The Killer Society escrita por Redblue


Capítulo 1
Capítulo 1




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“Mente vazia, oficina do diabo.

No meu caso, está extremamente vazia."

Quinta, dia vinte e cinco de dezembro.

Pedro e seus quatro amigos decidiram quebrar a tradição de suas famílias de almoçar juntos e vão os cinco ao restaurante americano em um shopping próximo. O motivo principal não era comer, mas sim a privacidade proporcionada pelo barulho das demais mesas daquele restaurante. Por mais que as mesas fossem próximas, possuindo espaços com menos de dois metros entre uma e outra, aquele era um dos lugares mais cobiçados da região para comer e, por isso, sempre estava lotado e lotado de pessoas barulhentas.

Um dos quatro amigos de Pedro, a futura médica do grupo, conhecia algumas pessoas que trabalhavam no restaurante e conseguiu que eles entrassem sem precisar pegar a fila enorme que se estendia no espaço da frente do local. No entanto, precisaram entrar de forma sorrateira e mesmo assim alguns olhares os pegaram, mas nada aconteceu.

Nenhum deles escolheu fazer o pedido inicialmente, apenas aceitaram os refrigerantes com refil e a entrada, composta por pães e margarina. Nada muito extravagante, o que não incomodou nenhum deles, pois estavam ansiosos para conversar.

- Então, agora acredita que conseguiremos conversar sobre o que quisermos aqui sem ser ouvidos pelas outras pessoas? – questionou Pedro, direcionando sua pergunta à Sophia, a escritora.

- Tudo bem, você estava certo no final das contas. – respondeu cansada. – Aliás, você sempre está certo, pelo menos na sua mente, Sr. Estudante de Direito.

- Sim. Mas dessa vez você admitiu, então minha satisfação é maior – disse Pedro forçando um sorriso.

- Podemos ir ao assunto? - perguntou Alice, a estudante de Medicina, interrompendo o desafio de olhares que ocorria entre Pedro e Sophia. – Como vamos conseguir matar alguém e não ser pego?

- Acho que o ponto maior dessa discussão não é “como” matar, mas sim, como esconder o corpo, pois, essa eu sei que o Pedro vai adorar, não há crime sem corpo – disse Felipe, o novato, enquanto olhava para Pedro com uma expressão de orgulho em sua face.

Pedro adorou essa frase. Não tinha nada que o satisfazia mais do que ver seus amigos utilizando parte do Direito, seu mundo, nas conversas. No entanto não disse nada, apenas expressou seu orgulho para Felipe.

- Quanta melosidade! – exclamou Rafael, o hacker da turma, ao falar bateu seu copo na mesa, sua tentativa era claramente de dar ênfase ao seu comentário de uma forma divertida, porém o copo estava além da metade e acabou espirrando gotas de refrigerante na camiseta branca de Pedro, camiseta do qual ele comprará ontem para utilizar no ano novo.

Pedro teve que reagir aquilo, todos sabiam que aquela camiseta era nova e qualquer pessoa normal faria um escândalo naquela situação. E foi exatamente o que ele tentou fazer.

- Rafael – disse Pedro calmamente. – Você me deve cento e oitenta reais.

- O que? – questionou Rafael indignado. – Mas foi um acidente! Caso fortuito ou força maior como você diz...

- Caso fortuito ou força maior tem relação com situações inevitáveis e imprevisíveis e acredito que não sou apenas eu que entende que o seu caso não é aplicável – retrucou Pedro. – E não tente utilizar “juridiquês” comigo.

- O-ok! – gaguejou, desistindo claramente daquela batalha.

- Meninos, menos. Vamos ao assunto!

- Tudo bem, doutora – caçoou Felipe.

- Quem pensou na forma perfeita de esconder ou destruir um corpo sem que ele seja encontrado ou deixe vestígios? – questionou Alice.

- Não consegui pensar em nada que supere a técnica de dissolver o corpo em ácido – disse Felipe triste.

- Nada melhor? – questionou Alice descontente. – Algum de vocês consegue explicar o porquê dessa ideia ser boa, no entanto, não ser a forma perfeita, que é a que procuramos?

