The Killers II- Interativa escrita por White Rabbit, Neve de Verão


Capítulo 6
05- We saw a Dead Person


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, primeira morte. Até as notas finais.



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O garoto colocou o capuz de volta na cabeça para evitar ser visto enquanto andava pela rua, ele andava em meio aos destroços e as poças de sangue seco. O mundo chegara aquilo em muito pouco tempo, era quase irreal pensar que tudo isso foi causado por uma garota de dezesseis anos, mas o melhor pelo menos havia acontecido, seus pais estavam mortos e mesmo sabendo que este era um pensamento sádico não se importava- afinal aquelas cobras gananciosas nem pareciam ser seus pais- ele tinha de voltar para o esconderijo o mais rápido possível.

O sol já sumia no horizonte e as estrelas começavam a aparecer por entre as nuvens espessas. Ele desceu por uma estrada íngreme e afastada, olhando para os lados tomando cuidado para não estar sendo seguido por ninguém. Até que chegou a cabana, um dos poucos locais seguros que ainda existiam no mundo. A porta rangeu ao ser aberta e ele esgueirou para dentro, andou pé ante pé até a mulher dentro da cabana e abraçou-a por trás.

– Voltei Angel, o que vamos fazer hoje?

– Descansar- ela falou com sua voz meiga de sempre- e pare de me chamar de Angel, eu tenho nome lembra?

– Você sabe que não podemos ficar por aí falando nossos nomes verdadeiros, ou “eles” viriam atrás de nós.

– Com “eles” você quer dizer “ela’’ não?

– Não, digo “eles”, você sabe, o pessoal que está tentando nos salvar.

– Como se isso fosse possível- ela falou cruzando os braços.

O homem acariciou sua face com o indicador, fazendo-a sorrir um pouco. Apesar de tudo o que tinham passado ele a amava e não deixaria que ninguém fizesse mal a sua tão querida Angel. Seus apelidos eram perfeitos, Angel e Demon, um anjo que se apaixonou por um demônio, ou seria um demônio que se apaixonou pelo anjo? Realmente não interessava. Ele só a amava e pronto.

– Eu já fui salvo, porque eu tenho você.

° ° °

Nós vimos uma pessoa morta

“E assim chegamos ao ponto crucial, mataria seus amigos para ter o seu desejo realizado”?

Seven Devils- Florence and the Machine

Dois dias se passaram desde que o Monokuma nos mostrou aquele vídeo, desde lá o nosso desespero cresceu consideravelmente. É claro que ninguém comentara sobre o que viram no vídeo, mas pelas suas expressões foram coisas realmente horríveis. Mas é claro que ninguém queria falar sobre isso, e como se passaram dois dias, só podia dizer que todos estavam bem determinados, afinal nenhum assassinato aconteceu.

Estava sentada em uma das poltronas do Hall, a cabeça cheia de pensamentos estranhos, pensando que a qualquer momento um de nós pode aparecer morto. Aru e Kon conversavam em um canto, provavelmente Aru estaria perguntando como Kon fazia aqueles truques, Mikazuki limpava uma pequena mesa com um pano de seda- como se fosse necessário limpar algo ali- e Mayu olhava para o chão desinteressada, os outros não haviam chegado, deviam estar em seus quartos ou em qualquer outro lugar da cidade.

– Isso está tão tedioso, não há nada para fazer- comentou Mikazuki, enquanto guardava o pano de seda, ela olhou para um jarro de porcelana que ficava próximo, e com um movimento rápido ela o derrubou no chão, o vaso se espatifou- pronto, agora eu tenho que fazer.

Foi nesse momento que eu vi Albert descer as escadas da cozinha rapidamente, usava o capuz e corria apressadamente para o banheiro, eu estranhei seu ato, mas ele devia estar passando mal ou algo assim, depois eu vou falar com ele. Voltei minha visão para Mikazuki que recolhia os cacos lentamente, e depois de recolhê-los, jogou-os numa lixeira próxima. Ela era realmente uma pessoa diferente- estranha seria o termo mais correto- suspirei enquanto me afundava na poltrona, aquele clima de desespero era realmente terrível.

Foi quando ouvimos um grito vindo de fora, levantei-me alarmada, assim como os outros. Corremos para a entrada do hotel, na minha mente passavam muitas coisas, será que alguém teria morrido? Será que alguém havia matado outra pessoa? Mas quando chegamos, nos deparamos apenas com Kazuyo, a mesma se levantava do chão, limpando a poeira das calças:

– Foi mal pessoal, é que eu escorreguei- ela falou dando um sorriso sem jeito- desculpe assustar vocês.

