afinal, eles eram melhores amigos até eu chegar. A partir dali, eu mal conversava com elas e o puxei todo para mim. Mesmo assim, elas me trataram gentilmente e pediram que eu me sentasse com eles. O trio não tinha a mesma intimidade, mas continuavam cuidando um dos outros.

Quando chegamos à Hogwarts, eu levei Nick ao corujal e o apresentei à sua nova coruja, Pandora. Primeiramente ele me olhou com a expressão sarcástica, mas me agradeceu e me abraçou. Eu me sentia segura em seus braços, protegida de todo o mal. A minha realidade com James era outra, era como se eu estivesse sendo exposta ao perigo todo tempo que estivesse com ele. Mas se me perguntassem qual abraço eu queria receber, eu não gostaria de ouvir a resposta. Ao pensar no moreno, senti uma pontada de dor, mas permaneci sorrindo.

E mesmo assim, eu novamente deixei Nick me beijar.

E dessa vez, eu não o impedi.

Apesar de todas as minhas dúvidas, ele era sempre aquele que me protegia de qualquer coisa que pudesse me machucar. Eu deveria dá-lo uma chance, certo? Afinal, quem estava sempre ao meu lado quando eu mais precisava? Eu estava cansada de me sentir daquele jeito por James, me punindo todo segundo por gostar dele. Nick sempre cuidou das minhas feridas e... talvez com o tempo eu pudesse gostar dele mais do que um irmão.

Quando chegamos ao salão comunal das cobras, ele correu para o quarto e trouxe um pacote embrulhado para mim. Era uma linda pulseira azul e branca que combinava com meus olhos. Eu nem tinha palavras para aquilo e o beijei mais uma vez, mesmo querendo apenas abraçá-lo.

— Talvez você queira mais tempo para pensar... — ele começou e eu hesitei, mas mesmo assim respondi:

— Eu quero que fiquemos do jeito que estamos agora. — segurei sua nuca com as duas mãos e encostei minha cabeça no seu ombro.

Mas a única coisa que eu queria naquele momento era tomar um banho.

***

Devo dizer, na manhã seguinte eu queria um pouco de vingança contra James. Eu sei que aquilo não era legal, mas ele me beijou e não terminou com a maldita namorada! Eu tinha que mostrar o que ele havia perdido. Maquiei-me de um jeito que nunca havia feito antes e até eu admiti que estava divina. Usei meus poderes para deixar meu cabelo impecável e minhas bochechas ficarem coradas sem precisar do maldito blush. Usei meu suéter favorito com uma calça legging e passei um batom incrivelmente vermelho, que ficou espetacular. Usei a tiara de flores que Rose havia me dado e sabia que eu não tinha como estar mais bonita.

Quando eu desci as escadas dos dormitórios femininos, Nick estava sentado em uma poltrona, paciente como sempre. Mas quando seu olhar passou por mim, foi quase como se não ligasse. Ele não me reconheceu! Lancei um sorriso angelical em sua direção e atraí vários olhares. Foi quando ele percebeu que era eu e sussurrou meu nome. Olhei para baixo, envergonhada por ter me arrumado tanto, mas cheguei até onde ele estava e o beijei na boca.

Pude sentir a inveja dos outros homens que estavam lá e não pude deixar de sorrir. Alguns, que até agora nem ligavam para mim, estavam praticamente babando, irritando suas namoradas. Mordi meu lábio inferior de um jeito sedutor e andei com Nick para fora do salão comunal da Sonserina.

— Ainda bem que saímos de lá, Carter! Aqueles babacas estavam te secando com o olhar de um jeito que eu tive que segurar para não socá-los!

— Bom, eles só vão ficar olhando mesmo. Porque eu tenho namorado, sabe?

— Ah é? Posso saber quem é esse babaca? — ele respondeu, fazendo círculos com o polegar nas minhas costas.

— Ele é muito idiota, na minha opinião. — eu sorria sem esforços, mas eu ainda não sentia "a coisa". Era mais como aquelas... aquelas coisas que você fala para o melhor amigo. Eu precisava parar com aquilo. Ele era meu namorado!