- Onde colocar o barril com o corpo durante o processo de decomposição e, após, onde esconder esse barril para que nunca encontrem, porque o ácido não vai dissolver tudo, eu acho – respondeu Pedro expressando um tom proposital de incerteza.

- É trabalhoso demais e requer materiais extremamente específicos, sendo assim mais fácil de rastrear quem os adquiriu – disse Sophia.

Antes que qualquer outro contribuísse, Alice voltou a falar.

- Percebeu Felipe? Em poucos minutos já vimos falhas demais nesse procedimento. Então não podemos utilizá-lo para “sumir” com evidências.

Felipe não disse nada, apenas observava enquanto seus amigos conversavam entre si. Observava e absorvia cada informação.

- Vamos tentar evitar sugerir os métodos utilizados em séries – interrompeu o Garçom.

Todos pararam e olharam chocados para o garçom, exceto Sophia que encarava Pedro esperando que ele retribuísse seu olhar para após lançar um sorriso de vitória, já que sua ideia de lugar perfeito para conversar não era tão perfeita. Pedro sentiu seu olhar e esforçou-se a não olhar para ela, não queria estar errado.

- Podem relaxar! Ninguém, além de mim, ouviu sua conversa – disse o garçom sorrindo. – E eu só ouvi porque tenho uma ótima audição e, convenhamos, estou muito próximo da mesa.

- Ah... – Sophia tentou articular uma frase, mas ainda estava sem reação. Aquele assunto não era pra ser ouvido por ninguém além deles.

- Olha, eu não vou contar para ninguém. Também sou fã desse tipo de séries e muitas vezes me peguei achando os erros dos personagens idiotas e criando maneiras de refazer aquelas cenas sem cometer aqueles erros.

- Então fale para nós qual a forma perfeita de matar alguém e não ser pego? – perguntou Pedro sem hesitar, pois sabia que aquela era a única forma de descobrir se o Garçom era uma ameaça ou não ao grupo.

- Nesse país é simples. Estude a pessoa antes de praticar o homicídio para que não seja pego nessa etapa... – enquanto falava, percebeu a inquietude de Pedro e Alice. – Mas pelo que entendi o “matar” não é o problema, mas sim o “depois da morte”. Sendo assim, a solução para o corpo é simplesmente coloca-lo em alguma tumba de um cemitério. Ninguém vai ligar de ter um corpo a mais em um cemitério.

- E, convenhamos quem vai olhar todos os dias todos os túmulos e contabilizar os corpos pra descobrir se há corpos a mais ou a menos – completou Sophia.

- Boa ideia, garçom – disse Pedro. A resposta do Garçom o agradará.

- Eu gostei dessa ideia – disse Rafael, entusiasmo jorrando em cada uma de suas palavras. – Alias, gostaria de ouvir um pouco mais sobre. Tenho certeza que meus amigos compartilham dessa ideia.

Pedro olhou para Rafael e sem pronunciar uma palavra Rafael entenderá o que Pedro estava pensando.

- Porém – completou. – Precisamos saber se você é confiável.

- E eu sei uma forma de provar isso – O Garçom retrucou.

- Estamos ouvindo – disseram Sophia e Pedro ao mesmo tempo.

- Simples, alias... – o Garçom parou e refletiu alguns segundos antes de voltar a falar. – Não é tão simples. Acho que vocês vão ter que confiar em mim apenas, pois a prova que eu irei fornecer acontecerá apenas quando a ideia perfeita for colocada em prática.

Pedro entendeu imediatamente o que ele estava querendo dizer, porém ao olhar para seus amigos percebeu que nenhum deles tinha chegado à mesma conclusão.

- Você quer dizer que irá fornecer um cadáver para aplicarmos nossa “ideia perfeita” e testá-la? – perguntou Pedro, já sabendo a resposta. Ele odiava tomar esse tipo de atitude, pois se sentia idiota em fazer perguntas retóricas, porém seus amigos precisavam ouvir para entender a situação.

- Correto – respondeu o Garçom.

