Complicada e Perfeitiinha escrita por AliceCriis


Capítulo 27
Vinte cinco




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 - Como assim “sem velório?” – Esme reclamava ao ler a carta.

 - Senhora Swan, é a carta de testamento deles. Não podemos mudar isso... – o detetive Connor, respondia tentando acalmar Esme.

 - Até mendigos e indigentes tem um velório! – indignada, ela exasperava.

 - Realmente sinto muito. Não posso fazer nada. Estou de mãos atadas. Tem uma cláusula que talvez abra essa questão e anule essa afirmação... – o detetive, analisou a carta nas mãos de Esme e apontou um trecho.

 - “Apenas Renesmee C. Swan, tem o direito único e próprio na decisão do destino de ambos os corpos. Dando a ela também, o direito á toda a herança e posse dos imóveis.” – Leu o detetive.

 - Então... a menina é quem decide, certo? – Esme pediu, quase inalterada.

 - Exato. 

 - Podemos ir vê-la agora? – Esme pediu, clemente.

 - Claro... – ambos se levantaram e seguiram pelo corredor branco e imaculado do hospital. Cartazes que pediam silêncio, e outro que pediam para se vacinar contra doenças de inverno, assustavam Esme. – Por aqui... – o detetive Connor encaminhou Esme á um corredor mais escuro e menos largo.

Caminharam durante um bom tempo, e enfim chegaram á uma ala silenciosa e movimentada. Médicos transpassavam de sala em sala e anotavam reações em suas pranchetas.

 - Ela está bem ali... – o detetive, apontou com o rosto para um vidro-janela, que mantinha uma jovem deitada na maca.

 - Podemos...entrar? – pediu Esme  num sussurro, sem ao menos tirar os olhos dela.

 - Sim, pegue. – ele passou um cartão á ela, e com ele havia outro. Ele seguiu para a porta, e passou o cartão numa espécie de fechadura. – é só passar o cartão, que você será autorizada á entrar... – mostrou.

E Esme fez o mesmo.

 Ao adentrar o quarto, Esme teve um calafrio. Não era exatamente o que esta esperava. O quarto não era branco e as luzes os cegavam. Era um aconchegante quarto marfim, com uma doce luminária, ligada ao lado da maca. Quadros e pinturas calmantes se distribuíam pelas paredes do quarto, e um barulho irritante ecoava do computador ligado aos fios que cobriam a menina.  E pela primeira vez, a mãe carinhosa das irmãs Swan, olhou para o rosto angelical deitado na maca.

 Ela detinha cabelos ruivos acobreados, longos e meio cacheados, pareciam sem vida. O rosto parecia um encontro do mel e alecrim, com suavidade. Tinha lábios avantajados e olhos fechados confortavelmente.

 - Tem previsão de quando ela irá acordar? – perguntou ao detetive. E no momento, na porta um doutor irrompeu.

 - Boa noite. – cumprimentou – Sou doutor McField, estou cuidando da jovem. – ele olhou para Renesmee. – e você deve ser a guardiã legal dela, não é?

 - Sim. Prazer, Esme Swan. – Esme deu a mão ao doutor.

 - Não pude deixar de ouvir a sua dúvida, senhora Swan...

 - Chame-me de Esme. – Esme silvou.

 - Oh, claro, Esme... bem, ela teve algumas horas de inconsciência pelo acidente... mas logo acordou. Estava muito agitada, perguntando de seus pais e por que estava ali... Sedamo-la mais uma vez. E é provável que ela acorde... pela manhã.

 - Quais foram os danos? – Esme pediu curiosa.

 - Bem, ela teve uma leve lesão no rosto... – mostrou o doutor, afastando uma mexa de cabelo, da jovem adormecida. – Quebrou a perna direita, pouco acima do joelho e deslocou o braço direito, não é um grande dano. E acho que em menos de duas semanas... ela estará em perfeita condição física.

 - Obrigada, Doutor McField. – soou a jovem mulher.

 - É meu trabalho. – ele suspirou, e colocou a mão na testa da pequena menina. – Conheci os pais dela.

E aquilo espantou Esme.

 - Como?

 - Darren era médico... fez faculdade comigo. Éramos amigos há algum tempo atrás... Aí... eu vim pro Mississipi. – ele arfou. – É uma grande perda para a menina...

 - Completamente. – manifestou-se Connor.

 - Estou... sem rumo. – Esme desabafou, e sentou-se em um sofá, perto da maca.

 - Entendo sua situação. – disse o doutor McField – É uma grande situação, que Elisabeth colocou a senhora, senhora Swan;

 - Eu sei... – Esme colocou as mãos no rosto e apoiou o rosto. – Imagine como a pobre menina vai ficar quando souber sobre os pais! – arfou Esme entre lágrimas. – Estou tirando ela de tudo o que ela sempre acreditou e conheceu... Ela ficará como herdeira legal dos bens dos pais... e terá tantas decisões á tomar... vai deixar sua vida toda pra trás... pra... seguir em frente com uma família que mal conhece!

 - É de certa fora – começou o detetive – uma situação delicada. Mas, não consegui encontrar nenhuma brecha, que deixe a menina com algum de seus padres.

 - Padres? – Esme arregalou os olhos.

 - Exatamente. – ele assentiu – Erin e Daniel Michelson, são a madre e o padre dela. São as duas pessoas com quem a religião autorizou que guardasse a garota.

 - Elisabeth era boa com palavras... – sucumbiu o doutor. – Jamais deixaria uma linha solta em uma de suas teias.

Esme apenas balançou a cabeça confusa. Qual era o objetivo de Elisabeth e Darren em deixar a guarda da menina com ela? Justo ELA. Com quem não se falava a quase 10 anos!

 - Temos de ir agora. – informou o detetive fitando o relógio – Assine os documentos. Estes aqui são sobre a guarda e observação da garota. – mostrou Connor, um bocado de papéis de diversas cores. Esme os assinou nervosa, e enfim despediu-se do doutor McField.

 - Até mais. – ele respondeu, analisando o computador e as palpitações da ruivinha esmaecida.

Esme caminhou pelo longo percurso atrás do detetive, e ao chegarem fora do hospital avistaram dois carros do condado de Jones, cedidos pela prefeitura da cidade.

 - Bem, aqui está um carro pra você ficar com ele pela cidade durante o tempo que estiver aqui... e, olhe essa estadia cedida por mim. – ele sorriu – é um excelente hotel, o melhor da região.  Fica ao fim da avenida, ele apontou e alcançou as chaves á Esme.

 - Não sei como agradecer... – Esme olhou nos olhos do detetive, e viu... ele não era feio. Até bonito, ela pensou, tinha olhos verde claros e uma pele bronzeada. Cabelos encaracolados e um sorriso matador.

 - Tudo bem... é o mínimo que posso fazer. A senhora está com muita coisa na cabeça, vá para um quarto do hotel e... relaxe. – ele sorriu de novo, acenou e entrou em um dos carros. Deu partida e se foi.

 Esme olhou para o céu estrelado do Mississipi, e sentiu falta de sua família. De suas filhas patricinhas e mimadas, do seu meio filho indisciplinado e seu marido afável.

 Sentiu uma pontada de saudade em seu peito, e foi para o carro... desejando uma noite calma, e a seus irmãos falecidos, o céu.


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Notas finais do capítulo

Meus pais, dobraram meus afazeres... e meu tempo pra escrever diminuiu bastante. Sorry :



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