– Tudo bem- Kon falou estralando os dedos e fazendo surgir deles uma rosa branca, depois disso ele a ergueu para a garota- pode ficar para você.

Suspirei aliviada enquanto voltava para dentro do hotel, por pouco tempo eu pensei que veria um dos meus colegas sem vida diante de mim, mas acho que não. Vamos sair daqui todos juntos. Olhei em volta, será que Albert ainda estaria no banheiro? Talvez ele tenha saído durante o grito, quem sabe ele esteja na cozinha. Subi as escadas lentamente, ouvindo o burburinho das pessoas abaixo de mim.

O restaurante estava vazio, chamei por Albert, mas não tive resposta. Andei lentamente até a cozinha, a porta estava escancarada, e vi que algumas panelas estavam jogadas no chão “Que bagunça fizeram aqui”. No entanto quando entrei na cozinha, não pude sufocar um grito de horror.

Corpo Descoberto

Albert estava caído no chão, o corpo estirado, os olhos sem vida. Eu dei alguns passos para trás e caí, ainda não podia acreditar, eu o tinha visto a pouco tempo atrás? Como isso pode acontecer. Logo ele? Eu não ia protege-lo? Merda, porque justo ele? Com o meu grito, logo Mikazuki e Aru chegaram, e ao verem o corpo de Albert pude ver o horror brotar em suas faces. Todos os televisores ligaram simultaneamente, e Monokuma com um ar risonho batia em um pequeno tambor como se estivesse achando aquilo tudo uma tremenda brincadeira:

– Pim Pom Pom Pom! Um cadáver foi encontrado, reúnam-se no Hall do hotel meus queridos, nesse exato momento!

Ainda estava em estado de choque, só conseguia olhar para o corpo de Albert e pensar que tudo aquilo era apenas um pesadelo. Senti os braços de Aru erguerem-me, eu balancei a cabeça, tentando me libertar do choque, mas cheguei ao hall sendo ajudada por ele. Todos os outros estavam lá, e nos encaravam assustados, o anúncio de cadáver apenas concretizara os nossos pesadelos, e como todos estavam ali, menos um, era fácil saber quem havia sido a vítima.

– É verdade isso? – Miya sibilou- o Albert...

– Upupu! Albert McFinnigan está morto- Monokuma falou saltando detrás de uma das poltronas- e quem o matou, foi um de vocês.

– Isso é tudo uma armação sua- gritou Annie- nenhum de nós mataria ninguém por um capricho seu, ursinho de merda.

– Ora, ora, olhe só quem está falando- Monokuma disse em tom de deboche- você própria tem mortes nas costas Annie-san. E o culpado matou Albert para se graduar daqui, e ele ou ela sabe muito bem disso.

Todos olhamos uns para os outros automaticamente, seria mesmo um dos meus colegas o culpado? Será que um de nós não conseguiu esperar e rendeu-se ao desespero? O manda-chuva devia estar rindo por dentro, rindo por saber que sua tática havia dado certo. Por um momento eu olhei para a face de cada um deles, éramos um bando de coelhos, mas um destes coelhos era um lobo disfarçado. Mas qual?

– Upupu, acho que já expliquei muito sobre as regras da graduação. Então vou deixar vocês por si mesmos, até mais!

E dizendo isso sumiu. Eu lembrava bem quais eram as regras, se não descobríssemos quem era o culpado todos os outros seriam executados em seu lugar, ou seja, se errarmos vamos todos morrer. Fiquei parada, imersa em pensamento, até que Kazuyo puxou o seu ID do bolso e começou a andar em direção das escadas, fazendo um sinal para que a seguíssemos, mas ela pisou em cima de algo que fez um estalo:

– Oh! É só um caco do jarro que a Mikamaru-san quebrou- ela disse – vamos logo, pessoal, nós temos que achar o culpado não temos.

– Ei- disse Aya surpresa, a garota trajava o seu habitual kimono- as páginas do meu ID estão aumentando.

Peguei o meu ID e o olhei atentamente, haviam alguns dados sobre a morte de Albert, então tínhamos mesmo que investigar a morte dele... Isso é o jogo mais sádico que eu já presenciei.

Investigação

– Porque não nos dividimos- sugeriu Onihiru- em pequenos grupos para impedir que o culpado destrua pistas, como somos quinze agora, vamos nos dividir em trios, eu vou com a Misaki-san e a Mikamaru-san, vamos analisar a cena do crime, o resto procure por pistas em outros locais.