Eu sabia que não estava fazendo a decisão correta. Deveria terminar com ele porque eu não sentia o mesmo, mas fiquei com vergonha de admitir aquilo para ele. Na verdade, eu já fui idiota por ter deixado ele me beijar! Eu estava sendo incrivelmente romântica por fora, como se não estivesse com sérias dúvidas por dentro. Mas o que eu percebi era que eu estava tratando ele do mesmo jeito que sempre tratei. Eu estava mesmo paquerando com ele antes! Eu não acredito que havia feito aquilo sem nem mesmo saber.

Quando entramos no salão principal, as pessoas olharam. E de repente começaram os aplausos e os assobios. Alguns gritavam "Bom trabalho, Sullivan!" e outros me olharam de cara feia. Pude ouvir alguns sussurros nada gentis sobre mim.

Mas a pessoa que eu estava procurando estava no meio da mesa da Grifinória, ao lado de Alvo. Seus olhos castanho-esverdeados me encararam, enquanto assimilavam o que estava acontecendo. Ele encarou a minha mão que estava segurando a de Nick. Parecia querer esmurrar alguma coisa, mas não conseguia se mover. Sua expressão era de raiva misturada com mágoa, mas James não era nada meu para que eu me importasse. No fundo, meu coração implorava para que eu fosse abraçá-lo, pedir desculpas. Mas eu não tinha nada do que me desculpar. Ele podia estar ao meu lado naquele momento ao invés de Nick, contudo escolheu a maldita namorada. Por que eu deveria consolá-lo? Eu não havia feito NADA de errado.

— Carter! Carter! Senta aqui com a gente! — Rose chamou minha atenção, balançando as mãos para cima freneticamente.

Como eu não queria ser um chiclete no meu novo namorado, deixei que ele se sentasse com um grupo de Sonserinos enquanto me sentava no das Grifinas, que falavam todas ao mesmo tempo. Algumas diziam simplesmente "Nick é o mó gato, Carter!", enquanto outras me agarravam e exclamavam "Eu sabia que vocês iam ficar juntos! Do jeito que vocês se olhavam? Era só questão de tempo!". Começaram a perguntar como era beijá-lo e eu comecei a ficar meio envergonhada.

Só eu não percebia? O que mais eu deixei passar na minha vida sem perceber?

Senti uma mão no meu ombro e quando olhei para trás, me surpreendi com quem via.

— Dominique?

Todas as garotas olharam para a loira. Ela enrubesceu e perguntou se podia falar comigo em particular. Eu sentia um pouco de rancor dela, apenas por ser namorada de James. Sentia-me um pouco mal por aquilo, por isso fui para um corredor perto do salão com ela.

— Olha, eu só queria pedir desculpas. Eu sei que eu fui muito mal-educada com você, mas saiba que eu estava morrendo de ciúmes entre você e o James. Eu não entendia por que ele gostava de ficar tão perto de você. Mas agora eu sei que vocês são apenas amigos e, sinceramente, fico aliviada. Eu só sei que estou com ele há sete meses e... — ela suspirou — Eu o amo. Muito. Ele é simplesmente tudo pra mim. E eu sei que você está com o Nick agora e eu me sinto tão mal por nunca ter falado com você! Eu só queria te pedir desculpas e... Se você aceitá-las, acho que nós podemos virar grandes amigas.

Seus olhos verdes eram inocentes e verdadeiros, o que me fez ficar pior do que já estava por tê-la odiado.

Naquele momento eu havia entendido o porquê do James não terminar com a Dominique. Ela era linda e incrivelmente gentil. Sinceramente, aquela foi a primeira vez que notei aquilo. Sempre a imaginei como a vilã da história. Naquele momento, eu me senti uma idiota por estar com tanta maquiagem no rosto ou por ter fingido ser algo que eu não era. Eu usava casacos enormes e prendia o cabelo, enquanto enfiava a cara em um livro. Eu era daquele jeito. Eu não era uma ladra de namorados. Eu não fazia ninguém trair. Eu não beijava o namorado de outra pessoa. Aquela não era eu! Prometi a mim mesma que nunca mais mudaria por ninguém.

Mesmo assim, eu havia feito aquele espetáculo para causar ciúmes em James quando, na verdade, ele não terminou com a namorada por ela ser verdadeira e sem tantos problemas na vida para resolver. Se eu o visse terminando com ela agora, eu começaria a me sentir terrivelmente mal.

E foi naquele momento que eu desisti de James Sirius Potter.