- O que?! – exclamou Felipe. – Você além de garçom tem acesso a necrotérios?

- Não é bem isso – disse calmamente. – Nós iremos criar a ideia perfeita e após, irei providenciar o corpo e não será direto do necrotério. Providenciarei o corpo no estilo “serial killer”.

Silêncio.

Naquele momento o barulho do restaurante esvaecerá e o único som era o da respiração de cada um do grupo.

Pedro imaginava que o Garçom diria aquilo, porém não acreditava agora que ouvirá as palavras. Aquilo provocou uma mistura de animação e incerteza nele. Incerteza se aquilo tudo era verdade ou apenas uma espécie de manipulação para ver a reação do grupo. Sua animação desapareceu e foi substituída pela frieza e calma que ele precisava naquele momento.

- Então você irá provar sua confiança através de um homicídio? – questionou Pedro.

- Exato. – disse o Garçom sem pensar duas vezes.

De alguma forma, aquela pequena palavra convencerá Pedro, fez com que acreditasse que ele realmente não era uma ameaça.

Aquele garçom estava levando o assunto a sério, como Pedro e seus amigos. Na verdade, estava levando mais a sério do que seus amigos, já que eles nunca discutiram sobre praticar suas ideias. E aquilo, sinceramente, o assustava um pouco.

Seus pensamentos foram interrompidos ao ouvir a voz de um de seus amigos.

-... mesmo? Você tem noção do que está falando? – perguntou Sophia, pânico transparecendo em sua voz.

- Não era esse o objetivo desse grupo? Descobrir a forma perfeita para cometer um suicídio para, futuramente, poder eliminar seus inimigos ou pessoas más sem correr o risco de ser pego? – questionou o Garçom.

“Era exatamente esse o motivo que o grupo foi criado” pensou Pedro.

O silêncio voltou e o Garçom apenas esperou em pé na frente do grupo com um sorriso inocente, esperando que eles aceitassem.

- Ok! – disse Alice, elevando sua voz um pouco.

Todos do grupo olharam para ela imediatamente, com expressões de interrogação. Pedro sabia que ninguém esperava uma resposta rápida e direta como aquela, muito menos ele.

- Que foi? – perguntou, com uma expressão de desdém. – Era EXATAMENTE isso que queríamos.

- Infelizmente, ela está certa. – assentiu Rafael.

- Quem não topa pode se manifestar – disse Pedro, impaciente com aquela situação.

Nenhum de seus amigos disse nada. Pelas expressões nas faces de cada um deles era evidente que topariam participar daquilo. Pedro estava ansioso, já seus amigos, ele não conseguia dizer ao certo.

O sorriso do Garçom aumentou, ocupando sua face de bochecha a bochecha.

- Muito obrigado – ele disse sem tirar o sorriso do rosto. – Meu turno acabou. Posso me trocar já e vir aqui – parou alguns segundos antes de terminar sua frase. – Se não for incomodo.

- Antes disso você precisa nos dizer uma coisa – disse Alice séria. – Seu crachá diz apenas “garçom” e tenho quase certeza que seus pais não podem ter sido maus o suficiente para te dar um nome assim.

- E todos os seus colegas de trabalho tem os nomes estampados no crachá – completou Rafael.

- Sou novo aqui, então não tiveram tempo de fazer um crachá especial para mim. – disse, antes que qualquer dos outros membros do grupo pudesse dizer algo. – Mas, respondendo sua pergunta, meu nome é Davi.

- Prazer em conhecê-lo Davi – disse Pedro, com um sorriso no rosto.

“Isso definitivamente vai ser divertido!” pensou.


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Notas finais do capítulo

Sinceramente espero que gostem desse primeiro capítulo. Tentarei ao máximo atualizar essa história a cada três ou quatro dias, mesmo se não tiver nenhum leitor. Digo isso, pois escrevo por prazer e não para obter algum tipo de reconhecimento financeiro ou de qualquer outra espécie.
Mas claro, adoraria que houvessem leitores e comentários para que, desta forma, eu possa melhorar essa história e minha escrita.

Mais uma vez, espero que gostem. Boa leitura!



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