– E por que temos que obedecer a você? – Retrucou Annie cruzando os braços.

– Não é óbvio- Mayu voltou-se para ela- ele é o único aqui que já investigou crimes antes.

Annie bufou e saiu a passos duros sendo seguida por Kocho e Mayu. O resto se dividiu em trios, Watashima ficou com Aru e Kon, Percy ficou com Cody e Aya, e Miya ficou com Nathan e Kazuyo. Depois que os outros saíram eu e os meus dois parceiros subimos as escadas. Uma sensação estranha me tomava aos poucos, não conseguia imaginar que eu estava investigando a morte de Albert.

Ao chegarmos na cozinha, ele estava do mesmo modo que antes, fiquei pensando em quais foram os últimos pensamentos dele antes de morrer de uma forma tão cruel. Balancei a cabeça, não era a hora para isso, se eu queria ajuda-lo de alguma forma, era descobrindo qual de nós o matou e por que havia feito isso.

Olhei os dados que haviam chego no meu ID. Acima havia o nome “Monokuma Files” e dizia. A vítima é Albert McFinnigan, causa da morte foi asfixia por enforcamento, o local do crime foi a cozinha. Existem manchas em seu pescoço e em seus antebraços indicando que alguém o enforcou utilizando as próprias mãos.

(Prova N°1- Monokuma Files)

– Usando as próprias mãos hein? – Mikamaru comentou ao meu lado, ela andou até o corpo de Albert, ajoelhando-se em cima de seus braços e colocando as mãos em seu pescoço- provavelmente o assassino ficou nessa posição, ele deve ter lutado, mas por ter morrido assim, talvez fosse mais pesado do que a vítima.

– Você é realmente uma garota incomum- Onihiru disse com um pequeno sorriso- então isso explica as manchas nos braços e no pescoço.

Nós nos ajoelhamos ao lado do corpo e vasculhamos tudo em busca de algum pertence, mas tudo o que achamos foi uma nota fiscal do mercado, comprovando a compra de um buquê de flores. Devia ser o mesmo buquê que ele havia me dado dias atrás. Espere, tem algo errado, se a nota fiscal está aqui, então ele estaria usando a mesma jaqueta de antes, mas quando ele desceu as escadas estava com outra jaqueta.

(Prova N°2- Nota Fiscal)

– Sabe o que mais me intriga? – Comentei- como o assassino teve tempo de mata-lo e por onde fugiu.

– Como assim- perguntou-me Onihiru.

– Antes de eu achar o corpo, nós havíamos visto Albert descer as escadas e ir ao banheiro, mas nenhum dos que estava lá embaixo subiu, e quando Albert saiu do banheiro nós estávamos na frente do hotel, então onde estava o assassino e por onde ele saiu?

– É realmente uma questão interessante, pelo visto não há mais nenhuma pista de valor no local do crime-ele falou em tom confiante- mas Mikamaru-san, poderia ficar aqui e olhar tudo?

Ela acenou em afirmativo enquanto nós dois saíamos dali a sensação de não estar mais olhando para o corpo dele era boa, embora eu soubesse que nunca mais o veria. Quando saímos do hotel, eu vi que um vulto branco passara do meu lado, olhei para a direção do mesmo assustada, mas não era nada, no entanto eu lembrei do que havia naquela direção, era o pequeno corredor que Watashima havia descoberto. Fiz um sinal para que Onihiru esperasse, andei até o corredor, será que havia alguma pista ali?

Respirei fundo e entrei, no final do corredor algo me surpreendeu, havia ali um casaco parecido com os que Albert usava, além de uma calça preta e tênis similares ao do poeta, abaixei-me junto a roupa, procurando por algo até achar uma nota fiscal do mercado junto as roupas. Então Albert havia comprado aquelas roupas também, mas o que ela estaria fazendo ali?

– Essas não são as roupas do Albert? – Ouvi a voz de Onihiru atrás de mim- o que estão fazendo aqui?

– É o que eu estou querendo saber. Parece que elas são novas, devem ter sido compradas ontem, ou quem sabe até mesmo ontem.

(Prova N°3- Corredor do Hotel)

(Prova N°4- Roupas de Albert)

– Como você viu esse corredor? Está tão bem escondido.

– Não fui, foi a Watashima que viu, parece que essas janelas aqui são os banheiros.

– Entendo, espere, o Albert não entrou no banheiro naquela hora? Se ele jogou as roupas aqui, devia saber da existência desse corredor não acha?

