Da amizade ao amor escrita por Ana Magiero


Capítulo 30
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Antes de começar a escrever, eu só gostaria de falar uma coisa: obrigada mais uma vez pelo carinho.
Juro que eu pensei que vocês não fossem gostar nenhum pouco de eu fazer a Du perder a memória, mas estou recebendo tantos comentários positivos quanto à isso, e fico muito feliz!
Obrigada galera, vocês são fodas mesmo ♥



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João Lucas:

Ver Eduarda daquele jeito viva, mas não se lembrando de nada, partiu algo dentro do meu coração. Du sempre foi cheia de vida, espontânea, brincalhona, divertida, amorosa, carinhosa, marrenta, esquentada. Ver ela naquela cama, sem se lembrar de tudo o que já passamos, parece que me deixou pior do que quando ela estava em coma.

No momento em que nos beijamos, pude sentir a antiga Du ali, ela ainda tem o mesmo fogo, a mesma paixão e por mais que eu esteja perdido sem o meu rumo, eu traria ela de volta para mim.

Assim que saio do seu quarto o Doutor Marcos me chama, paro e vou até ele, querendo saber se mesmo nesse estado, Du está em perfeita saúde.

" - Então Lucas, eu achei que ela fosse reagir bem pior do que eu vi ali. Ela não está tão nervosa quanto achei que estaria, mas você precisa entender, ela precisa absorver as emoções aos poucos. Precisa saber tudo o que ocorreu na vida dela, aos poucos, é muita carga para uma pessoa absorver de uma vez só, entendeu?" - pergunta o Doutor Marcos.

" - Sim Doutor, eu só dei algumas lembranças para ela, nada do nosso relacionamento ainda, estou na parte em que eramos só amigos." - digo com um aperto na garganta.

" - Que bom, fora tudo isso, ela está bem Lucas. Os sinais vitais dela estão bons e como disse antes para vocês, daqui dois dias ela poderá ir para casa. Em um ambiente familiar esperamos que logo ela recupere a memória." - diz.

Tudo o que eu faço é assentir com a cabeça, depois me despeço do Doutor e vou para minha casa. O caminho todo penso, em como posso ajudar para a recuperação da Du seja rápida e principalmente, que não seja tão traumatizante.

Assim que entro na minha casa percebo minha família em peso ali, tanto meus irmãos quanto minha mãe estão, esperando que eu chegasse para dar notícias sobre tudo o que aconteceu no hospital.

" - Então meu filho, é verdade mesmo? Ela acordou, mas perdeu a memória?" - pergunta minha mãe.

" - É verdade mãe, tudo o que você ficou sabendo é verdade." - digo me sentando no sofá, não percebo quando elas vem, mas logo sinto lágrimas rolarem pelo meu rosto.

" - Calma Lucas, você vai ver que vão enfrentar tudo isso juntos. Essa amnésia irá fortalecer o amor de vocês" - diz Cristina vindo me abraçar.

" - É Lucas, logo ela estará por aí esbanjando energia e dando uns tapas na primeira piranha que se meter entre vocês!" - diz Clara e a sala inteira ri, se lembrando do dia em que a Du bateu na Vanessa. Ao me lembrar daquele dia, me lembro que dias depois, Vanessa apareceu na minha sala, fazendo ameaças e só agora a pergunta surge na minha mente "Será que foi ela que sabotou o carro?", José Pedro me tira dos meus devaneios.

" - Bom, já que está quase tudo certo entre vocês, eu vou embora, pois afinal de contas, trabalhei hoje!" - diz ele saindo da casa. Ficar na presença de José Pedro está ficando à cada dia pior.

Minha mãe e minhas duas irmãs vêm ao meu encontro e me abraçam, minha mãe, apesar de tudo o que já passamos, ela foi a única que realmente entendeu como me senti nesses últimos quatro meses, agora ela está me olhando com uma alegria e uma tristeza no olhar.