– Na verdade eu não sei, mas vamos acabar descobrindo isso uma hora ou outra.

Comecei a andar de volta para sair do corredor, mas Onihiru segurou-me, seus olhos estavam sérios, me analisando cuidadosamente, eu senti um arrepio percorrer todo o meu corpo:

– Você gostava dele não gostava? Por isso está assim tão estranha?

– Ele era meu amigo- eu falei soltando-me- o que você queria que eu fizesse? Eu não queria que nada disso tivesse acontecido, eu apenas quero descobrir quem fez isso e porquê.

E dizendo isso eu sai do corredor, precisava descobrir quem havia matado Albert, custasse o que custasse. Talvez houvesse alguma pista largada por aí em algum lugar. Quando saí da área dos dormitórios vi que Kazuyo andava sozinha, ela acenou para que eu me aproximasse:

– O que faz por aqui sozinha Kazuyo-san? – Perguntei.

– Eu me separei dos outros para que a gente cobrisse mais área entende? Na verdade, eu estava te procurando, porque eu precisava realmente falar com você.

– Porquê? Aconteceu alguma coisa?

Ela puxou uma nota do bolso, e ergueu para mim. Era um bilhete, com a letra de Albert, e dizia: “Preciso de sua ajuda, é algo realmente urgente”. Fiquei me perguntando o que seria aquilo. Será que Albert havia mesmo convidado alguém para conversar? E se sim, quem foi que ele convidou?

– Onde você conseguiu isso?

– Olha, não é que eu esteja desconfiando de ninguém, mas eu encontrei isso perto do quarto da Watashima, e ela tem andado meio estranha ultimamente, mais do que o de costume. Mas eu não estou acusando ela, apenas achei estranho que ele tenha chamado ela para conversar.

– Entendo, mas de toda forma, você notou algo estranho em Albert?

– Ele estava bem mais animado com alguma coisa, mesmo depois do desespero que tivemos que passar, e estava conversando muito com a Watashima, deviam estar planejando alguma coisa, ou pelo menos era o que parecia. Já que vocês são próximas, você podia ir falar com ela sobre isso.

– Sim, eu vou. Até mais Kazuyo-san.

(Prova N°5- Bilhete de Albert)

(Prova N°6- Testemunho de Kazuyo)

Eu precisava conversar com Watashima, talvez Albert tenha contado algo a ela que nos leve ao verdadeiro assassino. Eu realmente tento pensar que isso tudo foi obra do manda-chuva, querendo nos desesperar, eu só quero que isso tudo acabe logo e que eu possa sair daqui, que eu possa salvar o meu pai.

Andei por algumas ruas e encontrei Watashima saindo do hospital, tinha a expressão abatida e vazia, também devia estar chocada com a morte de Albert, todos estávamos, ninguém esperava que ele fosse aparecer morto assim de um dia para o outro. Pedi para que ela esperasse e me aproximei lentamente:

– Você está bem Watashima-san?

– Estou apenas chocada, sabe eu e o Albert íamos nos encontrar, ele disse que precisava da minha ajuda com alguma coisa, mas quando eu estava indo até o local, aparece o anúncio do cadáver e todo o resto, se eu tivesse chegado mais cedo talvez eu pudesse ter impedido o assassino, talvez Albert ainda estivesse vivo e ninguém precisasse se preocupar- ela falou enquanto uma lágrima escorria pelo seu rosto- desculpe ficar te enchendo com essas coisas, mas vocês dois eram amigos não era? Então ele devia ter te contado.

– Contado o quê? – Perguntei surpresa.

– Ele estava gostando de alguém, ele me chamou para ajudá-lo a conquistar essa pessoa, mas agora que ele morreu, eu sequer posso saber quem era.

Senti um aperto em meu peito, eu queria poder tê-lo salvo, eu prometi que iria protegê-lo e agora ele está morto. Eu sou uma péssima pessoa, eu não sou digna de ser chamada de amiga dele, amigos cuidam uns dos outros, e eu não consegui cuidar dele. Não salvei minha mãe, não salvei meu pai, não salvei Albert... Eu sou um verdadeiro fracasso, mas eu irei descobrir quem é o assassino, em memória a ele:

– Sabe se ele chamou mais alguém? – perguntei segurando a mão de Watashima.

– Não sei, mas eu recebi um bilhete pedindo para que eu fosse a cozinha, estava assinado com o nome dele, e ele já havia me contado que estava interessado em alguém, então eu supus que fosse para isso.