" - A Eduarda é forte Lucas, vocês dois são. Você vai conseguir trazer a lek lek de volta, pode ficar tranquilo meu filho." - diz me abraçando e me dando um beijo na testa. Depois se despede e vai embora, Clara vai logo em seguida, Cristina que nos últimos tempos tinha formado um laço com minha esposa, fica por último.

" - Eu sei o quanto isso deve ser difícil para você Lucas, mas me conte tudo o que aconteceu lá!" - ela pede. Nos sentamos no sofá e conto tudo para ela.

O momento em que Eduarda abriu os olhos mas não se lembrou de mim, eu contando como foi nossa vida mais ou menos até agora, por ordens médicas, o Doutor Marcos aparecendo do nada e dizendo que ela já vai ter alta daqui a dois dias e depois disso o beijo. Paro nessa parte, ainda me lembrando do gosto da minha mulher, o quanto eu ainda mexia com ela e o quanto eu queria mais do que um simples beijo. Ao olhar para Cristina percebo um enorme sorriso em seu rosto.

" - O que foi Cris, por que esse sorriso enorme?" - pergunto, não entendendo nada.

" - Porque o que a memória esquece, o coração não, Lucas!" - é tudo o que ela diz. Depois disso, ela se levanta e vai embora.

Fico pensando no que ela me falou e começo ter um pouco mais de esperanças, de que um dia a Du recupere a memória. Ando pela casa e vejo as inúmeras fotos que temos juntos. Desde o colegial até agora, que somos casados. Fotos nossas com nossos filhos e é aí que uma ideia surge na minha cabeça.

Posso não fazer Eduarda se lembrar de tudo na mesma hora, mas pelo menos ela não se esquecerá dessa pequena demonstração, penso.

Dois dias depois.

Hoje é o dia em que a Du vai receber alta do hospital e estou tão ansioso que não me reconheço. O álbum que preparei com todas as nossas fotos, está em nosso quarto e já estou saindo da Império, para ir buscar minha esposa, quando estou esperando o elevador chegar, Cristina sai da sua sala e me vê. Ela vem em minha direção com um sorriso.

" - Boa sorte Lucas. Sei que nessa hora você deve estar uma pilha, mas vá tranquilo que tudo dará certo. Se você precisar de qualquer coisa, me liga que eu vou correndo ok?" - quando agradeço ela me dá um abraço e volta para sua sala.

Cristina nesses últimos tempos tem me impressionado demais, vejo ela como uma irmã mesmo agora. Não tem mais resistência, como tinha antes.

À caminho do hospital sinto meu coração em disparada, desde aquele dia em que a vi, quando acordou não fui mais ao hospital. Doutor Marcos recomendou que ela descansasse e foi isso que eu fiz. Dei espaço para ela.

Quando chego no hospital, vou direto ao quarto onde Du está, assim que entro percebo que ela está me esperando, já com roupa trocada, assim que me vê ela dá um sorriso e vem me abraçar.

" - Eu estava com saudades de ter alguém para conversar lek, por que você sumiu esses dois dias?" - pergunta ainda me abraçando. Passo meus braços envolta de sua cintura e a aperto com força em meus braços.

" - Acredite em mim, foi necessário para sua recuperação." - digo cheirando o seu cabelo. Mesmo passando todo esse tempo no hospital, Du ainda tinha o seu cheiro.

" - Eu acredito lek, confio em você. Pode ser maluquice isso, mas confio completamente em você" - me responde saindo dos meus braços. Percebo o quanto ela está desconfortável com aquela situação e a única coisa que penso em fazer, é deixá-la feliz.

" - Então, está pronta para sair desse cubículo?" - pergunto rindo da sua cara de felicidade.

" - Por favor, por favor, vamos embora logo. Se eu passar mais um dia aqui, vou morrer de tédio." - ela diz. Doutor Marcos aparece nos dando as últimas recomendações e saímos do hospital.

" - Olha vou te levar pra casa, tudo bem? Lá você poderá ver algumas fotos, posso te contar mais algumas coisas, o que tu acha?" - pergunto.

" - Olha, eu gostaria de ver minha família, até agora ninguém me disse nada sobre meus pais e eu acho que eles estão preocupados." - diz.

" - Nossa Du, pra te dar essa notícia, você tem que estar sentada e em um lugar familiar." - digo, querendo prolongar essa conversa. Não sei como ela ira reagir, ao descobrir que logo depois que soube que estava grávida de mim, seus pais cortaram a tão pouco relação que tinham.

" - Você está começando a me deixar preocupada, João Lucas. Tudo bem, eu vou para casa com você, mas só se você me prometer que irá me contar essa história direito."

" - Eu prometo, faço até juramento de escoteiro se você quiser." - digo rindo, pois eu nunca fui escoteiro e nem sei como é o juramento, mas por ela eu faço tudo.

" - Você nunca foi escoteiro lek, chega de noia" - ela solta tão espontâneo que ambos paramos no meio do caminho pra ir pro carro.

" - Como você sabe disso?" - pergunto espantado.

" - Não sei, pra falar a verdade, só veio na minha cabeça essa afirmação. Não sei de onde ela veio." - diz simplesmente. Depois sobe no carro, continuo paralisado, mal acreditando que ela se lembrou disso e o quanto torço para que ela se lembre de tudo em breve. - "João Lucas, oii? Esqueceu que você iria me levar para casa?" - pergunta Eduarda. Assinto com a cabeça, subo no carro e dou seta para sair do hospital. - "Posso colocar uma música?" - ela pergunta, quando afirmo com a cabeça, ela escolhe Céu Azul do Charlie Brown, a música começa a tocar nos altos falantes do carro e tudo o que me recordo é que essa é nossa música.

" - Não foi no show dessa banda que nos conhecemos?" - ela pergunta, me tirando dos meus pensamentos.

" - Sim, foi por pura coincidência que nós irmos ao show juntos." - digo.

" - Como assim? Você vai precisar refrescar minha memória, Lucas" - diz ela rindo.

" - Bom a nossa turma do ensino médio tinha planejado ir juntos, mas chegou na hora, só aparecemos nós dois, e foi com isso que fomos juntos ao show, quando chegou lá, ficamos perto um do outro curtindo a banda, a partir desse dia, não nos desgrudamos mais." - digo relembrando aquele dia.

" - Nossa que legal, mas sacanagem da nossa turma não ter aparecido." - diz, mas ela já está prestando atenção na letra e começa a cantar baixinho, estou tão empolgado com a ideia de aos poucos a memória dela volte, que a deixo livre para cantar nossa música.

Quando chegamos em casa, Eduarda olha fixamente para o nosso jardim. Parece que ela está admirada pelo jardim, assim que descemos do carro, ela se encaminha para lá.

" - Lucas, nós fizemos um piquenique aqui nesse jardim?" - ela solta.

" - Sim, nós fizemos. Você se lembra desse dia?" - pergunto empolgado.

" - Só tive um vislumbre, só isso" - diz decepcionada. - "Lucas, estou com um pouco de dor de cabeça, será que posso me deitar agora?" - ela diz mas continua. - "Depois nós conversamos mais."

" - Sim, vem por aqui." - digo tentando esconder a decepção da minha voz. A levo para o nosso quarto e digo que se ela precisar de qualquer coisa, estarei lá embaixo. Ela só confirma com a cabeça, depois fecho a porta.

Ao descer as escadas, percebo que cada degrau significa o quanto eu estava desesperado para que Eduarda se lembrasse e o quanto aquilo ainda me magoava.

Deus, você nos ajudou tanto, por favor, nos ajude agora! penso indo me deitar no sofá.


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Notas finais do capítulo

Nunca pensei que um capítulo iria derrubar tanto o meu forninho como esse, gente o Lucas todo empolgado que a Du recupere logo a memória e a cada vez que ela demonstra que não se lembra de nada, Lucas fica de coração partido e essa escritora também.
Mas essa crise, como tinha dito antes, é uma crise boa, por isso logo logo teremos esse casal apaixonado à mil!!
Beijos e até amanhã ;)



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