– Entendi, é melhor você relaxar, temos tempo até o julgamento, mas o que você veio fazer no hospital?

– Vim pegar algum calmante, estava muito nervosa.

– Entendi. Eu já vou indo então. Até mais.

– Até.

(Prova N°7- Testemunho de Watashima)

Continuei andando pela rua, estava procurando por outro dos estudantes, talvez um deles tivesse encontrado algo de valor sei que todos estavam bastante empenhados em descobrir quem era o assassino, principalmente porque nossas vidas estavam em jogo. Eu não culpo o assassino- por incrível que pareça- ele fez isso por causa do desespero que sentia, ele devia ter algo muito precioso em perigo, a culpa é do Monokuma, daquele urso sádico, ou melhor, de quem está por detrás dele.

– Upupu... Cansei de esperar, vamos logo com isso. Encontrem-se no chafariz que fica a frente do “Despair Hotel”, nesse exato momento.

Mordi os lábios. Havia chegado a hora, dei meia volta e fui andando lentamente na direção do chafariz. Fui a última a chegar, todos os outros se olhavam cheios de desconfiança. Ouvimos um estrondo enorme, e olhamos todos para o chafariz, a água começara a ser sugada fazendo um barulho terrível até que o mesmo ficou completamente seco, o chão começou a tremer levemente enquanto o chafariz era suspenso, deixando em seu lugar uma espécie de elevador que se abriu automaticamente.

Respirei fundo e entrei junto com os outros. As portas de ferro se fecharam enquanto o elevador começava a descer lentamente. Já imaginava o que iríamos enfrentar, começar a desconfiar uns dos outros para descobrir qual de nós era o lobo em pele de cordeiro. Por um segundo eu pude imaginar cada um dos meus colegas sendo executados de formas horríveis pelo Monokuma. “Será que um de nós realmente o matou? Será que isso é mesmo real”? Eram muitas perguntas e poucas respostas, mas eu iria vingar Albert, já que eu fui tão fraca que sequer pude protegê-lo.

Era a chegada hora, o julgamento escolar iria começar, e nós voltaríamos... com um elemento a menos.

° ° °

Monokuma Files- Albert McFinnigan

O garoto de cabelos negros rabiscava algo em uma folha de papel, a brisa suave do verão entrava pela janela refrescando a sala de aula. A voz da professora de literatura era apenas um eco distante, ele realmente não estava interessado na aula, mas outras coisas ocupavam sua mente. Se ele ao menos pudesse exprimir seus sentimentos, se ele ao menos tivesse coragem o suficiente de admitir que ele estava amando e que ele precisava urgentemente daquela pessoa ao seu lado.

Suspirou, ele não tinha coragem para nada disso, nunca tivera. O amor sempre fora um mistério, um tesouro escondido, algo que ele não compreendia- por mais que tentasse entender tão tolo sentimento- ele nunca conhecera o amor. Seus pais não amavam, amavam a fama dele, amavam o prestígio de ter um filho conhecido mundialmente. Ele nunca tivera amigos, nunca namorara, nunca se apaixonara, então o amor era um território desconhecido.

O sinal tocou por toda a escola, a professora saiu da sala e os alunos da turma 82 começaram a tagarelar entre si. Ele continuava a rabiscar enquanto pensava em seus sentimentos. E se ela não correspondesse? E se ela não gostasse dele? Amassou o papel e jogou-o pela janela, levantou-se da cadeira e começou a andar para fora da sala, o corredor era bem mais atrativo. Mas assim que saiu da sala sentiu que alguém o agarrava. Era ela:

– Preciso conversar com você Albert, em particular- ele assentiu.

Foram até o pátio do colégio, sentados em um banco onde ninguém ia, exceto por um grupo de quatro garotas que conversavam animadas ao lado dele- ele reconheceu apenas uma, que era uma estrela do mundo musical, devia se chamar Mioda ou algo assim- ela o encarava de forma estranha, chegava a ser constrangedor:

– Sabe Albert eu- ela falava de forma inocente, ele via ela corar a cada segundo- eu estou gostando de você.

Ele sentiu o peito queimar intensamente, seus olhos adquiriram um brilho que ele próprio nunca vira antes, estava finalmente realizado:

– Eu também! – e assim se iniciava uma história de amor... o amor era tão desesperante.

° ° °


Alunos Sobreviventes 15/16


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Notas finais do capítulo

Então, quem será o assassino de Albert? mandem-me suas suspeitas por MP, beijos!!!